Dores de amor



Capítulo 26 – Dores de amor

Já estava dormindo no sofá do escritório há dois dias. Minhas costas estavam me matando. A enfermeira de Gina, Meg, foi compreensiva e me deu uma poção para dor.

- Sr. Potter, Gina está passando por momentos complicados, ela está sensível, qualquer coisa para ela é vista como um grande problema... – Ela falou docemente.

Meg era uma senhora de uns cinqüentas anos, aposentada. Trabalhou por muitos anos com Madame Octavianna e depois que se aposentou, a curandeira sempre a indicava para acompanhar gravidezes de risco. Não que a gravidez de Gina fosse de risco, mas exigia mais cuidados que o normal.

Eu dei um leve sorriso para ela e subi para pôr os meninos na cama.

Alvo e Tiago estavam na cama com Gina olhando TV. Alvo já estava todo encolhido, dormindo. Peguei Alvo no colo e o levei para o quarto dele. Ele resmungou qualquer coisa, mas continuou seu sono.

- Tiago... Vamos, já está tarde... Dá um beijo na mamãe... – Quando Tiago foi dar um beijo em Gina, ele se desequilibrou em cima da cama e acabou batendo com a cabeça na parede.

– Aiiii!!

- Hei, não foi nada... Vem cá que a mamãe faz sarar! – Ele se aproximou de Gina e ela beijou a cabeça onde ele bateu. – Pronto! Parou de doer?

- Ainda não... – Ele falou meio choroso. – Mas depois passa, né?!

- Passa filho... Mamãe é boa nisso! – Falei piscando para ela. – Agora vem... Ai! – Levar Alvo para a cama e tenta pegar Tiago não foi uma boa idéia, minhas costas voltaram a doer.
- Também bateu papai? – Tiago perguntou. – Mamãe cura!

Gina esboçou um sorriso.

- Er... Papai não pode te levar no colo filho... – Falei puxando a sua mão.

- Beija mamãe... Daí papai me leva no colo! – Eu fiquei parado sem saber o que falar. Gina também não falou nada. – Beija... Vocês sempre se beijam... – Tiago me puxou me fazendo sentar na cama. – Diz onde dói, papai!

- Onde tá doendo, Harry? – Gina perguntou finalmente, obrigando-me a encará-la. Gina falava somente o essencial comigo nesses dois dias.

- Er... As minhas costas.. – Falei meio sem jeito, sendo observado por Tiago.

- Se eu beijar aqui passa? – Gina beijou minha bochecha. – E aqui? - Ela beijou docemente meus lábios.

- Passou papai? – Tiago perguntou. – Mamãe é boa!

- Passou Tiago... Agora vamos... – Levei-os para o quarto.

Acomodei Tiago, li um pouco para ele, mas ele estava cansado e dormiu em minutos. Ponderei em dormir essa noite no quarto de Ted, não agüentava mais o sofá. Agora que sabemos que é uma menina, tal aposento será decorado para a bebê. Ted ganhara uma cama no quarto de Tiago ou no de Alvo. Mas, como Gina ainda não tinha mexido em nada, poderia descansar lá esta noite...

Voltei para o nosso quarto para dar boa noite a Gina.

- Boa noite... – Falei, com o olhar perdido e já girando os calcanhares em direção à porta.

Ela ainda estava olhando a televisão. Toda a comunidade bruxa sabe que eletricidade e magia não caminham juntas. Entretanto, acho que por conta de minha infância trouxa, consegui harmonizar, ainda que em parte, as duas coisas. Resgates pessoais, por assim dizer (sempre tive trauma por nunca ter um controle remoto em minhas mãos). Devo isso a um feitiço complicadíssimo que Hermione desenvolveu. Segundo ela, a eletricidade, em um único aposento, até vai... Já telefone, sem chance! A lareira e as corujas continuam sendo o único meio de comunicação! Estava perdido nesses pensamentos, já quase na porta, quando me surpreendi com a voz de Gina.

– Ainda está com dor nas costas? Quer dormir aqui?

Com certeza devo ter feito uma cara muito engraçada, pois Gina começou a rir. Eu não me fiz de rogado e antes que ela mudasse de idéia já estava deitado ao seu lado. Gina desligou a TV e se acomodou entre meus braços. Esse gesto dava a entender que eu estava perdoado.

- Estava com saudades de você aqui! – Gina falou.

- Estou perdoado? – Perguntei, fazendo cara de mini puff molhado e já me aproximando mais dela. Mérlin, como senti falta dela tão perto de mim!

- Está... Mas não me apronta de novo, ok?! – Gina buscou a minha mão e a deixou descansar sob sua barriga.

- Não vou fazer mais nada sem lhe consultar! – Nesse momento a barriga de Gina começou a tremer. – Gi!!! Nossa filha tá mexendo... – Esse momento era sempre mágico para mim.

- Ela está feliz porque a gente fez as pazes...

- Só pode, eu também estou feliz! Estou vendo que esta bruxinha já conhece o pai dela... – Ficamos os dois em silêncio, sentido a nossa filha mexer. – Gi... Como vamos chamá-la?

- Ainda não sei... – Gina falou. – Você tem alguma idéia?

- Com tudo o que aconteceu nos últimos dias... Confesso que nem pensei em um nome. – Falei, beijando os seus cabelos. – Mas temos tempo...

Gina concordou. Dormimos abraçadinhos, como sempre.

******
Como Gina previu, a presença da Sra. Weasley em nossa casa foi bem conturbada. Monstro, que sempre era muito solicito, já estava impaciente. O meu objetivo era poupar Gina, mas Monstro não aceitava as instruções da Sra. Weasley e sempre ia perguntar a Gina o que era para fazer. Gina me olhava como se dissesse “resolva, você arranjou o problema”.

Depois de uma semana, o Sr. Weasley “arrumou” uma gripe e sugeriu a Molly que voltassem para a Toca, pois não seria nada bom se Gina ficasse gripada ou alguma das crianças. Eu agradeci a interferência sutil de meu sogro, pois não ia conseguir pedir para irem embora.

Sempre os considerei muito mais do que os pais do meu melhor amigo ou como meus sogros. Molly e Arthur foram e são como meus pais, deixaram que eu entrasse na família deles sem nenhuma reserva, sempre me trataram como filho. Como poderia pedir para irem embora? Afinal, fui eu que pedi para eles virem!

Rony me disse que tinha arranjando um grande problema quando os chamei, mas eu nunca imaginei que a Sra. Weasley fosse interferir tanto na organização da casa e que isso deixaria Gina tão irritada.

- Querido, se precisar me chame! – Molly falou na frente da lareira. – Mande as crianças para ficar conosco no fim de semana... – Ela pegou o pó de Flu. – Faça Gina comer tudo...

- Vamos Molly... Harry já entendeu! – O Sr. Weasley se pronunciou.

- Querido, não permita que Gina faça algum esforço! – Ela já estava entrando na lareira quando falou. – Não esqueça a poção fortificante do Tiago e do Alvo... Monstro precisa fazer sempre o mingau Weasley... – O Sr. Weasley a puxou para dentro da lareira...

Foi engraçado. Alvo e Tiago detestaram o famoso mingau Weasley (todos os Weasley detestavam o tal mingau) e Gina achava que nenhum dos dois precisa de fortificante.

Gina se deu muito bem com a enfermeira. Talvez ela ficasse algumas semanas depois que o bebê nascesse, já que Madame Octavianna havia adiantado que por causa da pressão de Gina, provavelmente, seria necessário uma cesariana.

Gina já estava bem melhor, mas a sua pressão continuava alterada e ela continuava em repouso, ficava a maior parte do tempo na cama, mas às vezes eu a levava no colo para ficar no jardim.

Ainda não tinha conseguido falar com Tia Petúnia sobre o diário de minha mãe e o que aconteceu depois que ela parou de escrever. Ela veio visitar Gina, mas não conseguimos conversar, pois a casa estava bem agitada naqueles dias.

-Oi! – Falei beijando Gina que estava acomodada na cama no nosso quarto. – Isso sim é que e vida boa!

- Bobo! – Gina falou brincando. – Você sabe que não agüento mais isso! Mas eu sei que tenho que ficar... Como estão as coisas no trabalho?

Sabia exatamente o que Gina queria perguntar. Acomodei-me do lado dela e resolvi falar em que pé estava às investigações sobre o caso do Herdeiro, ela não precisava saber de tudo, de todos os detalhes.

- Bem... Está avançado... – Respirei fundo. – Goyle foi interrogado de novo, nos deu algumas coordenadas, alguns nomes que estão sendo investigados. – Gina estava bem interessada. – Tem um castelo na Escócia, pertence a família de Bessy, a única coisa que sobrou da família dela... Acreditamos que eles possam estar lá...

- Hum... Quando vocês vão agir? – Gina perguntou calmamente.

- Er... Daqui a algumas semanas... Gina... Eu não vou. Hans acha melhor colocar mais gente no caso, as coisas estão ganhando uma proporção maior. Er... Vai ser difícil manter a investigação em segredo por muito tempo. – Dei uma pausa, precisava falar para ela. - Precisei contar a ele sobre a mensagem. Sabe, recebi outra no Ministério. – Olhei para ela para ver se estava tudo bem. – Hans acha melhor eu não encabeçar mais a investigação...

Gina se aninhou no meu peito.

- Isso significa que você está em perigo, Harry? – Gina falou baixo. – Qual era a mensagem?

- Gi... Igual a outra. Mas Hans só acha melhor eu não participar ativamente da investigação... Eu concordo com ele! – Na verdade eu não concordava muito, mas Rony e Hans me convenceram que era melhor ficar com Gina do que sair quem nem um louco atrás de um bruxo que podia só estar esperando eu me afastar para fazer algo com ela e os meninos. E, a segunda mensagem não era exatamente igual à primeira... Parece que alguém a estava recitando em meus ouvidos nesse momento:

“Sr. Potter
Eu já estou quase pronto para ocupar o meu lugar.
Proteja a sua família.
Nosso encontro já está marcado!”

Ficou bem claro que o “proteja sua família” tinha conotação dúbia. Eles estavam atrás de Tiago, eu tinha certeza! Gina não precisa saber “exatamente” de tudo.

- Se você acha melhor! – Gina levantou a cabeça e me beijou rapidamente. – Amor, terminei de ler o diário da sua mãe... Estou curiosa!

- Eu também, vou falar com a Tia Petúnia... Quero saber o que aconteceu...

- Harry, naquela caixa da sua mãe tinha um móbile de borboletas... O que você acha de colocarmos no quarto da bebê? – Gina mencionou.

- Vou pegar depois para você... Acho uma boa idéia!

- Ah! Lembro de ter visto naquelas caixas que trouxemos depois da reforma da casa de seus pais, tinha uma luminária também de borboletas... Acho que está no porão. – Gina me lembrou das coisas de meus pais, lembrava delas, mas nunca mexi muito nelas. – Procura para mim... Também quero colocar no quarto do bebê!

- Claro... Seu desejo é uma ordem, Sra. Potter! – A beijei suavemente, Gina intensificou a profundidade do beijo, mas fomos interrompidos por Monstro.

- Meu senhor! Perdão! Mas Mestre Rony está na lareira lhe chamando com urgência...

- Vou ver o que ele quer! – Falei, afastando-me de Gina.

******
Hugo Ronald Weasley nasceu na madrugada do dia 04 de outubro, pesando 4,380Kg e medindo 52 cm. Um grande menino.

Hermione precisou fazer uma cesariana por causa do tamanho do bebê. Mas deu tudo certo! Hugo tinha os cabelos castanhos acobreados – que eu achei que, daqui alguns anos, tinha uma grande chance de “avermelhar” - e os olhos castanhos, bochechas rosadas e lembrava muito Hermione.

Fui visitar meu sobrinho logo pela manhã. Gina recomendou que tirasse muitas fotos, pois ela demoraria a ver Hugo.

- Mione, Rony, parabéns... Nossa! Ele é enorme! – Falei assim que entrei no quarto. Rony estufou o peito, com ar de orgulho, afinal, tinha um filho homem.

- É sim... Por isso eu fiquei tão cansada! – Hermione exclamou sorrindo com o filho nos braços. – E a Gina?

- Ela está bem... Ainda de repouso, mas está bem! Pediu para dar os parabéns e tirar muitas fotos dele! – Falei.

- Assim que der levo o Hugo para ela ver... – Hermione comentou, olhando para o Hugo que dormia serenamente em seus braços.

Ficamos conversando sobre Hugo, tirei varias fotos. E quando Hugo resolveu que estava com fome, achei que já era de ir embora.

- Acho que vou indo! – Falei.

- Harry... Sobre a segunda mensagem... – Hermione falou serenamente. – Vocês têm certeza que é o Herdeiro? Como ele sabe que você mora no Largo Grimmauld, n. 12? Trabalha no Ministério?

- Todo mundo sabe que o Harry é auror, Mione! – Rony se pronunciou – E que era herdeiro de Sirius....

- Não é isso que quero dizer Rony! Para mim tem mais gente por trás dessa história, alguém está mandando mensagens para o Harry para assustá-lo! – Hermione completou sua idéia, que fazia sentido.

- Quem mais seria, Mione? – Perguntei.

- Dos nomes que Goyle falou no último depoimento tem um, Adolph Crayde. – Hermione fez uma pausa para atender Hugo. – Bruxo rico, alemão; conheci-o quando estive em Berlim, ele tem grande influencia política lá... Não era um Comensal, mas todos sabiam que era simpatizante e estudioso de magia das trevas.

- Mi... Você acha que devemos investigá-lo? Mas nós já fizemos e não soubemos de nada preocupante! – Rony comentou.

- Mas vocês pediram ajuda para o governo Alemão... Acho que tem que ser uma investigação pela Ordem, sem envolver o Ministério. – Hermione passou a mão nos poucos cabelos do filho. – Como eu disse, ele tem muita influencia no governo... Só saberemos o que eles querem que a gente saiba!

- Ok! Você tem razão! Mandaremos alguém que não desperte suspeitas! – Falei, Hermione era sempre sensata. – Mas agora eu vou!

- Harry... Quanto às mensagem, se chegar outra, antes de abri-la, lance um contra-feitiço para ela não se destruir. – Hermione sorriu um pouco vermelha. – Sabe é um feitiço bem simples que se usa para destruir as mensagens. Você só tem que apontar a varinha para a mensagem e dizer “Finita causa, cessat effectus”

- Como você sabe? – Rony perguntou.

- Nha!, eu a Gina às vezes usamos. – Hermione falou sem jeito. – Não façam essas caras!

- Quando Hermione?! – Rony perguntou serio.

- Hum... Às vezes, quando não queremos que vocês saibam de alguma coisa, POR ENQUANTO! – Hermione acrescentou rápido. – Não é segredo, só é algo que ainda não contamos, como quando a Gi me avisou que o Rony ia me pedir em casamento, para eu ir preparada...

- Agora entendi o lingerie que você usava naquele dia. – Rony pensou alto e quando viu que eu estava rindo, ficou vermelho.

- Gi me mandou uma mensagem quando ela desconfiou que estava grávida do Tiago... – Hermione falou pensativa. – Teve aquela vez...

- Gina não falou nada sobre o feitiço! – Falei.

- Ah, com tudo que aconteceu como ela ia se lembrar do feitiço?! – Hermione tinha razão.

- Você sempre com razão, Mione! – Comecei a rir. – Mais alguma vez que vocês trocaram mensagens que se destroem depois de lidas?

- Teve uma vez... No aniversário de casamento de vocês, Gina quis fazer uma surpresa no Ministério... – Sorri de soslaio ao lembrar da surpresa, mas Rony não precisava saber. Dei um beijo na testa de Hermione e uma batidinha nas costas de Rony como se dissesse ”elas são mais espertas que a gente, conforme-se”!

- Tchau para vocês! – Eles nem responderam, pois Rony não parava de incomodar Hermione para saber das mensagens e ela dizia que precisava de sossego para amamentar Hugo.

*******

Dois dias depois, Hermione foi para casa com Hugo. Rose estava encantada com o irmão. Lembro que Tiago ficou com um pouco de ciúmes de Alvo, fiquei pensando que com o novo bebê, seriam os dois a terem ciúmes, ainda mais porque era uma menina. Seria bom dar um pouco mais de atenção para eles.

Com tudo que aconteceu, os problemas de Gina, nós dois negligenciamos com Tiago e Alvo. Monstro estava passando mais tempo com eles do que a gente e no fim de semana, eles estavam indo para a Toca.

Mas agora Gina já estava melhor e eu ia ficar mais tempo com eles. Buscá-los na creche, levá-los para passear. Eles estavam sentido a falta da mãe; Gina, normalmente, sempre levava ou buscava na creche, dava banho neles, brincava. Tiago estava quieto e Alvo andava manhoso demais. Então resolvi que esse fim de semana ficaria com eles, faríamos um programa de pai e filhos.

- Aonde vocês vão? – Gina me perguntou quando falei a ela sobre o fim de semana de pai e filhos.

- Vamos ao parque de diversão Abracadabra... Vamos ficar o dia todo lá!

- Hum... Eu também quero ir! – Gina falou manhosa.

- Quando você ficar boa, nós vamos! – Falei lhe dando um selinho e passando a mão na sua barriga. – Os cinco!

- Eu sei... Vai ser bom você ficar com eles. – Monstro apareceu com Tiago e Alvo. – Hei, cadê o beijinho da mamãe?

Os dois correram em direção a Gina para beijá-la antes de sairmos.

- Harry, amor, não os deixa comerem muito doce, nem pegarem sol demais, cuidado com os brinquedos que eles vão, não deixa eles sozinhos, não é melhor Monstro ir com vocês? – Gina me olhou, como se lembrasse de mais alguma recomendação. – Ah, não esquece que Tiago não pode comer nozes e o Alvo não pode ficar onde tem poeira... E...

- Gi, eu sei! – Falei, lhe dando um beijo. – Nos voltamos no fim do dia! Te amo!

- Eu também amo vocês!

******
Era um parque de diversões bruxo, eu nunca havia ido a um, mas era tudo muito colorido e chamativo. Tiago logo se encantou com o campo de quadribol para crianças, depois com os dragões que voavam e soltavam fogo. Alvo não parava de apontar para os barquinhos que ficavam em um lago com seres marinhos que faziam menção de pegar o barco.

Tinha também uma roda gigante que parecia flutuar no ar, um trem fantasma onde os fantasmas eram de verdade, a montanha russa rodeava todo o parque sob trilhos invisíveis, o carrossel tinha unicórnios, dragões, trestálios e outros animais incríveis. Tinha muita coisa para nos divertir.

- Estou com fome papai! – Tiago falou depois de duas horas percorrendo os brinquedos do parque.

- Ok! Você também Alvo? Vamos comer algo! – Falei pegando Alvo no colo que além de faminto estava exausto.

Enquanto íamos para a praça de alimentação, notei uma figura estranha nos observando, mas quando olhei de novo não havia mais ninguém. Deve ter sido impressão minha.

Depois do lanche, Alvo já estava dormindo no meu colo e tinha que praticamente arrastar Tiago, que dormia em pé, além disso, eles estavam todos lambuzados, precisava levá-los ao banheiro para limpá-los. O banheiro do parque era bem equipado, tinha tudo que precisávamos para limpar as crianças, além de um local reservado para o descanso, tanto dos pais como dos filhos.

Depois de limpá-los e vendo que os dois estavam cansados, achei que seria bom ficarmos algum tempo e descansarmos um pouco. Tinha encontrado vários conhecidos no parque, inclusive Dino Thomas, ex da Gina. Ele foi bem simpático comigo, claro que perguntou da Gina, disse que estava em casa de repouso por causa da gravidez, ele mandou lembranças e disse que também ia ser pai, que estava morando na França e estava no parque com os sobrinhos. Dino nunca me fez nada e até foi um bom amigo, até namorar a Gina. Confesso que fiquei aliviando quando ele se despediu, ele estava muito interessado em saber sobre Gina!

Devo ter cochilado alguns poucos minutos. Com a situação da Gina, eu praticamente passava as noites acordado, velando seu sono, com medo que algo acontecesse. Dormia em torno de 3 horas por noite.. Acho que por isso apaguei. Quando abri meus olhos, logo vi Alvo, que estava do meu lado, sentadinho brincado com um monstrinho de pelúcia que ganhei no tiro ao alvo. Mas Tiago não estava. Por Mérlin, eu fechei os olhos por minutos, e ele estava dormindo. Como ele podia ser tão rápido?! Como eu fui tão descuidado?! Sou um auror! Esse tipo de descuido é inadmissível!

- Tiago... – Olhei para os lados, só estava eu e Alvo no salão rodeado de almofadas, levantei-me rápido. – TIAGO! TIAGO!

Droga! Onde ele estava? Ele sabe que não pode sair sozinho. Aquela figura estranha que estava nos observando. Não. Não pode ser.

- TIAGO! – Gritei mais uma vez e nada. Peguei Alvo no colo e sai desesperado do salão.

Olhava para todos os lados e nada. Mérlin, o que eu faço? Minha cabeça girava, não conseguia formar um pensamento coerente, tomar uma decisão. Olhava para os lados, desesperado. Tantas crianças, mas nenhuma era o Tiago.

- Hei... Você viu um menino, ruivo, de macacão azul e boné amarelo, desse tamanho? – Mostrei mais ou menos a altura de Tiago. – Ele tem quatro anos, chama-se Tiago...

- Não, desculpe... Eu não vi! – Uma senhora com uma menina loirinha me falou.

Repeti a pergunta para mais algumas pessoas. Ninguém tinha visto Tiago. Não sei bem quanto tempo passou, para mim pareceu uma eternidade. Já estava pronto para acionar o departamento de aurores.

- Papai... Tiago! – Alvo falou.

Olhei na direção que Alvo apontava e Tiago vinha acompanhado do Dino Thomas, tomando um sorvete. Primeiro veio uma sensação de alivio, nunca fiquei tão feliz em ver Dino na minha vida. Depois, a raiva, porque Tiago estava feliz e eu desesperado. Dino parecia tão entrosado com meu filho. Por Mérlim, porque Dino saiu com o Tiago?!

- TIAGO, COMO VOCÊ SAI DE PERTO DE MIM SEM AVISAR?! – Eu já estava vermelho, gritava. – E VOCÊ... – Olhei para Dino. – COMO SE ATRAVEU A PEGAR O MEU FILHO SEM ME AVISAR?!

- Harry... Cara, calma... – Dino falou

- CALMA, PORQUE NÃO É O SEU FILHO! – Alvo chorava assustado e Tiago também começou a chorar, foi quando me dei conta que meus filhos estavam assustados comigo. Respirei fundo e tentei me controlar.

- Papai, eu... – Tiago tentava falar.

- Desculpe... Eu perdi o controle. O que exatamente aconteceu? – Perguntei direto para Dino.

- Harry, acho que esse mocinho se perdeu! – Dino falou calmamente. – O encontrei perto do campo de quadribol, ele me disse que você estava aqui, achei melhor trazê-lo.

- Obrigada Dino! Desculpe! Eu acho que cochilei, não vi Tiago sair de perto de mim. – Falei aliviado, pegando Tiago no colo. – Tiago, como você sai de perto do papai sem avisar?

- Papai tava dormindo! – Tiago falou manhoso com o rosto banhado em lágrimas. – Eu queria ver o campo de quadribol! Desculpa, não faço mais!

- Nós íamos depois.– Falei serio com ele, apesar do desespero, Tiago tinha que saber que fez algo errado. – Nem sei como agradecer Dino, Tiago me deu um susto! Desculpe-me o descontrole... Seqüelas de guerra.. – falei, extremamente sem jeito pelo meu destempero.

- Ok Harry, criança é assim, mais ainda bem que o encontrei... – Dino mexeu com Alvo e eu coloquei Tiago no chão de novo. – Harry, tinha alguém com ele quando eu o achei... Não parecia que Tiago o conhecia, mas talvez ele só estivesse perguntando com quem ele estava,...

- Segurança do parque? – Perguntei, lembrando da figura estranha que já tinha visto antes.

- Acho que não... Mas ele se afastou logo que eu chamei Tiago. – Eu olhei rapidamente para os lados, mas não vi ninguém suspeito. – Ah, agora que o Tiago está entregue, vou indo! Não se perde de novo mocinho!

- Valeu Dino! – Falei realmente agradecido. – E, desculpa, novamente, o mau jeito, eu estava muito preocupado. - Dino se afastou.

- Quadribol, eu quero ver papai! – Alvo me puxou pela barra da camiseta.

- Ok... Nós vamos ao campo e depois vamos embora! – Fui com eles em direção ao campo, queria ver se tinha alguém suspeito por lá. – Tiago, mostra para o papai quem estava com você.

- Não está mais aqui! – Tiago comentou. – Ele tinha uma varinha, me deixou pegar... Eu fiquei com medo papai!

*******
- Hei Monstro! Tudo certo por aqui? – Falei assim que cheguei em casa e encontrei Monstro na sala. – Você poderia dar banho nesses dois para mim?

- Sim, meu senhor, Monstro adora cuidar dos meus jovens senhores! Minha senhora está no quarto... Minha senhora não se sentiu bem hoje. Monstro, com respeito ao meu mestre e senhor, acha que meu senhor dever ir vê-la! – Monstro falou já levando Tiago e Alvo para o banho.

Gina se sentiu mal. Ela estava tão bem! Uma nuvem de preocupação pairou sobre minha cabeça. Quando cheguei ao quarto, Gina estava dormindo. Meg estava sentada na poltrona lendo qualquer coisa.

- Ela está bem? – Perguntei sentando na beirada da cama.

- A pressão de Gina subiu, ela ficou muito nervosa, agitada, queria ver os filhos... Não sei o que aconteceu, Harry! – Meg me olhou, preocupada com o comportamento de Gina. – Agora a pressão já normalizou, mas precisei dar uma poção calmante, bem levezinha, para ela se acalmar... Madame Octavianna virá mais tarde examiná-la.

Não falei nada. Fiquei ali fazendo carinho no cabelo de Gina, velando seu sono. Será que ela sentiu que algo poderia ter acontecido com Tiago?! Madame Octavianna chegou meia hora depois, examinou Gina e disse que estava tudo sob controle. Mas notei que ela estava preocupada.

- Qual o problema? Gina não está bem?! – Perguntei enquanto acompanhava ela até a lareira.

- Harry, a pressão já Gina está muito alta, está controlada, mas o quadro pode evoluir para uma pré-eclampsia, já que estou notando, também, o começo de retenção de líquidos... Não sei o que aconteceu com ela hoje, mas ela precisa de repouso absoluto, caso contrário, vou interná-la até o bebê nascer.

Despedi-me da curandeira e sentei no sofá pensativo. Isso não podia ter acontecido!

- Harry, HARRY! - Rony gritava na lareira. – Cara, estou te chamando a um tempão?!

- Er, desculpe... Como está o Hugo?

- Tá bem... Tudo bem aqui! E ai? Como foi o passeio?

- Precisamos conversar, aconteceu uma coisa. Mas não posso falar agora. Você pode vir aqui depois do jantar? – Perguntei.

- Claro! – Rony percebeu a gravidade da situação. – Ah, só queria avisar que a filha do Neville e a Anna nasceu agora de tarde, ela se chama Alice.

- Legal! Vou mandar uma coruja dando os parabéns para eles! – Pelo menos uma boa noticia hoje.

******

Gina ainda estava sonolenta quando voltei para o quarto. Ela me olhou e deu um sorriso triste.

- Dorme! Amanhã a gente conversa! – Fiquei ali sentido seu cheiro até ela adormecer novamente. Nada podia acontecer com ela e com nosso bebê. Já sofri tanto nessa vida, definitivamente, não merecia passar por isso.

Depois de algum tempo, desci para jantar com os meninos, ficar um pouco com eles e esperar Rony. Alvo dormiu logo, também estava tão cansado. Pedi que Monstro o levasse para o quarto.

- Oi! – Rony saiu da lareira. – O que aconteceu? Você me deixou preocupado.

- Tiago vem cá no colo do papai! – Tiago largou os brinquedos e veio correndo. – Conta para o tio Rony quem falou com você no parque!

- Um homem feio! – Tiago falou. – Ele queria me levar! Me deixou segurar a varinha dele...

Rony me olhou espantado.

- Harry, o que houve no parque?

- Eu os levei para descansar depois do almoço, acabei dormindo, quando acordei não achei o Tiago. Resumindo, Dino Thomas encontrou-o e o levou onde eu estava, mas disse que encontrou Tiago com um homem estranho. – Dei uma pausa. – Durante um bom tempo, eu achei que estava sendo vigiado, mas achei que era impressão minha, mas depois do Tiago ter sumido... Não sei!

- Hum... Tiago, não era amigo do seu pai quem queria te levar? – Rony perguntou.

- Ele era feio... O outro amigo do papai me levou para o ele. – Tiago bocejou. Tinha sido um longo dia para ele. – Era feio, eu fiquei com medo. Eu disse pra ele que queria o meu papai!

- Ele disse o nome dele Tiago? – Perguntei, enquanto ele se aninhava no meu peito para dormir.

- Ele disse que era meu amigo, mas ele não é meu amigo, papai! – Tiago bocejou novamente.

- Dino viu o cara, Harry?

- De longe, fugiu quando ele chegou perto e chamou o Tiago. Com certeza, Dino atrapalhou algum plano. - Já havia deduzido isso. Alguém estava interessado em levar o meu filho. – Temos que agilizar essas investigações... Não dá para ficar desse jeito!

- É melhor reforçar a segurança deles... – Rony falou olhando para Tiago que já estava com os olhinhos fechados. – Vou destacar alguns aurores para ficarem por perto de Tiago e Alvo...

- Faça isso! O pior foi quando cheguei em casa. – Rony franziu a testa. – Não sei exatamente o que aconteceu, mas Gina passou mal de novo... A pressão dela subiu, ela ficou muito agitada. Madame Octavianna disse que o quadro dela pode evoluir para uma pré-eclampsia...

- Você acha que ela sentiu alguma coisa? Sabe aquela coisa de proteção, de mãe e filhos que a Mione já falou...

- Não falei com ela, está dormindo! Mas tenho certeza Rony! – Falei olhando Tiago. – Rony, seja lá quem for... O Herdeiro... Não importa, querem fazer mal a minha família, não vou deixar isso acontecer... Nunca!

Percebi que Rony assustou-se quando eu falei que nunca deixaria nada acontecer com minha família. Meus olhos, sempre tão esmeraldas, ganharam uma tonalidade escura, eles ficam assim quando estou preocupado. A verdade é que eu, Harry Potter, apesar da vida pacata que levava, não era considerado um bruxo comum. Ter aniquilado um dos bruxos mais poderosos de todos os tempos, ainda que por via reflexa, não é tarefa que um simples mago realize. Tenho consciência de que quando provocado, posso ser muito perigoso. E Rony sentiu isso, no tom das minhas palavras e no escurecer de minhas íris.

- Você sabe que pode contar comigo cara! – Rony falou depois de alguns minutos de silêncio enquanto eu velava o sono tranqüilo de Tiago.

******
Acordei bem cedo. Como era domingo, preparei o café da Gina e o levei na cama. Gina já estava acordada quando entrei no quarto, com certa dificuldade para equilibrar a bandeja.

- Harry, amor, cuidado vai cair! – Gina falou rindo.

- Pronto, consegui chegar aqui com o seu café são e salvo... – Coloquei a bandeja na cama e me sentei ao seu lado. – Você está se sentido bem?

Gina fez um gesto positivo com a cabeça e atacou a bandeja de café. Ela estava com apetite. Isso era bom! Fez só uma careta quando percebeu que toda a comida estava sem sal, para evitar o inchaço.

- Gi, o que aconteceu? Você estava bem quando saímos. Meg me disse que você ficou muito agitada. – Peguei um morango. – Você sentiu alguma coisa?

- Harry... – Ela me olhou. – Senti que um dos meninos estava em perigo, foi uma sensação muito angustiante, não consegui controlar... Queria vê-los, ter certeza que estavam bem... Aconteceu alguma coisa no parque?

- Er... Tiago se perdeu. – Gina me olhou espantada. – Mas logo o achei.

- Hum, não foi só isso, né?! – Gina perguntou, passando geléia na torrada. – Harry, o que aconteceu? Você está preocupado, eu sei e não é só por minha causa! – era mais uma afirmação do que uma pergunta.

- Alguém estava com o Tiago, alguém que o deixou com medo... – Parei por um instante para observar a reação de Gina. – Quando chegamos ao parque, sei lá, achei que tinha alguém me observando, mas pensei que era paranóia minha. Depois do almoço, acabei cochilando e quando acordei não encontrei Tiago. Ele foi ver o campo de quadribol, e alguém deve ter ido atrás dele, não sei, mas não com boa intenção. A sorte foi que encontramos Dino Thomas e ele viu o Tiago e o levou onde eu estava.

- Dino?! – Gina deu uma risadinha. – Você o agradeceu, foi educado né, Harry?!

Com uma careta que não pude evitar, respondi:

- Er... Sim, Gi, eu estava nervoso, gritei um pouco... Mas Dino entendeu! E ele está morando na França! – sorri triunfante, me servindo de um pouco de café. – Er... Você não pode tomar café!

- Chato... – Gina colocou-me a língua como uma criança malcriada. - Dino reconheceu quem estava com o Tiago? O Tiago o conhece?

- Não, mas falei com o Rony, vamos investigar, e aumentar a segurança das crianças...

- Harry... Nada vai acontecer! – Gina suspirou. – Madame Octavianna disse que posso desenvolver pré-eclampsia... – Gina ficou com os olhos cheios de lágrimas. – Eu não quero que nada aconteça com o nosso bebê...

- Nada vai acontecer Gina... Não vou deixar! – Limpei as suas lágrimas. Gina sempre foi minha fortaleza e sei o quanto ela estar se sentindo vulnerável a incomodada. Em outras épocas, era capaz dela sair à caça do homem – afinal ela era uma bruxa para lá de habilidosa. Mas agora era diferente... Ela se sentia frágil e, por isso, ficava mais entristecida ainda.

Nesse instante, Tiago e Alvo entraram correndo e pularam em cima da cama.

- Mamãe... No parque tinha um campo de quadribol... – Tiago começou a falar.

- Eu andei no dragão... – Alvo também falava.

- O que mais vocês fizeram? Mamãe quer saber tudo! – Gina colocou um pedaço de pão na boca de Alvo e Tiago.

******
Os dias passaram tranqüilos. A pressão de Gina não subiu mais. Ainda bem! Mas ela ainda estava de repouso. Não notei ninguém estranho nos observando, mas resolvi que eu levaria e buscaria os meninos na creche. Também sempre havia um auror cuidando da segurança deles.

No fim de outubro, o castelo de Bessy na Escócia foi invadido por aurores e membros da Ordem. Encontramos vestígios de que ela e o Herdeiro estiveram por lá. Quando o castelo foi invadido não encontramos ninguém. Isso era previsível. Tínhamos certeza que eles estavam fazendo uma espécie de rodízio, o problema era que sempre chegávamos tarde aos locais. Eu não estava indo nessas missões, nem Rony, mas estávamos por dentro de tudo que acontecia.

Também investigamos o Adolph, como Hermione sugeriu. Cornner, nosso antigo professor de DCAT, foi fazer essa investigação na Alemanha. Descobriu coisas muito interessantes. Adolph estava financiando toda essa operação do Herdeiro, seu objetivo era entrar para a política, ele tinha um plano ser o ministro da magia de todos os países da Europa. Alguns bruxos tinham essa idéia de unificar a comunidade bruxa, mas esse assunto nunca me chamou atenção.

Não recebi mais mensagens misteriosas. Mas sabia que era uma questão de tempo para receber mais uma. Enquanto isso tinha outras coisas para me preocupar, como falar com Tia Petúnia sobre minha mãe. Aproveitei que ela havia ido visitar a Gina e me ofereci para levá-la para a casa depois.

- Tia Petúnia... Sabe naquela caixa da minha mãe, tinha um diário. – Iniciei. – Acabei lendo e fiquei curioso com algumas coisas...

- Se eu puder ajudar, Harry! – Ela falou serenamente.

- Meus pais estavam brigados quando ela descobriu que estava grávida... – Dei um suspiro. – Ela termina o diário dizendo que tinha uma visita, depois não tem mais nada... Meu pai foi buscá-la?

- Tiago nunca foi buscá-la. Foi um outro homem visitá-la... Um de vocês! – Ela sorriu. – Lílian ficou feliz ao vê-lo, como ele se chamava... – Ela franziu a testa. – Droga, não lembro, querido. Mas ele tinha uma aparecia aristocrática, sabe? Mas, ao mesmo tempo, me lembrava um cachorro... Estranho, né?

- Hum... – Sirius! pensei. - Mas o que aconteceu depois?

- Eles conversaram muito e Lílian resolveu voltar com ele... Depois ela me escreveu contando que estava grávida e que tinha feito as pazes com o Tiago. – Tia Petúnia ficou pensativa. – Nessa carta, Harry, achei estranho, mas Lílian disse que iria precisar da minha ajuda...

- Só isso? – Perguntei esperançoso, talvez tivesse mais coisa.

- Sinto muito Harry, mas você sabe eu e Lílian nunca fomos muito próximas.

Estacionamos na frente da casa.

- Quer entrar Harry? – Ela já sabia a resposta. Abriu a porta e já ia sair, mas antes voltou para mim e disse. – Querido... Talvez você saiba mais se procurar nas coisas de Lílian, Gina me disse que vocês guardaram muita coisa no porão da casa de vocês, Lílian gostava muito de escrever, como ela esqueceu o diário, talvez ela tenha começado outro! – sorriu sincera.

- Obrigada Tia! - Droga! Não consegui saber muita coisa. Precisava mexer nas coisas do porão. Gina já havia pedido a luminária. Não podia adiar mais.

*******
No dia do aniversário de três anos de Rose, Madame Octavianna finalmente liberou Gina do repouso, quer dizer, ela ainda estava de repouso, mas como sua pressão estava estabilizada e ela não teve mais nenhum problema ela foi liberada do repouso absoluto, mas não podia exagerar.

Como a festa de Rose esse ano seria na Toca, esse foi o primeiro passeio de Gina depois de meses. Ela, finalmente, conheceu Hugo e Alice. E, Gui e Fleur anunciaram que teriam mais um filho. Foi um típico domingo na Toca, como há tempos não tínhamos com todos os Weasley’s reunidos, além dos amigos.

Não recebi mais nenhuma mensagem. Estava tudo muito calmo. Calmo demais! Por um lado agradecia a Mérlin por isso, por outro, ficava mais ansioso, essa falta de noticias me angustiava muito. Mas pedia que continuasse assim até Gina ter o bebê.

Novembro passou rápido e logo chegou dezembro. Tiago completou cinco anos. Apesar de meus protestos, Gina insistiu em organizar uma pequena comemoração para ele. A Sra. Weasley se encarregaram de tudo.

O Natal esse ano seria na nossa casa. Gina estava bem, mas não podia exagerar, e ela tinha ficado bastante agitada com a festa de Tiago. Madame Octavianna pediu para ela diminuir o ritmo.

- Como diminuir o ritmo? Eu não saí mais de casa, não faço mais nada! – Gina exclamou.

- Gi... Agora falta pouco! – Tentava acalmá-la. Se bem que eu achava mais fácil domesticar uma mantícora do que Gina ficar dócil...

Tiago e Alvo ganharam vassouras no Natal. Era um modelo novo, semi-profissional, que vinha com um controle de velocidade e altura. Não preciso dizer que eles adoraram. Gina não teve argumentos para discordar do presente. Eles estavam tão felizes.

Depois do almoço de Natal, a Sra. Weasley expulsou todo mundo, dizendo que Gina precisava descansar.

- Mamãe não precisava mandar todo mundo embora tão cedo! – Gina exclamou depois que todos foram embora e estávamos na sala tomando chocolate quente.

- Gi... Sua mãe só fez o que achou melhor... e você não pode se cansar. Todos entenderam!

- A gente pode voar? – Tiago apareceu com a vassoura novinha.

- Claro! Mas eu vou regular para você... Tem que ser aqui dentro está nevando querido! – Tiago não ficou muito contente, pois voar dentro de casa tinha que ser baixinho.

- Amor, parou de nevar... Acho que não tem problema eles irem lá fora um pouco! – Gina sorriu. – Vão botar o casaco! Mas é só um pouco viu!

Tiago e Alvo não pensaram duas vezes e saíram correndo para pegar os casacos e uma toca.

- Você também vem? – Falei, ajudando-a a se levantar.

Fomos para o jardim, estava tudo branco pela neve. Regulei as vassouras dos meninos, e logo eles já tinham ganhando altura. Abracei Gina e ficamos vendo Tiago e Alvo voarem. Mas, estava com os sentidos aguçados, tive a impressão que alguém estava nos observando. Mas não podia, poucas pessoas sabiam onde a gente morava! E, além disso, o fidelius foi renovado e o Rony era o fiel do segredo. Porém era melhor ficar atento! Qualquer movimento estranho, a varinha já estava estrategicamente acondicionada por dentro da manga do meu casaco. Era só deslizá-la e azarar quem quer que fosse.

*******
No aniversário de Alvo, organizamos uma comemoração na creche. Hermione tomou todas as providências. Assim, Gina não se envolvia tanto na organização e ela confiava mais em Hermione. No aniversário de Tiago, ela e a Sra. Weasley não concordavam com nada, o que deixou Gina bastante agitada.

Alguns dias depois do aniversário de Alvo, estávamos nós quatro na sala, Monstro e Meg estavam de folga. Tiago perguntava todos os dias se era hoje que a irmã iria vir para casa.

- Quando ela vai vir para casa, papai? – Tiago perguntou.

- Bebê igual ao Hugo! – Alvo exclamou.

- É... Bebê como o Hugo! Ainda vai demorar um pouco para ela nascer Tiago. – Falei enquanto montava um quebra-cabeça com eles na sala e Gina cochilava no sofá.

- Como eu nasci papai? – Tiago parou de mexer no brinquedo e ficou esperando a minha resposta.

- Er... Você tava na barriga da mamãe e um dia ela sentiu uma dor muito forte e você nasceu... – Não sei se expliquei direito.

- Eu também? – Alvo quis saber.

- Você também! – Falei olhando para o sofá, Gina podia acordar e me socorrer, ela era boa nessas respostas.

- Mamãe chorou? Doeu? – Tiago perguntou.

- Er... Acho que doeu sim. Mas ela chorou de felicidade quando viu vocês, eu também!

- Hum... Mas como eu fui parar na barriga da mamãe? – Ah, meu Mérlin, isso de novo?? Tiago às vezes era muito curioso e Gina já tinha explicado a ele.

- Tiago, lembra... A mamãe já falou! – Tentei escapar da resposta. – O papai colocou uma sementinha na barriga da mamãe...

- Eu sei papai! – Tiago deu um suspiro. – Mas, porque você colocou uma sementinha na barriga da mamãe que virou eu!?

Respirei fundo e olhei de novo para o sofá. Notei um leve sorriso no rosto de Gina. Ela estava acordada! Fingia que dormia para me deixar sozinho nessa!

- Tiago... Porque o papai ama muito a mamãe... E gente queria muito ter você!

- Hum... Depois o Alvo e a minha irmãzinha!

- Isso! – Espero que as perguntas tenham parado por hoje. – Hei... Olha, o Alvo montou o unicórnio!

- Sozinho papai! – Alvo exclamou batendo as mãozinhas.

- Então, quando os papais e as mamães se amam muito eles têm um bebê! – Tiago exclamou. Tiago me surpreendia. Ele era tão precoce. Talvez fosse normal, afinal eu é que fui uma criança muito lenta, pois não lembro de questionar ninguém sobre bebês. Mas também, para quem eu iria perguntar?!

- É sim Tiago! Quando um papai e uma mamãe se amam muito, mas muito mesmo, eles têm um bebê. – Gina falou se aproximando do filho, não notei que ela tinha se levantado. – Como seu pai e eu!

- Ah tá! – Tiago bocejou. – Eu to com sono!

- É já está na hora de vocês irem para cama! – Falei me levantando. – Vamos, mamãe vai contar uma história hoje para vocês!

- Vou é?! – Gina sorriu, levando Alvo pela mãe até a escada.

- É a sua vez... Ainda mais depois desse interrogatório! – Exclamei, com uma careta.

******
Como Gina estava se sentido muito bem, começamos a organizar o quarto do lado do nosso para a nossa filha, o que era do Ted. Usamos o mesmo berço que foi usado pelos meninos, pintamos o quarto de rosa bem clarinho e colocamos um papel de parede com borboletas, que magicamente voavam por todo quarto, as cortinas tinhas três cores: branca, rosa e lilás, o estofado da poltrona e as almofadas também combinavam com a estampa da cortina, os moveis eram brancos com detalhes que alternavam em rosa e lilás. Faltava um último detalhe, o móbile de borboletas que estava no escritório e a luminária que estava no porão.

Não podia mais enrolar. Desci até o porão atrás das caixas com as coisas de meus pais. Não foi preciso procurar muito, a luminária de borboletas estava na primeira caixa. Separei a luminária e já que estava aqui, não custava nada dar uma olhada nas coisas dos meus pais. Bom, custar não custava, mas na verdade mexer naquele espólio doía um bocado.

Na segunda caixa, tinha alguns livros de Hogwarts, algumas fotos, revistas velhas, o uniforme de quadribol do meu pai, um velho pomo de ouro... Em outra caixa, tinha roupas da minha mãe, alguns livros trouxas, uma boneca de porcelana, algumas bijuterias e uma caixa com meu nome gravado.

Não me lembrava de ter visto tal caixa antes. Peguei-a e abri com cuidado. Dentro tinha uma carta e alguns pequenos frascos, que logo identifiquei como memórias. Seriam memórias da minha mãe? Fiquei parado olhando aquela carta e aqueles frascos até ouvir a voz de Gina.

- HARRY! HARRY! VOCÊ ACHOU A LUMINÁRIA?? - Acordei. Peguei a luminária e a caixa e subi correndo.

- Tá aqui! – Falei entregando a luminária a ela. – Acho que precisa limpar!

- Claro. – Gina falou. – Harry... Eu já escolhi o nome dela!

- Qual é? – Falei deixando a caixa em cima da prateleira e me aproximando de Gina.

- Eu sei que você vai gostar. Olha, não é porque é o nome dela, mas eu gosto da sonoridade dele. – Gina começou a falar. – E depois significa algo puro, inocente...

- Gi... Confio na sua escolha! Vou adorar qualquer nome que você quiser! – Falei, alcançando a sua cintura.

- Vai ser Lílian! – Gina sentenciou.

Não falei nada. Segurei o seu queixo e me inclinei para lhe beijar. Gina sabia que era o nome perfeito e que a sua escolha me fazia muito feliz.

- Que caixa é essa? – Gina se desvencilhou de meus braços e pegou a caixa. – Tem uma carta, acho que é para você! Isso são memórias?

- Acho que são sim... Vamos ler a carta juntos? – Falei abrindo a carta e começando a ler em voz alta.

“Harry querido... se você está lendo essa carta é porque eu não pude ver você crescer. Querido, saiba que te amo muito e tudo que fiz foi para o seu bem. Harry, as escolhas que eu e seu pai fizemos foram para que você tivesse um futuro, que você constituísse a sua família. Quero que você olhe essas memórias, entenda e perdoe os erros que eu e seu pai cometemos. Um dia você vai ser pai e verá que tomar decisões que beneficiarão seus filhos, na verdade são mais que escolhas... É o único caminho certo a seguir! E isso, meu menino, não é por obrigação... isso é natural! Nessas memórias, você vai ver que foi muito desejado e amado, por mim e Tiago. Nunca duvide desse amor, foi ele que sempre lhe protegeu e sempre irá lhe proteger. Tenho certeza que você será uma pessoa especial, filho, pois você nasceu de um amor especial. De um amor que começou tímido, contra todas as probabilidades. Afinal, eu e seu pai, durante nossos seis primeiros anos em Hogwarts, não fomos, por assim dizer, amigos. Mas nunca duvide da força do amor, Harry. O amor aparece sem pedir licença, toma nossas vidas e dá outra nuance cheia de cores alegres e brilhantes. E nosso amor – meu e de Thiago – demonstra que esse sentimento não tem porcentagem de acerto, não tem lógica, não tem fim. E multiplique alguns milhões de vezes que você chegará próximo ao sentimento que eu e seu pai sentimos por você! O amor, Harry, é tudo em si mesmo. E, por isso, nós decidimos entrar na Ordem e lutar... Por amor a você, para que seu futuro seja em paz, feliz. Amo muito você. Ass.: Mamãe”

- Harry... – Gina falou baixinho, eu ainda estava meio perdido com o que tinha acabado de ler. – Harry... Tem algo errado... Harry...

Gina não terminou de falar, pois ela desfaleceu em meus braços, despertando-me. Notei, para o meu desespero, que ela estava sangrando. Meu último pensamento coerente foi levá-la para o St Mungus.

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N/B: WoW! Mas a Day está virando mestre em acabar os capítulos com suspense! Deixando a gente com gosto “Arre, já acabou?”
Mais um capítulo muito bom! E enorrrrrrrrrrrme!!! (êba!) Estilo “Growpe”, como diriam Sally Ownes e Belzinha. Muitas informações importantes, a reconciliação do nosso casal preferido, as complicações da gravidez de Gina, o Herdeiro... A Day está conseguindo harmonizar um Harry “fofo” (envolvido com cueiros, parques, borboletas, perguntas sobre “de onde vem os bebês?” e que tais), com o Harry auror (que a gente sabe que é perigoso... Afinal, ele matou Voldemort, ainda que não tenha sujado a varinha com um “avada”). Grande capítulo, amiga.. Em todos os sentidos! Beijos a todos vocês! (Nhá! Eu perdi alguns galeões *chacoalha a bolsa para pegar as moedas* Eu achei que era o Thiago que iria buscar a Lílian! Foi o Almofadinhas!)




N/A: Pessoal... Rapidinho, obrigada por todos os comentários, para todos que lêem... O capítulo ta aí... grande de novo né! Eu sei que vocês gostam, o próximo também vai ser grandinho... Agora que me empolguei não consigo diminuir o tamanho. Vocês não vão me azarar não... até eu fiquei com um gostinho de quero mais no fim do capítulo, mas o que será que aconteceu com a Gina? Será que a Lílian vai nascer bem? Tudo bem tá bem obvio, mas é só para deixar um suspense no ar. Bom, o capítulo tá ai, espero que vocês gostem, ele ficou exatamente como eu havia planejado. Quanto ao próximo (acho melhor eu me esconder) se tudo der certo lá pelo dia 20 de setembro... antes só se conseguir uma folguinha no trabalho, mas já estou trabalhando nele... Um grande beijo e carinhos sem ter fim para a Anny, Carol e Alê, não sei como sobrevivi sem elas... Beijos para todos e até o próximo!

Tonks & Lupin – É a Gina vai ter uma gravidez mais tensa, mas também tudo que tá acontecendo... seria difícil não respingar na Gina. O Herdeiro ainda vai demorar um pouco para ser capturado... O Harry fez o que fez com a melhor da intenção, mas não custava nada ele ter falado com a Gina né, eles têm uma relação baseado no diálogo, mas o Harry exagera na proteção... vou ler a sua fic nova assim que tiver uma folguinha, as aulas começaram e eu estou um pouco enrolada agora no inicio... Beijos!

Nana Black – o Harry é um doce... mas ele mereceu, ele sabe muito bem como a Gina é temperamental... Beijos!

Carolina Villela Good God – Obrigado! Atualizei antes do previsto, pois este capítulo demorou mesmo! O Harry mereceu, mesmo conhecendo o gênio da Gina ele fez besteira mesmo com as melhores das intenções. Beijos!

Yumi Morticia voldemort – Obrigada! Continua lendo. Beijos!

Ana Potter – ah Ana é só um pouco de aventura na vida do Harry... nada ia ser tão tranqüilo... A Gina tá tendo uma gravidez complicada,... mas no fim dá tudo certo. Beijos!

Lua Potter – peninha do Draco?? Você gosta dele??? Ele tá sofrendo mas não deixou de ser prepotente. O Harry vacilou com a Gina, mas ela já perdoou ele né! Beijos!

Reji Granger Weasley – Oie querida! Que isso... o importante é participar... ainda tem muita coisa para acontecer, a Bessy e o Herdeiro ainda vão dar muita dor de cabeça para o Harry... O Draco chorando eu sempre quis colocar! A Lily dando trabalho desde cedo né! Pois é... Mas ela chega logo linda e saudável para a alegria do Harry e da Gina. O Tiago é um encanto mesmo, muitas perguntas embaraçosas para o Harry... eu também ri muito deles. O Diário da Lilian Evans que bom que você gostou, achei importante para o Harry saber um pouco da mãe, a partir dela mesmo... Espero que você goste do que aconteceu depois... Beijos!

Jéssica Potter* - Que bom que você tá gostando! Beijos!

Duda Serejo – Nossa!!! Obrigada! Leu em uma noite só... Quanto ao Al ser sonserino, surpresa, mas vou seguir os meus instintos que dizem que... não vou dizer né! Quanto as reticências, procuro me controlar, mas é coisa minha quando escrevo, mas vou prestar mais atenção, as vezes, não é necessário... Continua lendo. Beijos!

Deborah Evelyn de Aquino Martins – Obrigada! Continua lendo. Beijos!

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