Enfim, o Chapéu Seletor



Os alunos estavam inquietos naquele recinto pequeno. Alice continuava a contar aquelas pequenas contas do cordão em suas mãos, Alvo sentia que poderia vomitar seu coração a qualquer momento e Claire estava com o rosto dentro do livro que Rosa a havia dado, e a menina olhou para ela com sorriso de orgulho no rosto.

- Então, estamos esperando o teste do Chapéu Seletor, certo, Al? – Claire perguntou sem tirar os olhos de dentro do livro.
- Isso mesmo... – Alvo sorriu – Depois desse teste, nós nos uniremos aos outros alunos de nossas respctivas casas... Tiago e os amigos dele são todos da Grifinória...

- “A casa fundada por Godric Griffindor tem por séculos a tradição de acolher os
alunos que têm senso de justiça, coragem e ousadia evidentes...” – Claire lia em voz alta para Alvo ouvir.

- Esqueceram de colocar aí que a Grifinória aceita mestiços e traidores do sangue também... – Escórpio debochou ao ouvir Claire e sorriu com ar de vitória para Alvo.

- Isso é que nos difere da Sonserina, Claire – Rosa se meteu na conversa, olhando Escórpio com raiva – Não temos preconceitos, pois reconhecemos as pessoas pelos seus méritos, não pela sua condição genealógica.

- Escórpio! – Jullie deu um tapa no braço do garoto – Fica na paz aí, poxa! Que chato você! Não mexe com quem está quieto! Garoto mau! Garoto mau!
- Jullie, pára com isso! – Escórpio defendia o braço dos tapas de Jullie.

- Sai de perto dessa desvairada, Escópio! – Jessie disse puxando o garoto para seu lado, ficando entre ele e Jullie. – Mas eu concordo com você Jullie, não devemos gastar saliva com esses aí...
- Mas ninguém o chamou na conversa, ele se meteu! – Jullie cruzou os braços e se dirigiu a Alvo, Rosa e Claire – Desculpem o Malfoy, ele é metido mesmo!

- Se você não comentasse, nós nem desconfiaríamos – Alvo sorriu para a garota.
- É mesmo! – Jullie riu – comentário desnecessário o meu! Liga não, eu sou maluca...

- Com certeza é! – Jessie olhou atravessado para Jullie – Não se comporta como um Wright!
- Vai ver é porque eu sou uma Watson! – Jullie fez cara de pensativa – Será?
- Que seja! – Jessie virou a cara – Não parece honrar sua família nobre!

Jullie imitou o jeito de Jessie, com cara de nojo, para Rosa, Al, Claire, Lou e Alice, e eles abafaram um riso.

- Você é legal, Jullie! – Alvo sorriu – desculpa meu irmão, Tiago, ele estava estressado.
- Vixi! Você é o irmão do “rei do mundo” – Jullie fez pose solene – Nem parece... Você também é legalzinho! Aliás... – Jullie saiu de perto de Jessie e Escórpio, fazendo com que o garoto desse um guincho de raiva. – Vocês todos parecem ser legais! Espero que sejamos amigos! Ah, foi mal...Que vacilo meu... Eu sou Jullie Anne Watson, tudo beleza com vocês?

- Oi, Jullie – Alice olhava a menina admirada, pois usava um brinco parecido com o seu – Sou Alice Longbottom... Você também quer afastar os Empiriospectros?

- Uh, nem fala! – Jullie segurou seu brinco – Esse patuá é tudo de bom! Nunca mais caí, acredita? Eu vivia me esborrachando pelo chão, e depois que li a matéria d’O Pasquim e fiz o patuá, nossa! Minha vida mudou!

- Atenção novos alunos de Hogwarts! – os alunos instantaneamente pararam de falar para prestar atenção no homem a sua frente – Sejam bem vindos! Eu sou o professor Longbottom, Neville Longbottom! – Alice cochichou com Jullie “esse é o meu pai!” - Sejam bem vindos a Hogwarts! Agora, saberemos em que casas vocês ficarão. Essas casas serão como um segundo sobrenome para vocês e seus amigos, sua segunda família. Peço que me sigam até o Grande Salão, fazendo duas filas indianas, para chegarmos organizados até o Chapéu Seletor. Por favor, por aqui! Venham!

Os alunos saíram seguindo Neville, muito quietos e tensos. Alvo sentia seu estômago revirar e agradeceu por não ter comido nada no trem. Jullie e Alice seguiam saltitantes na fila. Rosa e Louis se entreolhavam, sem dizer nada e Claire ainda tentava ler algo no livro.

- Querida? – Neville parou e olhou para Claire. A menina, contudo, parecia não tê-lo ouvido.

Claire! – Rosa cochichou – Ele está falando com você!

- Ah... Desculpe senhor! – Claire fechou o livro sem graça – Eu estava entretida na leitura.
- Tudo bem, sem problemas! “Hogwarts, uma História” é uma leitura realmente fascinante - Neville sorriu – Mas poderia deixar para ler depois? Temos um teste para fazer agora, certo?

- Claro... – Claire retribui o sorriso. Jessie e Escórpio riram ironicamente.
- Algum problema com vocês dois? – Neville olhou com reprovação para ambos, que abaixaram a cabeça, contrariados e com muita raiva engasgada.

Neville seguiu com os alunos. Abriu a porta principal do Grande Salão e a procissão de alunos nervosos passou sem pelo meio das quatro grandes mesas, já repleta de alunos muito quietos, observando os calouros. Claire olhava tudo com brilho nos olhos. Olhou para o teto, viu as estrelas sobre todo o salão e sorriu.

- Nossa, é tão lindo! – Comentou inocentemente.

- É, mas não é de verdade! Esse teto é encantado... – Rosa cochichou e quando foi abrir a boca para falar mais, Jullie a cortou.
- É um feitiço maravilhoso! Reproduz o céu em seu clima atual! Eu li no livro que você estava lendo, Claire, “Hogwarts, uma História”!

- Incrível, não é? – Claire sorriu para Jullie e Rosa revirou os olhos como se dissesse “eu sabia disso”

Os alunos ficaram de frente para a mesa de professores, e a Diretora Minerva McGonagall os recebeu com um belo discurso. Depois, foi a vez do Chapéu Seletor recitar seu velho e longo poema sobre as casas de Hogwarts. Alvo, enquanto isso, sentia como se fosse desmaiar de tão nervoso. Olhou para a mesa da Grifinória, com aquelas cores vivas, vermelho e dourado, desejou do fundo do seu ser sair pulando em direção àquela mesa e sentar com seus primos e seu irmão. Olhou para a mesa da Sonserina e não viu a mesma empolgação da Grifinória, aquele prata e verde era tão sem graça na opinião de Alvo. O menino despertou dos seus pensamentos quando Neville chamou o 1º aluno para a seleção.

- Weasley, Louis!

Ele viu o primo empalidecer, andar com dificuldade até a cadeira e esperar que Neville encaixasse o chapéu em sua cabeça loira. Não demorou muito e o chapéu gritou “Grifinória!” e a mesa vermelha e dourada rompeu em gritos e aplausos. Lou saiu saltitante ao encontro dos demais. Neville aplaudiu, pegou novamente o pergaminho e chamou o próximo.

- Wright, Jéssica!

Viu a garota soberba subir pomposa e sentar na cadeira. O chapéu mal encostou nos seus cabelos e gritou “Sonserina!” A mesa verde e prata gritou e aplaudiu a menina, que saiu desfilando ao seu encontro. Logo, nome após nome foi sendo chamado. Alvo viu as outras casas comemorarem seus novos alunos, mas não escutava seu nome. Estava com vontade de gritar. Escutou Neville chamar mais um nome e ficou atento ao resultado.

- Watson, Jullie!

Jullie respirou e subiu. Sentou-se na cadeira. O chapéu demorou em sua cabeça. Todos olhavam nervosos para a menina. Alvo lembrou de que seu pai o dissera, então, era verdade: o chapéu deve estar considerando a opção de Jullie. Por fim, ouviu-se um grito de “Sonserina!” e a menina saiu de cabeça baixa ao encontro dos demais sonserinos. Alvo entrou em pânico. Como uma garota tão legal quanto Jullie pôde ir para Sonserina? Enquanto curtia seu pânico, um menino foi selecionado para Lufa-Lufa e ele só despertou quando outro nome conhecido foi chamado.

- Longbottom, Alice!

Alvo estava trêmulo, mal conseguia se concentrar na seleção de Alice. Novamente, o chapéu demorou-se e por fim, ouviram “Corvinal!” ressoar pelo Grande Salão. Alice sorriu para o pai e foi se unia à mesa azul e branca que gritava empolgada. Alvo olhou em sua volta. Só restavam ele, Escórpio, Rosa e Claire para serem selecionados.

- Malfoy, Escórpio!

O garoto loiro platinado sentou-se a cadeira sem aparente medo. O chapéu em fração de segundos gritou bravamente “Sonserina!”. Alvo sentiu um pontada no peito ao ouvir essa palavra enquanto Escórpio se dirigia sorridente à mesa de sua casa.

- Weasley, Rosa!

Alvo não podia acreditar. Logo ele, que era com certeza o mais nervoso de todos, foi deixado para último na seleção. Rosa o olhou e sorriu nervosa. Subiu na cadeira e fechou os olhos, como se esperasse levar um choque daquele trambolho. Não demorou nada, um “Grifinória!” em bom som encheu os ouvidos de todos e Rosa saiu saltitante em direção à mesa.

- Só faltam vocês dois, agora! – Neville sorriu ao perceber que Alvo estava desesperado e Claire não tinha qualquer expectativa grandiosa da seleção. Ao ler o pergaminho, olhou sem graça para Alvo.

- Cavendish, Claire!

A menina sorriu e sentou-se calmamente na cadeira. O chapéu demorou... demorou... Alvo estava vendo tudo rodar em sua frente de tanta pressão e por fim, ouviu um alto “Grifinória!” e viu claire levantar sorridente para sentar-se à mesa com os demais colegas da casa.

- Potter, Alvo!

Finalmente, Alvo sentou-se na cadeira e aguardou a sentença do chapéu. Mentalizava “O que faz um bruxo não é sua casa, é seu coração...”. Neville encaixou o chapéu na cabeça de Alvo e aguardou.

- Mais um Potter! – O chapéu falou com Alvo – Mas... Com medo de ir para Sonserina...
- Eu não tenho medo de ir para Sonserina – Alvo retrucou – Meu pai me ensinou que o que faz um bruxo não é sua casa, é seu coração! E eu sei que meu coração é justo e bom.
- Ótimo, garoto Potter, então, acho que já sei o que fazer com você...

Alvo fechou os olhos aguardando o pior.

- Grifinória! – Gritou o chapéu e Alvo sentiu como se sua alma voltasse ao seu corpo trêmulo.

Foi recebido com aplausos e gritos, Tiago o abraçou primeiro, seguido por Rosa e Claire. De repente, os alunos foram convidados a sentarem e a fazer silêncio para ouvirem a Diretora.

- Estamos felizes por vocês! O Chapéu Seletor é justo na seleção e esta casa de cada um de vocês será seu novo lar em Hogwarts. Após o banquete, os monitores de cada casa os levarão para acomodarem-se em seus respectivos salões comunais. Só gostaria antes, porém, de dar alguns aviso importantes sobre mudanças no quadro de funcionários: A aposentadoria professora Trewlaney finalmente saiu e agora, Lilá Brown será a nova professora de adivinhação.

Uma mulher com cabelos logos amarrados em duas tranças, que se entravam nas costas, levantou com um sorriso espontâneo no rosto e acenou para os alunos. Voltou a sentar sem mudar a expressão engraçada que tinha.

- A maluca se aposentou! – Tiago comentou maldosamente – deve ter conseguido convencer a Previdência Mágica que estava sob o agouro do Sinistro, quando Marte entrava na casa de Áries!
- Pode crer! – Justin e Tiago fizeram um cumprimento ensaiado. Minerva continuou:

“Também tivemos a mudança do professor de Defesa contra Artes das Trevas...”

Ouviu-se mumurinhos nas mesas da Grifinória, Lufa-Lufa e Corvinal. Alunos se entreolhavam assustados e protestando.

- Eu não acredito! – Justin protestava indignado – Duvido que tenhamos um professor melhor que o Wood!
- Ah, droga! – Tiago deu um soco na mesa – Mas que porcaria! Ele era o máximo!
- Poxa, nem fala! – Zac estava contrariado.

Minerva encostou a varinha gentilmente em sua garganta, dizendo “sonorus”. Logo em seguida, suas palavras ecoaram com altura ensurdecedora pelo salão.

- SILÊNCIO!

Os murmurinhos acabaram e os alunos voltaram novamente a atenção a Diretora.

- Olívio Wood descobriu uma enfermidade e está tratando dela. Pediu afastamento do cargo para poder cuidar-se melhor...

- Merlin! O que será que tio Olívio tem, Molly? – Lucy comentou nervosa com Molly.
- Não sei... Mamãe não disse nada... Que estranho! – Molly estava pensativa.

- Vai ver ela não quis assustar vocês, não deve ser nada de muito grave, não pensem no pior! – Disse Fred ao lado de Lucy, abraçando a prima carinhosamente. – Notícia ruim sempre é a primeira a ser dada...

- ... E por isso, o professor Daniel Carter o substituirá nessa função. – Minerva prosseguiu.

Um homem que aparentava ser mais novo do que realmente deveria ser se levantou e acenou para todos. Tinha cabelos escuros e um corte moderno.

- E quem é esse? – Zac ficou confuso.
- Ei, eu o conheço! Ele é Auror! Mas... Por que ele dará aula? – Tiago estava pensativo
- Eu sei quem é, Tiago! – Alvo lembrou – Ele esteve lá em casa um dia desses, não é? Ele é do Estados Unidos, mora aqui há alguns anos...
-Esse aí! – Justin parecia conhecê-lo também – Meu pai é amigo dele, ele é super gente fina!
- Tomara que seja, por que Wood era nosso melhor professor – Zac fez bico para loucura de Rosa, que o olhou apaixonadamente.

Minerva continuou dando os avisos de início de ano letivo, mas Alvo já nem a ouvia mais. Olhava para a mesa da Sonserina, conseguia ver Jullie sentada, olhando para todos e tentando parecer feliz, mas nitidamente estava num lugar onde não queria estar. Alvo sentiu pena da garota. O banquete foi servido em seguida, Claire estava tão fascinada com a leitura do livro que ganhara de Rosa que nem se deu conta do que acontecera.

- Quem colocou toda essa comida aqui? Eu nem vi!
- Claire, disfarça... Isso é mágica! – Alvo cochichou sorrindo com a garota, que lhe retribui o sorriso.

Após comerem, os monitores de cada casa levaram os alunos do 1º ano para conhecer seus aposentos. Claire, Rosa, Louis e Alvo estavam felizes por estarem juntos na Grifinória. Agora, era só esperar o 1º dia de aula, que se iniciaria logo na manhã seguinte. Porém, ao tomarem rumo para o salão Comunal da Grifinória, Victoire se aproximou graciosamente de Claire.

- Querida, vem comigo, precisamos falar com Minerva da sua situação. Depois eu mesma levo você para junto dos seus amigos – Victoire sorriu para Alvo, Rosa e Louis.
- Tudo bem, não tem problema! – Claire sorriu para Victoire e as duas saíram rumo a sala da diretora.

Os demais alunos seguiram para o Salão Comunal da Grifinória. Alvo, Rosa e Louis comentavam o que poderia acontecer com Claire, lançavam hipóteses sobre sua origem e Rosa levantou a maior polêmica, quando disse sua suspeita, fazendo com que Alvo e Loius arregalassem os olhos.

- Eu acho que Claire e aquela insuportável da Jessie Wright são irmãs gêmeas que foram separadas quando nasceram, e Claire foi criada como trouxa.

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