O ESPELHO DE OJESED



Capítulo 20
– O Espelho de Ojesed –



Harry despertou lentamente, na manhã fresca de Natal. Descobriu-se e percebeu que Neville ainda dormia, roncando como uma britadeira. Sentou-se na cama preguiçosamente, e percebeu certo volume aos pés da cama. Colocou seus óculos, e deparou-se com uma pilha de...
– Presentes!
Sorrindo tanto que seus caninos longos e afiados estavam aparecendo, ele desceu da cama e acorreu aos presentes. Eram poucos, falando a verdade, mas para o garoto que nunca recebera presentes na vida, além dos que Hagrid lhe dera na ida ao Beco Diagonal, estava ótimo.
O primeiro era do próprio Hagrid, um pacote fino e longo, que se revelou uma flauta tosca, provavelmente que ele mesmo a entalhara. O jovem Vampiro decidiu testá-la mais tarde, quando não houvesse possibilidade de acordar ninguém. O próximo era dos Dursleys, o quê realmente surpreendeu o garoto. Uma moeda, de valor baixo, e um bilhete

Moleque,

Veja com o velho caduco de seu Diretor se não há possibilidade de você ficar aí durante o verão também.

Dursleys


Harry estreitou os olhos e rasgou o bilhete, jogando-o sobre a cama. Pegou o próximo embrulho e viu que era da família Weasley. Um suéter tricotado à mão, de um verde musgo, com um grande “H” preto no centro. Harry o experimentou e viu que coubera perfeitamente. Junto do pacote havia uma caixa com doces e frutas cristalizadas, além de um pequeno pomo de ouro, de brinquedo, que balançava duas pequenas asinhas. Harry percebeu que a Sra. Weasley, mãe de Rony, lhe mandara o suéter e os doces, e o garoto lhe enviara o pomo. Com um sorriso emocionado pela demonstração de carinho, ele guardou os presentes.
Finalmente havia só mais dois pacotes. O primeiro era de Hermione, um livro intitulado “Quadribol Através dos Séculos” que parecia incrível, e ele prometeu que leria assim que pudesse. Imaginando como ela ficara com o seu presente, que ele encomendara especialmente para ela, ele puxou o último, que parecia ser o menor de todos.
Era incrivelmente leve, e Harry não encontrou remetente. Abriu com cuidado, e achou uma carta.


Isso pertenceu à sua mãe, ela me disse uma vez que gostaria que você ficasse com ele. Espero que goste.

Feliz Natal


Virou o pacote e uma pequena forma caiu em sua mão. Era uma corrente prateada, de aros bem finos, com uma esmeralda como pingente. A pedra era levemente bruta, e achatada, mas grande como um galeão, que era um pouco menor que sua palma. Harry apanhou a jóia e sentiu-se cheio de sentimentos profundos e conflitantes.
Sentia uma grande alegria a afeição por ter algo de seus pais com ele. Também sentia uma tristeza avassaladora pela vida que não tivera ao lado deles. Quem sabe sua mãe lhe tivesse dado a jóia em King’s Cross, antes de embarcar para Hogwarts? Ele saberia tudo sobre o lugar, sobre ser um Vampiro, sobre como se comportar. Saberia o quê é amor, carinho, conforto, proteção. Teria uma vida feliz, e quem sabe até seus pais poderiam lhe ajudar com sua estranha posição de Vampiro das Trevas.
Sentiu ódio, ódio quente por aquele monstro que lhe tirara tudo aquilo. Ele estava na Floresta, ali fora. Harry sentiu, pela primeira vez, que queria matar alguém. Nem mesmo matar, algo pior, mais vingativo, negro e...
A jóia escorregou de seus dedos e caiu na cama. Num instante tudo passou, e ele só sentia uma calma doce. Agarrou a jóia e a paz dentro dele aumentou. Tocando a face com ela, sentiu um pequeno calor, e percebeu o sentido da pedra: ela lhe dava paz, força, equilíbrio. Não sabia se era mágica ou não, mas sentia a calma em seu espírito, e sabia que provinha da pedra.
Com delicadeza, ele abriu o fecho prateado e colocou a esmeralda de sua mãe em seu pescoço. Checou para ver se encontrava quem lhe mandara o presente, mas desistiu. Sorrindo, em paz, desceu para o café-da-manhã de Natal.

Depois de encher a barriga, ele sentou no salão comunal da Grifinória, numa posição em que suas costas se apoiavam no braço da poltrona vermelha, e suas pernas passavam por cima do outro braço. O livro que Hermione lhe dera estava em seu colo. Fotos mágicas em que os participantes se movimentavam mostravam lances incríveis de Quadribol, passes indescritíveis e jogadas de dar inveja.
Assim a tarde se passou, e quando ele e Neville disputaram uma partida de Xadrez Mágico, onde as peças se moviam sozinhas, com a ordem do jogador, e a maioria dava palpites e reclamava. Neville venceu, pois o jogo de Harry era emprestado do garoto, e as peças não confiavam nele.
– Xeque-Mate. – Sorriu o garoto gorducho, e o bispo branco dele decapitou o rei de Harry usando o cajado que carregava.
Pouco depois eles desciam para a Ceia de Natal, onde gordos perus, taças de suco e de sangue, patês, frutas típicas, panetones e doces, além de terrinas de deliciosa comida de Hogwarts os receberam. O salão fora enfeitado com doze árvores de Natal, trazidas por Hagrid direto da Floresta Proibida. A mesa era uma só, já que havia apenas vinte alunos no castelo, além dos professores.
Depois do jantar farto, o professor Dumbledore ofereceu uma bombinha para Harry, do tipo que carregava algum brinquedinho de plástico dentro. O garoto, desconfiado, puxou a bombinha e a estourou. A explosão provocou um som parecido com um tiro de canhão, e explodiu em fumaça prateada que soltou uma dezena de ratinhos brancos, vivos, e um jogo de Xadrez, que caiu no colo de Harry.
Todos riram da cena, e logo a professora Minerva, contrariada, viu o Diretor oferecer uma “bombinha” para Neville.
O garoto recebeu um kit de cultivo de uma planta qualquer, mas que o interessou muito. Logo até os professores participavam da brincadeira, mesmo que Quirrell tivesse rejeitado a bombinha duas vezes antes de estourá-la. Quando recebeu um manto roxo-berrante como prêmio, parecia que ia desmaiar de susto.
Por fim Dumbledore, usando um chapéu azul turquesa com estrelas prateadas que giravam tontamente que recebera em sua bombinha, deu boa noite à todos e logo eles voltavam para seus dormitórios.
Naquela noite Harry teve dificuldades para dormir. Achando que comera demais, ele levantou e deu uma volta, silenciosamente pelo salão comunal. Pensava na Pedra Filosofal, que ainda não contara aos amigos com medo que a carta se extraviasse, e no cão de três cabeças.
Sentiu repentina vontade de ir até o lugar. O cão devia estar dormindo, e Harry só queria espiar para ver se ele estava ainda lá, ou se Dumbledore descobrira sua “visita” anterior e trocara a Pedra de lugar.
Concentrando-se, em instantes ele já viajava pelas sombras. Infelizmente, Dumbledore devia ter descoberto sua “visitinha” anterior, pois Harry não conseguiu chegar ao cachorro. Algo o rebateu com força, e ele saiu na sombra errada, caindo numa sala escura, que devia ser uma sala de aula desativada.
Havia muitas dessas no primeiro andar, onde as carteiras ficavam amontoadas num canto, e o pó revestia o chão. Harry se endireitou e praguejou baixinho, tentando se localizar. Percebeu então um objeto estranho, que não pertencia ao lugar.
Era um espelho alto, com uma grossa moldura trabalhada ao redor, que terminava em pés com garras, que seguravam o espelho todo. No alto, havia uma inscrição na moldura, onde lia-se “Oãça rocu esme ojesed osamo tso rueso ortso moãn”, que Harry nem tentou entender. Ele atravessou a sala, e postou-se diante do espelho empoeirado. Sua imagem estava ali, com o suéter que ganhara, as roupas que colocara antes de pular da cama. Tentou sorrir, mas percebeu algo estranho. Imagens se formavam à suas costas, no reflexo do espelho. Subitamente viu-se diante de uma multidão de pessoas, o quê fez seu coração quase parar (mesmo que ele fosse o único Vampiro Completo cujo coração ainda batia). Virou-se no próprio eixo, mas a sala estava vazia, mesmo que o espelho mostrasse o contrário.
Duas pessoas estavam mais próximas dele, na imagem. Uma mulher lidíssima, jovem, de longos cabelos ruivos, um sorriso encantador e a face delicada, com um par de espetaculares olhos verdes. Ao seu lado, um homem alto, de cabelos negros tão bagunçados quanto os de Harry, óculos de aro redondo, e um ar brincalhão. Ele parecia íntimo da mulher, e Harry tentou tocar o ponto onde eles deveriam estar.
Não havia ninguém. Quebrando a cabeça para descobrir o quê estava acontecendo, ele percebeu subitamente que no colo farto da mulher pendia uma jóia.
A esmeralda, da cor dos olhos dela, brilhava timidamente na pouca luz que a lua derramava por uma janela alta. Harry engoliu em seco e tocou sua própria esmeralda. Os olhos da mulher estavam tristes e amorosos, e Harry mal sentiu sua voz sair, ao falar.
– Mamãe?
O sorriso dela se tornou triste, e lágrimas finas escaparam de seus olhos. O homem apertou o ombro dela, reconfortante.
– Papai?
E ele assentiu.
Harry sentiu as lágrimas escorrerem lentamente por seu rosto. Com a ponta dos dedos, tocou no espelho, seu coração explodindo de dor. Só sentiu o toque gelado do vidro, e imaginou se não havia um jeito de atravessá-lo e encontrar seus pais. As outras pessoas ao redor se aproximaram, e Harry viu narizes como o seu, cabelos despenteados, olhos verdes, e até mesmo um homem sorridente com os mesmos joelhos ossudos que o garoto. Era a sua família, toda a sua família ali, que acenava, sorria, ou o olhava com ternura.
– Onde estão vocês? – Sussurrou ele. – Porquê não posso ir até aí? Por favor...
As imagens refletidas não respondiam, apenas o olhavam. Elas não se afastaram ou sumiram, como ele temia. Então o garoto sentou-se no chão frio e ficou ali, olhando para eles, bebendo a imagem da família que nunca tivera.

A luz do sol, fria e enfraquecida, iluminou a sala, e vislumbrou o garoto, segurando a esmeralda nas mãos geladas, e olhando para o espelho, na mesma posição.
– Ainda está aí, Harry?
A voz não lhe despertou num primeiro momento, e ele continuou olhando para seus pais. Porém, logo percebeu movimentos atrás de si, e virou-se, com extrema dificuldade de tirar os olhos do espelho.
– Professor Dumbledore? – Estranhou ele, ao ver o velho diretor sentado sobre uma mesa que antes estivera virada, num canto. O professor lhe sorriu, calmamente.
– Vejo que, assim como muitos antes, você descobriu os prazeres do espelho de Ojesed.
Harry levantou lentamente, sentindo os músculos doerem depois de tantas horas sentado numa mesma posição.
– Não sabia que o espelho se chamava assim, senhor.
– Mas vejo que sabe para quê ele serve, não?
– Ele... mostra minha família. – Falou lentamente.
– Sim, e muitas outras coisas. – O diretor sorriu docemente. – Mas vejo que o quê você mais quer é apenas a sua família.
– Quer dizer... – As palavras vieram devagar. – ...Que este espelho mostra o quê eu desejo, não importa o quê seja?
– Sim e não – Replicou o homem. – O Espelho de Ojesed mostra o seu desejo mais profundo, mais escondido de seu coração. Ele derruba todas as mentiras e ilusões, para mostrar o quê você realmente quer. E fico feliz que você coloque sua família acima de qualquer poder que possa ter, Harry.
Harry grudou os olhos no espelho, mas por ter desviado um pouco ao se levantar, só via sua própria imagem. Ao que parecia, era necessário estar diante do espelho completamente, e não ligeiramente de lado. Sentiu vontade de voltar para diante dele, e beber mais imagens de sua família, mas também queria ouvir o quê o diretor diria.
– A magia pode fazer coisas incríveis, Harry. Mas não pode devolver aqueles que foram levados pela morte. – O diretor lhe deu um sorriso triste. – A morte é o ponto final de tudo, é o grande mistério. Você já a viu uma vez, embora não se lembre disso. E talvez a veja de novo, dependendo de suas escolhas. Porém, você não deve se prender ao passado Harry, mas sim assimilá-lo e entender suas lições.
– Eu queria ter eles ao meu lado – Murmurou o garoto.
– Você os têm. Eu conheci Lílian e Tiago Potter, e por isso tenho a certeza que mesmo depois de sua morte, eles ainda te vigiam, guiando seus passos às vezes. As pessoas, Harry, só morrem quando nos esquecemos delas.
Harry levantou o braço para tocar no espelho, mas o abaixou antes disso. Sabia quê o diretor tinha razão, e o espelho era apenas uma ilusão.
– Muitos definharam diante deste espelho, bebendo as imagens de seus maiores desejos, e morreram sem os realizarem. Viver é melhor que sonhar, Harry, mesmo que o sonho seja necessário. Por maior o sonho, nunca se deve esquecer de viver.
– Eu... Acho que entendo isso.
– Isso é bom. Pois este é o último dia deste espelho aqui. Ele será levado para uma nova casa agora. Não posso dizer se foi bom ou ruim, mas foi uma grande sorte você tê-lo encontrado antes disso. – O diretor levantou. – O espelho foi criado para mostrar o quê nos impulsiona, nos mantém vivos. Pena que as melhores magias sempre são usadas para nosso próprio mal...
– Senhor?
– Sim?
– O quê o senhor vê quando olha no espelho?
Dumbledore sorriu.
– Eu me vejo segurando meias de lã – O velho homem riu diante da expressão surpresa do aluno. – Mais um Natal veio e se passou, e não ganhei nenhuma. As pessoas insistem em me dar livros...
E saiu, deixando Harry com o espelho.
O garoto pensou na resposta do diretor, e imaginou que talvez ele não estivesse falando a verdade. Mas também, concluiu, era uma pergunta muito pessoal. Olhou para o espelho de novo, e deu um tchau fraco para seus pais, apenas um murmúrio de despedida. Abriu a porta e saiu, tomando um caminho qualquer, mas sentindo quê algo dentro de si mudava. Ele vira seus pais, sua família.
E agora tinha uma noção maior de tudo o quê perdera.

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Olá!

Beeem, esta nota do autor será um pouco diferente do normal.

Primeiro, obrigado pelos comentários. Novos leitores, sejam bem-vindos! Espero muitas perguntas, diversão e comentários de vocês \o/

Segundo, vamos falar sobre a Fanfic.
Bem, eu postei dois capítulos hoje, como viram. O primeiro é maior que os anteriores, então porque postar mais este?
Acontece que a Fic acabou. Hã? CALMA!
Eu escrevo, assim como muitos, numa total desordem de trechos. Então, cenas de todas as Fics. O que eu faço é "costurar" tudo isso em capítulos, revisar, reescrever, arrumar aqui, cortar ali...
E Harry Potter e a Pedra Filosofal V.V. está terminada \o/

Agora passo para a construção de Harry Potter e a Câmara Secreta V.V. Por isso estou fazendo uma mega postagem, tentando o mais rápido possível terminar a Fanfic e começar a próxima. É claro que temos o adendo de que eu gosto de manter uma distância entre a produção e a postagem. Então, é por isso que não termino hoje a Fic. Quando eu tiver lá pelo quarto ou quinto capítulo da Câmara, eu posto tudo o quê tiver faltando.

However, até o fim deste mês de Setembro, eu termino a Fic.

Fiquem espertos. E o link d'A Câmara Secreta será passado aqui, lembrando que assim que a Pedra acabar, a Câmara começa.
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Capítulo especial para a Sulene, que faz aniversário amanhã, pro Loko Loko, Markim, Rafael Abrahão, Ricardo Pacheco, KON, Anderson potter, Black Wolf, iagooooo, Viktor Black e todos os outros. Mas diabos, fora a Sun, só tem homem aqui? Cadê a mulherada? Bah.

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Perguntas e Mistérios

Quando teremos grandes demonstrações de elementos?

No capítulo passado, Natal em Hogwarts, Hermione já mostrou um pouco de seu poder. Harry também vai mostrar um pouco mais. Mas realmente, lutas com os elementos, apenas nos capítulos finais. Porém, na próxima Fic, Câmara Secreta, já veremos novos poderes do Trio, e vários outros novos Vampiros.

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Do caderno 3

Inaugurando a nova seção, apresento trechos do "Caderno 3". onde escrevo esta Fanfic. O "Caderno 1" é TEMPUS, e o 2 é Anos Marotos. Logo eu as mostrarei aqui. hehehe

[Página 1 - Apresentado as Fanfics]
[trecho]

HARRY POTTER E A CÂMARA SECRETA

Depois do tumultado ano anterior, onde Harry Potter descobriu ser um Vampiro, ele está de volta à Hogwarts. Mas algo estranho está acontecendo na escola, e pessoas estão sendo atacadas. O Herdeiro da Sonserina abriu a Câmara dos Segredos, e o terror se espalha pela escola. Harry terá que decidir, este ano, se lutará contra o Herdeiro do Mal, ou se aliará à ele...


[Página 29 - Casais]
[trecho de conversa]

- Harry ama Hermione, certo?
- Certo.
- Então, andre, quem o Rony ama? E a Gina?
- As novas vampiras que vão virar a cabeça do Rony.
- Hum. Quando?
- Câmara.


[Página 15 - Lista de Epílogos]
[trecho]

Toda Fic terá um epílogo, chamado de "Relatório dos Eventos". (...) Os epílogos são:

PeF - O GAROTO
CS - O DIÁRIO
PdA - QUANTO À SIRIUS
TT - QUANTO À VOLDEMORT
S - O LÍDER
M - A GAROTA

EdT, o último, não terá epílogo relatorial, mas o epílogo listado na página 103. Lembrar de colocar as datas.
Os nomes das Fics estão abreviadas por motivos óbvios.

*rabisco*



Até a próxima!

(que será realmente próxima)

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