Dolce & Gabbana



eyes - open

Capítulo 2 – Dolce & Gabbana



Hermione deu a volta no Salão Comunal e se sentou na poltrona ao lado de Gina. A ruiva fitava o fogo com interesse, mas mesmo assim percebeu a aproximação da amiga. Hermione mordeu o lábio inferior, como sempre fazia.

–Gina... – chamou, hesitante.
–Sim?
–Você acredita em amor eterno?

A ruiva apoiou o queixo nas mãos, mas nada falou.

–Quer dizer... – tentou Hermione novamente – Quem seria seu par perfeito?

Gina balançou a cabeça negativamente, embora um sorriso maroto surgisse em seus lábios:

–Prefiro os imperfeitos. Perfeição no amor deve ser um tédio!


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Julia entrou pelas portas de mármore e se adiantou para o Salão Principal. As quatro mesas das quatro Casas já estavam dispostas e ela ansiava para descobrir finalmente em que Casa ela estaria. Snape sempre dizia, com um certo desprezo, que ela acabaria na Grifinória, mas Minerva às vezes dizia que ela poderia ficar na Corvinal, embora ela não soubesse o porque. Ela só sabia que não poderia cair na Sonserina, pois seu tio Ronald já a ameaçara caso isso acontecesse. Além do mais, ela queria mesmo era ficar na Grifinória, onde todos os Weasley’s estiveram, e onde Harry Potter estudou.

Aquele era o mundo e o reino de Julia. Era ali, em Hogwarts, que ela fora criada e passara a infância. A única variação dos seus dias acontecia nas visitas irregulares de Harry à escola. Essas visitas formais e constrangedoras nunca variavam.

Depois do café da manhã, os professores deixaram Julia sozinha com seu tio, ela em pé na frente dele, contando o que aprendera desde a última visita dele. Ela resmungou tudo que conseguiu recordar sobre história, numerologia ou matemática, já que não tinha idade pra aprender feitiços ou poções. E ele, recostado, pernas cruzadas, observava-a enigmaticamente até que ela ficou sem palavras.

–Obrigado por vir, Julia. – disse ele, cruzando os dedos.
–Por que quis que eu viesse? – disparou a menina.

Ele ergueu o cenho, e quase riu com a audácia da sobrinha.

–Você também é a única família que possuo.
–Sou apenas a filha do seu primo trouxa. Você nem gostava dele! – disse ela, displicentemente.
–Quê? Quem lhe disse essa asneira? – disse Harry, ríspido.
–O tio Ronald. Quando veio me visitar. Ele vem mais que o senhor. Sabia que ele me levou a Hogsmead?

Os olhos de Julia brilharam em desafio.

–Não me lembro de ter permitido. – empertigou-se Harry. Julia deu os ombros. – Venha cá. Como você passa o tempo quando não está estudando?
–Eu brinco. Pela escola.
–Onde é que você brinca?

Ela o encarou com suspeita. Tinha o palpite de que ele iria ficar furioso se soubesse que ela andava pela Floresta Proibida.

–Em algumas salas velhas. – respondeu, por fim.
–E onde mais?
–No Lago, às vezes.
–E?
–Nos telhados.
–Não quero você lá. – a voz dele foi rígida, e Julia sabia que para ele bastava mandar uma vez. –Mais algum lugar?
–Não.
–Está mentindo. Ontem mesmo vi você na Floresta Proibida.

Ela mordeu o lábio inferir e ficou calada. Harry a observava ironicamente.

–Também não quero você por lá. – ele se ajeitou na cadeira, que parecia pequena demais para seu imenso corpo. – Você costuma entrar na Biblioteca?
–Não. Byron que gosta.
–Quem é Byron?
–Meu amigo. 1º ano da Sonserina.
–Não quero você misturada com o pessoal da Sonserina.
–É, o tio Rony me disse a mesma coisa, mas eu expliquei pra ele que Byron é diferente. Juro! Ele brinca comigo mesmo seu sendo sangue-ruim.

Harry soltou um pigarro.

–Não diga esse nome. É feio, preconceituoso. E você não é. Enfim...e quanto aos Subterrâneos?
–Subterrâneos?
–Sim. Para baixo do chão de Hogwarts é tão grande quanto pra cima. Estou surpreso de ver que você ainda não tinha descoberto isso. Bem, já estou de partida.
–Por favor, senhor, deixe-me ir com você.
–Não, Julia. Eu voltarei logo. Eu prometo.
–Deixe-me ficar com os Weasley’s, então!
–Não, fique aqui, onde eu possa vê-la. – ele se ergueu. – Bem, você me parece saudável. Tome aqui.

Tirou um punhado de moedas do bolso e entregou a ela.

–Não lhe ensinaram a agradecer? – perguntou.
–Muito obrigada. – ela resmungou.
–Você obedece ao Snape?
–Sim.
–E respeita os professores?
–Sim.

Harry soltou uma risadinha, fazendo-a corar.

–Então vá brincar.

Julia virou-se e disparou para a porta, lembrando-se de parar e dizer até logo.

­­ ­­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­­ ­­ ­­ ­­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­­ ­­ ­ ­ *

–Droga, droga, droga. – amaldiçoava Gina baixinho, enquanto calçava os sapatos. Ao perceber o tamanho do salto, quase choramingou.

Caminhou mancando até a janela. Ergueu os olhos pro céu e viu nuvens torrenciais se formando à todo vapor.

O mundo vai cair!

–Mas por que logo hoje?

Rony tinha saído de casa no dia anterior, para curtir sua mísera uma semana de férias em Paris. Riu amargurada. Antigamente ela adoraria ficar em casa sozinha, comendo e bagunçando sem o irmão pra reclamar. Gina amava o irmão, claro. Mas que não quer tirar umas férias dos irmãos mais velhos?

Porém, naquele momento, naquele justo momento, não sabia se odiava ou amava Rony. Ele a havia deixado ali, em casa, sozinha e pior...sem ter como se locomover!

Normalmente, ela poderia aparatar em seu trabalho, no Profeta Diário, mas hoje ela teria que ir ao Ministério, conseguir uma entrevista com Harry. Os arredores do Ministério eram cheios de trouxas e, obviamente, ela não poderia aparatar diretamente no estabelecimento.

É claro que ela poderia ir andando... Se o céu não estivesse trovoando furiosamente!

Bufou. Se Rony estivesse ali, poderia levá-la ao Ministério de carro. Ela até já tinha dado uma olhada naquela geringonça trouxa, mas era complicado em demasia para aquela humilde bruxa.

Passou o seu melhor perfume, afinal, não é todo dia que se encontra Harry Potter de novo, não é verdade?

Quando abriu a porta de sua casa, um ar frio penetrou na sala e a atingiu diretamente no rosto. Respirou o cheiro da chuva e saiu pela rua.

Tá no inferno? Abraça o capeta.

Mesmo que Gina tentasse se proteger com sua capa, a chuva caia grossa, castigando suas costas. Ela já começava a sugar o ar com força, cansada de andar. O chão estava molhado e escorregadio, e seu sapato não lhe ajudava em nada.

Estava tão concentrada em não cair, que nem reparou quando um carro a reduziu a velocidade para acompanhá-la.

–Ei! – alguém chamou. Gina não deu atenção. – EI!

Ela olhou. Havia um carro preto parado na calçada ao seu lado. O vidro escuro estava abaixado, revelando seu motorista.

Era um homem de um lindo porte, os ombros largos e vistosos. Sua pele era extremamente branca e seus olhos cinzas faziam um belo contraste, na opinião dela. Seus cabelos reluziam como o ouro ao sol matinal. Ele transpirava altivez, força, virtuosidade. Era quase inexplicável. E a fitava com uma certa curiosidade. Gina pensou, por uma fração de segundo, que ele estava examinado seu corpo.

–Vai ao Ministério, sim? – a voz dele era grossa e áspera, mas extremamente sensual.

Gina se aproximou com cuidado, piscando os olhos.

–Como disse?

Ele riu, mostrando uma fileira de dentes brancos e impecáveis.

–Eu sou bruxo. – ele confessou, baixinho. Riu de novo. – Quer uma carona?

Gina o fitou desconfiada, ao mesmo tempo em que o céu deu mais uma trovoada particularmente poderosa. Deu os ombros. O que poderia fazer de mau?

tudo. Mas Gina não sabia. Não ainda.

Quando ela acomodou-se ao lado do misterioso motorista, pôde olhar melhor o corpo dele. De repente, o carro ficou extremamente quente.

–Escuta, como você sabia que eu era bruxa e que ia ao Ministério?
–Sua capa. – ele respondeu, sem tirar os olhos da direção.
–O que tem minha capa?
–Tem o símbolo do Ministério ai atrás. – ele sorriu. – Foi só por isso.
–Ah. – Gina corou, tamanha sua burrice. Depois de algum tempo de silêncio constrangedor, ela perguntou, marota: - O salvador da pátria tem nome?
–Sou Draco. Draco Malfoy.

Gina arregalou os olhos, quase dando um pulo de surpresa. Ao mesmo tempo, o carro freou e entrou numa rua escura. Ela não percebeu, pois estava presa aos seus pensamentos.

"Draco Malfoy? Assim, tão lindo? E tão gentil?! Não, não pode. Isso só pode ser brincadeira... ”

Algo a tirou de seus devaneios abruptamente. A mão pálida dele escorregava pela sua perna, próxima a sua virilha.

–Sei que a nossa atração foi dupla. Não adianta negar, eu vi como você me olhou.– Draco sussurrou, chegando mais perto dela. –É carnal.

Antes que ela pudesse saber o que estava acontecendo, ele já tinha voado em seu pescoço, beijando, mordendo, atiçando.

Mas, afinal, quem ele achava que era?

Com uma força sobrenatural para o seu tamanho, Gina o empurrou. Draco afastou-se, arfando. Gina abriu a porta com um estrondo e saiu correndo rua afora. A entrevista com Harry Potter teria que esperar. Ela precisava da sua cama. Urgentemente.

–ESPERE! – gritou Draco. – VOLTE AQUI!

Mas ela nem olhou pra trás.

–Eu nem sei seu nome... – murmurou ele baixinho. Deixou-se cair no banco do carro, totalmente entorpecido. O cheiro maravilhoso daquela ruiva misteriosa ainda pairava no ambiente, enchendo suas narinas.

Olhou pro banco que, segundos antes, ela estava sentada. Havia algo que deixara para trás. Pegou um pequeno papel e em seguida sorriu. Escrito um nº de um telefone, ramal, ele não sabia dizer, e o seguinte nome:

Ginevra W.

Touché!

Já longe dali, Gina arfava, forçando suas pernas ao máximo para chegar logo em casa. Impressionante como ela venceu aquela distancia mais rápido que o normal. Encostou-se na parede, sentindo o coração bater rápido. Fechou os olhos.

"Isso não está acontecendo comigo”, pensou. “Isso é impossível.”

Como pôde se sentir atraída por um Malfoy? Quando ele a tocou, seu coração disparou incontrolavelmente. E Malfoy estava lindo, o maldito! “E eu quis ficar com ele. Mérlin, eu gostei dele!”

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