Capítulo único



"Meu amor, você nunca quis antes estar comigo?
Meu amor, você nunca quis ser livre?
Eu não posso continuar fingindo que eu nem te conheço..."



Dois anos se passaram depois da queda de Voldemort, e o que restou depois disso? Um mundo em paz! As pessoas pareciam ter se esquecido que há algum tempo houve uma guerra, e já seguiam sua vida normal. Em uma casa situada em algum lugar da movimentada Londres, era exatamente isso que uma jovem bruxa de cabelos ruivos, olhos castanhos e pele bem branca tentava fazer. Gina Weasley agora morava sozinha, ou melhor, dividia uma casa com sua amiga Luna, e por vezes com Hermione (mas somente quando ela brigava com Rony, ou então quando decidia que precisava de um lugar um pouco mais organizado para trabalhar, ela agora era chefe do departamento que cuida das criaturas mágicas e finalmente conseguiu levar seu projeto do F.A.L.E. em frente).

Em uma bela manhã de sábado, tímidos raios de sol invadiam o quarto de Gina, e esta recusava-se levantar, afinal de contas, ela só podia descansar aos finais de semana, já que o trabalho estava puxado, e agora que estava ajudando sua amiga Hermione com a divulgação de outro projeto (e por sinal se arrependeu muito de ter concordado em ajudar, já que a amiga não parava quieta um minuto) e por vezes ajudava Luna nas edições da revista de seu pai O Pasquim, a ruiva mal tinha tempo para ela. Levantou-se da cama apenas para fechar melhor as cortinas, e logo se jogou em cima dos travesseiros, para dormir até mais tarde. Não demorou muito, e logo adormeceu novamente, mas o que era pra ser tranqüilo, se tornou um sono bastante "atordoado" já que alguns sonhos invadiram sua mente, e ela via algumas imagens do passado...

"E nessa doce noite, você é meu amor
Segure minha mão..."


- Harry, se pegarem a gente fora do castelo a essa hora, seremos expulsos! – dizia Gina sussurrando embaixo da capa de invisibilidade.

- Gina, você está convivendo muito com a Hermione, olha só até decorou as frases dela! – retrucou Harry e ao ver que Gina sorria disse – Relaxa, ninguém vai notar a gente se você ficar quieta ok?! Não vou te sequestrar, nem nada parecido, quero apenas te levar em um lugar.

Um pouco mais calma, a ruiva seguiu com o namorado para fora do castelo, e ele a levou para um lugar perto do lago negro. Um monte de rochas, um pouco afastado dos jardins, dava uma visão perfeita dos terrenos de Hogwarts, e ainda uma bela vista para o lago negro, que a essa hora da noite, tinha o lindo reflexo da lua e das estrelas, dando a impressão de ser uma linda colcha de cama azul, com estampas mais que reais.

Gina olhou em volta, e em seguida para Harry. Nunca tinha estado ali. Já havia passado perto várias vezes, mas nunca se arriscou a subir no monte de rochas. Estava realmente encantada com a visão que o local proporcionava.

- E então, o que achou? – perguntou Harry, tendo total certeza da resposta.

- É lindo, como foi que descobriu? – Gina olhava pra ele, com um sorriso radiante, deixando o garoto a sua frente paralisado por uns instantes.

- Não é muito difícil de descobrir esse lugar né?! No quarto ano, teve uma noite, e prometa por Merlin que não contará isso a Hermione, se não lá vem bronca, - os dois riram e ele continuou – que eu estava sem sono, e decidi dar uma volta pelo castelo embaixo da capa, claro. Ia chamar seu irmão, mas você sabe que o Roniquinho não acorda nem que um Trasgo passe por cima dele, então o deixei dormindo e vim para o jardim pensar. Daí avistei as pedras, decidi subir, e hoje esse é um dos meus locais favoritos de Hogwarts, e diga-se de passagem secreto, já que a maioria das pessoas têm medo da altura e de caírem no lago. Queria dividir com você!

- Ora, ora, ora, então é aqui o esconderijo do Eleito?! Vejo que é um local bem apropriado, e deve ser aqui que você prepara suas estratégias, certo? Deixe-me ver, será que essas rochas têm alguma passagem secreta que vai dar, sei lá... pra algum lugar sombrio e bem seguro? Vai que é lá que você esconde suas armas poderosas, e seus esquemas estratégicos! - Gina andava de um lado para outro, fazendo Harry rir, das especulações dela. O humor daquela garota era sensacional, e não negava ser irmã de Fred e Jorge - Falando sério, aqui é realmente...

Ela não pôde completar a frase, pois logo em seguida, Harry não resistiu, e a puxou para um beijo, que é claro, sua ruiva correspondeu. A beijou com todo amor, como se a vida dele dependesse daquele beijo para viver e quando se separaram, eles se sentaram ali, e ficaram observando o lago negro, em silêncio...


- Bom dia, dorminhoca! – Luna entrou no quarto, e abriu as cortinas sem nenhuma cerimônia, permitindo que os raios de sol invadissem o aposento por completo.

Gina despertou daquele sonho um pouco mal-humorada, e sem pensar duas vezes, atirou contra a amiga um dos travesseiros que estavam perto dela, antes de responder:
- Bom dia Luna! Já são que horas? – ela sentou-se na cama e esfregou os olhos que ardiam por causa da claridade.

- Já passa das 10:30 hs Gi. E como você não costuma levantar tão tarde, tomei a liberdade de vir te acordar. – disse a amiga, sentando na beira da cama – Dormiu bem? Me parece tão cansada.

- Dormi sim! – respondeu Gina, ainda processando a informação da amiga, já que seu cérebro não funcionava muito bem na hora que acordava – Quer dizer, tive uns sonhos, mas nada que me fizesse perder o sono... Bom, acho que tá na hora de levantar né?! Vou me arrumar e caminhar um pouco depois do café.

- Ah, está bem então! Vou colocar umas torradas pra você e fazer um chá enquanto isso! – Luna se levantou e foi em direção a porta. Antes de sair, olhou pra trás e disse – Fico feliz que tenha sonhado com o Harry!

- Ahn?... Mas, como você sabia? – Gina se espantou um pouco com o que ouviu, não tinha dito a Luna que estava sonhando com o moreno.

- Eu não sabia Gi, você que acabou de confirmar. – Luna sorriu para amiga, e saiu correndo quando ela jogou mais um travesseiro em sua direção.

“Harry, Harry,... Por que as pessoas sempre acham que estou sonhando com ele? Luna sempre fala isso, Hermione também, oras, ele e eu não temos mais nada e... Tá bem Ginevra Molly Weasley, você ainda o ama, e mesmo que negue isso pra todas as pessoas, não pode negar isso para si. Mas de que adianta? Estamos afastados, e parece que será assim para sempre... Com certeza voltei a ser somente a irmã caçula do Rony”, pensando nisso e no sonho que tivera, Gina foi para o banheiro tomar um banho relaxante e depois disso tomaria seu café da manhã com calma.

*

Em algum apartamento, localizado em uma rua calma da cidade, um jovem de cabelos negros e rebeldes, estava sentado no sofá, bebendo uma xícara de café e lendo mais uma edição do Profeta Diário, que uma das corujas havia levado mais cedo.

- Depois de dois anos ainda me descrevem como o salvador da pátria... – ele parou por um instante e riu das próprias palavras, afinal Harry era de fato o salvador do mundo bruxo – Espero que um dia, ao menos, eles cansem de me exaltar tanto! – dizendo isso, se levantou, atirou o jornal em algum lugar do chão, e foi até a janela observar o dia. Era um sábado como outro qualquer, algumas pessoas andavam pela rua sorrindo, outras iam para seus trabalhos, alguns casais namoravam na praça e... De repente tudo foi varrido da mente de Harry e ele foi levado para algum lugar do passado, e na sua lembrança só havia ele, e uma certa ruiva.

“Nós vamos partir hoje à noite.
Não precisa contar a ninguém,
Eles só iriam fazer a gente mudar de idéia...”


- Se eu não soubesse que você tinha acabado de tomar uma poção polissuco, sem dúvida alguma o confundiria com um dos meus parentes! – disse Gina à porta do quarto de Rony.

Harry estava sentado na cama, pensando em como seria sua vida dali em diante, e ao ouvir a voz de Gina ergueu imediatamente a cabeça, e por um instante achou que faltava ar em seus pulmões. Ela estava absolutamente linda naquele vestido dourado.

- Ah... Olá Gina! – disse um pouco sem jeito – Bem, se até você me confundiria é sinal que a poção fez um bom trabalho. – ele sorriu timidamente, e voltou a encarar o chão. Não sabia por que, mas já fazia algum tempo que não conseguia encarar Gina por mais de dois minutos.

- É verdade... – ela entrou dentro do quarto e parou na frente do Harry com a mesma expressão forte e decidida que ele já conhecia muito bem – Harry, e se eu disser que quero ir com você? Se eu disser que não me importo com Voldemort, com essa missão que você insiste em não dizer a ninguém o que é, enfim, se eu disser que não me importo com mais nada? Deixaria acompanhá-lo?

Harry encarou a ruiva que estava a sua frente com um misto de angústia e orgulho, ela realmente não era o tipo de menina que temia as coisas, mas sabia bem a resposta que tinha que dar, então olhou no fundo daqueles olhos castanhos e disse:
- Não! Você pode não se importar Gina, mas eu me importo. Já sacrifiquei muitas pessoas nessa maldita missão, e não quero que a próxima seja você. Rony e Mione vão por que já são maiores de idade, e também muito teimosos, mas se eu pudesse evitar que fossem só para protegê-los tenha certeza que faria. Não suportaria ver alguma coisa acontecer a você, e nunca permitiria que me acompanhasse.

- Sempre com a mesma mania de super-herói não é? Eu poderia ir com você, poderia te ajudar, sairia com você hoje à noite, sem avisar a ninguém... Um bilhete talvez, mas não! Você sempre recusa a ajuda das pessoas, afinal de contas, é Harry Potter, e não precisa de ninguém atrás de você, tentando te ajudar em uma coisa que com certeza você poderá resolver sozinho! – disse Gina em um tom sarcástico.

- EU JÁ PERDI MUITAS PESSOAS IMPORTANTES PARA MIM, GRAÇAS A ESSA MALDITA GUERRA! SERÁ QUE VOCÊ AINDA NÃO ENTENDEU QUE SE EU PERDÊ-LA, MORREREI JUNTO? – Ele gritou essas palavras sem mesmo pensar. Nunca havia gritado com Gina, era a primeira vez que perdera o controle em frente a ela, sentiu-se um pouco envergonhado por isso – Gina, me desculpe. Não queria gritar com você, nem sei o que me deu, mas eu não posso entende? Não posso permitir que você vá, não quero que se machuque, não quero ver nada acontecendo com você... E além do mais, você é menor de idade. Imagina como sua mãe se sentiria se acordasse pela manhã e não encontrasse sua caçula perto dela.

- Eu entendo você! Na verdade, eu sabia que você não permitiria que eu fosse, mas precisava confirmar... Entendi você quando disse que precisava partir e não poderíamos mais namorar, e entendo agora. Em todo caso, quero que saiba, que enquanto eu estiver viva, vou esperar por você...

- Eu não sei se vou voltar Gina, você não deveria me esperar – ele disse, e Gina ignorou isso.

- Vou esperar o tempo que for preciso, até que você volte, e tenha certeza que se eu puder fazer alguma coisa para ajudar, saiba que farei...

- Eu não sei quanto tempo posso demorar para voltar, e você não deve se meter em encrencas pra me ajudar – novamente Gina ignorou as palavras de Harry.

- Podemos estar afastados, mas isso não impede de continuar gostando e me preocupando com você. Quero que vá nessa missão, e quero que saiba que quando voltar, estarei aqui. E se for preciso lutar contra todos os comensais para isso, lutarei. Até porque eu me saí bem na batalha do ministério, e preciso admitir, que minhas azarações melhoraram bastante depois da A.D. – ela concluiu, e sorriu levemente. Aproximou-se mais de Harry e depositou um breve beijo em seus lábios – Não sei se teremos tempo de nos falar durante a festa, afinal de contas a Fleuma – ao dizer isso os dois riram – me colocou como Dama, e agora eu pareço uma barra de ouro com esse vestido... Enfim, talvez eu não o veja durante um longo tempo depois dessa festa, e então quero que guarde bem essas palavras com você Harry, pois não sei quando vou poder repeti-las. – ela viu o moreno lançar um olhar confuso e completou – Eu te amo! – dizendo isso se afastou dele, sem esperar resposta. Sabia que se demorasse mais um segundo ali, desmancharia em lágrimas, e não queria que Harry levasse com ele a imagem de uma garota vestida de dourado, parecendo uma mangueira de tanto chorar.

Ao ver a ruiva sair pela porta, ele abaixou a cabeça e permitiu que uma lágrima solitária escorresse pelo seu rosto. Respirou fundo e disse em um tom que só ele pudesse escutar:
- Eu também amo você Gina Weasley!


Harry despertou de seu devaneio graças a Pichitinho, a coruja de Rony, que chegou já voando em volta de sua cabeça e piando sem parar. Ele riu ao ver a felicidade da corujinha, e lembrou-se, com muita tristeza, de Edwiges. Desde a morte de sua coruja, ele nunca teve coragem para comprar outra. Pegou Pichi na mão, e depois de uma “batalha” para fazer ficar quieta, conseguiu tirar a carta que estava presa em sua pata.

- Ah, olha só Pichi, estou sendo convidado para o jantar de domingo! Isso significa que poderei me livrar do disk pizza e também das tentativas horríveis de cozinhar. – ele riu da própria piada, apressou-se em pegar um pergaminho e uma pena, e escreveu para a Sra. Weasley, confirmando sua ida. – Faça a entrega direitinho ok?! E boa viagem! – ele olhou pela janela e observou a corujinha tomar os céus, até desaparecer.

Jantar na casa dos Weasley era sempre uma boa opção, mas a única coisa que o incomodava aquele momento, era o fato de que provavelmente veria Gina, e novamente não saberia como agir. Talvez inventasse um compromisso de última hora, mas isso não iria dar certo, afinal o que ele faria em um domingo a noite? Conformado com a idéia de que teria que encarar a ruiva, foi até a cozinha pegar mais uma xícara de café. Talvez isso o acalmasse.

*

Gina se arrumou e saiu do quarto para o café. Vestia uma calça jeans escura, botas pretas por cima da calça e um casado com gola alta, na cor bege. Seus cabelos estavam presos em um frouxo rabo de cavalo. Ao chegar à cozinha, viu que Hermione estava lá, e sorriu abertamente para amiga.

- Bom dia Mione! Não sabia que estava aqui! – ela foi até a morena e a abraçou.

- Bom dia Gi! Ah, eu acabei de chegar e estava aqui desfrutando as belas torradas que Luna estava preparando pra você. – disse Hermione, retribuindo o abraço da amiga.

- As torradas que a Luna prepara são realmente ótimas! – ela sorriu para loira que estava a sua frente e disse – Então, por que veio aqui tão cedo? Brigou com o Rony foi? – a ruiva pegou a xícara de chá e bebeu um pouco.

- Pelas barbas de Merlin, por que toda vez que apareço vocês já pensam que eu briguei com o Rony? – disse ela fazendo menção a Luna, pois a loira havia feito a mesma pergunta.

- Huuuummm, não sei... Talvez porque na maioria das vezes que decide vir pra cá, é porque brigou com ele, e também, como vocês tem a mania de discutirem, achei que fosse o óbvio. Mas já que não foi, fico feliz, pois vocês bateram o recorde, três dias sem brigar, isso é realmente bom! O recorde anterior tinha sido... Um dia, se não me engano! – ela riu e ignorou o olhar assassino que Hermione lançava – Luna, me passe a geléia, por favor!

- Certo, já que você não vai me perguntar o motivo pelo qual eu vim, vou dizer de uma vez. Estive n’A Toca agora cedo e sua mãe pediu para convidá-las para jantar amanhã. Disse que quer a família toda reunida, e isso com certeza inclui a caçula dela, que agora decidiu viver sozinha e só aparece lá quando bem entende. Isso não é coisa que se faça com uma mãe, ainda mais na idade dela. Mas já que não pode proibi-la de morar sozinha e nem forçá-la a aparecer ao menos 3 vezes na semana, ela pede que tenha piedade e compareça ao menos, no jantar de amanhã. – Hermione reproduziu por inteiro o discurso feito por Molly antes de sua saída, e Gina quase se engasgou com a torrada de tanto rir.

- Mamãe se superou no discurso dessa vez! – disse Gina em meio as risadas de Luna. – É claro que vou jantar amanhã, e ela é uma exagerada, estive n’A Toca anteontem! Mas tudo bem, se a família estará reunida amanhã, eu é que não irei faltar.

- Gina... – Hermione não sabia se era seguro dizer o que estava pensando, mas decidiu arriscar – Você sabe o que a frase “a família toda reunida” quer dizer não é?

- Claro que sei Mione! Quer dizer que estarão lá, Percy, Gui, Fleur, Jorge e Angelina, Carlinhos, Rony, Você, Luna, Eu, Mamãe, Papai, e... – ela hesitou por um instante e disse – E Harry! Mas qual o problema? Ele faz parte da família também não? Sempre fez, sempre foi o melhor amigo de Rony e um dos queridinhos da mamãe, nada mais natural que ele esteja lá amanhã. E por favor Hermione, pare de fazer essa situação parecer catastrófica. Já estive junto com Harry em diversas ocasiões, não teria porque me sentir constrangida amanhã! – ela disse um pouco alterada e levantou – Já terminei meu café, acho que vou andar um pouco pra me distrair. Luna, não me espere para o almoço, talvez eu coma uma bobeira na rua, não sei! Tenham um ótimo dia. – dizendo isso a ruiva saiu pela porta da frente da casa, um pouco irritada. Sentiu remorso por ter tratado as amigas assim.

- Ele ainda mexe com ela... – disse Luna, ainda olhando para porta que a amiga acabara de sair.

- E ela com ele, só que os dois são muito cabeça-dura para admitir, e Harry tem medo do que ela pode dizer ou pensar. Daí ficam assim, sofrendo pelos cantos... Ai ai, eles são mais complicados que Rony e eu! – disse Hermione, bebendo um pouco de chá.

Gina andava pela rua, sem saber ao certo aonde ia. Não sabia bem o motivo pelo qual o nome “Harry” a deixava tão perturbada... Ou melhor, ela sabia, mas não admitiria isso a ninguém. Às vezes se perguntava quando ou se algum dia deixaria de sentir tudo aquilo por ele, mas quando parava para pensar, sabia que a resposta era nunca. O amou desde os 11 anos, o amou em segredo, tentou deixar de amá-lo, o amou mais ainda quando ele se afastou para protegê-la, e por incrível que pareça, continuava o amando.

“Então pela luz da manhã
Nós já estaremos na metade do caminho para lugar algum
Onde o amor significa mais do que simplesmente o teu nome.”


- Gina, escute... Não posso mais namorar com você!

(...)

- Essas últimas semanas com você, tem parecido fazer parte da vida de outra pessoa...

(...)

- Voldemort usa as pessoas chegadas a seus inimigos...

(...)

- E se eu não me importar? – disse Gina impetuosamente.

- Eu me importo...

(...)

- Eu nunca desisti de você. Não de verdade. Sempre tive esperança...

(...)

- Eu só queria ter convidado você para sair antes...

(...)

- Mas esteve muito ocupado salvando o mundo bruxo... Não posso dizer que esteja surpresa. Eu sabia que você não seria feliz se não estivesse caçando Voldemort. Vai ver é por isso que eu gosto tanto de você.

(...)


“Eu deveria ter dito, vai ver é por isso que eu amo tanto você” – pensava a ruiva, enquanto andava em direção ao parque da cidade. Crianças brincavam distraidamente por ali, desciam pelo escorrega, disputavam quem ia mais alto com o balanço... Aquele ambiente descontraído talvez fizesse a ruiva se sentir melhor. Caminhou até um balanço desocupado, sentou-se ali, e ficou olhando para as crianças, até perder o olhar e mirar o vazio, se perdendo novamente em seus pensamentos.

”Eu sonhava com um lugar só pra nós dois
Ninguém sabe quem somos lá
Tudo que eu quero é entregar minha vida a você.”


Harry se aproximou lentamente da ruiva que estava sentada em frente à lareira, lendo distraidamente seu livro de poções. Abaixou-se, cobriu seus olhos com as mãos, e deu uma risada ao ouvi-la dizer:
- Huuuummm, deixe-me adivinhar... Vejo, ou melhor, não vejo já que você tapou meus olhos, que quem está atrás de mim é um rapaz com olhos verdes muito intensos, e já que minha bola de cristal nunca falha, mesmo eu não tendo nenhuma bola, o rapaz atrás de mim é Harry Tiago Potter. – ela tirou as mãos dele que cobriam seus olhos e riu também – Ahaaaa, vejo que acertei!

- É, vejo que acertou! Poderia se empenhar em adivinhação! – disse ele ainda rindo.

- E perder metade do meu tempo tendo que inventar mortes dolorosas só para agradar a Trelawney? Jamais! - ela riu, fechou o livro que estava em seu colo e jogou para o lado e o olhou – Então, o que fez hoje?

- Além de admirar a beleza de uma certa ruiva?Bom, nada demais. Fui com a Mione na biblioteca, e ela me prendeu lá até a hora do jantar. Por sinal, eu não a vi lá! Você tem que comer às vezes sabia?- disse ele repreendendo a namorada. Sabia que ela não tinha ido jantar para terminar os deveres.

- Ah, depois eu como alguma coisa. Agora estou mais interessada em fazer companhia a você! – ela encarou Harry com um olhar sapeca e em seguida se jogou em cima dele, fazendo todos os olhares do salão comunal se voltarem para a cena.

Harry ria abertamente, adorava esse jeito maluquinho da ruiva, e não tinha dúvidas de que ela era perfeita.
- Sabe, às vezes eu gostaria de atrair menos olhares. Queria ir para um lugar distante, em que ninguém soubesse quem somos nós. – disse ele, se referindo aos outros alunos que agora cochichavam e davam risadinhas olhando para o casal.

- Impossível! Quem em sã consciência deixaria de olhar para Harry Potter? A propósito, quero um autógrafo! – disse a ruiva, em tom divertido.

- Ah sim, claro! Darei quantos autógrafos você quiser, mas terá um preço!

- Huuum, diga então qual é! Pago qualquer coisa para ter um autógrafo do Eleito, depois quem sabe eu consigo vender e arrecadar milhões?

Harry riu, analisou Gina por um momento e então disse:
- Srta. Weasley, para ter um autógrafo meu, precisa me dar um beijo!

- Um beijo? E eu achando que era mais caro! Vou fazer justiça a seu nome, e lhe darei vários, certo? – ela viu Harry assentir com a cabeça e em seguida o beijou, e isso arrancou mais cochichos e risadas do “público” presente.


*

Harry pegou sua xícara de café e se sentou em frente ao balcão da cozinha, ainda com os pensamentos voltados para Gina. Se ao menos tivesse coragem de dizer a ela tudo que sentia, do medo que teve quando voltou, da vontade que tinha de ficar com ela, de todo amor que sentia... Talvez Rony e Hermione tivessem razão, e ele estava sendo um covarde. “Oras, eu matei Voldemort, enfrentei comensais, basilísco, dementadores, falar com ela não deveria ser tão complicado... Mas é Harry, e admita que você é um covarde quando se trata dos sentimentos” – pensava. Tomado por uma raiva momentânea que teve de si próprio, ele largou o café, pegou o casaco, e aparatou em algum lugar de Londres. Queria afastar os pensamentos de sua mente, mas quando mais tentava, mais eles surgiam, e sem permissão o faziam viajar para lugares que o fez feliz um dia, mas que agora só o assombram e o fazem perceber o quão idiota estava sendo.

“Eu sonhei por tanto tempo, não posso mais sonhar
Vamos fugir, eu te levo até lá”


(...)

- Vencemos!

- Quatrocentos e cinqüenta a cento e quarenta!

(...)

Gina veio a seu encontro.

(...)

E sem pensar, sem se preocupar com o fato que tinha cinqüenta pessoas olhando, a beijou.

(...)

Sorriu para Gina e fez um gesto para que juntos fossem dar um longo passeio nos jardins da escola. Andaram durante um tempo em silêncio, talvez tentando entender o que tinha acontecido, ou estivessem somente procurando as palavras certas, mas a única coisa que não podiam negar era que tinha acontecido, e que os dois haviam gostado, a julgar pelo sorriso estampado nos rostos.

- Então... – Gina quebrou o silêncio entre eles – Vencemos!

- Eu vi, e fico muito feliz com isso, mas não era pra falar do quadribol que te trouxe aqui... Pra ser sincero eu nem sei o que falar direito, sou meio atrapalhado pra isso, mas vou tentar. – ele parou e encarou os sapatos, que por algum motivo tinham se tornado muito interessantes – Faz algum tempo que eu tenho notado você. Não que eu nunca tivesse visto você ou percebido você, mas é que enfim... Lembra quando Rony e eu encontramos você com o Dino? – ele ergueu os olhos por um momento, e viu ela assentir com a cabeça – Então, eu não sei ao certo, mas acho que foi naquele dia que eu percebi o quanto gostava de você, e o quanto ficava furioso ao te ver com outra pessoa...

- Você foi bem menos atrapalhado do que eu imaginava que seria! – disse a menina com um sorriso no rosto, ao contrário dele, ela o encarava a cada palavra que dizia, não tinha vergonha do que sentia, e muito menos medo de se expressar – Acredite quando eu digo que eu sonho com esse momento desde os 11 anos de idade, e você tornou real. Obrigada Harry!

- Não se agradece uma pessoa porque gosta de você sabia? – ele acariciou o rosto dela e finalmente encarou os olhos castanhos a sua frente – Gina, eu quero que você seja minha namorada, e eu tenho sonhado em fazer esse pedido há muito tempo!

- Então não precisa mais sonhar Harry, pois eu aceito! – dizendo isso, os lábios se encontraram mais uma vez.


Harry andava pela rua distraído e ao mesmo tempo perturbado. Com esses sentimentos vindo à tona a todo instante, como poderia encarar o jantar de amanhã com a família Weasley? Avistou um parque movimentado, em que pais e filhos brincavam felizes, e sem saber o motivo, sentiu que deveria ir até lá. Talvez aquele ambiente familiar melhorasse seu estado. Caminhou até o local, desviando vez ou outra das bolas que as crianças jogavam umas para as outras, até que de repente seu olhar a encontrou. Não podia acreditar que estava vendo Gina, ali, no mesmo lugar que ele, e aparentemente perdida em pensamentos profundos. Ficou parado, apenas admirando a ruiva de longe, sem coragem pra se aproximar.

Gina, que como Harry previa, estava perdida em seus pensamentos, ergueu os olhos ao sentir um olhar recair sobre ela. Não soube descrever as sensações ao certo quando percebeu que quem a olhava era Harry, sentiu seu coração acelerar, um nó formar em sua garganta, falta de ar... Ele estava ali, apenas a observando e pela primeira vez na vida, não soube o que fazer.

Harry viu que ela o encarava e sustentou o olhar, enquanto se aproximava. Estava decidido a dizer de uma vez por todas tudo que sentia. Sentou-se ao lado dela, em um outro balanço desocupado, e disse:
- Oi Gina!

- Olá Harry! Dia bonito não? – ela tentava parecer descontraída.

- É, se comparado aos outros dias de chuvas que tivemos. – os dois sorriram timidamente, e ficaram quietos por alguns minutos, até que ele quebrou o silêncio:
- Eu fui um covarde, ou melhor, sou um covarde, estou aqui ao seu lado e não consigo ao menos dizer uma palavra.

- Então acho melhor dividir essa covardia comigo, pois também não consigo dizer nada! – disse a ruiva com um leve sorriso.

Harry respirou fundo três vezes, reunindo toda coragem que ainda tinha, e então começou a dizer, encarando o escorrega que estava a sua frente, onde as crianças ainda brincavam:

- Quando a guerra acabou eu quis lhe procurar para conversar sobre nós, e dizer que eu queria ficar com você... Mas tinha acabado de perder seu irmão, e não achei que fosse o momento certo para isso e decidi esperar... – ele respirou fundo mais uma vez e continuou – Depois de tudo, achei que precisava de um tempo para pensar e organizar as idéias, então eu me afastei, e decidi esperar novamente para lhe dizer tudo....

- Não era mais fácil ter me perguntado? – disse Gina, olhando para ele.

- Era... Mas adiar era mais fácil para mim, e me dava mais tempo para pensar no que iria dizer quando chegasse a hora... Mas a hora nunca chegou! Eu sempre deixei pra depois, sempre fugi, e Rony tinha razão quando insistia em me chamar de idiota. – eles deram uma breve risada – A questão é que, Gina, eu não posso adiar mais, se não vou enlouquecer. Penso em você todos os dias desde que nos separamos para que eu pudesse cumprir a missão que Dumbledore me deixou. Você sempre esteve nos meus sonhos, e já está mais do que na hora de dizer que não vivo sem você, que quero ficar contigo por toda minha vida, e que cada segundo sem você é uma eternidade...

“Esqueça essa vida
Venha comigo
Não olhe para trás agora”


- ... Gina, você quer casar comigo?

A ruiva entrou em estado de choque e a única coisa que conseguiu dizer, com a voz rouca foi:
- Tem certeza?

Harry riu ao ver o espanto da ruiva, e tomado por uma coragem que sabe-se lá Merlin de onde surgiu, ele ficou em pé no balanço em que a pouco estava sentado, e falou bem alto:

- Atenção todos, por favor! Prestem bastante atenção no que vou falar agora. – todos do local encaravam Harry com uma expressão confusa. Não era muito comum um homem chegar ao parque, subir no balanço e chamar a atenção de pessoas que nem conhece para fazer um comunicado – Obrigado! Eu sei que devem estar me achando louco, mas preciso que todos ouçam isso. Estão vendo essa linda mulher ao meu lado? Pois bem, ela é a mulher da minha vida. Demorei muito pra me dar conta de que não a via apenas como irmã caçula do meu melhor amigo, e agora que a pedi em casamento, ela me perguntou se tenho certeza do que faço. – ele olhou pra Gina, que agora ria constrangida da situação.
- Gina, eu demorei 5 anos para notar você, mais uns meses para finalmente tomar coragem e te beijar. Namoramos por algumas semanas, e devido a motivos que você conhece bem, tivemos que nos separar novamente por um longo tempo... Quando voltei, não tive coragem de chegar até você e conversar sobre tudo que ocorreu, então passei dois anos pensando no momento em que te pediria em casamento. – todos do parque olhavam para cena comovidos. Algumas senhoras enxugavam suas lágrimas em seus lençinhos floridos. – Agora estou aqui fazendo isso, e pode acreditar que tenho certeza do que quero... Então, correndo o risco de ser rejeitado em frente a todas essas pessoas, eu torno a perguntar – ele desceu do balanço, se ajoelhou na frente de Gina, pegou uma de suas mãos e olhando nos olhos dela disse:
- Ginevra Molly Weasley, eu Harry Tiago Potter, estou aqui, pagando o maior mico da minha vida, somente para saber se você aceita se casar comigo?

“Abra seu coração
Não precisa mais se defender
Ninguém vai te fazer parar agora”


Gina sorriu abertamente, um daqueles sorrisos que deixavam Harry hipnotizado e ele tinha certeza que era capaz de iluminar qualquer local. A ruiva se levantou, e vendo que ele fez o mesmo, falou o mais alto que pôde:

- Siiiiiiiiiiiiiiim, eu aceito me casar com você Harry! – após dizer isso, se jogou nos braços do moreno, e os dois se beijaram na frente de todos que ali estavam, sem se importar com o que diriam. Estavam tão felizes naquele momento, que somente aquele beijo seria capaz de traduzir tudo que sentiam. Quando se separaram, Harry levantou Gina e a girou no ar, rindo como uma criança. Ela tinha dito sim, e isso significava que os dois ficariam juntos para sempre, sem ninguém impedir.

- Eu te amo futura Sra. Potter!

- Eu também amo você Sr. Potter!










( Algum tempo depois...)









- Harry, saia daqui, não pode ver a noiva antes do casamento, dá azar esqueceu? – disse Hermione, tentando empurrar o amigo para fora do quarto.

- Ah Mione, acha mesmo que eu acredito nessas superstições trouxa? – disse Harry, já dentro do quarto.

- Tá bem, mas não demore, Molly e eu temos que ajudar Gina com o penteado!

- Certo! – ele viu a amiga sair do quarto, e fechou a porta atrás deles. Ficou paralisado ao ver como Gina estava perfeita vestida de noiva, parecia um anjo!

- Não veio me dizer que vai desistir não é? – disse a ruiva sorrindo.

- Só se eu estivesse louco! Vim saber como você está... Porque não sei se você percebeu, eu tô uma pilha de nervos! – disse ele andando de um lado para outro no quarto.

- Não, imagina, nem dá pra perceber, com você aí tentando fazer um buraco no chão do quarto! – ela o viu parar e riu – Mas, diga-me por que está tão nervoso?

- É uma nova vida não é?... Acho que estou com medo de não ser aquilo que você espera... – disse Harry, sentando na cama.

Gina se comoveu ao ouvir as palavras do noivo e sentou-se ao lado dele.
- Sim é uma nova vida, e eu tenho certeza que será perfeita. Nascemos um para o outro Harry, e qualquer lugar em que eu esteja com você pra mim basta! – ela acariciou o rosto do moreno e disse – Por Merlin, era pra você estar me consolando, a noiva sou eu, e por sinal, preciso me arrumar, se não quiser fazer meu noivo esperar mais do que o necessário no altar.

Harry riu e saiu do quarto, deixando uma Gina atrapalhada com o véu, e a calda do vestido para trás.

(...)

- Sim! – os dois disseram em uníssono.

- Então eu os declaro marido e mulher! Pode beijar a noiva.

- Finalmente! – disse Harry e logo em seguida puxou a sua esposa para um beijo. – Eu te amo Senhora Potter!

- Eu também te amo Senhor Potter! – disse ela sorrindo e seguindo com ele para perto dos convidados – Eu nunca pensei que um dia pudesse seguir minha vida casada com você! Obrigada por realizar, mais uma vez, meu sonho!

- Seguir a vida? Acho que a minha vida acabou de começar, e de um jeito maravilhoso, acabei de me casar com a mulher dos meus sonhos, e formar uma família linda.



De fato, a vida dos dois estava começando agora... Em pensar que tudo havia começado em algum lugar no passado, sem ter lugar algum para chegar... E agora Harry e Gina acharam um lugar juntos, e esse sem dúvida era o mais belo lugar do mundo.





~~



Bom, eu não sei se ficou do agrado de vocês. Mas espero que tenham gostado. Amo o casal Harry e Gina, e fazia algum tempo que queria escrever algo sobre eles... Se gostaram, por favor, comentem, ficaria muito feliz!
Bjinhos

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