Revelações



REVELAÇÕES



Minerva e Draco voltaram para a escola via rede de Flu. Minerva ainda quis conversar com o rapaz, mas ele se despediu alegando cansaço. Na verdade, o loiro precisava ficar um pouco sozinho para processar as diversas informações que tivera em tão poucas horas.


Draco seguiu para o seu quarto, onde pegou uma garrafa de whisky de fogo, se dirigiu até ao salão comunal de sua casa e foi para a parte mais escura. Havia chegado tarde e dava graças a Merlin pelo salão estar vazio. Não queria falar com ninguém, não tinha cabeça para falar com ninguém. E assim ficou durante aproximadamente duas horas. Um filme se passava em sua cabeça... Tentava se lembrar de algum momento em que se sentira amado por Lucius, como se, ao agarrar-se a esta lembrança, sua triste realidade deixaria de existir.


Após analisar detalhadamente sua relação com Lucius, o loiro começou a pensar na possibilidade de sua mãe estar certa. Raiva, dor, frustração, vergonha se misturavam na mente do rapaz que já estava embriagado, visto que havia bebido duas garrafas de whisky de fogo. Não agüentando mais de curiosidade resolveu falar com o elfo que sua mãe havia mencionado antes de desmaiar.


▪▫ ▪▫ ▪▫ ▪▫



Hermione acordou no meio da noite. Estava morrendo de fome. Após alguns minutos se deu conta que não havia jantado. Havia ficado tão horrorizada com os detalhes da morte de Lucius que seu estômago embrulhara. Ponderou durantes alguns minutos se era correto ir até a cozinha, mas a fome falou mais alto. Vestiu um robe e saiu de seu quarto.


Chegando próximo à cozinha, parou ao ouvir vozes. Apurou bem o ouvido na tentativa de distinguir quem conversava e o que conversavam. Como não conseguiu ouvir nada mais do que sussurros resolveu chegar mais perto da origem das vozes. Com a varinha em riste estancou quando viu a figura de Malfoy conversando com um pequeno elfo. O pequeno ser parecia lhe explicar alguma coisa. Hermione se aproximou mais, de modo que pudesse ouvir sem ser vista.


Um bolo no estômago se formou quando a Castanha ouviu o que o pequeno elfo contava ao loiro. Ele contava que não era Lucius o pai de Draco e sim, seu amado dono. Hermione olhava para a cena com cuidado, receosa em interromper. O pequeno elfo reverenciava Draco, que o ignorava completamente.


- Mas se isso tudo que você está me contado for verdade, porque você não me procurou antes? - Perguntou Draco ríspido.

- Ahhh, o mestre pediu para o servo não contar nada. A não ser quando o pequeno Malfoy viesse falar com ele sobre esse assunto.



Hermione ouvia em silêncio o relato do pequeno elfo no qual ele contava os feitos do “novo pai” de Draco. A Castanha se assustou um pouco quando o loiro elevou a voz e agarrando os bracinhos do elfo, começou a sacudi-lo com força.

- Eu não sei por que todos vocês resolveram fazer isso comigo – Disse Draco com sua voz mais arrastada do que nunca por conta do efeito do firewhisky. Mas, eu não vou cair nessa! Não vou, me ouviu bem?

- Não meu mestre! – disse o elfo assustado – Tudo o que eu disse é verdade! O senhor é um legítimo...

- Cala boca, pára de mentir! – gritou Draco enquanto chacoalhava o elfo.

A Castanha assistia à cena petrificada. Tinha sérias dúvidas se deveria se intrometer, por mais que estivesse penalizada com a atitude de Draco em relação ao elfo. Entendia que era um momento dele e não tinha idéia de como ele reagiria ao saber que ela escutara tudo o que o elfo lhe contara. Mas ao ver Draco chacoalhar com força o pequeno elfo mais uma vez, resolveu intervir.

- Solte-o Malfoy! – disse Hermione se mostrando pela primeira vez – Maltratá-lo não irá fazer com que as coisas que ele te contou deixem de ser verdade.
- Granger! – Draco olhou na direção da Castanha. Seu olhar misturava surpresa, dor e ódio. – O que faz aqui?

- Solte o elfo Malfoy! – Hermione insistiu, ao ver que o rapaz soltava o pequeno ser, completou – Não tive intenção de ouvi-lo. Vim buscar algo para comer quando escutei suas vozes, pensei que fosse algum aluno.


Draco já ia lhe responder quando ouviram uma voz rouca no final do corredor.

- Quem está aí?

- Venha Malfoy, é o Filch. E ele não vai ficar nenhum um pouco feliz em nos encontrar por aqui, principalmente você e essa garrafa de whisky de fogo.

- Eu não vou a lugar algum com você sua san...

- Complete essa frase e eu não apenas te deixo aqui como também o entrego ao Filch! – disse Hermione aborrecida.

Draco calou e tratou de seguir a menina em passos largos. Como era Monitora Chefe e em algumas vezes usava o mapa do maroto, conhecia alguns atalhos. Quando chegou em frente à casa de Sonserina, apenas resmungou:

- Pronto, já está entregue.

E saiu sem esperar que Draco lhe dissesse alguma coisa. Voltou quando ouviu o rapaz dizer algumas palavras de baixo calão.

- O que aconteceu agora, Malfoy?

- Perdi a merda da mudança de senha! – respondeu Draco mal humorado.

Hermione bufou e voltou até onde Draco estava.

- Como assim perdeu a mudança da senha?

- Perdi oras. E não lhe devo satisfação alguma de minha vida! – respondeu o rapaz zangado.

- Malfoy, eu juro que mais uma gracinha sua, eu deixo você se ferrar! – disse Hermione entre os dentes – Venha, vamos para o salão comunal dos monitores. Você não pode dormir aqui do lado de fora.

Ao chegar ao salão comunal que era reservado aos monitores, Draco se arrastou até o primeiro sofá que viu em sua frente e deitou. Hermione apenas revirou os olhos:
- Venha Malfoy, você não vai dormir aí. Vamos até a sala comum aos monitores chefes.

Draco permaneceu calado e acompanhou Hermione. Seguiram em silêncio até o salão comunal. Chegando lá, a Castanha foi até seu quarto, pegou roupa de cama e colocou em cima do sofá. Já saia sem despedir, quando ouviu a voz baixa e sonolenta de Draco lhe perguntar. Parou de costas ao rapaz.
- Porque fez tudo isso por mim hoje, Granger?

- Porque você querendo ou não, sou responsável por você aqui na escola.

Hermione virou para ver a cara do rapaz diante sua resposta, mas Draco já dormia. Hermione foi até ele e o cobriu.


▪▫ ▪▫ ▪▫ ▪▫



Quando chegou ao salão principal na hora do café da manhã, Hermione o encontrou em polvorosa. A maioria dos alunos tinha uma edição do Profeta Diário em suas mãos.

Na capa aparecia o Ministro da Magia falando sobre a morte de Lucius Malfoy e acalmando a população sobre os boatos do surgimento de neocomensais. Hermione sentou entre Harry e Ron que conversavam animadamente sobre as notícias da manhã.
- Já está sabendo Mi? Há menos um comensal no planeta Terra! – Disse Ron enfiando uma torrada na boca – Por pouco não eram dois.

- É, eu já estava sabendo. – respondeu Hermione desanimada – Eu estava com a Minerva quando a Héstia Jones chegou para levar o Malfoy até a mãe dele.

- Ahh então é por isso que você estava o procurando? – Perguntou Harry – Porque não nos contou?

- Era por isso sim. E eu não podia contar. A diretora me pediu segredo.

- Entendo. Queria ver a cara do Malfoy. – continuou Harry – Quero perguntá-lo aonde vai agora quando quiser conversar com o pai.

- Harry! Que horror! – exclamou Hermione horrorizada – Não acredito no que eu ouvi!

- Ah qual é Mione – Começou Rony – O Malfoy fez a mesma coisa com ele. Qual o problema?

- O problema Rony – Hermione disse apontando o dedo ora para a cara de Harry, ora para a cara do Rony – é que o Harry não é o Malfoy. Por isso mesmo, não devia se comportar da mesma maneira do que ele. E me dá licença porque eu perdi a fome. – Hermione pôs o guardanapo na mesa e saiu pisando duro.

- O que aconteceu com ela? - Perguntou Rony assustado


▪▫ ▪▫ ▪▫ ▪▫



Draco acordou com uma dor de cabeça terrível, sua cabeça girava e doía, impedindo movimentos simples. Levou algum tempo para registrar tudo o que acontecera e para dar conta de que não estava em seu quarto em Sonserina.

- Merda, não foi um pesadelo. Há essa hora a sangue ruim da Granger já deve ter contado para a escola inteira que Lucius não é meu pai! - Draco resmungou em voz alta enquanto se levantava. Assustou-se ao ouvir a voz da Castanha que estava em uma poltrona próxima com um livro na mão.

- Pode ficar despreocupado, Malfoy. Eu não contei nada para ninguém. Até porque eu acredito que sua vida só diz respeito a você! Como eu lhe disse ontem, eu não tinha a intenção de ouvir sua conversa com o elfo.

A voz de Hermione parecia triste. Ao encarar a Castanha, Draco viu decepção. E pela primeira vez em toda sua vida se arrependeu de ter insultado Hermione.

Abriu a boca para falar alguma coisa, mas a castanha foi mais rápida e continuou:
- O seu café da manhã está em cima da mesa. – levantou e apontou para uma mesa próxima aonde Draco havia dormido– Como você não levantou para o café, eu pedi ao Monstro que preparasse isso para você. – Draco abriu a boca para agradecer, entretanto, mais uma vez a Castanha foi mais rápida. – Se não quiser comer não coma. Agora me dê licença que tenho outras coisas para fazer.

Draco ainda tentou falar com a garota, mas ela foi mais rápida e entrou em seu quarto, batendo a porta. O loiro seguiu desanimado até seu quarto. Chegando lá voltou a dormir só acordando para o jantar. Já estava saindo da Sonserina quando encontrou Zabini.

- E aí cara! Fiquei sabendo o que aconteceu. Você sumiu o dia inteiro. Onde esteve?

- Dormindo, não queria falar com ninguém. E ainda não quero. Estou pensando se devo descer para jantar.

- Vamos lá cara!!! Qualquer coisa eu azaro o primeiro que vier de gracinha para o seu lado.

Draco foi junto a Blás para o salão principal. Logo se arrependeu uma vez que muitos olhares e comentários do salão recaiam sobre ele, o que incomodava bastante o garoto. Não conseguiu comer e resolveu voltar para o seu quarto.

Draco permaneceu em seu quarto por mais três dias, se alimentava apenas à noite em seu salão comunal, quando Monstro levava sua refeição, até que no quarto dia, Minerva o chamou em sua sala:
- Senhor Malfoy, fiquei sabendo que o senhor não tem ido às aulas, à sala dos monitores e eu não o tenho visto durante as refeições.

Draco apenas a olhou. Pouco lhe importava o que ela sabia ou deixava de saber. Ao perceber que o rapaz não manifestava nenhuma reação. A diretora continuou:
- Gostaria de informá-lo que acaso o senhor não volte às suas atividades normais eu serei obrigada a lhe aplicar uma detenção.

Novamente o loiro apenas olhou para a diretora sem esboçar nenhuma reação. Minerva já estava começando a se irritar com o estado letárgico de seu aluno.

- Senhor Draco Lucius Malfoy, se o senhor continuar nesse estado eu serei obrigada a lhe enviar de volta à sua casa! – Disse Minerva já irritada.

- É tudo o que eu quero, senhora... – Disse Draco em voz baixa – Voltar à minha casa.

- Então o providenciarei, mas devo lhe avisar que como sua mãe ainda está internada, eu o mandarei para a casa de sua tia Andrômeda. – Disse Minerva séria.

- Mas por que, se já sou maior de idade? – perguntou Draco parecendo despertar.

- Porque sua mãe e sua tia fizeram um contrato mágico e sua tia é responsável por você enquanto sua mãe estiver em St. Mungus.

- Mas eu não quero ir para a casa dessa mulher que diz ser minha tia. – Exclamou Draco furioso – Não pode me obrigar ir para lá.

- É claro que posso, só não o farei, pois tenho certeza que voltará às suas atividades normais. E pode começar hoje à noite, pois segundo me consta – disse Minerva olhando em um pergaminho – é seu dia de monitoria.

Draco saiu pisando duro da sala da direção. Odiava Minerva, odiava aqueles professores dedo-duro, odiava aquela escola e tudo o que fazia parte dela. Resignado seguiu até o salão dos monitores para ver com quem faria a monitora.


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Ron e Hermione se preparavam para a ronda noturna habitual. Como Draco não havia aparecido durante toda a semana, Hermione resolveu chamar seu namorado para irem juntos. Já estavam na porta da sala comunal dos monitores quando Draco chegou. Todos os olhares se recaíram sobre ele. O loiro fingiu não perceber, entretanto quando seus olhos se encontraram com os de Hermione, sentiu um grande bolo na barriga e desviou o olhar. Por incrível que pareça, Draco ainda se sentia péssimo por ter tratado tão mal Hermione quando ela queria apenas ajudá-lo. Em passos largos foi até o quadro de avisos onde ficava o quadro de horários dos monitores e com pesar observou que era seu dia junto com a mesma.

Quando voltou o seu olhar para a Castanha, encontrou-a de braços cruzados e o olhando séria:
- Então Malfoy, já viu que hoje é seu dia comigo? – disse Hermione séria diante de um olhar curioso de Rony. Até alguns dias atrás a castanha havia praticamente defendido Malfoy e agora o tratava com tamanha rispidez. – Vamos logo, não tenho a noite inteira.

E saiu sem esperar pela resposta de Malfoy. Uma onda de risinhos inundou o salão. A maioria dos monitores, principalmente os homens detestavam Draco Malfoy, e receberam com entusiasmo o fora que a Castanha dera em Malfoy. Draco apressou o passo para poder alcançar Hermione, mas antes viu quando Ron se aproximou de Cho e foram para a biblioteca do Salão Comunal. “Idiota”, o loiro pensou antes de sair da sala.


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Hermione já estava bem distante quando Draco saiu da sala. Ao ver a Castanha, gritou:
- Ei Granger, me espere. - disse sério

Ao ver que a Castanha havia ignorado completamente seu chamado, correu até chegar ao seu lado.

- Granger, olhe... - começou o loiro.

- Olhe você Malfoy – Hermione parou abruptamente e disse ríspida enquanto apontava a varinha para o rosto de Draco – Não estou nenhum um pouco a fim de ouvir suas gracinhas e suas ofensas sem sentido. Me ouviu bem? (N/B: falando de forma tão gentil, quem não ouviria? O.o) – e continuou andando ignorando completamente a presença do rapaz.

- Eu não quero te ofender Granger! - disse Malfoy em voz baixa, o que fez Hermione parar onde estava – Pelo contrário.

Hermione olhou em direção do rapaz como se o incentivasse a continuar.
- É... Eu queria pedir desculpas pela ofensa no domingo. – Draco falava em voz baixa, olhando para os sapatos. O próprio loiro não tinha idéia porque estava ali, ao lado de Hermione pedindo desculpas a ela. Hermione ouvia tudo de olhos arregalados – É que você me ajudou tanto e no fim eu ainda te ofendi.

- Tudo bem! – Hermione respondeu mais calma – Acho que já estou acostumada com suas ofensas. – Hermione olhou para o rapaz, esboçou um pequeno sorriso e continuou a andar.

- Ei Granger! – disse Malfoy apressando o passo para ficar ao lado de Hermione – Você me disse na madrugada de domingo antes de eu dormir, que querendo ou não você é responsável por mim aqui na escola. O que quis dizer com isso?

Hermione suspirou, tinha esperança de que o loiro não a tivesse escutado. Estava com raiva quando soltou aquilo. Como explicaria a ele?
- Uma das minhas incumbências aqui na escola é ficar de olho em você para que não apronte.

- Ãnh? – Draco estava confuso – Mas por que isso? O que isso significa?

- Significa Malfoy que muita gente ainda acredita em você. A diretora McGonagall é uma delas. E essa responsabilidade não é andar atrás de você como uma babá, mas sempre reportar o seu comportamento para McGonagall e “auxiliar” quando for necessário.

Draco mudou de confuso para furioso. “Eu não preciso que cuidem de mim” .

- Acho que estou começando a entender... – começou Draco sarcástico – É realmente você não age como uma babá, mas trabalha como espiã! Mais uma coisa para a minha caixa de novidades.

- Não foi isso que eu quis dizer, Malfoy. É que ...- Hermione tentou se justificar, o que foi interrompida pelo loiro.

- Ah, por favor, Granger, pára. Não quero mais ouvir. Estou cansado de tudo isso. Tem mais alguma coisa que vocês fazem ou que saibam que eu não sei? – Draco estava furioso, andava de um lado para o outro não dando oportunidade de Hermione se explicar - Então tudo o que eu faço é informado a McGonagall, como se eu fosse um criminoso ou algo assim, e não venha me dizer o contrário, porque não vai colar! – Draco praticamente gritou as últimas palavras.

- Malfoy, você entendeu tudo errado! - Hermione falava com cautela, sabia que o que acabara de contar não deveria ser revelado ao loiro – Deixe-me explicar, por favor?

- Entendi errado? Eu estou entendendo tudo! Agora só falta me dizer que minha mãe e a sua eram amigas de infância, o que não me espantaria porque descobri que ela é amante de traidores de sangue, para ser de sangues ruins e de trouxas não falta nada.

- Olha aqui Malfoy, – Hermione estava começando a ficar furiosa – eu sei o que você está passando. Mas não vou permitir que me ofenda mais uma vez ou ofenda os meus pais.

- Sabe o que eu estou passando??? – Draco parecia um louco – Sabe o que estou passando, Granger???? É óbvio que você não tem a mínima idéia do que eu estou passando! Então largue esse falso puritanismo de entender os males da humanidade e me deixe em paz, porque eu preciso pensar!

- Malfoy, – Hermione tomava cuidado com as palavras, era a primeira vez que falava sobre isso e falava nada mais, nada menos para seu maior oponente em Hogwarts: Draco Malfoy. – eu também descobri há pouco tempo que o meu pai na verdade não é meu pai.

A Castanha abaixou os olhos e foi para a janela da torre onde monitoravam. Lágrimas surgiram em seus olhos ao se lembrar da cena que se desenrolou na Austrália

- O que foi que disse Granger? - Malfoy perguntou assustado diante da afirmação da Castanha. Assustou-se ao vê-la limpando as lágrimas. Um desejo enorme de ir até ela e abraçá-la tomou conta de si. Mas ele fingiu não perceber estas emoções.

- Nada não Malfoy. Eu não deveria ter falado algo tão pessoal. Vamos continuar a monitoria. – Hermione continuou andando.

- Não, por favor. - Draco pegou no braço da Castanha. Um leve choque percorreu o corpo dos dois ao toque. Preferiram ignorar. – Você também sabe de algo muito pessoal meu.

- É que ninguém sabe sobre isso, apenas o Ron! – Hermione disse em um fio de voz. Draco por sua vez sentiu um ódio inexplicável à menção do nome do ruivo.

- Por favor, me conte – Draco falou em voz baixa, não entendia porque, mas tinha uma curiosidade absurda de saber o que tanto afligia a Castanha, ao vê-la acenar positivamente, entrou em uma sala de aula e apontou um banco para a Castanha se acomodar.

Hermione se acomodou no primeiro banco que viu, e Draco fechou a porta colocando um feitiço para que não ouvisse o que conversavam lá dentro.
- Você soube que eu obliviei os meus pais? - Hermione perguntou.

- Sim. – disse Draco em um sorriso – Até foi processada por isso.

- É verdade! – disse Hermione em um sorriso tímido – Assim que eu recebi a carta do Ministério, dizendo que fui processada, eu me assustei. Com toda a loucura da guerra, eu havia me esquecido de desobliviá-los. Então eu e Rony fomos para a Austrália para procurá-los.

- Vocês dois, sozinhos? - Perguntou Draco, interrompendo a garota.

- Sim, por quê? – Hermione estranhou a pergunta de Draco. O Loiro logo tratou de respondê-la, ele também não entendia sua súbita curiosidade.

- Nada, só por saber.

- Então, – a Castanha prosseguiu – chegando lá demorou um pouco até encontrá-los. O meu pai – Hermione deu uma pausa – foi o primeiro a ser desobliviado pelos aurores. Foi tudo tão lindo. Na verdade ele havia meio que se lembrado de mim antes mesmo do feitiço de desobliviação. O Auror disse que era a nossa ligação. - Os olhos da Castanha se encheram de lágrimas, via-se que ela fazia um grande esforço para não chorar – depois fomos para desobliviar a minha mãe. E eu descobri que eles tinham tido uma filha. A minha mãe não recebeu tão bem toda a estória e os motivos da desobliviação.


Flash Back

Após a desobliviação os olhos da Sra. Granger se encheram de lágrimas e ela correu para abraçar sua filha.

- O que aconteceu? O que estamos fazendo aqui? – perguntou a mulher um pouco assustada. Por algum motivo, o feitiço não havia saído da mesma forma no casal, e a Sra. Granger parecia ter uma sensação maior de tudo o que acontecera.

- Bem, agora que já está tudo arranjado, vou voltar para o Ministério! – disse o desobliviador – Arthur, você vem comigo?

- Não, ficarei só mais um pouco para conversar com os Granger!

Após uma rápida explicação aos pais de Hermione sobre o que foi a guerra entre os bruxos, e o porquê da obliviação, o Sr. Weasley concluiu:
- Então, quando vocês quiserem podem voltar para casa! Uma equipe de Aurores já esteve lá em busca de bruxos ou quaisquer artes das trevas. A casa de vocês está completamente limpa!

- Não!!! Nós não vamos voltar! – disse Jane Granger firmemente.

Todos olharam assustados para a Sra. Granger que prosseguiu:
- Nós estruturamos uma vida aqui... Uma vida estável! Temos um bebê! Não podemos sair daqui de uma hora para outra! – concluiu.

- Hum... Querida, venha aqui, por favor! Er... Se nos dão licença – disse o Sr. Granger arrastando a mulher para dentro da casa. – Hermione querida, pegue Hiorrana, por favor! – pediu gentilmente a filha mais velha – E sem “mas”, Jane! – concluiu ao perceber que sua esposa ia falar alguma coisa.

Um grande mal estar tomou conta da sala onde permaneceram Hermione, Sr. Weasley e Rony. Ao entrar no quarto do casal, Jane Granger começou a chorar. Ficou alguns segundos chorando enquanto seu marido a consolava.

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Enquanto isso na sala, Rony brincava com sua “
cunhadinha”:

- Que lindinha sua irmã hein Mione? Mas ela não parece com você não – disse Rony, mas ao ver a cara de paisagem que sua namorada fizera, completou rapidamente – mas você também é linda!

- Humm, que cheiro é esse? – Perguntou o Sr. Weasley.

- Acho que sua irmã lhe deu um presentinho Mione – respondeu Rony rindo.

- É... – disse Hermione sem graça – Vou levá-la para minha mãe. Calma aí!

Ao perceber que os pais travavam uma discussão do lado de dentro do quarto, Hermione esperou do lado de fora um momento mais adequado para entrar.

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Ao entrar no quarto do casal Jane Granger começou a chorar. Ficou alguns segundos chorando enquanto seu marido a consolava.

- Eu não vou voltar para a Inglaterra. Já falei! – disse Jane Granger nervosa.

- Mas porque Jane? Não tem sentido isso! Nossa vida está toda lá! - Respondeu John Granger exasperado.

- Não John, nossa vida estava toda lá, até a nossa filha, nossa filha bruxa decidir apagar a nossa memória.

- Jane! Pelo amor de Deus, eles não explicaram o motivo? Você não o achou válido? Ponha a mão na consciência mulher!! - respondeu rispidamente o Sr. Granger.

- Mão na consciência? – gritou Jane Granger – O que eu sei é que eu tenho uma filha bruxa que alterou a minha memória. Você não consegue entender John? Eu sabia que isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde. Essa
raça é ruim John.

- Jane pare antes que fale alguma besteira! – continuou John receoso. – Eles podem ouvir.

- Que ouçam! Eu sempre tive medo, desde que descobrimos que Hermione era uma bruxa. Porque eu sei que bruxos são ruins! – Jane Granger estava histérica, falava alto e andava pelo quarto. – E Hermione puxou o pai. Aquele ser asqueroso que me estuprou!

- Jane, por favor! - disse John Granger ríspido.

- Agora você pode imaginar o que outras coisas ela pode fazer conosco? Ou com a Hiorrana. Falando nisso... Cadê a Hiorrana, John? Cadê a minha filha?

Jane Granger abriu a porta para sair do quarto e se deparou com Hermione parada à sua frente estática e com lágrimas nos olhos. Hermione entregou Hiorrana à sua mãe e saiu correndo do quarto.

Fim do Flash Back


Hermione chorava muito no fim do relato. Draco não conseguiu segurar a vontade de abraçar e foi até a menina. Com muito espanto Hermione retribuiu o abraço. Ficaram assim durante alguns segundos até que Draco, meio sem graça soltou o abraço.

- Quem mais sabe dessa estória? – perguntou Draco.

- Eu, meus pais e o Ron. Até para a Gina e o Harry eu contei outra estória! – disse Hermione. – É tão triste saber de tudo isso!

- E você tem guardado tudo isso a todo esse tempo? - Draco perguntou penalizado.

- Sim. Para você ver como são as coisas... – disse Hermione secando as lágrimas e dando um sorriso tímido – As tragédias não acontecem apenas com você!

- Mas isso significa que você é uma mestiça!

- Posso ser, na verdade, os meus pais eram casados quando tudo aconteceu. Eu posso ser filha do John Granger, entende? De qualquer forma qual a diferença Malfoy? – Hermione o olhou triste – Eu continuaria sendo objeto de ódio e discriminação. Eu não ligo de ser uma nascida trouxa, ou sangue ruim, como você costuma me chamar. – Draco abaixou os olhos envergonhados – Tenho orgulho de ser quem eu sou.

Malfoy abaixou os olhos envergonhados. Sentia vergonha por ter humilhado a menina diversas vezes. Sentia vergonha por estar tão desesperado com suas recentes descobertas.

- Imagino o que está pensando. – Disse Hermione – Como eu tenho força para suportar as novidades né? – Ao ver a cara de espanto de Malfoy, acrescentou – Eu não li sua mente, não se preocupe.

- É Granger, tem razão. Mas eu não sei como fazer. É tudo muito novo.

- Malfoy, acho que é uma oportunidade para você mudar. Uma oportunidade pra você Rever Conceitos. Eu conheço a estória de seu pai. Ele também lutou contra Voldemort. E pelo o que elfo disse, ele fez isso por você. Para que você tivesse uma vida legal, sem guerras.

- Eu não sei como mudar Granger. – disse Draco em voz baixa – Não sei como fazer isso!

- Peça ajuda Malfoy. Eu sei que tem diversas pessoas que acreditam na sua mudança.

- Você acredita Granger?

-Como? - Perguntou Hermione espantada.

- Você acredita que eu posso mudar? Que eu posso rever meus conceitos?

- Sim! – respondeu Hermione séria. – Todos nós podemos mudar Malfoy.

- Então me ajude.

Hermione se assustou com o pedido do rapaz. “Como assim ajudar Draco Malfoy?”. Diante da demora da resposta da Castanha, Draco prosseguiu:
- Você realmente acredita na minha mudança, Granger? Está vendo como não é tão fácil assim??? – Draco disse triste enquanto desfazia os feitiços e saia da sala.

- Eu te ajudo Malfoy. – A Castanha falou alto para que o loiro pudesse ouvi-la - Mas só se você estiver realmente disposto a mudar. Caramba! – disse Hermione ao olhar para o relógio na parede. – Já passou mais de uma hora do fim da monitoria. Preciso ir. Tchau Malfoy, a gente conversa mais amanhã. No salão comunal. Está bem?

- Tudo bem. Tchau e obrigado Hermione.

Hermione se espantou ao ouvir seu primeiro nome ser falado por Malfoy. Apenas retribuiu o tchau e seguiu para o seu quarto de monitora.

N/A : Finalmente o cap. \o/...Desculpe por quase enlouquecer vocês com a espera...É que a minha vida anda meio corrida...Mas ele chegou e a minha beta voltou \o/ o que me deixa muitíssimo feliz. Agora, a próxima fic a ser atualizada é a Destinos Opostos e depois volto aqui para Revendo Conceitos. Espero que tenham gostado do cap e que me respondam em muitos comentários!!!! Nossa eu fiquei tão feliz, recebi milhões de comentários do cap 08 ao cap. 09...Acho que agora sempre demorarei um mês para postar hehehehehehehe Beijos a tod@s e até Destinos...

E ahhh em relação ao pai do Draco, o desafio está encerrado. Duas leitoras acertaram e inclusive já leram esse cap, antes de todos. Peço a elas que continuem não revelando quem é o pai do Draco, mas vocês ainda podem apostar se quiserem....


Resposta aos Comentários

Artemis Granger: Olá querida, é CLARO que você me ajudou bastante no cap. Anterior, o jogo de quadribol ficou fantástico. Em relação à festa, ele foi antes de ir para o quarto da Mione. Eu acho que já no próximo cap., o Draco dará um jeito da Hermione descobrir que o Ron a trai, vamos ver no que dá. E tenha certeza de que o Ron vai se arepender muuuuuuuuuuuuuuiiiiiiiiiiito!!!

Ju Fernandes : Ju, estou tão passada com essa estória do Ron e da Chang quanto você (falo, como se eu não fosse a autora, kkkkkkkkkkkkk, mas é que às vezes a gente não escolhe muito o que vai escrever...as coisas se impõem né???) Eu acho que já no next. Cap, o Draco vai fazer com que a Mione descubra... Vamos ver em que m. isso vai dá.

Claudiomir : Caro autor não é com a Pansy, cheguei até pensar nela, é sério! Mas como eu disse à Ju, a Cho se impôs. E o Draco agora ataca tudo. Vamos ver como será essa nova versão de Draquinho 2.0.

Deh Malfoy : Deh, cap totalmente Dramione. O que achou???? Realmente você está dívida. Eu quero cap. Novo menina!!! Já passaram dos 140 comentários há muito tempo. Agora em relação ao pai do Draco...talvez em dois cap. A gente já saiba. Vamos ver no que dá...

Plock Watson Granger: Querida Plock, como sabe que eu arranco seu pescoço se não comentar?????Ahhh vc me prometeu que sempre comentaria nas minhas fics, agora eu só te cobro heheheheheheh. E aí, gostou do cap????

Serena : Serena, eu nem sei se a Hermione é mesmo tonta, ou se ela não quer ver algo que está tão explícito. No próximo cap. Teremos uma reviravolta desta situação. O Draco sem o Lucius é uma possibilidade de vida. Vamos ver se ele agarra...

Lígia : Fico feliz que esteja comentando aqui... Comentários são sempre bem vindos e dá a noção se o texto está agradando ou não...

Hellen : Leitora nova??? Seja bem vinda! Obrigada pelo elogio!!!

NaH Potter Malfoy : Caraca menina, se eu já não tivesse o pai do Draco na cabeça, eu até ia nessa dele ser irmão do Harry??? Com certeza ia dar muito mais emoção!!! Seja Bem Vinda à Revendo Conceitos!

Lady L.L : Ei! Você por aqui!!!! Que bom que esteja acompanhando. Adorei seus comentários e espero que comente sempre :D

Gabriela Santana Domingos: Seja bem vinda em Revendo Conceitos! Uau, fiquei envaidecida com seu comentário. Obrigada por não me achar clichê. Sempre tenho o maior cuidado para sair deles. Agora achei perfeita a sua análise do possível pai do Draco.

Luziagm: Que bom que esteja gostando da fic, mas porque acha que o elfo em questão é o Monstro??? Beijos.

Isa Malfoy : Seja bem Vinda em Revendo Conceitos. Espero que tenha gostado desse cap. aqui tbm...Um grande beijo.

SaRoCCaS : Adorei os seus 04 comentários de uma vez só...É eu lembro de você em Destinos Opostos. Seja bem vinda em Revendo Conceitos, o meu xodó...Desde que eu li HP 7 eu fique pensando nisso, acho a Rowling genial, mas acho que ela errou a mão no fim do capítulo, para não “criminalizar” o Harry ela fez com que Harry matasse com um expelliarmus...Mas a grande questão é: ele matou, e isso não se pode negar....Em relação à Narcisa, eu a adoro....A acho uma super mãe e que foi pouco explorada. E o Draco está ficando menos escroto. Esse cap. É a prova disso!!! Agora, caramba que argumentação para o pai do Draco hein????Juro que vc e a Nah Potter quase me fizeram mudar o pai do Draco.


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Comentários (4)

  • Vênnice

    Capítulo perfeito. Diálogos impecáveis. Em um comentário seu em Obliviate, você me disse que um dia conseguiria escrever um Draco daquela forma e eu te digo, um dia quero escrever um Draco assim (disposto a mudar). Achei lindo esse diálogo entre ele e Hermione:- Malfoy, acho que é uma oportunidade para você mudar. Uma oportunidade pra você Rever Conceitos. Eu conheço a estória de seu pai. Ele também lutou contra Voldemort. E pelo o que elfo disse, ele fez isso por você. Para que você tivesse uma vida legal, sem guerras.- Eu não sei como mudar Granger. – disse Draco em voz baixa – Não sei como fazer isso! - Peça ajuda Malfoy. Eu sei que tem diversas pessoas que acreditam na sua mudança.- Você acredita Granger?-Como? - Perguntou Hermione espantada.- Você acredita que eu posso mudar? Que eu posso rever meus conceitos?- Sim! – respondeu Hermione séria. – Todos nós podemos mudar Malfoy. - Então me ajude. Reconhecer que está errado e pedir ajuda para mudar é um gesto de coragem, o orgulho, na maioria das vezes, impede que as pessoas amadureçam e compreendam melhor o universo à sua volta.Muito linda a história, não estou lendo os comentários dos outros leitores para não estragar a surpresa, mas estou muito curiosa a respeito do verdadeiro pai de Draco...Bjs 

    2013-04-12
  • Larii Malfoy

    Ok! Me localizei,tinha lido até aqui,será que consigo terminar até vc postar hein?Aii,agr que começa a ação da fic *-*    

    2012-05-02
  • Déia Santos

    Gostei do modo como Draco e Hermione se aproximaram de fato. Foi algo bem explicado e não foi forçado. =) indo pro neeeeeeeeeeeeext

    2011-11-06
  • JOSY CHOCOLATE

    ME LEMBREI Ate dessa parteee só nao entendo pq eu nao comentava huuuhu  

    2011-10-30
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