Perigo dentro do ovo



12 de Abril

Quirrel tem se portado corajosamente desde então.Fofo não saiu do local que deveria estar, e Rony e Harry encorajaram o professor mesmo que das maneiras deles.Por exemplo, na aula de hoje, fizeram o possível para que os outros alunos não rissem dele.Eu pelo contrário, tive muito mais o que pensar além da Pedra Filosofal, os exames de final de ano estão aí:

-Hermione, os exames estão a séculos de distância.- disse Rony.

-Dez semanas.Não são séculos, é um segundo para Nicolau Flamel.- respondi.

-Mas nós não temos seiscentos anos.Em todo o caso, o que é que você está revisando se já sabe tudo?

Diante dessa babaquice impressionante eu o respondi:

-Que é que estou revisando?Vocês ficaram malucos?Vocês já perceberam que precisamos passar nesses exames para chegar ao segundo ano?Eles são muito importantes, eu deveria ter começado a estudar a um mês, não sei o que deu em mim...

E como eu havia imaginado, os professores pensavam da mesma forma que eu.Passaram mais e mais tarefas, o que fez Harry imaginar que as férias de Páscoa não seriam tão excitantes quanto à do Natal em Hogwarts.Passamos muito tempo na biblioteca, tomando conta dos deveres extras e começamos o nosso grupo de estudo novamente.Já os coloquei em dia com as matérias mais importantes para o exame: os doze usos do sangue de dragão, descobridos por Dumbledore e os movimentos dos feitiços mais simples, como o de levitar.

-Eu nunca vou me lembrar disso - disse Rony, desanimado com os deveres, hoje foi um dos únicos dias bonitos do mês, que poderia ser aproveitado com o tempo de férias (ele deve ter pensado nisso).

Harry estava concentradíssimo em Poções, procurando os usos do “Ditamno”, uma erva que vai na maioria de poções simples.Só parou de se concentrar em “Cem ervas e fungos mágicos”, quando Rony exclamou:

-Rúbeo!O que está fazendo na biblioteca?

Então, Hagrid, que estava observando as estantes da biblioteca, veio em nossa direção, escondendo alguma coisa ás costas.

-Só olhando.E o que é que vocês estão armando?Não continuam procurando Nicolau Flamel, continuam?

-Ah, já descobrimos quem ele é há séculos.E você sabe o que é que aquele cachorro está guardando é a Pedra Filo...- falou Rony até ser interrompido por Hagrid:

-Chhhhi!Não saiam gritando isso por aí, que foi que deu em vocês?

-Aliás, tem umas coisinhas que queríamos perguntar a você.Sobre as outras coisas que estão protegendo a Pedra além de Fofo...- disse Harry.

-CHHHHI!Escutem, venham me ver mais tarde, não estou prometendo que vou lhes dizer nada, vejam bem, mas não saiam dando com a língua nos dentes por aí, estudantes não devem saber disso.Vão achar que fui eu que contei a vocês...

-Vemos você mais tarde, então - concordou Harry.

E Hagrid saiu escondendo algo pelas costas, mais uma vez.

-Que é que ele estava escondendo ás costas?- perguntei pensativa.

-Acham que tinha alguma coisa a ver com a pedra?

Vou ver em que seção ele estava.- prontificou-se Rony, para parar de trabalhar.

Ele chegou um minuto depois com uma enorme pilha de livros, e uma expressão surpresa:

-Dragões!- cochichou ele – Rúbeo estava procurando coisas sobre dragões! Olhem só estes: Espécies de Dragões da Grã-Bretanha e da Irlanda; Do ovo ao inferno, guia do guardador de dragões.

-Rúbeo sempre quis um dragão, ele me disse isso da primeira vez que nos vimos - comentou Harry.

-Mas é contra as nossas leis.Criar dragões foi proibido pela Convenção dos Bruxos de 1709, todo o mundo sabe disso.É difícil evitar que os trouxas reparem em nós se criarmos dragões no quintal.Em todo o caso, não se pode domesticar dragões, é perigoso.Vocês deviam ver as queimaduras que Carlinhos recebeu de dragões selvagens na Romênia.-Claro que tem.Os dragões verdes gauleses e os negros das ilhas Hébridas.O Ministério da Magia tem um bocado de trabalho para mantê-los, posso lhe garantir.O nosso povo vive enfeitiçando trouxas que os viram, para faze-los esquecer.- continuou Rony.

-Então, o que será que Rúbeo anda armando?- perguntei a mim mesma, impressionada com o conhecimento de Rony sobre o assunto.

A tarde nós fomos visitá-lo, foi um dia ensolarado, mas a cabana de Hagrid estava totalmente fechada, com cortinas escuras na janela, e embora o calor, a lareira crepitava um fogo cada vez maior.Foi a primeira vez que Hagrid perguntou quem estava na porta, e quando entramos, ele se tratou de trancar a porta rapidamente.Isso me deu a clara impressão que não queria ser visto, e imagino que essa impressão também foi a de Harry e Rony.

-Então, vocês querem me perguntar alguma coisa?- perguntou Hagrid.

-Queríamos.- disse Harry, bem direto.- Estivemos pensando se você poderia nos dizer o que mais está protegendo a Pedra Filosofal além de Fofo.

Hagrid amarrou a cara e por um tempo pareceu hesitar em nos falar qualquer coisa, porém, com cautela começou a dizer:

-Claro que não posso dizer.Primeiro, eu mesmo não sei.Segundo, vocês já sabem demais, de modo que eu não diria a você se soubesse.Aquela Pedra está aqui por uma boa razão.Quase foi roubada de Gringots.Suponho que vocês já chegaram a essa conclusão.Fico até espantado que saibam da existência de Fofo.

Mas essa desculpa realmente não colou para mim, de modo que eu saberia exatamente como convencer Hagrid a dizer a verdade:

-Ah, vamos, Rúbeo, talvez você não queira nos dizer, mas você sabe tudo o que acontece por aqui- eu disse, num tom caloroso, como se estivesse a lisonjeá-lo.E ele deu um sorriso amarelo bem disfarçado.-Só estávamos realmente querendo saber quem fez o feitiço de proteção.Estávamos querendo saber em quem Dumbledore teria confiado o suficiente para ajuda-lo, além de você.- eu disse, tomando cuidado para não exagerar.Mas tomando consciência que ele se empolgou com as minhas palavras ao ter estufado o peito cheio de orgulho.Nisso, Harry e Rony sorriram para mim, pois certamente entenderam que eu estava tentando arrancar dele algumas palavras.

-Bom, acho que não poderia fazer mal contar isso...ele pediu Fofo emprestado a mim...depois alguns professores fizeram os feitiços...a Prof.ªSprout...o Prof. Flitwick...a professora Minerva – ele foi contando nos dedos- o Prof. Quirrel...e o próprio Dumbledore fez alguma coisa, é claro.Um momento, esqueci alguém.Ah, sim, o Prof. Snape.

-Snape?

-É, vocês não continuam insistindo naquela idéia, ou continuam?Olhem, Snape ajudou a proteger a Pedra, não está prestes a rouba-la.

Harry e Rony pareciam ter percebido a mesma coisa que eu: se Snape ajudou a proteger a Pedra, conhece o modo que os outros professores protegeram a Pedra e passaria rápido pelos obstáculos de cada um, mas pelo visto, só não sabia como passar pelo obstáculo do Quirrel, e por isso estava a pressiona-lo para descobrir como passar pelo obstáculo, agora tudo se encaixava.

- Você é o único que sabe como passar pelo Fofo, não é, Rúbeo?E você não diria a ninguém, não é?Nem mesmo a um dos professores? – perguntou Harry ansioso.

-Ninguém sabe a não ser eu e Dumbledore - respondeu ele, orgulhoso.

-Bom, isso já é alguma coisa.- murmurou Harry para mim e Rony.-Rúbeo podemos abrir uma janela?Estou assando.- continuou Harry.

-Não pode, desculpe, Harry.- respondeu Rúbeo, olhando para o fogo.Percebendo isso, começamos a observar o fogo na lareira também.

-Rúbeo, o que é ISSO?- perguntou Harry assombrado, mas ele já sabia o que era: um grande ovo negro, um ovo de dragão.

-Ah.É...ah...- ele tentou explicar, mas aparentemente, não obteve progresso nenhum.

-Onde foi que você arranjou isso, Rúbeo?Isso deve ter lhe custado uma fortuna.- disse Rony, com os olhos vidrados no ovo, também surpreso.

-Ganhei.A noite passada.Eu estava na vila tomando uns tragos e entrei num joguinho de cartas com um estranho.Acho que ele ficou bem contente de se livrar do ovo, para ser sincero.

-Mas o que é que você vai fazer com ele, quando chocar?- perguntei preocupada.

-Bom, andei lendo um pouco.- disse ele ao pegar um livro escondido debaixo de um travesseiro.-Apanhei este na biblioteca: A criação de dragões como prazer e fonte de renda.É meio desatualizado, é claro, mas está tudo aqui.Mantenha o ovo no fogo porque as mães sopram fogo em cima deles, sabe, e quando chocar, dê-lhe um balde de conhaque misturado com sangue de galinha a cada meia hora.E vejam aqui: como reconhecer os diferentes ovos, e este aqui é um dragão norueguês.São raros esses.- disse ele satisfeito, até orgulhoso, ao folhear o livro em busca de informações.

Eu certamente não estava satisfeita, e muito menos orgulhosa do dragão:

-Rúbeo, você mora numa cabana de madeira- eu o lembrei.

Hagrid, porém, não escutou e continuou a cantarolar enquanto atiçava o fogo.

Pronto, mais essa preocupação: Rúbeo enfiado na sua cabana, com um dragão ilegal chocando.Quando saímos, Rony suspirou:

-Como será ter uma vida tranqüila?

-Já não bastava se preocupar com a Pedra, com os nossos exames, agora Rúbeo está escondendo um dragão Norueguês!E não está nem aí para a lei!- falei preocupada.

-Bom pelo menos nem todas as nossas preocupações farão mal direto a gente.- continuou Harry.

É, diário, sou obrigada a concordar com Rony: Como será ter uma vida tranqüila?

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