COMEÇAR DE NOVO




O vento frio e a garoa típica do outono de Londres estavam castigando seu corpo sem nenhuma piedade... suas mãos estavam congelando... e quase não sentia mais os seus pés... seu espírito também estava dilacerado... mas não sairia dali enquanto ela também não fosse embora...

Conhecia-a desde que eram muito pequenos... suas famílias faziam parte de uma categoria em extinção: possuíam sangue bruxo totalmente puro... mas apesar disso, durante muitos anos foram separados pelo preconceito... Malfoys e Weasleys... inimigos por questões de sangue... títulos... poder... quanta bobagem...

Olhou novamente para o túmulo do pai... e depois para o da mãe... a terra sobre eles ainda estava fofa... e a grama recortada denunciava que aqueles corpos haviam sido recém enterrados... uma dor aguda fez com que grossas lágrimas escapassem dos seus olhos turvando a sua vista... não era justo perdê-los agora... não agora... não daquele jeito...

Controlou-se para não chorar mais... afinal, nada podia ser feito... eles já se haviam ido, como todos os outros ao seu redor... e ele agora estava sozinho...

Contudo ela também ficara sozinha... e precisaria dele... muito...

Secou as lágrimas e desviou o olhar para a ruiva sentada do outro lado do cemitério... há quantas horas ela estaria ali? Provavelmente muitas... pois além dele, há tempo já não havia mais ninguém para fazer companhia a ela... e à sua dor... Ginevra Weasley Potter... a mulher mais linda e mais feliz que já havia conhecido na vida... se alguém um dia lhe perguntasse, saberia dizer há quanto tempo a amava? Talvez não... gostava de pensar que seu coração a descobrira muito antes do Potter... porque essa era a verdade... amava-a muito antes daquele maluco entrar em suas vidas... então uma provável resposta seria: amava-a desde sempre... porém, em silêncio... nos recônditos mais profundos de sua alma... e no mais absoluto segredo...

Depois que aquela guerra estúpida terminara, muitos bruxos jovens da sua geração foram convocados pelo Ministério, para que se juntassem ao seu grupo de aurores, na época, bastante enfraquecido com tantas perdas...

A verdade é que ainda havia muitos seguidores de Voldemort, tão ou mais perigosos que ele, a serem capturados... e além do trio maravilha – como eram chamados aqueles admiráveis três bruxos adolescentes, que com sua coragem e capacidade, conseguiram derrotar o maior bruxo das trevas de todos os tempos – não havia restado muitos bruxos com maturidade e conhecimento suficientes para enfrentar a nova horda de aprendizes de Lordes das Trevas e Comensais da Morte que começava a pipocar por todos os lados... éramos apenas nós... e não éramos muitos... mas estávamos obstinados... queríamos paz a qualquer custo...

Gina não se juntou a nós... depois que perdeu um dos seus amados irmãos na batalha final em Hogwarts, ela não desejava lutar mais... e como sempre fora uma excelente jogadora de quadribol, quando recebeu uma proposta dos Chudley Cannons – o time do coração de toda a sua família - não teve dúvida:. foi viver seu sonho... o que aliás, foi uma decisão muito feliz... pois há dois meses atrás, logo após o seu casamento com o Potter, ela merecidamente recebeu o título de melhor zagueira da Europa...

Lembrou-se do casamento de Gina... por Merlin, como ela estava linda... durante a cerimônia, precisou fugir para chorar sem que ninguém o visse... não por ciúmes do Potter, pois sabia que se havia alguém nesse mundo que a merecia, esse alguém era ele... chorou por si mesmo... porque quando a viu subindo no altar, radiante como a luz do sol... desejou ardentemente que fosse ele a esperá-la lá... e foi então que percebeu que jamais conseguiria amar outra mulher que não fosse ela... mas ela era do Potter... e o Potter era seu amigo... talvez o único amigo de verdade que ele já tivera em toda a sua vida...

Potter... que figura extraordinária... depois de tudo o que aconteceu, lamento profundamente ter sido tão orgulhoso e não ter compartilhado da sua amizade por mais tempo... de qualquer forma, tive muita sorte... Harry Potter não era um homem de guardar rancor... acreditava nas pessoas... e me deu uma segunda chance...

Flashback

Nosso primeiro dia de treinamento... eu era o único filho de ex-Comensal presente naquela sala... e por mais que parecesse uma brincadeira, quase que a totalidade de bruxos daquela turma era formada por ex-Grifinórios...

Nunca havia me sentido tão deslocado quanto fiquei naquele dia... sentei-me em silêncio em uma das carteiras, fingindo não perceber a contrariedade que a maioria dos outros alunos demonstrava sentir pela minha presença... concluí que de todos os ex-Sonserinos chamados, talvez eu houvesse sido o único a atender à convocação do Ministro... ‘covardes’ pensei... e pela primeira vez na vida, tive vergonha de ser um deles...

Mas o pior ainda estava por vir... quando menos esperava, uma explosão de palmas tirou-me dos meus pensamentos... entravam no recinto ninguém mais, ninguém menos que Harry Potter, Hermione Granger e Ronald Weasley... os mais jovens heróis da comunidade bruxa...

‘Ok.. acho que a minha breve participação neste amável grupo termina agora...’ pensei comigo mesmo, levantando-me discretamente de onde estava e preparando-me para sair daquele lugar o mais rápida e silenciosamente possível... as besteiras que cometi no passado... e principalmente as do nosso último ‘encontro’ na Sala Precisa ainda estavam bem vivas na minha memória... e o fato de eu ter sido salvo mais de uma vez pelo Potter, depois de tudo o que fiz para prejudicá-lo, fazia-me sentir muita vergonha... além do quê... ainda não havia conseguido me perdoar pela morte de meu antigo colega Crabbe, que pereceu vítima das chamas do Fogomaldito que aquele idiota mesmo conjurou, em um dos nossos piores momentos...

Digo ainda não havia conseguido, porque com o tempo aprendi a superar as minhas culpas... amadureci muito... e hoje, depois de já ter feito algumas coisas boas em benefício de outrem, já consigo conviver melhor com minhas fraquezas e más ações do passado...

Quando eu estava quase chegando à saída, eis que o Potter se coloca na minha frente e, cruzando os braços, diz sorrindo: - “E então Malfoy? Fiquei sabendo que você finalmente decidiu-se por lutar ao nosso lado? É verdade?”

Fiquei momentaneamente sem palavras... não estava acostumado a ter conversas civilizadas com o Potter... principalmente na frente de tantas pessoas (hostis, diga-se de passagem)... então cocei a cabeça num gesto de desconforto e disse simplesmente:

- “É... é verdade..” Surpreendendo a todos - e a mim mesmo, mais ainda que aos demais – aquele maluco deu um passo na minha direção... estendeu-me a mão e disse com sinceridade:

- “Fico feliz por você... muito feliz mesmo... e por todos nós também... seja bem vindo ao time cara... você não tem idéia de como a sua ajuda vai ser importante...

” Não sabia bem o que pensar... sempre o havia avaliado através da minha visão míope e preconceituosa... mas percebendo a importância que ele procurava dar à minha participação na equipe, a ficha finalmente caiu: foi ele... o Potter havia sido o responsável pela minha convocação e estava fazendo toda aquela cena, para que os demais ficassem cientes de que ele aprovava a minha presença ali...

Uma antiga mágoa – relacionada a tudo que havíamos passado em nossa adolescência e também ao sentimento que nutro por Gina, sua namorada, desde tenra idade - quase me fez recusar aquela oportunidade... mas então alguma coisa dentro de mim gritou mais alto, dizendo: ‘Chega de criancices Draco Malfoy... é chegada a hora de crescer... aceite a mão que te está sendo generosamente oferecida... parta para uma nova vida... você deve isso a todos aqueles que prejudicou... deve isso a ele... e deve isso a si mesmo’

Respirei fundo... deixei todo o meu orgulho de lado... e então estendi a minha mão, retribuindo aquele franco gesto de boas vindas... e ainda fiz mais... agradeci de coração pela oportunidade...

Devo confessar que ele nunca confirmou as minhas suspeitas... ao contrário do que eu pensava dele, o Potter nunca gostou de auto-promoção... na verdade, pessoas como ele, acostumadas a praticar estes gestos de altruísmo, não dão tanto valor aos próprios atos quanto deveriam... é como se carregar nas costas, sujeitos perdidos e desajustados como eu, fosse uma obrigação deles... mas uma obrigação que o Potter cumpria com generosidade... e com alegria..

A partir daquele momento, todos passaram a me aceitar... recebi ‘tapinhas’ afáveis nas costas de companheiros que, há poucos minutos, me ignoravam ou que demonstravam abertamente a sua animosidade (não nego que eles tinham razões justas para não me aceitarem logo de cara e, por isto, jamais guardei rancor de qualquer um deles)... mas é claro... se o Potter me aceitava... quem iria contra ele? Hermione então me abraçou... e o Weasley... bem, o Weasley apenas me olhou e disse: - “Foi mal pelo murro Malfoy... mas você mereceu... e bem... eu... eu espero que um dia possamos superar tudo isso...”

Ele se referia ao soco que desferira contra mim, quando eu, em um momento de pura covardia, identifiquei-me para um Comensal da Morte como sendo um dos seus, durante a derradeira batalha contra Voldemort... Eu assenti com a cabeça... sorri e disse:

- “Sei que mereci... e mereci ser chamado de filho-da-mãe de duas-caras... mas eu mudei... e também espero que possamos superar tudo o que aconteceu... eu, pelo menos, vou fazer o possível para não decepcioná-los nunca mais... até porque, não gostaria de levar outro murro daqueles... seu soco parece o coice de uma mula, Weasley...” brinquei passando a mão pelo queixo...

Ambos sorrimos... e então apertamos as mãos... a primeira vez de muitas outras...

Acho que o conceito de amizade foi criado a partir daqueles três... sem nenhuma dúvida, as pessoas mais extraordinárias que já conheci na vida... passei a amá-los como meus irmãos... e até hoje fico pasmo ao lembrar que fui convidado pela Granger, para ser seu padrinho de casamento... justo eu, que a ofendi e magoei tanto no passado...

Mas então, o Potter me olhou com muita seriedade e disse: - “Eu sei que posso confiar em você Draco... e de uma coisa estou certo... vai chegar um momento em que a minha vida vai ser colocada em suas mãos... e você vai estar pronto para fazer o que é certo...

” O silêncio tomou conta de todo o grupo... ninguém entendeu o conteúdo exato do que ele queria dizer com aquilo... e eu até cheguei a me arrepiar com a força daquela afirmação... mas ele sabia o que dizia... ah sim... mesmo sem querer, o Potter sempre sabia...

Fim do Flashback

Começava a chover forte... e nem mesmo aquilo fez com que ela esboçasse qualquer reação... então, mesmo sentindo que não devia... que ainda não era chegada a hora... resolvi ir até lá...

Quando cheguei ao seu lado, senti-me o último dos homens... o mais inútil e impotente de todos...

Só se tem idéia desse sentimento quando se vivencia ele, mas é impressionante como dói ver a pessoa que amamos, sofrendo em um estado deplorável como o que ela se encontrava naquele momento... o sorriso adorado, sempre tão generoso, agora apagado pela dor... o pequeno corpo balançando suavemente para frente e para trás, totalmente fechado em sua angústia... e seus olhos... sempre tão brilhantes e cheios de vida, agora opacos... perdidos... olhando obsessivamente para os nomes gravados nas três lápides unidas: Harry Potter, Hermione Granger e Ronald Weasley... mas haviam mais... muitas mais... e uma grande parte daquelas que os rodeavam, levava o nome Weasley gravado...

Sentei-me ao seu lado, mas não a toquei... ela, por sua vez, sequer percebeu minha presença ali... pelo menos, eu achei que não... Conjurei um guarda-chuva para protegê-la do forte aguaceiro que começou a se precipitar... e aguardei, pacientemente, pelo momento em que ela fosse manifestar alguma reação ao perceber-me ao seu lado...

Já estava há algum tempo ali em silêncio em sua companhia, quando ela me assustou ao dizer: - “Sempre achei que seria para sempre... mesmo sabendo quem era ele... e qual era a sua sina... eu sempre acreditei que seria para sempre...” diferentemente do que eu pensava... sua voz saiu grave... firme...

Procurei falar normalmente... mas de vez em quando alguma palavra ficava travada na garganta... - “Eu também pensei que o Potter viveria para sempre... ele tinha tanta força... tanta energia... e era um homem tão bom... tão íntegro... não consigo entender...

” Gina, que ainda olhava para o ‘nada’, sorriu de uma forma tão triste que me desarmou... e foi preciso muita força de vontade para que eu não desabasse na frente dela...

– “Há um ditado trouxa que diz: os bons morrem cedo... papai vivia citando-os em nossa casa... agora eu percebo porque ele os admirava tanto... os trouxas sabem bem o que dizem...” -

“Meu pai não era um homem bom... nem minha mãe... quero dizer... depois da guerra eles melhoraram muito... principalmente comigo... e eu os amava demais... mas ainda assim não eram perfeitos... você entende não é?”

Ela fez que sim com a cabeça...

– “E mesmo assim, morreram junto com... com todos os outros...

” Se eu não a amasse tanto, talvez não percebesse com tanta clareza o tamanho da sua tristeza... mas o fato era que eu a amava... e, mesmo sem fazer força para analisá-la, eu percebia: seu corpo estava ali... vivo... mas sua alma havia sido enterrada junto com seu marido... seus irmãos e seus pais... seus amigos... e todos os demais que haviam sido assassinados naquele atentado inesperado... Ainda assim, mesmo vivendo um drama pessoal sem precedentes, ela olhou-me com pena e disse...

– “Perdoe-me Draco... eu estou tão fora de mim... me esqueci que seus pais também estavam lá... Merlin... você deve estar sofrendo muito...”

Abraçou-me e chorou sentidamente...

Eu não devia... mas foi inevitável... ao sentí-la tão perto de mim, aspirei discretamente o delicado perfume dos seus cabelos... e acariciei levemente as suas costas... não havia nenhuma segunda intenção naqueles gestos... no entanto, no meio de tanta desgraça, tê-la em meus braços naquele momento era um bálsamo milagroso... e eu não iria resistir à única coisa que ainda me fazia sentir vivo...

- “Tudo bem Gina... está tudo bem...” eu dizia tentando consolá-la, mesmo sabendo que nada estava bem...

Depois de alguns segundos... ela já mais calma separou-se de mim... tirou um lenço da bolsa que carregava e secou as próprias lágrimas, voltando a demonstrar aquela típica expressão de uma pessoa em estado de choque...

– “Eu não consigo entender porque tanta maldade... porque tanto ódio... é tão mais fácil ser feliz... amar...”

E eu pensei: “Você pensa assim porque é perfeita... ” mas disse: - “Apesar de ter convivido desde criança com muitos homens como esses que fizeram essa... loucura... eu digo a você que também não os entendo... não depois de ter aprendido com... com meus novos amigos o valor de uma amizade...”

Olhei para todos aqueles sepulcros recentes que continham tantos nomes queridos... e num átimo de segundo percebi o que um ato horrendo como aquele significava... famílias haviam sido dizimadas... vidas maravilhosas seriam desperdiçadas... meus amigos... amigos verdadeiros que finalmente havia conquistado... eu não os veria nunca mais... Não consegui segurar minha angústia... e desabafei meu desespero em um lamento...

– “Meu Deus Gina! Eles se foram... todos se foram!” Gina segurou minha mão e disse com uma força assustadora...

– “Nem todos... eu ainda estou aqui Draco...”

Quando foi possível, sorri com tristeza... mas não consegui verbalizar o que senti ao ouvir aquelas palavras... apenas pensei... sim... você ainda está aqui... e não tem a mínima idéia de como este fato é importante para mim...

Ainda bastante comovido eu disse: - “Eu vou descobrir quem foi o autor dessa chacina... e prometo a você que não irei descansar enquanto não acabar com a raça desse maldito...”

Depois destas palavras, senti um gosto ruim na boca... eram o ódio e a amargura que ameaçavam se instalar em mim... Gina encarou-me com profunda seriedade... e disse com uma voz dolorosamente doce:

- “Independente do que você faça, jamais conseguirá trazê-los de volta Draco... vingar-se estimulado pelo rancor, apenas fará com que você se iguale a esses monstros que lutamos tanto para destruir...” levei um choque ao ouví-la falar aquilo com tanta maturidade...

– “A nossa luta pela paz deve estar sempre embasada em sentimentos positivos... como o amor, a esperança... a amizade...” Apontou para os sepulcros e disse... “Além disso, tenho certeza que nenhum deles iria querer ver você se auto-destruir, alimentando dentro de si um sentimento tão venenoso quanto a vingança... e sinceramente, depois de ver o quanto você cresceu como ser humano nestes últimos anos... eu ficaria arrasada se o visse afundar-se neste ciclo vicioso novamente...”

Se de alguma forma ainda era possível... naquele momento eu passei a amá-la ainda mais... que mulher... que fibra... sempre soube que ela tinha uma personalidade única... mas aos poucos percebia que não era à toa que o Potter era completamente apaixonado por ela... Ela esperou, pacientemente, que eu refletisse sobre aquelas palavras... e então, como se falássemos sobre algo sem importância, perguntou-me de repente:

- “Quando eu saí do Ministério eu o vi entrando para a cerimônia de formatura... nós até nos cumprimentamos... o que foi que o fez sair? Quero dizer... foi muita sorte a sua..."

Fui pego de surpresa por aquela pergunta... percebi que ela estava tentando desviar um pouco do assunto principal que nos mantinha ali, naquele lugar de tanta dor...

Mas como dizer que foi exatamente por causa dela que ainda estava vivo?

Flashback

Draco nem bem entrara no saguão do Ministério quando avistou seu amigo Potter abraçando e beijando carinhosamente a esposa... escondeu-se, pois detestava estragar os momentos de intimidade das outras pessoas... especialmente quando se tratava daqueles dois... mas não conseguiu evitar de ficar espiando-os... e ouviu-o dizer suplicante:

- “Ah Gi... eu não posso acreditar que você não vai estar presente... é a minha formatura pôxa... vai trocar esse momento importante da minha vida por um simples treino?”

Ela sorriu de uma forma encantadora e ao responder-lhe fez um biquinho lindo, enquanto ajeitava a gravata do marido...

– “Harry, se eu fosse deixar de treinar a cada cerimônia que fazem em sua homenagem, eu não faria mais nada na minha vida... só esta semana já foram três... sem contar com a de hoje... além do quê, teremos um jogo muito importante no próximo fim de semana e eu não posso mais faltar... principalmente ao treino de hoje... diz que entende amor, vai...

” Ele se derreteu todo pela forma carinhosa dela... e infelizmente, eu também... não devia ser fácil discutir com aquela ruiva... o coitado do Potter então... pelo jeito não tinha a mínima chance contra ela... sorri ao pensar...

-  “Tudo bem... eu entendo... mas vai ter que me recompensar depois...” disse malicioso, puxando-a pelos quadris, para mais perto de si...

- “Fique sossegado gostosão... você não vai se arrepender...” respondeu no mesmo tom, cheio de promessas ocultas... beijaram-se rindo daquela brincadeira... e foi entre beijos que ela ia se despedindo aos poucos: –

“Agora eu vou... já estou atrasada... parabéns pela sua formatura... estou muito orgulhosa... ah! Mande um beijo para o Rony e para a Mione... ou não... não diga nada... deixe que eu os cumprimente pessoalmente à noite, no jantar que mamãe dará para vocês lá na Toca...”

Afastaram-se uns passos, mas o Potter virou-se e gritou: - “Eu te amo ruiva!”

As pessoas que por ali passavam, riram da cena romântica que aquele rapaz tão conhecido e querido por todos protagonizava...

Ela se virou para o marido e respondeu sorridente: - “Eu também meu herói...” e mandou-lhe um beijo no ar, voltando-se para a porta de saída...

Mas o Potter... ah o Potter... ele parecia pressentir que alguma coisa estava para acontecer... e desta vez, sério, voltou a chamá-la... – “Gina!” Ela se voltou novamente... – “É sério... eu te amo... você é a mulher da minha vida... você é a minha vida Gi... nunca se esqueça disso...”

A ruiva, emocionada, correu em direção ao marido e pulou no seu colo, dando-lhe um beijo na boca digno de Hollywood... os que estavam ao redor suspiraram... eu também suspirei... mas eu jamais poderia imaginar o que aquelas palavras significariam...

Quando ela o deixou, eu resolvi aparecer para que ela me visse... nos cumprimentamos com um rápido beijo no rosto e ela se foi... mas o seu perfume ficou entranhado nas minhas narinas e de repente, uma vontade louca de ir atrás dela tomou conta de mim... sem muito pensar, segui o meu impulso...

Gina estava linda e caminhava cheia de alegria pelas ruas de Londres... todos os olhares masculinos se desviavam para ela, onde quer que ela passasse... por este motivo, ela teve alguma dificuldade para encontrar um local seguro... mas quando finalmente o localizou, aparatou diretamente para o estádio de seu time... sabendo para onde ela se dirigiria, fiz a mesma coisa... mas antes de me juntar aos demais torcedores que haviam ido até lá para assistir ao treino, disfarcei-me... se ela me notasse, seria praticamente impossível explicar a minha presença ali naquele dia tão importante...

Treinaram durante uma hora... Gina era a alegria do grupo... brincava com todos... imitava-os... e como jogava bem aquela ruiva... não era por nada que ela era a atual sensação dos Cannons... fiquei orgulhoso...

Eu não consegui tirar meus olhos dela por um segundo sequer... e comecei a me questionar por que diabos eu tinha que me apaixonar justamente pela única mulher proibida para mim... como não encontrava nenhuma resposta... parei de me atormentar com aquilo...

Em um determinado momento, porém, alguém entrou em campo correndo e gritando por ela... Gina desceu com sua vassoura e correu na direção daquele indivíduo... preocupei-me demasiadamente quando a vi desfalecer nos braços de um companheiro seu, depois de ter escutado o que aquela pessoa veio lhe dizer... corri para o seu lado... e foi com desespero que ouvi alguém contar que um ataque terrorista ao Ministério da Magia havia destruído toda a ala leste do prédio... que não havia sobreviventes... e que dentre as vítimas estava todo um grupo de 50 aurores que estariam se formando naquele dia e junto com eles, todos os seus convidados... calculava-se que aquela tragédia envolvia um número de mais ou menos 200 pessoas...

Todos os convidados!!! Repeti mentalmente... foi somente nesta hora que pensei nos meus pais... meus pais também estavam lá... e não havia sobreviventes!!!

Fim do Flashback...

Não... não podia contar-lhe o que de fato havia acontecido sem declarar-lhe todo o meu amor... Talvez um dia o fizesse... mas não hoje... ela não estava preparada para ouvir o que meu coração tinha para lhe dizer... e aquele definitivamente não era o momento mais adequado para fazê-lo...

Por outro lado, aprendera com o Potter que a verdade sempre era a melhor escolha... então não podia... e não queria mentir... por fim, decidi-me por simplesmente dizer:

- “Apenas segui meu coração...”

Ela sorriu... pareceu aceitar a minha resposta... Depois de olhar por mais algum tempo para cada um daqueles jazigos... e mais demoradamente para aquele em que agora se encontrava enterrado o corpo de seu marido... Gina pegou novamente minha mão e disse:

- “Vamos embora Draco... sei que não vai ser fácil... mas é preciso... em nome do amor que sentimos por todos eles... precisamos juntar os nossos pedaços... e começar de novo...”

Ela estava certa... em silêncio, aceitei o seu convite e me levantei... naquele momento senti um arrepio... tive a nítida sensação de escutar a voz do Potter a dizer: - “...vai chegar um momento em que a minha vida vai ser colocada em suas mãos...”

Foi então que tudo se encaixou perfeitamente na minha cabeça... Gina era a vida dele... ele havia dito isso com todas as letras naquela despedida... e agora ela... a vida dele estava sendo colocada nas minhas mãos...

Olhei mais uma vez para a lápide na qual se via a foto daquele homem a quem eu aprendi a admirar e respeitar... sorri comovido... e em pensamento disse-lhe:

“Descanse em paz meu amigo... a sua vida agora está em minhas mãos... e graças a você, eu finalmente estou pronto para fazer o que é certo...”


Fim


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Se possível, comentem... eu não sei se este tipo de FIC agrada muito, por ser assim tão triste... Um grande beijo. RENATA DI-LUA LOVEGOOD

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Comentários (1)

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