QUADRIBOL



Capítulo 16
– Quadribol –



Harry respirou fundo duas vezes. Rezou mentalmente para que tudo desse certo. Então abriu os olhos e levantou da cama.
O inverno já começava a surgir, estremecendo as vidraças com ventos fortes e praticamente roubando qualquer coisa leve que não estivesse bem presa. Harry pisoteou o chão atravancado por algumas roupas e entrou no banheiro do dormitório. Se enfiou embaixo do chuveiro levemente frio. O banho o despertou completamente e quando olhou no espelho pôde ver seu rosto extremamente pálido. Fez o resto de sua higiene matinal, se enfiou em trajes comuns (uma calça comprida, uma camisa de mangas compridas e um casaco) e saiu silenciosamente do quarto. Desceu as escadas pé ante pé e encarou o Salão Comunal da Grifinória, sentindo algo se embolar em sua garganta.
– Bom dia, Harry! – Cumprimentou Hermione, alegremente.
Harry quase pulou de susto, antes de se virar e encarar a menina, que já estava completamente vestida e acordada. Assim como ele.
– ‘Dia, Hermione – Vacilou ele.
– É hoje, não é?
Harry apertou furiosamente as mãos e tentou cerrar os punhos.
– É hoje sim. Minha primeira partida de Quadribol.
– Ótimo. Vem cá – Ela agarrou a manga dele e o arrastou até uma poltrona vermelha muito macia, defronte à lareira. Sentou-se na outra, de frente para ele.
– Quero que me explique as regras do Quadribol, para que eu possa entender o quê vou assistir!
Harry foi pego de surpresa pela exigência. Fazia pouco tempo que Olívio lhe ensinara as regras básicas, e estavam trabalhando nas regras técnicas. Os treinos noturnos usando bolinhas de golfe também estavam surtindo um grande efeito, o quê explicava o brilho nos olhos do Capitão do Time e dos outros jogadores.
– Hum – Pigarreou o garoto. – As regras básicas são bem simples.
Ela se ajeitou melhor na cadeira e esperou. O silêncio da sala era reconfortante, e Harry sentiu um pouco de sua tensão interior se esvair.
– Existem quatro bolas, e sete jogadores – Começou ele. – O time joga no ar, usando as asas, e se algum jogador encostar no chão sem pedir para o juiz, será falta. De cada lado do campo oval, há três balizas com aros nas pontas. Os três Artilheiros de cada time tentam fazer a Goles, uma bola vermelha parecida com uma bola de futebol, passar por estes aros. Cada arremesso de sucesso garante dez pontos para o time do Artilheiro.
Hermione assentiu, o incentivando a continuar e guardando tudo na cabeça.
– Cada time possui um Goleiro, que no nosso time é o Olívio, para proteger as balizas. Também existem duas outras bolas, feitas de metal, que voam livremente pelo campo, tentando acertar e derrubar os jogadores dos dois times. Em cada equipe há dois Batedores, que usando bastões repelem essas bolas, os Balaços, e tentam acertá-las no time adversário. Fred e Jorge são nossos Batedores e Alícia Spinnet, Angelina Johnson e Katie Bell são as nossas Artilheiras.
– E você? – Perguntou a castanha. – Onde você entra nesse jogo?
– Bem, cada time conta com um Apanhador, que no caso sou eu. A quarta bola é o Pomo de Ouro, que é uma bolinha do tamanho de uma noz, com asinhas de prata. O pomo voa rapidamente pelo campo, e é muito difícil de se enxergar. A minha função, e a de todos os Apanhadores, é agarrar o pomo. Ao fazer isso, o time ganhar cento e cinqüenta pontos e o jogo acaba. Enquanto o pomo não for agarrado, o jogo continua.
– Mas isso pode demorar dias!
– Olívio me disse que nunca passou de três meses de jogo. Porém acho que podemos terminá-lo antes.
– E esses balaços? Alguém pode se machucar de verdade! Fora todos os golpes em pleno ar, e com certeza a tal goles é roubada dos artilheiros, o que pode causar contusões!
Harry sorriu.
– E os Apanhadores! Se há um mínimo de estratégia no jogo, vão tentar acertar os balaços no Apanhador adversário para que o outro possa procurar o pomo em paz...
– Exatamente. Apanhadores são sempre os mais atingidos.
Hermione deixou o queixo cair e então franziu a testa.
– Você não vai jogar Quadribol, Harry Potter.
Então o moreno riu, gargalhou e estremeceu, sem fôlego. Sabia que essa seria a reação da garota ao entender o jogo e o quão perigoso era para os jogadores.
– Do quê você está rindo, idiota?
Ele levantou e a segurou nos ombros, meio agachado pois ela estava sentada. Seus olhos se grudaram nos dela e o castanho ficou preso no verde.
– Hermione. Não precisa se preocupar. Eu treinei muito para não me machucar durante o jogo, e treinei sozinho para que eu pudesse me sair bem. Estou um pouco nervoso por ser meu primeiro jogo, mas vou ficar bem.
– Tem certeza, Harry? – Perguntou ela, jorrando preocupação. – Não vai se machucar? Promete?
O garoto sorriu e piscou marotamente para ela.
– Vamos tomar café.
Saíram então, mas Hermione pôde perceber que ele nada prometera.

– E ENTRAM OS TIMES!
A voz foi a primeira coisa que acertou Harry. Logo em seguida ele sentiu o sol perfurar seus olhos, e o som reboante das arquibancadas lotadas de alunos chegou aos seus ouvidos.
Ele se vestia de vermelho e dourado, e era o último da pequena massa dos sete jogadores. À frente ia o capitão, Olívio, com as asas tremendo de excitação. O pequeno Vampiro tinha já posto suas asas negras para fora (o quê gerou uma pequena surpresa em alguns, que ele não percebeu), e agora parava.
Madame Hooch, com seu aspecto severo parecendo uma coruja, trouxe a goles. Os balaços tremiam, o pomo estava preso ainda. O capitão da Sonserina, que parecia um trasgo, apertou a mão de Olívio como se quisesse quebrá-la.
Mme. Hooch soltou os balaços, jogou a goles para cima. O pomo surgiu na mesma hora, livre e rápido. Harry deu um impulso no chão e suas longas asas tomaram conta do céu, enquanto rapidamente os jogadores dominavam as outras bolas.
– E COMEÇA O JOGO! AS ARTILHEIRAS ALÍCIA SPINET E ANGELINA JOHNSON TROCAM PASSES DE MESTRE! SABE, EU CONVIDEI AS DUAS PARA UM ENCONTRO, NÃO AO MESMO TEMPO, É CLARO...
– JORDAN! – Berrou a Professora Minerva. – Apenas narre o jogo!
A platéia começou a rir, mas Harry estava muito acima dela para perceber. Ele agora já podia ficar parado, de pé em pleno ar, com as asas batendo muito de leve. Hermione e uma parte dos alunos que nunca tinham visto um jogo de Quadribol já tinham os queixos caídos de surpresa ao presenciarem aquela troca de passes, arremessos, fintas e todas aquelas asas coloridas se remexendo de um lado para o outro. A garota se dividia entre prestar atenção ao jogo (e para sua surpresa ela conseguia entender o quê estava acontecendo) e pregar seus olhos em Harry, que voava muito acima do campo.
O garoto corria os olhos sem parar pelo campo. Tinha que encontrar o pomo o quanto antes, e todos os seus sentidos estavam ligados ao ambiente. Para ele não havia jogo ali em baixo. Havia apenas o ar, suas asas, e a busca do pomo. Um balaço passou por ele, mas Harry já desviara quando finalmente se cruzaram. Sentiu-se leve, com aquela incerteza e aquele nervosismo inexistentes.
– PONTO PARA A GRINIFÓRIA! – Berrou Jordan, numa atitude mais que parcial. – 10 A 0 PARA OS LEÕES.
Os gritos e pulos ao lado de Hermione fizeram a arquibancada estremecer. Um desavisado à empurrou e ela quase caiu no colo de Rony, que estava ao seu lado. O ruivo corou e ela pediu desculpas, envergonhada também.
– Ei vocês, cheguem mais pra lá! – Rúbeo Hagrid riu com vontade, enquanto depositava seu enorme corpanzil na arquibancada. Hermione e Rony sorriram.
– Eu estava vendo lá de casa – Explicou o gigante, apontando um binóculo que trazia. –Mas não é a mesma coisa que ver no campo. Como está o Harry?
– Ainda procurando o Pomo – Respondeu Rony. Ele fixou o olhar no pontinho que era o amigo.
– Pelo menos ele ainda não se machucou – Suspirou Hermione. Hagrid assentiu.
Harry, lá no alto, já estava ficando preocupado. Grifinória marcara cinco vezes já, e Sonserina quatro. Estavam praticamente empatados, e ele queria apanhar logo o Pomo. O Apanhador sonserino o seguia de perto, e ele estava nervoso com isso.
Do nada, vislumbrou com o canto de olho um ponto dourado. Virou a cabeça devagar e viu. O pomo voava, tranqüilo, perto da baliza Sonserina!
Ele se atirou para a frente, corpo reto, asas esticadas ao máximo para baterem com força. O ar gelado entrava por seus pulmões muito rápido, e ele tinha dificuldades para manter os olhos abertos, tal velocidade que empregava. O pomo estava cada vez mais perto, e agora tentava fugir. Ele esticou o braço e sentiu a mão cortar o ar enquanto os dedos quase tocavam o pomo...
Hermione o viu se jogar para trás, quase alcançando o pomo. Então o corpo de Harry se projetou para frente, e se debateu. Ninguém teve dúvidas que aquilo não era normal.
– Será que ele foi enfeitiçado? – Disse Hagrid, boquiaberto.
O moreno agora se atirava de um lado para o outro, com os óculos quase caindo do rosto. Fred e Jorge tentaram se aproximar, mas uma barreira invisível os atirou longe. Gritos vieram da platéia, e ninguém mais jogava, todos tentavam, inutilmente, se aproximarem de Harry Potter, que parecia a ponto de cair, já que uma de suas asas se dobrara estranhamente.
– Ele vai morrer! – Gritou Rony. Hermione se chutou mentalmente e deslizou os olhos rapidamente pela própria platéia. Viu, na bancada dos professores, Snape murmurando algo, com os olhos pregados em Harry.
– É o Snape! – Sussurrou ela para Rony. O garoto também focalizou o mestre de poções e concordou. A garota pensou rápido e puxou o ruivo pela manga, levantando e andando entre os colegas.
Rumaram rápido para a bancada dos professores, sem olhar para mais nada. Harry fora virado de ponta cabeça, o quê gerara diversos gritos na platéia. Hermione finalmente conseguiu se aproximar o suficiente, e se enfiou por baixo da madeira que servia de assento, entrando por baixo das arquibancadas. Rony a seguiu e chegaram até um ponto onde a barra das vestes de Snape estavam bem visíveis.
Hermione esticou o braço e murmurou algo, focalizando sua magia. Um jorro de chamas negras incendiou a veste do professor. Ele pulou e abriu os braços, pisoteando sua roupa e derrubando o Professor Quirrel no processo, o que gerou um tumulto na bancada. Hermione recolheu suas chamas num pequeno frasco que trazia nos bolsos e saíram, rapidamente, chegando logo em seus lugares.
Harry descia para o campo, as asas se agitando muito pouco. Finalmente recobrara o controle de seu corpo, e a barreira sumira. Ele levou as mãos à boca.
– Ele vai vomitar! – Gritou Hagrid.
Mas, ao contrário de tudo o quê se podia esperar, Harry cuspiu uma bolinha dourada em suas mãos. Com um sorriso levemente irônico, ele mostrou o pomo, meio molhado, que parecia se recobrar e agitava, inutilmente, as asinhas de prata.
– Apanhei o Pomo! – Gritou ele para a multidão embasbacada.
– GRIFINÓRIA VENCE! HARRY POTTER APANHOU O POMO DA MANEIRA MAIS INCRÍVEL QUE EU PODIA IMAGINAR!
O grito de Lino foi o estopim da explosão de gritos e pulos que se seguiu. O time da Grifinória agarrou Harry e o carregou pelo campo, enquanto as casas da Grifinória, Lufa-Lufa e Corvinal gritavam e aplaudiam.
– Ele não pegou o pomo, e quase o engoliu! – Uivou Draco, em companhia do tal Jack. O ruivo cuspiu no chão com raiva e deu as costas para a balbúrdia e diversão. Harry não se importou com aquilo, e então finalmente pôde abraçar Hermione, que parecia a ponto de chorar. Rony se juntou a eles, e o abraço triplo virou um bolo de gente quando o resto do time se juntou a eles.
– Que sorte de você ter quase engolido o pomo, Harry! – Brincou Olívio.
Entre a confusão de braços, pernas e cabeças, Harry piscou para Hermione.
– Não foi bem uma questão de sorte – Sussurrou ele, e só ela entendeu.
– E quê sorte do encanto maluco ter acabado! – Completou Fred, ou Jorge. Um dos gêmeos.
E foi a vez de Hermione piscar para Harry.

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Capítulo especial, que marca o início da ação. Espero que gostem, e me desculpem por demorar na postagem, mas é que V.V. não é minha única Fic, então complica.

Especialmente para os quê comentaram, e para minha maninha do coração, a Brenda. Maninha, eu vou escrever uma Fic pra você sim, pode deixar \o/

Até a próxima.

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