capítulo único



N/A: Essa é uma songfic, então, a música é "Your Guardian Angel" de "The Red Jumpsuit Apparatus" e ela é muito linda, se quiser, pode ouví-lá enquanto lê a fic: http://www.youtube.com/watch?v=D_yYWcXrIDI

Guardian Angel (Anjo da guarda)


“Quando vejo seu sorriso
Lágrimas correm pelo meu rosto e não posso fazê-las
voltar
E agora que eu sou mais forte descobri
Como esse mundo se torna frio e rompe completamente
minha alma
E eu sei que descobrirei no meu íntimo que posso ser o
primeiro”...

Havia acabado. A maior guerra existente na história bruxa havia terminado. Lorde Voldemort havia caido. Tudo ficaria bem. E mesmo assim Gina tinha a sensação de que algo ruim iria acontecer. Se virou e seus olhos castanhos percorreram o campo de batalha; havia corpos por todo lado. Corpos de homens, mulheres, jovens e daqueles mais experientes. Todos unidos na mesma dor. Mas haviam também corpos de comensais da morte e lobisomens que haviam sido vencidos mesmo estando em maior número. A valentia havia se provado mais forte que o número de oponentes. Ela não podia deixar de sentir uma pontada no peito sempre quando seus olhos encontravam um conhecido caído no chão, alguns ainda viviam, outros estavam tão feridos que esperavam ansiosamente para serem libertados pela morte. Mais á frente, ela viu seu irmão Gui segurando o corpo inerte de uma mulher loira nos braços, ele escondia seu rosto nos cabelos brilhantes dela. Fleur havia sido forte, tinha deixado de lado seu lado vella para lutar ao lado de seu marido, o destino não fora generoso com ela. Gina pousou seu braço delicado no ombro do irmão mais velho que tremia levemente. Ele levantou seus olhos azuis e inchados para ela e murmurou:

-Não é justo, nós estávmos tão bem, eu pedi a ela que não viesse... nosso bebê...- ele passava a mão na barriga de Fleur que já mostrava sinais de gravidez e começou a acariciar levemente sua face pálida.

Gina se distanciou. Eles haviam ganhado, mas haviam perdido também. Fleur e muitos outros tiveram que morrer para que o sonho de dias melhores se tornasse real.Narcissa Malfoy chorava cospiamente sobre o corpo de seu único filho. Draco se tornara um homem bom, havia se tornado membro da Ordem e havia continuado com o jogo duplo que antes apenas Snape fazia, fizera isso apenas para proteger sua mãe, como muitas vezes ele deixara claro para todos.Ele havia caído, mas antes de sucumbir ele cuidou para que dezenas de comensais da morte tivessem o mesmo destino, não merecia ter morrido. Uma lágrima solitária correu pela face de Gina. Aquilo estava errado, tanta dor não compensava o gosto da vitória.

Uma cena mais á frente quase fez seu coração parar. “Eu pensei que todos haviam sido derrotados” ela pensou e com passos grandes se aproximou de Harry e Bellatriz Lestrange que apesar de um corte na testa, ainda se mantinha firme. Com gargalhadas insanas ela desviava ou bloquiava cada um dos feitiços que Harry jogava sobre ela. Pérolas de suor se formavam no rosto do moreno e Gina sabia que ele não aguentaria por muito tempo.

“Nunca deixarei você cair
Eu enfrentarei tudo com você pra sempre
Eu estarei ao seu lado apesar de tudo isso
Mesmo que salvar você me mande pro céu”

Levantou sua varinha e lançou um feitiço sobre Bellatriz que, pega de supresa, foi lançada para longe de Harry. Este se virou e ao reconhecer a autora do disparo, abriu um sorriso enorme.

-Gina?

-Você não acha que eu deixaria você ficar com toda a diversão, achou?- Ela retrucou sorridente. Harry a enlaçou pela cintura e a puxou para um beijo longo e apaixonado. Enquanto sentia seus lábios unidos, Gina tentava calcurar o amor que sentia por ele. Parou de pensar, ela o amava acima de tudo. Uma gargalhada fria separou os dois, Bellatriz se recompora e estava na frente deles. Mais atrás, Rony e Hermione se aproximaram mas Harry deu um sinal:

-Fiquem afastados, ela é minha! Agora você irá sentir na pele Bellatriz, a mesma dor que eu senti quando você tirou Sirius de mim!- Harry estava lívido. Bellatriz o ignorou e com um sorriso sarcástico devolveu:

-Está com saudades do seu padrinho Potter?! Aquele traidor nojento! É uma pena que tenha morrido tão cedo... havia tanto para vivenciar ainda...

-Cale a boca Bellatriz não se atreva a falar dele assim!-Harry berrou, e Gina começou a temer que ele cometeria o erro imperdoável dos aurores “colocar a emoção acima da razão”.

-Vai chorar Potterzinho, vai? Meu lorde vai sentir orgulho de mim...Sim, eu acabarei com a sua vida “menino que sobreviveu”... Mas antes... –e com horror nos olhos, Gina viu Bellatriz girando sua varinha de Harry para ela. Esta, com um sorriso sarcástico no canto dos olhos sussurrou:

-Como você iria se sentir se perdesse a pessoa que mais ama?- e então Gina viu o jato verde fatasmagórico vindo em sua direção.

-NÃO!- um vulto negro se jogou em sua frente e Gina ouviu um corpo batendo no chão com um baque surdo. Ela olhou para Bellatriz que estava tão estupefada quanto ela e depois baixou lentamente seus olhos para o corpo caído aos seus pés. Não precisou virar o corpo de costas para saber quem era. Seu coração havia sido mais rápido que sua visão. Com uma dor enorme ele parecia se partir em seu peito. Gina se ajoelhou e tocou delicadamente a face de Harry. Olhou para seus olhos verdes que miravam o nada. E então tudo parecia estar em câmera lenta, olhou para Bellatriz que agora já gargalhava novamente.

-Ops, acho que matei o Potter sem querer! Bem, agora ele já pode se juntar ao meu primo imundo. E agora, Weasley- ela parou no meio da frase, arregalou os olhos e tocou seu peito. Lá se abria um corte transversal que começava no ombro e terminava perto de seu umbigo. O sangue pintava seu vestido negro rapidamente com um tom marrom escuro. Deu mais um suspiro e caiu lentamente para o lado, morta. Atrás dela surgia agora a figura de uma garota de cachos castanhos, lágrimas rolavam pelo seu rosto e ela tampava a boca com a mão, horrorizada. Ao seu lado, com a varinha erguida, estava Rony Weasley, seu rosto estava determinado, mas seus olhos revelavam apenas tristeza e luto. Mas tudo isso não importava, Harry estava morto e isso, para Gina, fora o pior castigo que podia receber. Ela não conseguia chorar, o choque era grande demais. Apenas acariciava o rosto do moreno e sussurrava:

-Harry,Harry... Não meu amor, não vá por um caminho onde não posso te seguir... Por favor, fique aqui comigo... Não se vá Harry, por favor...- Uma mão delicada e firme se fechou sobre seus ombros e Gina ergueu seu olhar para Hermione, lágrimas não paravam de surgir de seus olhos castanhos escuros e Gina sentia raiva por não conseguir fazer igual e chorar também.

-Gina, você terá que ser forte agora, Harry se... se foi mas nós ainda estamos aqui, cuidaremos de você...- mas Gina não a ouvia, parecia que uma voz terrível gritava em sua mente “Ele morreu! Ele morreu!”. Balançou a cabeça para fazer a voz se calar. Mas não conseguia. Duas mãos fortes a ergueram e a colocaram de pé e antes que ela pudesse reclamar dois olhos azuis a encaravam. A dor neles era eminente. E então uma verdade se apossou dela, ela perdera seu amor. Mas Rony perdera seu melhor amigo. E isso não deveria doer menos.
Quando Rony falou, sua voz saiu rouca e cansada:

-Gina, você precisa sair daqui, precisa descansar. Ficar só vai te trazer mais dor. Hermione, por favor, leve-a daqui. Eu procurarei os outros e iremos aprontar tudo para o- ele parou por instantes e uma lágrima caiu de seus olhos azuis-para o enterro.-Hermione acenou concordando. Mas antes de partir, Gina se abaixou e olhou pela última vez dentro daqueles olhos verdes nos quais tantas vezes se perdera. Beijou a testa do moreno delicadamente, sussurrou “eu te amo” e lentamente fechou os olhos de Harry. Logo em seguida ela se arrependeu, nunca mais eles se abririam novamente, nunca mais eles iriam fazer ela se sentir segura, nunca mais iria ver como eles se tornavam mais claros quando Harry sorria para ela. Mas era tempo de ir. Levantou-se lentamente, olhou para trás apenas uma vez e depois segurou a mão de Hermione, cansada demais para aparatar sozinha.

Instantes depois seus pés bateram no chão empoeirado da sede da Ordem da Fênix; a Casa dos Black. Harry depois da morte de Sirius achou que ela continuaria sendo um bom lugar para a Ordem armar seus planos. Mas agora estava tudo acabado, não havia mais planos, nem Harry, e mesmo a Ordem não iria se encontrar mais.Os dias de jantar farto e todos reunidos nunca mais iriam acontecer, e Gina percebeu que mesmo com o perigo de Voldemort, ela era feliz naquele tempo. Se deixou guiar por Hermione até a cozinha, onde se sentou em uma cadeira e deu um suspiro triste.

-Eu vou fazer um chá para nós duas.- Gina ficara agradecida por Hermione não querer conversar sobre a morte de Harry. Não iria aguentar falar sobre isso, não agora. Observou a morena que, de costas para ela fazia o chá. Gina gostava muito de Hermione, ela sempre ajudara Harry em tudo que ele precisava, era leal e amiga, e sabia ser discreta também. Este último termo ela admirava muito, Gina sempre foi conhecida como a “ruiva emotiva” da família e Harry costumava brincar que o fogo de seus cabelos regia suas ações também. Ela deu um pequeno sorriso, eles poderiam ter sido tão felizes. Iriam ter filhos, Harry já dissera várias vezes que não conseguia esperar o dia de ter uma filha ruiva como a mãe e com os olhos tão verdes como os seus. Ela passou as mãos delicadamente pela sua barriga e se arrependeu de não ter contado para ele antes. “Nós vamos ter um filho Harry, um filho, como você tanto queria”. Ela não havia contado, por puro medo, medo de não poder estar com Harry quando ele mais precisaria medo de perdê-lo, ou de morrer sem vê-lo pela última vez. Mesmo ela não contando que estava grávida ele a tinha proibido de ir junto, a discussão se estendeu e acabara com Gina batendo a porta atrás de sí e Harry gritando que ela agia como uma criança. Mas logo depois, ele pedira desculpas e dissera que ele temia perdê-la. “Não iria suportar te perder Gina” ele dissera. A bandeja de chá que Hermione colocou em sua frente a trouxe de volta á realidade. Estendeu a mão para pegar uma das xícaras, mas Hermione ligeiramente estendeu o braço e a pegou antes. Gina levantou uma das sobrancelhas e Hermione sorriu sem graça:

-Este está sem açúcar, eu não gosto de chá muito doce, pegue o outro Gina.- Ela recitou, mas depois tomou a outra xícara de chá e a experimentou. Estava doce, com mel, como ela gostava. Elas tomaram seus chás em silêncio.Mas pouco antes de terminar sua xícara, Gina começou a se sentir estranha. Suas pálperas estavam pesadas, e as imagens começaram a rodar. Se levantou cambaleante e gritou:

-VOCÊ NÃO TINHA O DIREITO HERMIONE!- Hermione estava calma, e retrucou:

-Gina, seja moderada, você precisa descansar. E acho que você não o faria voluntariamente.-Gina estava com muita raiva, Hermione lhe dera um sonífero sem ao menos perguntar sua opinião. “Mas se ela perguntasse, você não iria aceitar” a voz racional falava em seu cérebro. Se dando por vencida, Gina sorriu pela esperteza de Hermione, e vendo tudo ficando escuro, ela apenas perguntou:

-O que você usou?- A morena sorriu.

-Ervas naturais do Brasil não se preocupe, não vão fazer mal ao seu bebê.Agora durma.-Gina se sentiu caindo na escuridão e uma pergunta ecoava em sua cabeça. “Como ela sabia?”. E então tudo ficou escuro.

“Tudo bem, tudo bem, tudo bem
As estações estão mudando
As ondas se quebrando
Todas as estrelas caem por nós
Os dias aumentam e as noites diminuem
Eu posso te mostrar que serei o primeiro”...

A paisagem era paradisíaca. Uma praia deserta com coqueiros balançando ao sabor do vento, o mar parecia acariciar a areia úmida em seu eterno vai e vem. A água era cristalina e a brisa fazia os cabelos ruivos da garotinha voarem desordenados, ela parecia não se importar, gargalhava gostosamente quando a água do mar batia em seus pequenos pés. Quando tentou se levantar e seguir a água que se distanciava dela, dois braços fortes a seguraram e a rodopiaram pelo ar. A garotinha dava pequenos gritos de alegria e o moreno ria de sua felicidade. Eles estavam juntos, apenas os três. Harry pôs a garota nas costas e começou a se aproximar de Gina, que ria da carinha supresa da garota e do olhar de Harry... Seus olhos verdes transbordavam de felicidade. Quando chegaram mais perto, Harry desceu a garota e ela veio de encontro aos braços abertos de Gina. Quando a tinha nos braços a garotinha perguntou, ansiosa:

-Nós vamos voltar mais vezes aqui, não é mamãe?- Gina sorriu. Harry se sentou ao lado das duas na areia e pôs seu braço sobre os ombros de Gina.

-Claro que sim Lílian, eu e sua mãe, nós vamos vir aqui mais vezes com você. Não é Gina?- quando os olhos verdes de Harry encontraram os castanhos de Gina ela sentiu um calafrio.

-Claro que sim querido. Agora vamos, está ficando frio e sua avó acabará com a nossa raça se você ficar gripada. - As últimas palavras foram dirigidas á Lílian enquanto Harry a “embrulhava” na imensa toalha de praia que eles haviam trazido. Depois de pedir cinco vezes, Harry deixou que Lílian ficasse em suas costas, ficaram assim, andando á beira do mar de mãos dadas durante algum tempo. Lílian já cochilava acima deles quando Harry enlaçou Gina pela cintura, a puxou para mais perto e sussurrou em seu ouvido:

-Eu te amo senhora Potter, e é para sempre.

Gina acordou. O suor cobria seu corpo. E ainda assim, ela sentia frio, e um vazio. Um vazio tão imenso que parecia não ter fim. Fora apenas um sonho. Por um momento, ela pensou ter ouvido sua voz, seu cheiro, por um momento ela pareceu ter sentido a presença de Harry. Mas fora apenas um sonho. Um sonho bom é bem verdade, mas acabara. E era exatamente isso que doía demais. Saber que fora apenas um sonho. Saber que ela jamais estaria em uma praia deserta com Harry. Saber que jamais o filho deles teria a figura de um pai como ele seria. Ela abraçou a se mesma, e finalmente conseguiu chorar. Chorou por Harry, pelo futuro que ela não teria, por Fleur, por Draco, por todos que não tiveram a oportunidade de serem realmente felizes. Apenas parou de chorar quando lhe faltaram lágrimas. Levantou-se lentamente da cama e abriu as cortinas de seu quarto. O sol iluminou o aposento, e Gina percebeu que a vida continuava. Mesmo depois de acontecimentos tão horríveis o sol ainda brilhava, ele não ficava de luto por ninguém. Nem mesmo por Harry. Gina deu um suspiro longo e entrou no banheiro. Olhou-se no espelho e o choque foi tão grande que ela quase caíra para trás. Ali, olhando para ela estava uma mulher ruiva, mas não podia ser ela, aquela mulher parecia muito mais velha, estava com olheiras e mal dava para ver a cor de seus olhos. A velha Gina cheia de vitalidade e alegria havia morrido junto com Harry. Mas ela iria se reerguer, por seu filho que estava em seu ventre; Gina iria se reerguer e pelo menos tentar trazer de volta a antiga Gina, a Gina da qual todos gostavam, a Gina que Harry amara tanto. Tirou sua roupa suada e entrou debaixo do chuveiro, quando a água bateu em seu rosto, lembranças inundaram a memória da ruiva.

Era um dos dias mais quentes que Hogwats jamais vira. Os estudantes procuravam se refrescar nas sombras acolhedoras das árvores ou mergulhando suas pernas no grande lago. Hermione tentava em vão ensinar a Rony uma matéria de poções, mas o ruivo parecia muito mais interessado em apenas observar a jovem e de ver o quanto ela ficava encabulada com o seu olhar e o repreendia com seus discursos de sempre. Junto com eles estavam Luna e Neville, Neville com uma nova planta que acabara de germinar e que obviamente era perigosa demais para ficar no dormitório (Dino Thomas havia alegado que acordara com a planta enlaçando seu pescoço). Luna estava muito interessada no exemplar d’O Pasquim aberto em seu colo e conversava com Neville sobre Plaumaskys e seus atributos. A única que não parecia entretida era Gina, que apesar de alguns risinhos melancólicos mostrava estar bastante apreensiva. “Droga, onde está você Harry?” ela pensava. Quando então ela notou um farfalhar de asas minúsculas e depois de alguns segundos, estendeu as mãos para o pequeno pomo de ouro que voava em sua direção. A pequena bola dourada pousou em suas mãos abertas e se abriu, revelando um bilhete. Com um sorriso nos lábios, Gina olhou em volta, Hermione estava brigando com Rony sobre o poder de cura do benzoar, enquanto Luna gargalhava enquanto a planta de Neville se rastejava lentamente sobre o corpo do rapaz. Não havia ninguém prestando atenção. Abriu o bilhete e encarou a letra torta e, como sempre, escrita apressadamente de seu namorado.

“Ruivinha,
Encontre-me atrás do salgueiro lutador. Tenho uma supresa para você.
H.P.”

Gina se levantou em um pulo, e falou sobre seus ombros:

-Já volto. -Como estava de costas não conseguia ver a troca de olhares entre Hermione e Rony, nem o olhar de compreensão esperto de Luna, Neville estava bastante ocupado tentando evitar que sua planta o sufocasse para prestar atenção.

Apenas quando chegou perto do salgueiro lutador é que a ruiva percebeu que estava correndo. Quando chegou ao local combinado, tomando cuidado para ficar fora de alcance da enorme árvore, uma pontada de decepção tomou conta dela. Ele não estava lá. Olhou em volta, nada. Apenas as gargalhadas distantes de alunos do primeiro ano que estavam sendo atingidos por bexigas d’água enfeitiçadas por Fred e Jorge Weasley. Suspirou e já ia embora, quando ouviu um assobio. Dava para se confundir o assobio com o canto dos pássaros, mas Gina tinha certeza que era humano. E vinha da floresta proibida. Receosa, ela seguiu o assobio, chegou à extremidade dos gramados do jardim do castelo, mas não conseguia ver ninguém. Gina chegou mais perto dos arbustos velhos e ressecados e mirou o nada. Ela não estava preparada para o que veio a seguir. Dois braços fortes a puxaram para dentro dos arbustos e antes que ela pôde parar para pensar ela já estava tentando gritar e esperneava, uma mão cobria sua boca e a outra tentava proteger o corpo dos chutes da ruiva. Havia um declive nos terrenos naquele local Gina e a criatura desconhecida rolaram pelo chão da floresta proibida até pararem. Ela apenas parou de chutar e tentar morder a mão que cobria sua boca quando uma gargalhada familiar encheu o ar. Abriu os olhos e encarou dois olhos verdes que aparentavam estarem se divertindo imensamente em vê-la naquele estado. Gina sorriu também, involuntariamente, e deu uma leve cotovelada para Harry sair de cima dela. Ele ainda estava sentado no chão rindo como nunca antes, quando Gina se levantou e falou em tom de censura:

-Não teve graça Harry. Poderia ter sido um comensal da morte, um lobisomem ou só Merlin sabe o quê. -Harry se levantou lentamente e beijou a ruiva na bochecha, logo em seguida a abraçou e murmurou em seu ouvido:

-Desculpe, eu não pude me conter. -mas Gina não estava prestando atenção em suas palavras, seus olhos castanhos miravam a maravilha que se erguia em sua frente, se desvencilhou de Harry e não pôde deixar de abrir a boca para o que via. Um riacho cristalino ziguezagueava por entre as enormes pedras, árvores se erguiam a todo canto, mas estas árvores eram diferentes, eram verdes e belas diferentes das fantasmagóricas que se costumava ver naquela floresta. E em todo espaço vazio flores de todas as cores enfeitavam o chão como um belo tapete. Pássaros cantavam e o farfalhar das folhas ao vento dava ao lugar um tom mágico. Gina estava tão encantada que nem notara que Harry colocara seus braços em volta dela, e sua cabeça em seu ombro. Ficaram assim durante alguns minutos, finalmente Harry murmurou no ouvido de Gina:

-Gostou?-Gina estava simplesmente deslumbrada com tudo aquilo. Suavemente devolveu:

-É lindo Harry. -Se soltou do abraço protetor do moreno e o encarou com um sorriso nos lábios:

-Como achou este lugar?-Harry lhe deu as costas, dando atenção a algo que ela não podia ver.

-Bem, você sabe, com todas aquelas detenções na floresta negra que eu recebi durante esse ano, enfim, acabei achando esse lugar, acho até que devemos agradecer ao Malfoy, se eu não tivesse lançado aquele feitiço no cabelo dele, nunca teria encontrado esse lugar. E, bem, faz um ano que namoramos, pensei em fazer algo especial. - e com um sorriso enorme se voltou para ela, com as mãos cheias de morangos silvestres maduros.


-Ah Harry, é tão lindo. - Gina foi ao encontro dele e lhe deu um beijo. Longo e apaixonado, como eles esperavam que fosse seu relacionamento. Depois de algum tempo os dois estavam em cima de uma das pedras, Harry com os pés mergulhados na água do riacho, Gina deitada com a cabeça do colo do moreno que alternava lhe dando beijos e morangos silvestres. Gina terminou de mastigar o doce fruto e falou:

-Sabe Harry, o mundo poderia acabar agora, eu não me importaria nem um pouco. -O moreno sorriu mirando as árvores e sussurrou de volta:

-Sim, mas antes terei que acabar com Voldemort. -Gina levantou sua cabeça para conseguir ver melhor o namorado.

-Não há mesmo outra solução não é?!-Harry sabia que ela implorava para que ele falasse que havia sim outra solução, uma solução que não colocava ninguém em perigo, mas não havia. Ele balançou negativamente a cabeça e olhou nos olhos castanhos da ruiva que agora se enchiam de lágrimas. Gina se sentou e abraçou Harry longo e calorosamente. Sua voz saiu rouca e temerosa naquele momento:

-Eu tenho tanto medo de te perder Harry, tanto medo. -Harry fechou seus braços em torno dela e falou mais para si mesmo do que para a ruiva naquele momento, e ele não sabia o quanto àquelas palavras doeriam nela um tempo depois:

-Nada vai acontecer comigo, eu prometo, nada vai nos separar. - Gina olhou nos olhos verdes e só conseguiu ver a verdade, Harry a puxou para mais perto e a beijou. Fora um beijo inesquecível para ambos, os dois sonhariam com esse beijo durante bastante tempo. Gina massageava a nuca de Harry, encanto ele passou a beijar o pescoço da ruiva delicadamente, inclinou mais seu corpo sobre o de Gina, forçando-a cuidadosamente a se deitar sobre a pedra. As próximas palavras vieram quase que automaticamente dos lábios de Harry:

-Eu te amo muito. -Gina sorria docemente enquanto Harry começava a desabotoar sua camisa, ela tirava a gravata vermelha e dourada do moreno e a deixou de lado, jogando-a no riacho sem perceber, mas aquilo era o que menos importava naquele momento.

-Gina?

A ruiva voltou a sentir a água cair sobre seu rosto e abriu os olhos, fora apenas uma lembrança. Mais uma. Ela pegou uma toalha limpa e se enrolou antes de abrir a porta do banheiro. Era Hermione. Vestida em um roupão e com os cabelos elétricos apontando para todos os lugares. Parecia preocupada e foi logo falando, apressadamente:

-O café já está pronto, você está melhor?-Gina respondeu com um leve aceno de cabeça e Hermione sentiu que ela queria ficar sozinha. Ela assentiu e se virou para sair do quarto, quando já estava na porta, Gina chamou:

-Ahn, Mione?-a morena se virou e encarou Gina, de modo gentil.

-Sim?

-Bem, como você sabe? Quero dizer, não contei para ninguém, nem mesmo Harry sabia. -Hermione lhe lançou um olhar cheio de compreensão.

-Da sua gravidez? Ora Gina, esqueceu que eu sou mulher também? Senti você preocupada constantemente e nervosa, depois observei você alisando distraidamente seu ventre, foi como somar dois mais dois. -E com uma piscadela, a morena se afastou e saiu do aposento. Gina sorriu, a cada dia, Hermione ficava mais parecida com seu irmão.

Quando desceu as escadas empoeiradas da mansão, a solidão se apossou dela, podia ouvir palavras na cozinha, mas isso era a mesma coisa que nada naquele momento. Ele não estava lá. Tudo ficara tão, vazio. Nem mesmo Fred e Jorge estavam bagunçando o lugar, nada de bombas de bosta ou algo do tipo. Até Monstro quando a viu não lançou nenhum insulto e a ruiva chegou a pensar que ele estava triste também; apenas olhou para ela e logo depois, baixou o olhar e foi se arrastando para o buraco mais próximo. Gina o ignorou. Ouvia vozes na cozinha e queria se juntar a elas. Queria conversar sobre qualquer coisa, menos Harry. Porém quando entrou na cozinha percebeu que não iria conversar sobre nada, pois assim que seus pés tocaram o aposento, o silêncio pareceu engolir a todos. Tonks estava encostada em uma das paredes, seu cabelo negro e sem vida, em forma de luto. Ron estava ajudando Hermione a fazer algumas panquecas, seu rosto estava apreensivo e seu olhar, melancólico. Fred e Jorge estavam sentados na mesa, Fred mirando o nada e Jorge com a cabeça baixa. Gina percebeu que nem Olho-Tonto estava lá, tampouco Lupin. Um medo se apossou dela, eles haviam partido também? Mas antes de poder perguntar, ela foi quase sufocada pelo abraço de sua mãe. Molly Weasley chorava e fungava sem parar, Gina se soltou dela lentamente, encarou seu rosto materno cheio de aflições, e sorriu. Depois se virou para todos poderem ouvir:

-Eu estou bem, por favor, não parem de conversar por minha causa. -Seus olhos castanhos percorreram o aposento, para ter certeza de que todos haviam entendido. Depois caminhou lentamente até a mesa e se sentou do lado de Fred. Seu irmão a olhou com piedade, e não conseguindo resistir, a puxou para um abraço. Enquanto se sentia abraçada, lágrimas percorreram o rosto da ruiva, “ainda bem que não aconteceu nada com eles”. Quando Fred a soltou desajeitadamente, ela sorriu em agradecimento e segurou a mão que Jorge estendia para ela sobre a mesa. Mais afastando, Ron sorria para ela levemente. Então Gina percebeu que amava aquelas pessoas mais que tudo, a sensação de perder um deles doía nela e se comparava à dor que estava sentindo por não ter mais Harry perto de si. Quando Hermione colocou um prato de panquecas na sua frente, ela percebeu o quanto estava com fome. Comeram em silêncio, cada um preocupado com seu prato. Enquanto a Sr.Weasley enfeitiçava os pratos para eles se limparem, Gina se dirigiu a Ron:

-Onde está papai?-o ruivo sorriu para acalmá-la e respondeu calmamente:

-No ministério, onde mais? Agora que Voldemort está derrotado o trabalho lá dobrou, tranqüilizar os trouxas e os bruxos, caçar alguns comensais que fugiram essas coisas.

-Hmm. -foi a única coisa que ela conseguiu dizer, a vida realmente continuaria. Hermione se aproximou dela e colocou sua mão no ombro da ruiva:

-Bem, se quiser, podemos ir para o cemitério sabe? Ele já foi enterrado, mas acho que você vai querer visitá-lo ainda. -Gina sorriu para o inevitável, acenou para Hermione e respondeu que aquilo era o que ela mais queria desde que havia sido trazida para lá algumas horas antes.

-Então vamos!-Hermione iria tocar na mão de Gina, mas esta se afastou repentinamente e olhou para a sua mãe, Molly balançou a cabeça em sinal negativo, não iria junto. A ruiva assentiu e segurou a mão de Hermione, e logo sentiu aquela sensação nauseante de aparatar.

Seus pés bateram em um solo terroso. Gina olhou em volta e pensou estar em uma aldeia do interior. Árvores rodeavam o pequeno cemitério, que era bonito. Em todas as lápides haviam flores e uma brisa leve encantava o lugar. Era outono e as folhas caíam levemente sobre algumas lápides, cobrindo-as como um cobertor marrom-alaranjado. O chão do pequeno cemitério era feito de cascalhos, elas caminhavam em silêncio até Hermione parar na frente de duas lápides com uma flor discreta cada uma decorando a pedra morta. Gina piscou, nenhuma das duas era a lápide de Harry, mas quando leu os nomes dos donos, ela entendeu.

“James Potter 1930-1964”
“Lílian Potter 1931-1964”


Gina parou e ficou mirando aqueles nomes durante algum tempo. Eram os pais de Harry, estavam ali, mortos. Enterrados e provavelmente esquecidos pela maioria dos bruxos. Isso se comprovava pelo estado das duas lápides, estavam sujas e cobertas por plantas, apenas aquelas duas flores mostravam que alguém ainda se importava com eles. Sabendo o que encontraria se olhasse para os lados, Gina finalmente olhou, e fosse como se tivesse levado um soco no estômago. Ali, na sua frente estava uma lápide, mas ela não era velha, muito pelo contrário, a terra na sua frente havia tapado a cova á pouco tempo. Flores cobriam a lápide inteira, finalmente, Gina teve coragem de ler:

“Harry James Potter 1963-1982
Um grande homem, bruxo e amigo”

“Nunca deixarei você cair
Eu enfrentarei tudo com você pra sempre
Eu estarei ao seu lado apesar de tudo isso
Mesmo que salvar você me mande pro céu”

Ela se ajoelhou, a dor era insuportável. Hermione se abaixou para ajudá-la, mas Gina com as mãos, gesticulou que estava tudo bem. Mas não estava. Ali estava a prova de que tudo não fora apenas um sonho ruim. Era tudo verdade, a verdade cruel que persegue todos nós quando insistimos em viver em um mundo de fantasia. Gina olhou para Hermione e falou:

-Me deixe sozinha, por favor. - A morena protestou:

-Gina, eu não posso deixar você aqui sozinha...

-Por favor, por favor, Hermione, deixe eu me despedir dele. -Hermione assentiu se levantou e o barulho dos seus passos foi diminuindo, até sumir.

Gina se voltou para o túmulo e acariciou levemente as palavras douradas, “parece que somos só nós três agora”. E então ela chorou. Chorou até as lágrimas secarem e ficou ali, ajoelhada diante da cova de Harry. E depois uma raiva se apossou dela, “você não tinha o direito Harry”, “você me prometeu... por que mentiu?”, “você me prometeu... nada iria acontecer com você, e aconteceu”... Ficou ali até seus dedos ficarem gelados, era outono, mas já fazia bastante frio e, de repente um vento forte fez seus cabelos ruivos dançarem no ar. Olhou para os lados e seu coração parou. Havia alguém se aproximando dela, era um homem. O sol estava se pondo, ela não fazia a mínima idéia que já estava tão tarde, e assim, ela não reconheceu a figura que se aproximava. Estava com um cachecol no pescoço e andava levemente curvado por causa do vento. “Não, não pode ser...” uma esperança cresceu dentro dela, seria Harry, seria ele que voltaria para ambos serem felizes? Porém, quando a figura se aproximou mais, Gina não pôde esconder seu desapontamento. Era Lupin. Este parecia feliz em vê-la e apenas acenou levemente. Quando chegou mais perto, ele falou:

-Pensei que sabia que os mortos não voltam Gina. - a ruiva assentiu e se sentiu uma criança boba, como ela chegara a pensar que veria Harry de novo?! Lupin agora tirava calmamente algo de seu casaco e continuou:

-Mas eles podem deixar recados sabe?- Gina parou instantaneamente e olhou nos olhos cansados e cinzas de seu antigo professor. Este tirou de seu casaco velho um envelope e o entregou para ela. Um buraco parecia se abrir quando ela reconheceu a letra torta e apressada de Harry, olhou para Lupin e ele acenou, ela deveria abrir. Abriu a carta com as mãos tremendo e a segurou na frente dos olhos, enquanto lia, lágrimas não paravam de descer de seus olhos castanhos e pingar no casaco que ela usava. Estava escrito:

“Ruivinha,
Se o velho Lupin te entregou esta carta é porque eu parti desta para melhor, ou pior, não sei ao certo. Porque caso contrário, ele queimaria essa carta na lareira mais próxima e você nunca saberia da existência dela. Quero pedir para que você não fique triste, porque, afinal ao seu lado eu fui a pessoa mais feliz do mundo durante muito tempo. Eu te amo acima de tudo, quero que você saiba disso. Diga ao Ron que foi um prazer ser seu amigo, e á Hermione que eu estou honrado em poder ter sido seu fiel escudeiro durante tanto tempo. Eu os amo também. E ruivinha, por favor, não chore. Porque, se eu consegui levar Voldemort junto comigo, eu cumpri a minha missão e se eu não tiver conseguido não se atreva a chorar por mim, eu não mereço. Sei que será difícil para você (ou pelo menos, assim espero) superar a minha perda, mas eu fui embora carregando uma parte de você comigo e sei que você carrega uma parte de mim junto com você. Eu te amo demais, não se esqueça disso nunca.
E eu estαrei contigo sempre!
αté αs estrelαs não brilhαrem mαis
os céus romperem e αs pαlαvrαs não rimαrem
e eu sei que quαndo eu morrer
você estαrá nα minhα mente.
E eu te αmαrei eternαmente.
Harry James Potter”
Fim.

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Fic dedicada a Memo : )
Gente, opiniem por favor (pode dizer que tá uma bosta)
hahahah'

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