Depois da Batalha final



Capítulo 1 – Depois da batalha final

Depois que a batalha terminou era preciso descansar. Era preciso pensar. Era preciso reconstruir.

Se fosse possível eu teria dormido uma semana inteira. Ok! Não foi possível. Mas depois de algumas horas de sono eu era outra pessoa.

Hermione disse que eu dormi vinte horas direto. Eu tive a nítida sensação que foram só duas horas.

Sonhei que tudo tinha sido um pesadelo que Fred, Lupim e Tonks não haviam morrido. Sonhei também que estava em um lindo jardim e meus pais, Sirius e Dumbledore estavam lá. Estavam mortos, mas em seus rostos via tranqüilidade, paz,... Uma sensação incrível de bem estar. Também vi Rony, Hermione e Gina. Então Gina veio até meu encontro e pegou na minha mão e disse que precisamos ir. Olhei para meus pais e eles sorriram. Entendi que era para ir.

Acordei. A primeira coisa que vi foram os olhos castanhos de Gina. Ela segurava a minha mão e me olhava ternamente. Na cama ao lado, sentados, estavam Rony e Hermione, notei que estavam de mãos dadas.

- Oi! – Falei quase que como um sussurro.

- Oi! – Gina falou – Achei que você não ia acordar mais...

- Harry! Até que um dia você acordou! – Rony exclamou.

- Ele precisava descansar! – Foi à vez de Hermione – Todos precisavam descansar.

- Preciso de um bom banho e estou com uma fome! – Falei, sentando na cama.

- Vai tomar seu banho. Quando você voltar podemos comer alguma coisa... Todos juntos – Gina sentenciou.

- Ok! - E fui à direção do banheiro.

Quando voltei do meu banho de meia hora, como Gina havia falado, vi alguns sanduíches, suco de abóbora e sapos de chocolate.

Sentei do lado de Gina e peguei um sanduíche, dei uma mordida. Parecia que não comia há séculos.

- E agora? – Rony perguntou – O que vamos fazer?

Hermione lançou um olhar que dizia que era obvio:

- Vamos voltar para escola... Para terminar o último ano. Depois escolher uma profissão... Não vamos!?!?

Olhei para o Rony com uma expressão de interrogação, nem tinha pensando sobre isso. Gina parecia concordar com Hermione.

- Vocês vão terminar a escola... Não vão? – Gina perguntou diretamente para mim e Rony.

Dei um longo gole no meu suco de abóbora e falei:

- Acho que sim... Terminar a escola... Eu quero ser auror.

- É... Eu também quero ser auror... - Rony comentou.

- Eu ainda não sei direito o quero fazer. – Gina falou.

- Depois da escola, eu quero me especializar em feitiços. – Hermione comentou.

Ficamos um bom tempo falando sobre as coisas que iríamos fazer... Rony falou algumas gracinhas... Rimos. Mas, uma coisa apertava o meu coração. Depois de alguns minutos de silêncio, já não dava mais para evitar falarmos sobre as nossas perdas.

- Como estão seus pais? - Perguntei a Gina e ao Rony – E o Jorge?

- Tão mal! - Rony falou.

- É uma questão de tempo. – Gina falou com a voz meio embargada – Tudo vai se ajeitar... Mas vai ser difícil para a mamãe e o papai... Para nós também... O Jorge tá arrasado. Não sei o que fazer para ajudar ele a diminuir essa dor...

Segurei a sua mão e disse:

- Vamos achar um jeito...

Hermione olhou para Rony, não disse nada, mas sabia que compartilhava da mesma dor.

- Tonks e o Lupim, não dá para acreditar. – Rony falou depois de alguns segundos de silêncio.

- A Sra. Tonks vai cuidar muito bem do Teddy. – Hermione comentou.

- É vai... – Falei – Eu vou ajudar no que for preciso.

Gina sorriu para mim.

********
Por incrível que pareça ainda não tinha conseguido conversar a sós com a Gina. Já tinha se passado duas semanas desde que tudo tinha acontecido e estávamos todos na Toca.

Fomos para lá depois dos funerais de Fred, Tonks e Lupim e de outros que morreram na batalha final.

Eu não tinha para onde voltar. Tinha a Mansão Black que Sirius me deixou de herança. Mas não via aquela casa como um lar. Hermione também não voltou para casa, pois tinha enfeitiçado seus pais e os mandados para a Austrália. A Sra. Weasley nem cogitou uma outra possibilidade de não ficarmos na Toca até decidirmos o que faríamos das nossas vidas.

Uma coisa já estava certa, iríamos voltar para a escola. Mas Hogwarts precisava ser reconstituída. Macgonagall e o pessoal do Ministério já estavam tomando as devidas providencias para que dia 1º se setembro estivesse tudo pronto para receber os alunos.

Voltando a Gina, ainda não havia conseguido conversar com ela sobre a gente. Ainda existia “a gente”? Claro que sim! Pelo menos para mim e acho que para ela também. Mas todo o caso, eu faria tudo para o que “a gente” se tornasse real.

Sabia, tinha certeza, que a Gina era a mulher da minha vida, não existirá outra. Ok! Isso não é coisa que um garoto de 17 anos pense. Mas a minha vida nunca foi normal mesmo. Então era mais que normal que encontrasse a mulher da minha vida aos 17 anos.

Estávamos, eu e Rony no quarto dele, deitados no chão. Os dois, cada qual, concentrados em seus pensamentos.

- E você e a Hermione? – Perguntei de repente.

Rony permaneceu como estava, deu um longo suspiro e falou:

- Depois daquele beijo, nada...

- Aconteceu tanta coisa... Tem o problema dos pais dela... Sabe como ela irá resolver?

- Ela ainda não falou nada... – Rony continuava olhando para o teto como se visse algo muito interessante.

- Eu ainda não consegui falar com a Gina. – Falei, olhando também para o teto.

- É... Também não consegui falar com a Hermione...

Nesse instante Gina e Hermione entraram no quarto e sentaram na cama de Rony. Hermione respirou fundo e falou:

- Vou para a Austrália buscar meus pais.

Levantei-me e sentei ao lado de Gina na cama e perguntei a Hermione:

- Você sabe onde eles estão?

- Sei! Não vai ser difícil acha-los. – Hermione levantou e foi até a janela – Quanto usei o feitiço de memória, enfeiticei as alianças de casamentos dos meus pais com um rastreador... É só usar um feitiço de localização e vou estar com eles...

Rony sentou no chão, olhou para mim e Gina e se dirigiu a Hermione:

- Você... Mione... Quer que eu vá com você buscar seus pais... Pode ser perigoso! Ainda tem Comensais soltos por ai... E...

- Rony! – Hermione foi a sua direção e pegou a sua mão e falou – Preciso fazer isso sozinha... Obrigada pela sua preocupação... A gente não conversou... Mas eu...

- Não precisa dizer nada Mione, eu sei. – Rony a abraçou.

Um abraço tão forte que poderia ter quebrado as costelas de Hermione.

Gina pegou a minha mão e se levantou eu fiz o mesmo. Saímos do quarto e os dois nem perceberam.

********
Fomos para o pátio da casa e caminhamos em silêncio em direção ao lago. Foi Gina quem quebrou o silêncio:

- Harry... eu...

Não deixei ela terminar de falar e a beijei como a muito queria fazer...

Foi um beijo calmo e longo. Quando nos separamos, não era preciso dizer nada, nosso beijo tinha dito tudo.

- Achei que nunca mais ia me beijar.

Gina falou de forma graciosa e me puxou para sentar na grama do seu lado.

- Pois é... – Falei, puxando-a para mais um beijo.

Esse foi mais intenso, mais urgente, nossas línguas se exploravam com urgência, saudade. Nossos corpos reagiam a essa urgência, achei por bem nos separar, já estava sem fôlego.

- Gina... Você que voltar a namorar comigo?

Depois que falei e do silêncio que ficou entre nós, juro que fiquei com medo da resposta.

Gina sorriu e passou a mão pelo meu cabelo como se adivinhasse meus pensamentos e falou:

- Achei que nunca ia perguntar... Achei que teria que tomar a iniciativa...

Depois de alguns segundos de silêncio, que para mim pareceu uma eternidade ela falou:

- Vou ser para sempre a sua namorada, Harry!
Nos beijamos mais uma vez e mais uma... E mais uma. Ficamos ali abraçados nos beijando. Quase não falamos, não havia necessidade de palavras, sabíamos exatamente o que queríamos.

Não sei quanto tempo ficamos ali, só nos demos por conta que o tempo havia passado quando Rony veio nos chamar para o jantar.

Rony viu que havíamos nos entendido e sorriu. Pela expressão de alegria em seu rosto, vi que as coisas entre ele e a Hermione também haviam se acertado. Depois ele me contaria com certeza.

********
Dois dias depois Hermione partiu para buscar os pais. Como havia previsto ela e Rony haviam se acertado e parece que voltaram aos velhos tempos: brigas. Mas fazer as pazes estava mais prazeroso para eles.

O Sr. e Sra. Weasley ficaram felizes em ver que a gente estava bem. Seria uma preocupação a menos, já que o Jorge não demonstrava sinas de recuperação, nem a loja o entusiasmava.

Percy estava cuidando da loja por enquanto, mas logo retornaria ao Ministério, provavelmente em um novo cargo. Ele havia mudado muito, não voltou a morar na Toca, mas vinha jantar quase todos os dias. Carlinhos voltou para a Romênia para cuidar de seus dragões, o Sr. e a Sra. Weasley passariam um tempo com eles depois que voltassem para Hogwarts. Gui e Fleur também apareciam para jantar ele continuava trabalhando no banco e Fleur havia assumido um cargo no Ministério no Departamento de Localização e Identificação de crianças bruxas nascidas em famílias trouxas.

A Sra. Tonks apareceu algumas vezes com o Teddy. Ele era uma mistura perfeita da Tonks e de Lupim, era uma criança tranqüila e apesar de tudo ia crescer feliz.

Eu e Gina costumávamos visitar a Sra. Tonks. Levávamos o Teddy para passear, riamos de suas gracinhas e fazíamos planos para o futuro.

********
Alguns dias depois Hermione voltou com os pais, perfeitamente recuperados do feitiço de memória e agora inteirados de tudo que aconteceu. É claro que eles ficaram chocados, principalmente, por Hermione estar muito envolvida em tudo que aconteceu.

No dia do meu aniversário a Sra. Weasley fez um jantar caprichado e um bolo. Meu melhor presente foi ver Jorge sorrir novamente. Lá no fundo me sentia culpado pela morte de Fred e de todos. Falei isso para Gina, só com ela conversava sobre a guerra, ela era bastante atenciosa e compreensiva comigo, sempre dizia que não era culpa minha, que fiz o necessário, que todos sabiam dos riscos que correriam ao se envolver na guerra.

No dia 1º de Setembro voltamos para Hogwarts. Tudo do jeito que deveria ser. Não! No Expresso Hogwarts não tivemos como evitar os comentários, os tapinhas nas costas, os olhares..., principalmente, os olhares censuradores dos alunos da Sonserina, ainda era difícil saber de que lados eles estavam... Ainda havia comensais por ai... Mas estariam escondidos, não eram burros para aparecerem agora. E essa era a sensação que tínhamos em relação aos alunos da Sonserina, eles jamais demonstrariam o que estavam realmente pensando.

Mas esse era um momento de recomeçar, por enquanto não precisamos nos preocupar...

Então o castelo de Hogwarts despontou no horizonte. Será que pela primeira vez teríamos um ano tranqüilo na escola?

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