SANGUE



Capítulo 6
– Sangue –




Harry esperava jóias gigantescas, pilhas de ouro ou até mesmo armas vampiras terríveis, mas o cofre estava vazio. Eles se aproximaram e Hagrid esticou o grande braço para dentro do cofre, que se revelou não totalmente vazio: havia um pacotinho amarrotado no centro. Não devia ser muito maior que uma pedra, nem muito melhor. Harry virou-se para o Duende.
– Este cofre não tem chave? – Perguntou.
– Não – Respondeu o Duende com uma alegria súbita. – Só um Duende pode abri-lo. Se algum outro tentar será engolido pela porta e ficará preso lá dentro.
Harry espiou a escuridão dentro do cofre.
– De quanto em quanto tempo você vem checar se não tem ninguém aqui dentro?
O Duende sorriu maliciosamente.
– Uma vez a cada dez anos.
Harry engoliu em seco, mas Hagrid o puxou para o vagonete. Eles não falaram sobre o pacotinho, principalmente pelo gigante estar decididamente esverdeado.
– Odeio esses malditos vagonetes – Sussurrou ele.
Logo eles corriam de volta, tremendo e aos trambolhões. Finalmente a luz forte da manhã alta os recebeu. Para a infelicidade de Harry.
– Hagrid, Vampiros não tem problemas com a luz?
– É claro que não, quem disse isso?
– Os humanos.
– Rá! – Riu-se o gigante. – Eles têm idéias bem estúpidas sobre nós!
Harry concordou enquanto um vampiro da sua idade passava diante deles. Harry o seguiu com os olhos.
Então Hagrid tocou em seu ombro.
– Onde está sua carta? Pegue a lista de materiais.
Harry revirou os bolsos e retirou a carta. Atrás dela havia outro pergaminho, a lista de materiais.

ESCOLA VAMPIRA DE HOGWARTS

Uniforme:
- Três conjuntos de vestes comuns de trabalho (pretas)
- Um par de luvas protetoras (couro de dragão ou similar)
- Uma capa de inverno (preta com fechos prateados)
As roupas devem estar devidamente etiquetadas com o nome do aluno.

Livros:
- Livro padrão de feitiços (1ª Série) de Miranda Goshawk
- História Vampira de Batilda Bagshot
- Guia de Transfiguração para Iniciantes de Emerico Switch
- Mil Ervas e Fungos Mágicos de Filída Spore
- Bebidas e Poções de Arsênio Jigger
- Animais Fantásticos e Onde Habitam de Newton Scamander
- As forças das Trevas: Um guia de Auto-proteção de Quintino Trimble

Outros Equipamentos:

- 1 caldeirão (estanho, tamanho padrão 2)
- 1 conjunto de frascos
- 1 telescópio
- 1 balança de latão

Os alunos podem ainda levar UM animal.

LEMBRAMOS AOS PAIS QUE ALUNOS DO PRIMEIRO ANO NÃO PODEM JOGAR NOS TIMES DA ESCOLA.



Harry leu silenciosamente a lista mais uma vez. Quanta coisa estranha!
– Harry? – Chamou Hagrid. – Ali está a loja de uniformes...
Ele apontou uma loja grande, cheia de vitrines, chamada “Madame Malkin: Roupas para todas as ocasiões”. Parecia quase vazia.
– Eu odeio aqueles vagonetes, gostaria de tomar algo ali n’O Caldeirão Furado. Você pode comprar suas vestes ali enquanto isso?
– Mas, Hagrid... – Disse Harry. – Eu não sei como trabalhar com aquelas moedas.
Hagrid tirou três moedas do bolso. Ele apontou para a maior, de ouro.
– Esse é um galeão, Harry. A menor, de prata, é o sicle e a pequenina, de bronze é o nuque. Dezessete sicles formam um galeão e vinte e nove nuques formam um sicle.
Harry assentiu e guardou as informações no cérebro. Usaria muito aquela pequena tabela de conversão monetária.
– Agora eu vou rapidinho no bar, enquanto isso compre seu uniforme.
Harry entrou na loja olhando para todos os lados, mas tudo o que pôde ver foram prateleiras de caixas, cabides lotados de vestes e muitos tecidos das mais diversas cores. Ele se aproximou de uma mulher baixinha, vestida de seda azul-turquesa.
– Com licença, gostaria de comprar uniformes... – Começou ele.
– Hogwarts? – Interrompeu a mulher. – Primeiro ano?
O garoto confirmou, então ela a arrastou até um banquinho alto e colocou Harry em cima dele. Passou uma veste grande pela cabeça do garoto e com um estalar de dedos uma fita métrica prateada voou ao redor de Harry, medindo.
O pequeno vampiro ficou olhando surpreso para a fita. Quando ela terminou suas medidas, a bainha das vestes começou a encurtar, para atender ao tamanho de Harry. As mangas logo diminuíram também, sozinhas.
Finalmente o uniforme estava do tamanho apropriado, e Madame Malkin o tirou de Harry.
– Fique aqui que vou buscar as peças.
Ele se sentou no banquinho e passou os olhos pela loja.
– Ei! Garoto!
Harry virou-se e se deparou com outro garoto, da idade dele, mas mais magro, alto e de cabelos loiro-platinados. Ele encarava Harry com arrogância.
– Hogwarts também? – Perguntou. Harry assentiu.
– Em que casa você pretende ficar?
Aquilo apanhou Harry de surpresa, e uma sensação gelada subiu por ele. Casa?
– Não sabe? Ah, ninguém sabe mesmo. Mas eu vou, com certeza, para a Sonserina. É a casa de toda a minha família. Sinceramente, se eu fosse para a Lufa-Lufa eu sairia da escola, e você?
Harry, sem saber o que fazer, deu de ombros.
– Onde estão seus pais? – Perguntou o loiro.
– Estão mortos.
– Ah, sinto muito – Mas ele não parecia sentir nada, e isso lembrou Harry de Duda. Aquele arrogante parecia muito com seu primo. – Meus pais estão na loja de poções. É a minha matéria preferida, sabe?
Mas nesse instante Madame Malkin chegou com um grande embrulho, com os uniformes. Harry agradeceu, pagou e saiu rápido da loja, enquanto o loiro se distraia com suas próprias vestes, entregues por uma mulher alta de ar imponente.
Harry apertou a sacola que trazia com força desnecessária. Quanto mais ele teria de aprender sobre aquele novo mundo?
Hagrid então surgiu à sua frente. Eles passaram por todas as lojas, comprando diversas coisas estranhas e fantásticas. Vampiros de todos os tipos andavam pelo Beco, alguns pareciam quase humanos, mas a maioria era decididamente estranha. Aquilo fez a preocupação de Harry se dissipar um pouco. Logo eles já haviam comprado tudo o que constava na lista, e alguns itens a mais.
Harry comprara um grande volume encadernado sobre a cultura vampira, e um livrinho de histórias. Hagrid também lhe convencera a comprar uma capa de chuva feita de um material estranho. Porém o que mais divertiu Harry foi o par de luvas de dragão.
– Então dragões existem?
– Claro que sim! São muito legais. Sempre quis ter um dragão...
Harry também percebera que da mesma forma que os humanos olhavam estranho para Hagrid, os vampiros o encaravam como perfeitamente normal. Um ou outro apenas parecia espantado com o gigante, em sua maioria crianças.
– Vamos por aqui, Harry. Preciso te dar um presente de aniversário...
– Não, não precisa Hagrid! – Acorreu Harry. – Nunca liguei para essa história de aniversário!
Era verdade, Harry nunca tivera um aniversário na vida. No último, quando completara dez anos, o garoto recebera um cabide e um par de meias dos tios. As meias eram de Tio Válter.
Mas Hagrid o arrastou para uma loja escura de animais de estimação. A lojinha era apertada, mas escura suficiente para Harry se sentir em casa. Sorriu ao ver uma gaiola cheia de ratos branquinhos, um sapo grande e vários pássaros.
– Não gosto muito de gatos – Comentou Hagrid. – E sapos são chatos. Pássaros são úteis, já que podem levar cartas e tudo mais. Ratos também são legais, eles deixam você treinar feitiços neles. Tem alguns animais mágicos pra cá, eu acho...
Harry, no entanto, já havia encontrado um animal perfeito: uma belíssima coruja branca encarava os clientes da loja com um ar de raiva e tristeza.
– É melhor não, senhor – Disse o dono da loja, um homem alto e cheio de colares no pescoço. Sua pele negra o fazia quase sumir nas sombras da loja. – Corujas são ótimos animais, mas as fêmeas não são fáceis de lidar. Só mantenho essa aí por que foi um pagamento de uma dívida...
Harry se aproximou da gaiola, mesmo assim, e a coruja o encarou com olhos âmbares, cheios de tristeza. Ela abriu as asas e tentou bicá-lo, mas as grades da gaiola não deixaram ela se aproximar. Harry olhou para a coruja e sorriu.
– Ela é uma coruja selvagem – Disse ele. – Está brava por ficar presa tanto tempo.
O dono da loja o olhou espantado, mas Harry puxou o fecho da gaiola e a abriu.
– Ei, garota – Chamou ele. – Venha aqui, por favor.
A coruja o olhou desconfiada, mas se aproximou vagarosamente, mais porque Harry pedira com educação do que pelo tom doce que ele empregara.
O vampiro tocou as penas branquinhas como neve e sorriu. A coruja fechou os olhos por um momento, mas o abriu rapidamente. Harry percebeu, no entanto, que o brilho de seus olhos era mais alegre, mais calmo. Ele acarinhou a coruja por longos minutos, então num movimento calmo esticou o braço dentro da gaiola e a coruja pousou.
Bem devagar ele tirou o braço de dentro da gaiola, trazendo a coruja branca. Esta piou alegre quando se viu livre.
– Quanto ela custa? – Perguntou Harry.
Hagrid calou o homem antes que ele pudesse responder e o puxou para um canto. Logo ele voltava com uma bela gaiola, maior que a anterior. A coruja olhou com desaprovação para a gaiola.
– Quer ir embora comigo, garota? – Perguntou Harry. A coruja piou. – Eu não vou deixar você presa. Venha.
Ele a colocou no ombro onde ela se empoleirou e se ajeitou. Rindo alegremente o gigante seguiu o estranho “casal”, levando a gaiola vazia e as compras.
Harry agradeceu diversas vezes o amigo gigante, que riu e disse que não era nada.
– Você não recebeu muitos presentes, não?
– Na verdade, não...
– Bem, terminamos as compras, só falta uma coisa então... Algo que você precisa fazer antes de ir para Hogwarts.
Eles se dirigiram ao Beco Diagonal, então se sentaram em uns banquinhos velhos ao longo do balcão.
– Tom, quero uma dose pra mim e outra pro amiguinho aqui! – Disse Hagrid.
Tom, o dono do bar, riu e bateu dois cálices na frente deles. Então derramou habilmente um líquido vermelho vivo nos cálices. Depois se afastou, indo receber o pagamento por uma garrafa velha cheia de uma espécie de cerveja espumante.
Harry olhou para o cálice e viu o líquido ali, o esperando. Vermelho.
Como sangue.
– Hagrid – Chamou ele. – Isso não é o que estou pensando, é?
– É exatamente isso, Harry. Sangue. Afinal, você é um Vampiro...
Harry quase se afastou do cálice, mas nesse momento suas narinas captaram o cheiro doce do sangue fresco.
– Não é sangue humano, é?
– Não, Harry. É sangue, mas não humano. Ainda não.
Harry assentiu e segurou o cálice. Encostou-o nos lábios e sentiu o frio metal em sua boca. Ele levantou o cálice devagar e colocou um gole da “bebida” na boca.
O gosto era levemente metálico, mas muito doce. Seu paladar o reconheceu primitivamente. Seus lábios se abriram para terem mais do sangue, sua boca toda sentiu o gosto delicioso. O sangue escorreu por sua garganta e rapidamente chegou ao estômago. Ele bebeu tudo, virando lentamente o cálice, sorvendo até a última gota. Sentiu o sangue chegar em seu estômago, sentiu o sangue o envolver por dentro, o aquecer. O alimentar.
Sua fome, dolorosamente presente desde que se conhecia por gente, que ele sempre imaginara ser causada pelos maus-tratos, que sempre estivera ali, doendo dentro de seu estômago, foi repentinamente saciada. Ele sentiu o gosto do sangue lentamente abandonar sua boca, enquanto ele depositava o cálice vazio no balcão. Sentiu-se alimentado, aquecido. Sentiu-se como uma criança que bebe uma grande caneca de leite quente e doce. Sentiu-se satisfeito e agradavelmente sonolento.
Hagrid, no entanto, riu alto, fazendo-o sair de seu estupor.
– Parece que temos um Vampiro nato aqui! Bebeu tudo de uma vez e não fez careta!
Tom, que aparecera ali perto, riu-se também. Harry olhou estranho para os dois homens, tão diferentes, mas rindo com a mesma alegria.
– Qual é a graça? – Perguntou, perdido.
A coruja branca, pousada sobre a gaiola ali perto, piou e bateu as asas. Harry imediatamente descobriu que essa era a maneira dela de rir.
– O que aconteceu, no fim das contas? – Perguntou, frustrado e irritado.
– Acontece que – Disse Tom, parando de rir um pouco. – Todo Vampiro quando bebe sangue pela primeira vez faz careta, cospe, ou desperdiça o sangue. Poucas vezes um vampiro que bebe sangue pela primeira vez bebe tudo, sem nenhum problema.
Um som ofegante e engasgado, seguido do barulho de líquido batendo no chão, chamou a atenção de todos. Num canto escuro, um garoto da idade de Harry se engasgava com o sangue que bebia.
– Desse jeito – Riu Tom.
E ele, Hagrid e a coruja explodiram em gargalhadas novamente.

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Como a Floreios entrou "em greve" esses dias, não deu pra postar quando prometi. Mas aqui estamos, mais um capítulo "diferente".

E algumas coisinhas estranhas:


.:: EXTRAS ::.


– Harry? - Sussurrou a voz misteriosa. – Onde está você?
Harry olhou em volta, preocupado.
– QUEM É VOCÊ? – Gritou ele.
– Eu sou você.

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– Isso é uma pantera?

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– O seu treinamento comçou, Harry Potter. Espero que sobreviva.

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– Pedra Filosofal?





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.:: VOCÊ SABIA? [2] ::.



- Você sabia que existem muitas espécies de animais não mágicas na Floresta Proibida?
- Você sabia que os Vampiros não consideram assassinato matar um humano em busca de sangue?


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Até a próxima!!!

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