Só amigos



Autor: Rapousa
Beta:Betynha G Weasly
Capa: http://i242.photobucket.com/albums/ff35/Rapousa_Andrade/Samigoscapa.jpg
Sinopse: Uma carta de amor ou um relato oral?
Ship: Seamus/Dean
Classificação: PG13
Gênero: Romance bobo
Spoilers: necessariamente nenhum e ao mesmo tempo de todos os livros



Só amigos

Ele se lembraria por anos a primeira vez que se apaixonara. Não fazia idéia, naquela época tão distante, que aquilo era amor... ou paixão, dependeria do dia a escolha do adjetivo. Porém, jamais poderia negar: não reparara naquele sentimento assim que foi assombrado pela primeira vez, o que o avisaria das conseqüências de sua primeira paixão seria o futuro, a forma como tudo se desenrolou.

Poder-se-ia dizer que é quase utópico alguém realmente terminar o fim de seus dias ao lado da primeira paixão. Mas foi o que ele acreditou quando se deu conta daquele sentimento estranho que perambulava seu ser desde os 12 anos, ou 13, jamais teria certeza. Claro que era mais utópico ainda quando o objeto de sua primeira paixão era seu colega de quarto, principalmente quando você era por suposto tão menino quanto o outro.

No entanto, ele jamais gostou de pensar em masculinidade como algo relacionado a por quem você se apaixona, e sim pelo o que você faz. Isto era o tipo de coisa que tornava algumas meninas muito mais “homens” que sujeitos ostentadores de um volume (indo desde grande a irrelevante) dentro das calças.

Só foi se dar conta de que o que sentia não era a mais pura, inocente e normal amizade quando o vira com outra pessoa. Uma garota. Uma das mais bonitas, diga-se de passagem.

Claro que houve aquela vez em que foram se enfeitar para o jogo de quadribol, e tivera o rosto pintado especialmente por ele. Aquele calor subindo pelo corpo e se apresentando na forma de bochechas coradas não poderia ser normal, as pernas tremendo com o toque delicado de artista em seu rosto também não poderia ser a coisa mais comum do mundo, ou o fato de ter percebido um início de ereção constrangedora após estar pronto menos ainda. Detalhes. Ou pelo menos não algo suficientemente forte para fazê-lo perceber que aquilo era algo mais.

Contudo, quando o viu pela primeira vez com uma menina, uma das mais bonitas e desejadas, beijando-a com tanta vontade, foi que percebeu algo se quebrando em seu peito. Claro que já soubera de outros casos dele, afinal, não eram apenas colegas de quarto ou classe, eram melhores amigos. Mas ver é diferente de saber. Ao ver com os próprios olhos o desejo, a vontade e a mão boba, enfim, o beijo, percebeu com uma intensidade gritante aqueles sentimentos estranhos.

Sim, não havia outra palavra que não estranho.

Houve algo no estômago, uma sensação de que tudo estava tremendamente errado, um aperto em algum lugar do tórax, uma raiva sem sentido e o principal, a vontade de se esconder do mundo. Aquilo não poderia estar certo. Claro que a primeira coisa que pensou foi estar apenas sentindo ciúmes da amizade tão legal que os dois tinham, namoros sempre afastam amigos. Só que analisando posteriormente, percebeu que não era ciúmes da amizade. Era ciúmes do amigo, e não era só porque ele estava pegando a menina mais bonita ou algo do tipo. Era apenas o fato de ele estar saindo com outra pessoa.

A amizade começou a ruir naquele momento. Estava tudo tremendamente errado, aquele sentimento, aquele namoro, tudo neles estava errado. Por que Dean tinha que ficar se pegando com Ginevra Weasley por todos os cantos visíveis ou não de Hogwarts? Só para mostrar a todos o que andava fazendo? Será que ele não se importava com os sentimentos do amigo, que o amava tanto... tanto.

Ah, a primeira vez que se pegara confessando a si mesmo o que sentira; a confusão, o desnorteio, o sentido que tudo fazia agora, claro, era amor, atração, desejo, era..... gay. Obviamente demorou um bocado para assimilar tudo que sentia e quando havia se acostumado minimamente com aquele mundo cheio de novidades veio o fim do namoro. Aleluia!

Ou não. Seamus havia se conformado que Dean era completamente hétero e namoraria Ginny até ambos estarem velhos e caquéticos, logo, não precisaria se preocupar muito com o amigo tão compromissado assim, afinal, não havia chaopostosnces de seu sentimento ir para a frente, certo?

Só que o casal tinha de terminar, tinha, só para piorar a vida de Seamus, que sentiu-se mais confuso que nunca.

As noites no dormitório passaram a ficar cada vez mais estranhas. Talvez fosse pelo fato de em algum tempo Harry, o Harry Potter, ter começado a sair com Ginny, Dean ainda parecia gostar da garota. Porém, se alguém mais desprendesse a atenção d'O Menino que Sobreviveu e analisasse melhor os fatos, teria percebido que Seamus também andava estranho, o que só aumentava o clima anormal.

Agora convenhamos, quem prestaria atenção em Seamus?

Dean costumava prestar, mas no momento ele estava muito ocupado com suas dores de cotovelo e ciúmes do menino Potter.

E foi exatamente por isso que naquela tarde que tinha tudo para ser comum, uma daquelas na qual Seamus passaria o mais longe possível de Dean, seus maiores sonhos secretos e pesadelos se tornaram reais.

Tudo começou com firewisky contrabandeado de Hogsmead.

Seamus novamente evitava todos ficando no dormitório naquela manhã de vista ao povoado vizinho, no entanto, Dean se lembrou do amigo para dividir o contrabando. Foi o início da ruína do irlandês.

Ele aceitou beber por vários motivos, vários mesmo. Porém, dentre estes podemos destacar alguns: sentia falta do melhor amigo, de dividir bons momentos com ele; queria beber para ver se esquecia; e sentia que não tinha nada a perde. Afinal, se fizesse algo indevido, poderia culpar a bebida. E foi exatamente o que fez. Os covardes jamais conseguem enfrentar a verdade. Por que ele fora selecionado para a Grifinória mesmo?

Beberam literalmente todas, todas as duas garrafas que Dean trouxera e pretendera inicialmente guardar para mais tarde, pelo menos uma delas.

Foi simples. Beberam, riram, fizeram piadas. Acordariam com lapsos de memória. Porém, ambos se lembrariam perfeitamente bem de um evento específico.

Brigaram por um motivo qualquer, uma briga pontuada por risos, soquinhos amigáveis e tortos. Seamus foi segurar os pulsos do amigo, para imobilizá-lo, era só uma briga feliz, na qual ele terminou sentado em cima do colo do colega de quarto, imobilizando os braços do outro sobre o chão. Aquilo remontou aos seus mais insanos sonhos eróticos. Corou fortemente.

O que não cooperava eram os lábios entreabertos de Dean, aquilo não poderia ser considerado uma reação natural de um menino ao ser subjugado embaixo de outro. Com a bebida na cabeça - ou a desculpa dela - Seamus ousou.

Abaixou-se e beijou Dean, que levou um susto, pelo menos no começo. Depois, porém, respondeu timidamente e, quando se deram conta, aquele beijo se tornou algo intenso e com um leve ar de desespero. Peças de roupas começaram a ser retiradas e ninguém mais saberia que mão era de quem e aonde tinha ido.

Entretanto, não fizeram sexo. Por pura e simples inexperiência. Até tentaram, mas antes do início da penetração - mesmo com os feitiços lubrificantes - Dean não agüentou a dor. Contudo, aquele momento foi o suficiente para constatarem duas coisas extremamente novas: 1. não seria fácil, deviam começar de vagar; 2. havia tanta atração, inevitabilidade e luxúria que só poderia ser errado.

A desculpa da bebedeira foi muito útil. Porém, nenhum deles poderia negar que aquilo havia acontecido. E queriam mais.

Foi como um trato: Nos damos prazer, e é isso. No final, Seamus apenas não fazia idéia de que terminaria com o coração despedaçado.

A espécie de relacionamento torto durou apenas alguns meses e se quebrou quando apareceu o primeiro imprevisto.

Dumbledore morreu, o mundo entrou em guerra, eles mal puderam se falar no verão, Dean jamais voltou ao colégio, Seamus estava sozinho. E preocupado.

Chegou a escrever inúmeras cartas de amor, pontuadas de lágrimas grossas e salgadas de quem se preocupa, para o amigo. Não era a falta do corpo do outro o que mais lhe atingia. No entanto, não havia para onde mandar os tolos rolos de pergaminho mal escritos, e quando um destinatário se fez possível, já não havia motivos.

A guerra mudara Dean. Ao se reencontrarem o abraço não foi mais o mesmo. Foi duro, cordial e sem aquela paixão típica.

Ele começou a fingir que nada existira e tentou retomar a antiga amizade dos dois, sem sexo, sem atração, sem fogo. Uma falsidade. Uma falsidade que machucou, que fez com que, em uma noite fria, zangado, humilhado e revoltado - contudo sem coragem de mandar a consciência às favas -, Seamus rasgasse e queimasse todas aquelas cartas de amor jamais enviadas. Quebrou o passado e sumiu.

Pelo menos sumiu da vida de Dean, voltou para a Irlanda, construiu casa, viveu, se apaixonou novamente, não só uma como várias vezes, homens e mulheres - mais homens. Até ficar adulto o suficiente e se estabelecer de vez com alguém, um namorado fixo. Foi mais ou menos nesta época que ouviu sobre o casamento de Dean Tomas e Luna Lovegood.

Não derramou uma lágrima. Abraçou o namorado com força e pensou em como fora estúpido imaginar em um momento de sua vida, que o primeiro amor poderia durar para sempre, e que envelheceria ao lado do amigo, dividindo pequenas coisas até terem-se ido.

Mal sabia ele que o destino é brincalhão e que no fim, seus planos para o futuro podem ser atendidos das formas mais inusitadas. Quem diria que depois de tão velho, após a sua vida inteira passar, depois de filhos, amantes, amores e tudo o mais, acabaria reencontrando Dean no asilo mágico de Dublin?

Nos seus últimos dias, sentava-se sempre ao lado do velho amigo: jogavam xadrez, conversavam, olhavam a paisagem, dividiam um silêncio cúmplice. Eram amigos novamente.

"Sabe Seam... eu tinha tanto medo do que sentia por você, que jamais fui capaz de levar tudo a diante." revelaria num dia calmo de outono.

"Eu também."

Entrelaçaram os dedos nodosos enquanto oscilavam nas cadeiras de balanço, lado a lado, e observaram as folhas secas caindo das árvores, como uma dança que nunca acaba e sempre se repete. Passaram os últimos dias de suas vidas juntos. O destino é inexorável¹.



¹ Citação referente à frase sempre dita pelo personagem Uhtred dos livros Crônicas Saxônicas.


N/A: Obg por chegar até aqui, ao sair, deposite seu comentário e faça um mundo mais feliz e com menos fome. Lembrando que comentários são de graça e o autor gosta de saber se você leu ou não a hist ;Dd Criticas e elogios são sempre bem aceitos ^^

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