- Aula sobre a lua cheia -



- Abram na página trezentos e quarenta e dois! – soou a voz do professor Aluísio depois de bastante tempo em silêncio, apelas quebrado pelo farfalhar das penas em seus pergaminhos. – Muito bem! Vamos falar um pouco sobre pogrebins... - Já não vimos isso, professor? – perguntou Muliphen interrompendo o próprio professor, coisa que ele pouco fazia. - Não está parte! – disse o professor já se irritando. – E da próxima vez, Sr. Howard, tente levantar a mão antes de falar! Acabou me interrompendo! Bem... Os pogrebins são... - Professor, tenho quase certeza que o professor Gorgeus havia falado sobre eles, e disse que era melhor não se aprofundar mais pois precisávamos de um exemplo vivo para analisarmos de perto, coisa que só seria permitida a partir do segundo ano... – agora foi a vez de Lupin, por incrível que pareça. - Bom... É isso? Vocês não querem ver a matéria? Senão eu fico aqui sentado e são três rolos de dois metros de pergaminho sobre o que vocês viram desde o começo do ano até agora... E levante a mão antes de falar. Sirius cutucou Lupin que ficou muito calado, a idéia de ter que resumir tudo que viram até o momento seria monstruoso, preferia nem pensar. Que ele desse a matéria novamente! Pelo menos estava conseguindo entender tudo muito bem até o momento. - O professor esqueceu-se de tomar o remédio dele hoje... – comentou Tiago com Sirius, Lupin e Pedro que também estava sentado por perto, este soltou uma imensa risada que chamou até a atenção do professor. - Do que está rindo? – perguntou com os olhos flamejantes mirados fixamente em Pedro. – Responde! Está rindo do quê? Pedro empalideceu. Como sempre, quando ficava sem palavras, começava a balbuciar. - Contei uma piada, professor. E ele começou a rir, algum problema? – perguntou Sirius petulante. O professor enrubesceu. Aquelas palavras eram suficientes para ele mandar um aluno para fora de classe, mas não o fez. Em vez disso, disse com toda a calma que o dever de casa seria um pequeno resumo sobre pogrebins, e para Sirius, um resumo de três pergaminhos de um metro e meio sobre o que aprenderam até aquele momento, desde o começo do ano, tudo o que ele menos queria. - AH! – berrou Sirius jogando o material todo escada abaixo, depois que a aula havia terminado. – NÃO ACREDITO! E EU TE SALVEI DA ENCRENCA! ISSO É PIOR QUE DETENÇÕES! - Calma... Não faz ué... – disse Tiago com toda a calma. - Não fazer? Como isso? “Olha, professor, sabe? Eu não quis fazer, sabe?” Não! Aí levo pior do que isso! - Mas eu faria isso... – disse Tiago com um bocejo. - Seus pais? - Eu disse que não faria isso. – corrigiu. Remo forçou Sirius a passar o resto da tarde, o horário em que não tinham aula, na biblioteca. O amigo estava tentando ajudá-lo, mas um resumo como aquele poderia tomar mais do que um dia para Sirius... Para ele, aquilo era o fim do mundo... - Não consigo e não quero! – enfureceu-se. - Sirius, você prefere uma detenção?! - Prefiro! - Então... Se vire. – disse o outro o olhando atentamente como se esperasse que Sirius continuasse o trabalho sozinho. O que se passou pela cabeça de Sirius era meter um soco bem no nariz de Remo, mas não o faria, não teria coragem de bater em um amigo que nem estava lhe fazendo mal. Só que aquele dever estava começando a irritá-lo. Ele já havia resumido sobre alguns seres inferiores do mundo mágico, mas aquela foi a matéria do começo do ano, ou seja, ainda faltava muito. Ele hesitou por um instante, mas, no final, a reação foi a passada por sua mente: bateu o livro com força fechando-o, levantou-se e saiu da biblioteca, deixando um incrédulo Remo para trás. Este ainda resmungou antes de devolver o livro a uma prateleira, retirar outro da mochila e voltar a sua atenção para uma leitura que o acalmava. Sirius ainda estava inconformado com o professor de defesa contra as artes das trevas, e ainda mais com o dever passado especialmente para ele. Realmente não era nada benéfico, não para o garoto que já desaparecia por um corredor. Não tardou muito para encontrar seu alvo de descarregamento da sua frustração: Snape. E ele não estava como sempre, seu cabelo estava manchado de amarelo como uma gema de ovo que estourara em sua cabeça, ou seja, alguém já o irritara antes. Sirius viu a figura de Tiago ligeiramente atrás de Severo rindo, e não parou mesmo quando o outro foi embora. - Ah... Como fazer um omelete sem aquecer o ovo no óleo, Snape? – gritou Tiago, na esperança que o garoto ainda o ouvisse. – Ah, Sirius! – exclamou ao ver o amigo se aproximando. – Eu estava tentando ensinar ao Pedro como se faz um omelete com óleo natural... Aí apareceu o ranhoso... Hum... E você? Terminou aquele resumo? – perguntou mudando de assunto. Sirius pigarreou e negou com a cabeça. Outro assunto se passava por sua cabeça: a detenção que realizaria dali a três dias. Apesar de não querer ouvir aquilo que viria a seguir, Tiago continuou: - Isso vai ser ruim pra você, não? O professor não parecia muito feliz ao passar aquele dever. - Se der tempo eu faço... – mentiu Sirius, realmente não sabia como se livrar daquela enrascada. Pior mesmo foi na noite do sábado, o qual ele e Tiago foram forçados a sair do dormitório de noite para cumprir a detenção, ou poderia acontecer algo pior. Ambos estavam cansados, ficaram o dia terminando uma pesquisa de Astronomia passada no dia anterior. Deixaram Pedro dormindo em cima dos livros e Remo estudando, e saíram do salão comunal. Apesar de estarem cansados por não terem conseguido dormir no dia, e, pelo jeito que os fatos aconteciam, poderiam ter que ficar sem dormir mais um dia. - O que é mesmo pra fazermos? - Se eu não me engano era lustrar todas as armaduras do colégio e limpar todas as estátuas... – respondeu Tiago com um bocejo. – Sabe quantas são? - Não... Mas devem ser mais de duzentas... – respondeu Sirius desanimado. – Que diferença vai fazer deixar de dormir mais uma noite! – resmungou ironicamente. – “Qual a diferença que fará?” Quando os dois estavam chegando perto da sala de McGonagall, pararam de chofre ao ver a figura de Pringle. Ele sorria maliciosamente e, depois de analisá-los da cabeça aos pés, estendeu a mão pedindo as varinhas. Eles obedeceram. Logo, conjurou baldes e panos de limpeza. - Vocês já devem saber o que vão fazer... Trabalhando! Os garotos tiveram que realizar aquele trabalho, começando pelo primeiro andar. Logo viram que estavam certos de alguma coisa: aquilo iria tomar-lhes a noite inteira. Em cada corredor havia uma ou mais estátuas, e seu trabalho era vigiado de perto por Pringle. Eles nem ao menos podiam discutir a sós sem serem ouvidos. - Vamos! Quero ver esta armadura brilhando! – exclamou ao ver o desânimo dos dois em lustrar a décima armadura. Sirius estava rezando para que algo acontecesse e distraísse Pringle, queria descansar um pouco apesar de terem mal começado. Continuou esfregando o pano com o produto na armadura, enquanto Tiago caminhava em direção a uma estátua. - Trate de limpar isso bem! Ou terão que refazer o trabalho depois de terminá-lo! – exclamou, forçando-os a acelerar o trabalho. - Espera aí! Isso é uma detenção, podemos demorar o tempo que a gente quiser desde que façamos o trabalho! – respondeu Tiago, largando o pano e voltando-se para encarar Pringle. O outro o encarou com um olhar frio, soltou um leve sorriso malicioso. Porém, não chegou a falar nada, pois um estrondo cortou o silêncio que havia dominado o local por poucos segundos. O zelador andou pelo corredor, tentando identificar de onde vinha o barulho, até este ocorrer e novo, seguido de uma risada alta. - Pirraça... – murmurou entre dentes e foi-se atrás de onde o poltergeist poderia estar. Isso deu um alívio para os outros dois que estavam trabalhando. Sirius esperou o zelador desaparecer de vista e trocou olhares com Tiago. - Finalmente podemos ter algum descanso... Espero que ele não volte... - É... Hum... Enfim, o que você acha do caso de Gorgeus? – perguntou Tiago mudando repentinamente de assunto, ainda limpando a estátua. - Já nem sei mais, cara. Cada dia tem uma novidade... ruim... Eu preferia o Gorgeus do que este Aluísio Mala... Mas, como William cada dia piora, só podemos contar com a sorte. Ele até parecia ser uma boa pessoa, diferente deste novo professor! Espero que Gorgeus fique bom logo. - Concordo – e bocejou. – Pronto, terminei esta estátua. - Mas... Em relação a Lupin, eu nada descobri. Devemos desistir? – perguntou começando a lustrar outra armadura. - Muito menos eu... Mas nós poderíamos apenas deixar o caso de lado por enquanto, se acontecer algo a mais, voltamos a investigar, e desta vez será para valer! Mas agora, infelizmente, temos armaduras para polir e estátuas para limpar. Ficaram por muito tempo naquele mesmo trabalho, já haviam acabado com mais de um andar. De vez em quando, ouviam os gritos de Pirraça e de Pringle, o zelador ainda não devia ter conseguido pegar o poltergeist. Mas eles tinham trabalho a fazer, e quanto antes terminassem, melhor. Os garotos já tinham perdido três horas limpando aquelas armaduras. Conversavam enquanto caminhavam por um corredor baldio. Falavam sobre qualquer assunto apenas para tentarem-se manter acordados sem se entediar com o trabalho. Todas as figuras dos quadros dormiam em sono profundo, até Pirraça parecia ter acalmado. - Sabe quantas armaduras já polimos? – perguntou Sirius bocejando, ao ver mais uma estátua pela frente para limpar. - Não faço idéia... Mas devem ter sido umas mil... – brincou o outro. - Ah sim... Estamos a um dia trabalhando! – e sorriu. Sirius tentava esquecer a tarefa enquanto a realizava. Contudo, quando o fazia, seus pensamentos o levavam aos acontecimentos no Natal. Primeiro Lupin na ala hospitalar, depois seu professor desmaiando na sua própria frente. Esfregava aquela estátua de uma bruxa com vontade, mas ainda se lembrava dos olhos vidrados do professor. Limpava aquela corcunda da bruxa, porém viu Lupin todo cortado na sua frente, e logo ao lado Muliphen. Ao perceber o que fazia, até se assustou ao ver aquela estátua da bruxa corcunda, e achou algo de familiar naquela estátua, por incrível que pareça. - Esta estátua não é tão bonita pra ficar a encarando... – comentou Tiago acabando de polir uma armadura. - Não é isso... Ela me parece familiar! - Quem sabe não é a sua mãe! Argh! – riu-se o outro. - Minha mãe não é tão feia... Não por fora – completou Sirius. – Mas não é isso... É... Murzim! - Que legal... Esta armadura me lembra minha tia... Ela é toda enferrujada também. - Não é isso! Não se lembra que Murzim falou algo sobre uma bruxa corcunda e com apenas um olho? Pois bem, aprece que encontramos a bruxa! É uma estátua! E Muliphen comentou uma vez algo sobre esta estátua. Ele disse sobre as passagens secretas do castelo, algo assim. - Passagens... Hum... – disse o outro pensativo. Tiago aproximou-se da estátua e chutou-a com força. Depois se virou para Sirius e falou entre dentes: - Este não é o melhor modo para abri-las... - Pode ser alguma palavra! - Agulha... Desculpe, foi a palavra que veio na minha cabeça – e Sirius riu. - Mas em si, podemos tentar descobrir o segredo por trás desta estátua... - Não! Se há uma, deve haver outras! Não vamos perder tempo atrás de apenas uma! - E você tem tempo pra procurar o resto delas? - Meus sonhos... Uma vez eu encontrei o banheiro mais realista que eu já vi em sonhos, só me lembro que depois tudo ficou quente e alguém berrou um feitiço em cima de mim... Só que era de verdade, foi meu pai. Não preciso completar – sorriu sem graça. – Afinal... Como você se lembrou disso? - Eu não sei. Tem coisas que lembro sem querer – analisava a estátua atentamente. – Ah! Tem que terminar este trabalho sujo! - Eu já acabei por aqui, depois nós voltamos para analisar mais esta estátua... Como é uma estátua, ela não vai sair andando por aí... Levaram ainda muito tempo, e quando estavam terminando a tarefa, já no sétimo andar, conversavam sobre o popular jogo dos bruxos: quadribol - Sabe, eu realmente estou ansioso para o próximo jogo! A grifinória vai massacrar a Lufa-Lufa! Escreva o que estou dizendo! - Eu espero que sim... No Natal, Lupin me ensinou a jogar xadrez de bruxo, já jogou? - Xadrez? Isso é pra quem não tem mais o que fazer, cara! - Não é disso que estou falando. Eu gostei do modo como uma peça toma o lugar de outra! Engraçado demais... - Você tem problemas... Ah! Que beleza de corredor! – completou ao deparar-se com um corredor com várias armaduras. – Imagine o tempo que levaremos apenas neste corredor! A cara de desânimo de Sirius mostrou claramente seus pensamentos. E pior: após terem terminado de lustrar todas as armaduras, Pirraça passou pelo corredor derramando um líquido viscoso em cima das armaduras como havia feito antes só que com os alunos. Os dois ficaram espasmos com todo o trabalho à toa. Pouco tempo depois, veio o zelador em seu passo manco, porém este parecia cansado demais. - Pirraça... Esta peste nunca descansa... E vocês! – disse encarando os alunos diante dele. – Não vão limpar este corredor não? - Na realidade, ‘meu senhor’... NÃO! Trabalhamos duro, Pirraça estraga tudo e o senhor ainda quer que refaçamos o trabalho? Desisto! – berrou Sirius jogando o pano dentro do balde de água com sabão e disparou corredor afora. Antes mesmo de Apolíneo responder, Tiago havia feito o mesmo, deixando o zelador emburrado parado no meio do corredor, muito calado. Os dois não demoraram muito para alcançar a torre da Grifinória, não era tão longe. Mal sabiam as conseqüências que aquele ato poderia causar, estavam apenas querendo descansar. Até esqueceram-se de pegar suas varinhas. Entraram no salão comunal, eram quase três horas da manhã, subiram para o dormitório e se deitaram em suas camas, sem ao menos trocar de roupa. Ambos dormiram mal, acordaram seguidas vezes na mesma noite, algo parecia os impedir de dormir, ficaram apenas de olhos fechados, esperando a luz entrar pelas janelas, absortos em seus profundos pensamentos. Também não demoraram muito a acordar, antes das nove e meia da manhã já estavam de pé. Discutiam perto da lareira sobre a tarefa que haviam terminado na madrugada daquele mesmo dia. - Injustiça! Ontem, depois que me deitei é que senti a falta da varinha! Eles têm que devolver nossas varinhas! O quadro girou para o lado e Lupin entrou correndo ao encontro dos outros dois rapazes. Ele parecia esbaforido. - A professora McGonagall disse que quer ver os dois na sala dela daqui a quinze minutos! - Como? – perguntou Sirius incrédulo. - Eu não sei, ela só pediu para avisar a vocês! O que fizeram ontem? - Cumprimos a detenção... – respondeu Tiago com um bocejo. – Ficamos até umas três horas acordados. - Vocês pelo menos terminaram a tarefa? - Não, estávamos aqui neste andar, lustrando uma enorme galeria de armaduras, havíamos terminado todas quando Pirraça passou e sujou tudo novamente. O zelador imbecil apareceu e nós mandamos no pé. - Vocês não têm jeito... - Quem mandou o Pirraça sujar o nosso trabalho? Pringle ainda queria que limpássemos tudo de novo. Ah não! - Primeiro que foi um erro terem invadido a seção reservada da biblioteca sem permissão e ainda de noite! E para fazer Deus lá sabe o que arriscando suas próprias vidas quando colocaram as mãos naquele livro amaldiçoado! Tiago parecia ter bloqueado a mensagem de Lupin, e logo depois deste ter terminado, soltou um bocejo. O mesmo fez Sirius. Lupin olhou os dois com desapontamento e continuou, como se eles ainda o escutassem: - De qualquer forma, vocês terão que comparecer à sala de McGonagall ou irão entrar em uma fria maior do que esta em que estão. – e foi se distanciando. – Ah! E se quiserem tomar café da manhã, é melhor também se apressarem! – completou e desapareceu pela escada em caracol que levava ao dormitório. Os dois tiveram que seguir o conselho do amigo, por mais que não quisessem e, poucos minutos depois, estavam diante da porta da sala de sua professora de transfiguração. A porta se abriu e os dois entraram, Minerva estava sentada em sua mesa trajando vestes usuais e o cabelo preso no mesmo coque de sempre. - Muito bem, Sr. Potter e Sr. Black. Sentem-se aqui. – e indicou uma poltrona diante de sua mesa e os dois obedeceram. – Antes, eu gostaria de perguntar o porquê de vocês terem largado a detenção logo no final desta? Querem outra? – sua voz parecia calma até demais. - Professora, Pirraça sujou tudo o que tínhamos limpado... Se refizéssemos o trabalho, não iríamos mais dormir... – disse Sirius em mesmo tom. - E Pringle nem ao menos nos ajudou! Tratou-nos como se nós que estivéssemos errados. – completou Tiago. - Certo, então. Vou descontar apenas vinte pontos da Grifinória, pelo menos vocês limparam a maior parte das armaduras... Podem ir tomar o café da manhã antes que este acabe – disse por fim. – E creio que isto deva ficar com vocês – e entregou as varinhas aos garotos. Os dois saíram espantados com o modo calmo e sereno que Minerva os tratou. Haviam até pensado que iriam receber outra detenção ao entrarem em sua sala. Caminharam em direção ao Salão Principal para o café da manhã. Depois do café, Sirius conseguiu convencer Lupin a fazer o resumo de defesa contra as artes das trevas para ele, usando argumentos que eram em parte verdadeiros, sendo que teve que ficar ao lado do amigo ajudando, pois deveria ser ele a fazer o resumo. E se não fosse Remo, Sirius poderia acabar com outra detenção. Conforme os dias passavam, os alunos estavam cada vez mais irritados com Aluísio e as exigências sobre o dever de casa que passava, o qual se pode ser resumido no número de alunos que ficam na biblioteca ter aumentando. Sirius e Tiago não viam mais William, sempre quando visitavam a ala hospitalar, na chance de ver o professor curado ele não estava lá. Os professores também não estavam querendo falar sobre ele. Estavam começando a ficar irritados com esta omissão. Como o número de pessoas diariamente nas bibliotecas começou a aumentar, estava cada vez mais difícil para pesquisar sobre o problema de Lupin, e o tempo que sobrava para eles também não ajudava. Lupin só retornou a desaparecer no dia de aula de Astronomia, dia vinte e oito de abril. Na semana anterior, a professora havia avisado aos alunos que neste dia seria uma aula diferente. Todos os alunos pareciam ansiosos para aula, diferente de Sirius e Tiago, que perderam de vista Lupin após o jantar. Pedro também parecia preocupado com o garoto. Como Remo nunca foi de faltar aulas intituladas importantes, aquilo estava levantando uma suspeita maior. Todos estavam no Salão Comunal, conversando, eram quase onze e meia da noite, o horário daquela aula. - Eu não vi o Lupin nem ao menos antes do jantar! – comentou Pedro encarando a lareira. – Espero que lá em cima não esteja frio... Não saio daqui para ver o céu estrelado e morrer de frio. - Não está tão frio... Não mesmo – concluiu Sirius, olhando para os campos lá fora pela janela. Tudo parecia tão calmo, como se nada tivesse acontecido. Viu um céu muito estrelado, percebeu que a floresta negra estava com um brilho diferente, porém não conseguia ver a lua, ela deveria estar atrás do castelo. – Não... Tem algo de errado nisso... Ele não pode ter sumido assim. Ele não pode ter uma doença, a mãe dele não pode ficar doente assim do nada, não tem como ela ficar toda hora melhorando e piorando. Tem que haver um por que! Quando isso vai terminar? Quando vamos saber a verdade? - Somos amigos dele, não é mesmo? – perguntou Tiago para os outros dois. – Então por que ele não conta pra gente o problema dele? Podemos ajudá-lo! - Muita troca de informações... AH! – Pedro pegou uma almofada e abafou a voz. – Fala mais devagar... Não estou entendendo nada. - Muito menos nós com você falando com uma almofada. - Ah... – e ficou muito calado ainda com a almofada no rosto. - De qualquer forma, deve haver um motivo... E se ele não der uma resposta plausível quando perguntarmos, aí o bicho vai comer! – brincou Sirius. - Já não está na hora? – perguntou um aluno. - Ah... Está sim. – respondeu outro depois de checar o relógio de pulso. - Acho melhor nós irmos logo... – comentou Tiago para Sirius e Pedro. – Vamos ainda levar um tempinho pra chegar à torre de astronomia. Juntaram-se ao grupo que caminhava em direção a torre de astronomia. Ficaram muito calados pelo caminho, parecia que estavam se aprofundando em pensamentos. Enquanto os outros conversavam a sua volta, estavam atentos a qualquer novidade, qualquer comentário, que viesse a ser considerado importante por eles. Ninguém parecia ter notado a ausência de Lupin, muito menos estavam preocupados com o professor de defesa contra as artes das trevas. Falavam sobre assuntos diversos, alguns, os quais eram descendentes de trouxas, discutiam sobre o próprio mundo trouxa. Subiram as escadas de pedra, ouvindo o ressoar de seus próprios passos, quase abafados pela conversa da multidão. Ao chegarem ao topo da torre, encontraram a professora com um sorriso e, radiante no céu, encontrava-se a lua, redonda e branca como nunca a haviam visto. Pedro parecia estar abismado com a intensidade da mesma. Cada um foi para o lugar que normalmente ocupava e ficou esperando a professora começar a aula. - Muito bem! – começou em tom triunfal. – Esta aula está reservada apenas para o estudo da lua cheia! Como foi previsto ela aparecer assim pelo vento, estrelas e a órbita dos planetas vizinhos ao nosso, hoje vamos estudar suas características, bruxos que descobriram propriedades de seu brilho, dentre outros. “Primeiro, quero que todos focalizem o telescópio na lua. Vejam as crateras existentes na superfície da lua. Segundo a teoria dos humanos, foram meteoros que se encontraram com a superfície da lua. Porém, eles se enganam neste ponto. Há uma lenda antiga que fala sobre o duelo dos maiores bruxos da época, ambos soltaram feitiços antigos tão poderosos que foram capazes de destruir parte da lua... É apenas uma lenda.” – continuou. E Pedro já havia se distraído, não mais prestava atenção na explicação da professora. Olhava ainda abismado a lua. A explicação parecia entrar por um ouvido e sair pelo outro. Enquanto isso, Sirius focalizava algo além da floresta negra. Podia sentir algo. Aquele brilho das árvores não era comum. Muito menos o que sentia, algo inexplicável. Apenas sabia que havia algo pior, além da floresta, e que aquilo poderia ter ligação com Lupin. Tiago observava os cheios cabelos ruivos de Lílian, que refletiam a luz do luar. Sirius sorriu ao ver o amigo assim e logo o cutucou. - Culpe a lua... – respondeu ainda abobado. Porém, logo tentou se recompor. Quando percebeu o estado de Pedro, não perdeu a oportunidade de tirar um sarro da dele. Mas, na verdade, ele queria chamar a atenção de Lílian. - Olhe o que a lua fez com o nosso Pedrinho! Ele está mais retardado ainda... Veja o brilho nos olhos dele, veja a cara sorridente de alguém com cérebro do tamanho de uma azeitona! Por quê? Por que fizeram isso com o coitado, meu Deus? Por que o deixaram assim, de modo vegetativo, meu Deus? Por quê? POR QUÊ! – berrou Tiago. Pedro olhou o outro como se não tivesse entendido, enquanto a professora vinha correndo ver o que tinha acontecido. Todos olharam Tiago, o plano dele havia se concretizado, aproveitou a chance em que Lílian o observava e piscou para ela, que logo desviou o olhar. - O que está acontecendo? – perguntou a professora encarando Tiago, Sirius e Pedro, por mais que este fosse inocente. – Que estardalhaço foi esse? - Nada professora, não foi nada – respondeu rapidamente Tiago. - Espero que isso não se repita ou terei que tirar o senhor desta aula, por ter atrapalhado a explicação! – e voltou pomposa para o centro da torre, todos já haviam desviado os olhares para também não serem advertidos. - Ela tem senso de humor... – comentou o próprio Sirius com um sorriso. Do outro lado da torre, Lílian estava cochichando baixinho com as suas duas amigas: Marlene McKinnon e Maria McDonald. Maria era uma garota com cabelos crespos e castanho-claros e olhos negros. Possuía aparelho dentário, por ser descendente de trouxas. Ela era considerada por muitos uma pessoa ridícula, até pela sua humildade. Enquanto Marlene era uma garota mais altiva, possuía cabelos espessos como o de Lílian, só que negros, e olhos castanho-claros. Poderia ser considerada por muitos, encantadora, até pelo modo como tratava os cabelos e como sempre estava disposta a fazer coisas. Suas amigas faziam certo contraste, sendo quase inseparáveis, mesmo com o pouco tempo de amizade. Tiago desconfiava que no momento Lílian estivesse falando algo sobre ele, pelas risadinhas e olhares que eram lançados sobre ele. E com certeza, não deveria ser nada bom. - A lua é fundamental para muitas espécies de criaturas mágicas. A influência de sua órbita em volta da Terra, a influência de sua intensidade luminosa, principalmente em luas cheias, é muito importante para o desenvolvimento de muitos seres mágicos. Até para nós, humanos. A lua influência milhares de outros fenômenos terrestres, pelos quais começaremos. Sirius bocejou. Não estava querendo ouvir aquilo mesmo, deitou-se no chão frio de pedra da torre. Olhou o céu estrelado, aquela maravilha do Universo. A paisagem estelar noturna era uma das mais bonitas na opinião de Sirius, ele sempre gostou de deitar no gramado do parque em frente a sua casa apenas para ficar admirando o céu e, quando possível, contar as estrelas e tentar imaginar algo com a ligação delas. Viu um rato, por incrível que pareça. Seguido dele, viu um leão e uma cobra, o leão parecia rugir para ele em tom de vitória. O sono veio chegando e chegando... - Sirius! Escuta! – gritou Tiago ao seu ouvido, fazendo o garoto desistir de um possível cochilo, levantando-se e olhando para onde o outro apontava. Ouviram um uivo alto. Alto o suficiente para Pedro recuar. - Deixa de ser medroso, não há nada que possa nos alcançar aqui! – disse Sirius encarando o colega. Muitos alunos já haviam deixado de prestar atenção na professora para ouvir uivos. Quando esta percebeu a situação, mudou de assunto. - Este foi um uivo de um ser de espécie lupina. Ou seja, um lobisomem. A espécie deste tipo é particularmente uma das mais afetadas pela intensidade do luar emitido pela lua cheia. – começou, despertando interesse dos alunos. – Muitos chamam a causa do lobisomem de vírus lupino. Muito bem... Muitos dos humanos civilizados que não pretendem machucar ninguém e estão propensos à transformação durante a lua cheia, precisam se isolar. Desde a antiguidade, este é um mal que ataca principalmente os bruxos. Não sabem ao certo como o vírus surgiu, mas datam que os primeiros casos ocorreram há quase quatro mil anos. “O vírus lupino não tem força própria para dominar um corpo, a única energia luminosa a qual é possível ativá-lo é a luminosidade lunar. Isso é por causa do desenvolvimento do vírus. As pessoas são infectadas pela mordida do lobisomem, pois em seus caninos há a acumulação da mesma substância que causou seus problemas com a transformação.” - Mais uma explicação da Sra. Monotonia – resmungou Sirius voltando a deitar-se no chão. Tiago também desviou seus pensamentos para algo que não fosse aquela aula. Pedro estava quase nas escadas, como se esperasse que um lobisomem escalasse a torre só para devorá-lo. - Vamos... Acaba logo isso... Quero descansar... – murmurava Sirius para si mesmo. Até que não demorou à professora liberá-los. Ele foi um dos primeiros, junto de Tiago, a chegar ao dormitório. Estes ainda aproveitaram o tempo em que estavam lá sozinhos para discutir sobre o caso de Lupin e cada um sonhou com uma possibilidade mais tarde. Mas nenhum conseguia chegar à conclusão nenhuma. Talvez, se não estivessem tão desatentos, poderiam ter descoberto a resposta naquele mesmo dia... Tiago e Sirius não encontraram Lupin na ala hospitalar nem sábado, muito menos domingo. Os dois ficavam até tarde no salão comunal discutindo as possibilidades, sendo que Pedro sempre estava atrás dos dois para descobrir mais uma coisa. O domingo foi um dia inteiro perdido, pois não chegaram a conclusão nenhuma, mesmo tendo procurado em vários livros da biblioteca, deixando de terminar os deveres de casa para o dia seguinte. Ambos dormiram confusos para um cansativo dia de aula. Sirius se levantou mais tarde do que deveria, acabou tendo que se arrumar rapidamente e descer correndo para tomar o que havia sobrado do café da manhã. Encontrou poucos alunos presentes no Salão Principal. Não havia mais ninguém na mesa da Grifinória. Na da Corvinal ainda estava um garoto de cabelo curto e louro com crachá de monitor cintilando no peito, dois garotos que pareciam mais velhos ainda, Murzim e Muliphen, os quais jogavam uma partida de xadrez. Muliphen parecia compenetrado no jogo, enquanto Murzim sorria maliciosamente. Em uma jogada, o irmão mais novo resmungou ao ver sua rainha sendo destruída pelo cavalo inimigo. - Ah não! – Muliphen desviou sua atenção no jogo, já sabia que com aquele movimento perdera. - Sirius! Vem ver o xeque-mate que Muliphen vai receber agora! – chamou Murzim ao avistar Sirius entrando no salão. O garoto se aproximou e sentou ao lado do amigo. Murzim falou alta e claramente o próximo movimento, seu bispo andou pelas casas pretas e brancas em sentido diagonal até parar diante do rei, que já estava sendo atacado pelo cavalo, torre e rainha. Ao ver o rei de Muliphen tombar para fora do tabuleiro, o garoto sorriu sem graça. - Você poderia derrubar seu rei, seria um bom presente de aniversário pra mim! – propôs Muliphen com sarcasmo, mas logo se virou para Sirius. – E aí? Alguma novidade? - Hoje é seu aniversário? – perguntou Sirius desconcertado ao ouvir o apelo do amigo, ignorando sua pergunta. - É sim... - Parabéns! – bradou Sirius ainda sem graça por ter se esquecido de mais um aniversário. Murzim pigarreou alto, enquanto os outros dois se cumprimentavam. - E o seu? É quando? - Só em agosto... Dia sete de agosto. – comentou Sirius com um sorriso. - Hum... Aceitas uma partida de xadrez bruxo? – ofereceu Murzim. - Ah não... Tenho aula agora, e você também, Lifen! – respondeu Sirius procurando alguma coisa que estivesse em cima da mesa e tentar fazer algum tipo de sanduíche. Muliphen esperou o amigo terminar o café da manhã e ambos partiram para a aula de História da Magia, depois de terem pegado seus livros e pergaminhos. Acabaram chegando um pouco atrasado na aula de História da Magia. O professor não percebeu a entrada repentina dos dois na sala de aula, e começou a falar cobre o tratado dos bruxos de Melankv, um lugar no extremo norte da Alemanha. - Atrasou-se... – comentou Tiago pelo canto da boca, quando Sirius se se sentava à mesa ligeiramente atrás dele. - Nem vem, até parece que você é um aluno exemplar... – e sorriu ironicamente. - Vem cá, quando este professor vai notar a presença dos alunos? – continuou Sirius olhando o quadro através do professor. - Duvido muito que algum dia ele nos escute, nem ao menos se nós o atravessarmos. – concluiu Tiago com um bocejo, colocando os pés em cima da mesa e inclinando a cadeira para trás. Aquela aula pareceu demorar tanto quanto normalmente demorava. Mas até que foi proveitosa, pois Tiago e Sirius ficaram conversando entre sussurros sobre a ausência de Lupin. Contudo, só viram o garoto na aula que se seguiu, quando este entrou atrasado na classe. Cada vez achavam aquele caso mais confuso ainda. Ao término da aula, a primeira oportunidade que tiveram foi utilizada para assaltar o garoto com perguntas diretas. Nem se preocuparam com a aparência pálida e doentia do amigo, muito menos seus vários cortes nos rostos e braços. - Onde você estava sexta a noite, depois do jantar? - Eu não estava... - Por que não estava em lugar algum do sábado e domingo? - Eu estava... - Por que faltou a aula de História da Magia esta manhã? E nem venha dizer que acordou tarde, pois eu fui o que acordou mais tarde e não havia mais ninguém no dormitório quando desci para tomar o café da amanhã! - Eu... - Nem venha com estas desculpas esfarrapadas! Duvido que você falte a uma aula importante por qualquer coisa! Fala a verdade! – Sirius estava realmente sério naquele momento, achou até que estava assustando o garoto. - Eu não estava bem... Vomitei a noite inteira... Aquela droga de doença... - Que só te ataca de mês em mês? - Ah, cara, estou mal, não vem forçar a barra... – respondeu desanimado, aquele ânimo de enfermos. Os dois fitaram-no, sentiram até pena, acabaram o deixando ir. Poderiam tê-lo feito na hora errada, talvez fosse melhor terem perguntado mais tarde. Mas de uma coisa estavam certos, deixaram Lupin desconcertado, isso era o que mais queriam. E tinham certeza de que logo descobririam a verdade. O verdadeiro problema é que eles não tiveram mais tempo para pesquisar sobre Lupin, pois os professores já haviam entrado em um ritmo acelerado de matéria nova e revisão para prova, tal que os alunos mal conversavam nos corredores, estavam sempre apressados, nervosos. Mal perceberam o desaparecimento do garoto nos meses que se seguiram. Sirius, Tiago, Pedro e Lupin estavam estudando juntos agora e, quando podia, Muliphen sempre estava lá para dar mais uma ajuda. O vínculo da amizade daqueles quatro começou a crescer... Mas havia uma folga, no dia do jogo de quadribol: Grifinória contra Lufa-Lufa. Um dia em que os alunos que estavam diariamente estudando para as provas poderiam relaxar, usar o tempo para conversar com os demais, ou então torcer por sua casa. Os quatro amigos estavam com afinco de que a Grifinória ganharia. Acreditavam que a Lufa-Lufa nada seria páreo. O dia do jogo se iniciou com uma tempestade. Muitos achavam que naquelas condições o jogo seria adiado. Contudo, ele ocorreu. O salão comunal estava mais cheio do que nunca. Estava quase na hora do jogo, enquanto Sirius, Tiago e Pedro conversavam. - O que acha do jogo? - Quantas vezes terei que dizer, Pedro? A GRIFINÓRIA VAI GANHAR! – berrou Tiago ao ouvido do garoto que se encolheu no pufe. – Só o Sirius que não demonstra interesse nenhum. Sirius sorriu. - Eu não quero molhar minhas vestes... Também... Será um jogo tão sem graça, já que a Grifinória vai ganhar o jogo mesmo... – e bocejou. – Está escuro o céu... Nem parece que são dez horas da manhã! - Prefere tomar chuva, ver o jogo, e não ter que se preocupar com o estudo, ou ficar trancado no Salão Comunal, encarando o fogo da lareira crepitar ou a chuva bater contra o vidro da janela, sentado em uma poltrona? - Eu preferia estar dormindo... Que o jogo fosse mais tarde. - Cadê o Lupin? – perguntou Pedro. - Ah! Ele disse que iria subir para o dormitório e dar lida na matéria antes do jogo, pois lá não tem quase ninguém, só o Robert – respondeu Sirius. Alguns minutos depois, Lupin desceu as escadas do dormitório e foi ao encontro dos outros três amigos, cumprimentando-os. - É melhor nós irmos logo, senão podemos pegar lugares ruins – Tiago se levantou e caminhou até o quadro da mulher gorda, que abriu a passagem para sua saída. E não foram só eles a saírem, todos os outros decidiram também sair naquele momento. Desceram as escadarias, até chegarem ao saguão, onde havia mais gente das outras casas, principalmente sonserinos, que cochicharam e riram ao ver os grifinórios passarem. Sirius avistou sua prima, Andrômeda, séria, no meio de tantos outros alunos, e ao seu lado estava Narcisa. A garota, que já estava em seu sétimo ano, sorriu em retribuição, enquanto Narcisa lançou um olhar penetrante e frio. A garota puxou a prima para perto e começou a cochichar em seu ouvido. Sirius ficou apenas as observando. - Quem são aquelas sonserinas? – perguntou Tiago encarando-as também. - Minhas primas... E com certeza Narcisa não está falando nada bom sobre mim... - Narcisa? A loira? Bonita, hein? Sirius riu. - Se quiser ser azarado, ou coisa pior, tente cantá-la... Nos terrenos do castelo, os alunos caminhavam rapidamente, para não se molharem tanto com a chuva. Muitos já estavam abrigados no toldo da entrada do campo de quadribol. Os trovões que cruzavam o céu pareciam dançar. A chuva começou a engrossar, fazendo com que, às dez e vinte e cinco, todos já estavam acomodados nas suas devidas arquibancadas, esperando os jogadores entrarem no campo e a partida ter seu início. Tiago, Pedro, Sirius e Lupin estavam sentados nos bancos mais altos das arquibancadas para os alunos. Comentavam nervosos sobre o jogo, até Remo parecia entusiasmado. Os jogadores entraram em campo e quando todos já estavam posicionados para o início da partida. A professora Alessandra, árbitra da partida, pediu para que os capitães se cumprimentassem, o que foi realizado com um cordial aperto de mãos. “Boa noite a todos, pois hoje está realmente escuro. Acordei hoje pensando que havia dormido apenas uma hora – reboou a voz de Lance. – Mas, vamos ao jogo... Alessandra Wuckbut...” - Professora Wuckbut, Lance! – exclamou Minerva McGonagall ao lado do aluno. - Mas, ela não é mais minha professora. - Pois a trate com respeito! - Muito bem, então... O jogo começa com o apito da nossa árbitra, professora Wuckbut, e a Grifinória já está com a posse da bola. É ISSO AÍ! AH! JÁ PERDEMOS A POSSE DA GOLES! Sabe... Este Rowan da Lufa-Lufa podia se aposentar, ele já não está fazendo nada mesmo, nem procura pelo pomo mesmo. É café com leite pros grifinórios! Quero dizer, ele sempre jogou bem, mas, nestes últimos meses teve uma decaída de ânimo e tal... – corrigiu rapidamente apenas ao olhar para Minerva. - Do jeito que os lufanos estão jogando hoje, nós já ganhamos... É ISSO AÍ! PONTO PARA A GRIFINÓRIA! – berrou Tiago. - Concordo com você... Veja, olha o contra-ataque e... ISSO! BELA DEFESA! “Depois de perder um contra-ataque, os lufanos recuperam a Goles e estão tentando alguma formação nunca vista antes... Pelo menos, eu acredito que eles tenham se atrapalhado mesmo. Não! Era apenas para confundir. Ih! Até me confundiu! Mais uma defesa do nosso goleiro! Como era aquele lema da Grifinória? A taça é nossa e... Quem quiser que a pegue, pois ela fica guardada em uma sala especial, já que não é hora para lemas agora – Lance parecia ter que corrigir sua fala sempre que exagerava nos elogios e comemorações.” “E agora o nosso apanhador partiu na direção do pomo e... PONTO PARA A GRIFINÓRIA!” - Ganhamos! – berrou Pedro. - Presta atenção no jogo e na narração dele! O artilheiro marcou o ponto! O apanhador ainda está atrás do pomo... - Não dá pra ver direito, é tão rápido... - Então cale a boca para não atrapalhar os outros que podem ver! “E mais um ponto para a Grifinória! Parece que Justino perdeu o pomo de vista... Justino! Olha o apanhador lufano! Ele está atrás do pomo! Ele vai... ISSO! Muito bem!” No momento em que o apanhador da Lufa-Lufa iria fazer sua a captura, o batedor da Grifinória rebateu um balaço em seu braço, quebrando-o, e, conseqüentemente, fazendo-o retardar o passo e perder o pomo de ouro de vista. Os alunos da Lufa-Lufa gritavam de ira pelo que haviam feito. - Que isso! Querem arremesso livre! Isso nem foi falta! Rebatedor é para isso, ué! – reclamava Tiago de sua arquibancada, junto com vários outros fanáticos pelo esporte. Lupin acompanhava as jogadas dos artilheiros da Lufa-Lufa, sempre fazendo comentários sobre as táticas que a Grifinória devia usar para acabar com as armações adversárias. E quando o jogo já estava em sessenta pontos para a Lufa-Lufa e noventa para a Grifinória, já depois de uma pausa para um descanso, é que o jogo começou a piorar para os grifinórios. O goleiro da Lufa-Lufa estava bloqueando todos os arremessos, os artilheiros estavam utilizando novas táticas e marcando mais pontos, e o apanhador estava acima de todos, procurando o pomo. - Não vai os deixareles virarem agora, vai? – perguntou Sirius, agora tenso com a recuperação do time adversário. Foi quando aconteceu... O apanhador da Lufa-Lufa mergulhou em meio a disputa pela Goles, atrás do pomo de ouro, Justino foi atrás, já enfurecido com o que estava acontecendo com o time. Os dois estavam em uma disputa acirrada para apanhar o pomo a alguns centímetros dos dois. Em uma atitude insana, Justino chutou o apanhador adversário para fora da vassoura. O garoto caiu e bateu com um baque surdo no chão do gramado do campo. Estava inconsciente, porém, entre seus dedos reluzia o pomo de ouro, e a vitória era da Lufa-Lufa. - NÃO ACREDITO! – berrava Tiago minutos depois no salão comunal. – COMO PUDEMOS PERDER?! - Tiago, acalme-se – disse Lupin sério. – Agora que nós perdemos, não tem porque ficar estressado assim... Acontece, ué. - Acontece?! Nós perdemos O jogo da taça e você aí na boa... - Queria que eu estivesse berrando no ouvido dos outros que não tem culpa como você? E os dias passaram, e as provas se aproximavam cada vez mais. Pedro já não conseguia ficar um minuto quieto, estava nervosíssimo com o que poderiam perguntar. Até Lupin estava nervoso. Os únicos que realmente não pareciam se importar tanto com isso era Sirius e Tiago. Os dois estavam certos de que não adiantava estudar História da Magia e Astronomia a partir daquele momento que não conseguiriam decorar nada mesmo, e se garantiam nas demais matérias. Os professores haviam aumentado ainda mais a quantidade de deveres de casa, sendo que Sirius e Tiago sempre pediam ajuda para Lupin, que acabava fazendo todo o trabalho para os dois. A primeira prova foi no dia cinco de junho. Alguns calouros estavam ansiosos e ao mesmo tempo nervosos por estarem realizando sua primeira prova em Hogwarts, outros estavam estressados por ter que fazê-la, e alguns realmente não se importavam como foi o caso de Sirius. O tempo havia começado a esquentar, sendo que dentro das salas onde os alunos faziam as provas escritas, o calor os fazia suar. Os professores entregaram novas penas, que provavelmente tinham algum feitiço anti-cola. Um dos garotos desinformados que estava fazendo a prova deveria ter tentado olhar o que outro escrevia e a pena parou de funcionar. O aluno chamou o professor e disse o que estava acontecendo, e quando este foi experimentar a pena, estava em perfeitas condições, sendo que percebera do que se tratava e ficou de olho nele. Além das provas escritas, em matérias como Feitiços, Poções e Transfiguração, os alunos tiveram provas práticas no mesmo dia que as escritas. Os professores chamavam um por um em sua sala e os testava. A professora McGonagall pediu para que transfigurassem um porquinho da índia em uma caixa de sapatos, sendo que acrescia pontos conforme a beleza da caixa, e descontava quando ocorria algum engano, como uma parte do animal que não foi transfigurada. Em Feitiços, Flitwick pediu para que fizessem uma caixinha de jóias desse um salto com duas piruetas. Em Poções, Horácio pediu a poção do esquecimento, a qual normalmente pedia no final do ano para o primeiro ano. Pedro estava tão nervoso com esta prova que acabou esquecendo como esta era feita. “Esqueceu como se faz a poção do esquecimento? É simples, coloque três pedaços de Pedro Pettigrew e misture com camomila.” – ironizou Sirius ao ouvir de Pedro como fora seu desempenho. E as provas passaram, sendo que a última era de Defesa Contra as Artes das Trevas. A penúltima prova até que foi um alívio para alguns, era a de História da Magia, contudo, pelos comentários, até que não estava tão difícil, Sirius e Tiago haviam escapado desta vez. Porém, para contrabalancear, a prova do dia seguinte foi uma das mais complicadas que os alunos realizaram. Muitos detalhes que Aluísio havia cobrado. Por sorte, Sirius, Tiago, Lupin e Pedro haviam fixado bastante aquela matéria, para poderem tirar uma boa nota, mostrando ao professor do que são capazes. Ao término da última prova, os alunos deram um viva de alegria, por não ter que agüentar mais as aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas, História da Magia e Astronomia. - Acho que a única matéria em que devo ter me dado pior... Foi Astronomia... – comentou Tiago. - Eu também. – concordou Sirius. - Eu só espero ter tirado uma nota aceitável – disse Pedro. - Mas o que importa agora? Estamos de férias! Daqui a alguns dias estaremos em casa novamente! Sirius esperou os amigos voltarem para o Salão Comunal, e ficou na porta do castelo, vendo os demais alunos passar. - Não! Eu devo ter sido reprovado naquele N.O.M.! Sou um trasgo! – resmungava um quintanista, Sirius já ouvira aquela voz antes. – Meu pai vai me matar quando receber a carta com os resultados! - Acalme-se, Dédalo. Você não pode ter ido tão mal assim. - Eu quero ser auror! Preciso daquela nota! Uma garota, também quintanista, passou correndo, ela estava chorando. Mas não veio quem Sirius estava esperando. Tanto que este se sentou debaixo de uma árvore e ficava olhando para o interior do castelo. Quase uma hora depois, que os alunos do sétimo ano começaram a sair. Ao avistar Andrômeda, foi ao seu encontro, visto que ela andava sozinha. - E aí? Como foram suas provas? - Ótima! Também, depois de estudar igual a uma condenada, esperava o que? – e riu. – Bem... Eu tenho apenas um intervalo até a prova prática, vou procurar descansar... O banquete de final de ano foi muito barulhento. Além dos garfos e facas arranhando os pratos, o som das várias vozes somadas era suficiente para deixar alguém que quisesse um descanso realmente perturbado. O salão estava decorado das cores prata e verde. Os alunos discutiam o que fariam nas festas, muitos trocavam informações de suas residências. Porém, todos se silenciaram quando Dumbledore se levantou. - E mais um ano se passou... – começou a falar. – Devido a problemas de saúde com o antigo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, William Gorgeus, ele não poderá continuar no cargo ano que vem... “Agora, sobre a taça da casa... Conforme o ano passou, muitos pontos foram acrescidos em cada casa, sendo que alguns não, se nossos cálculos não estiverem errados, a taça das casas fica com a Sonserina!” Os sonserinos deram vivas de alegria. Muitos pareciam esnobar as demais casas. Sirius viu Andrômeda piscar para ele. No dia seguinte, às dez da manhã, todos já estavam prontos para embarcar. Muitos esperavam ansiosos por voltar a ver seus parentes. Sirius já achava que não seria tão bem recebido. Sirius estava embarcando no trem quando viu Marlene McKinnon, seguida por Lílian, piscar para ele. Ele sorriu em retribuição. Fora um ano ótimo, onde suas aventuras haviam acabado de começar. Sirius, Tiago, Muliphen, Pedro e Lupin trocaram os endereços, para poderem manter contato durante as férias. E assim, um ano letivo acabou... ____________________________________________________________________ Notas do autor: Finalmente, o nono capítulo. Os offs estão com problemas escolares, pois é época de provas, sendo que um de nós está sem internet, ficando mais difícil para continuar a fic. Este foi o último capítulo sobre o primeiro ano de Sirius Black. Esperamos que tenham gostado. Agradecimentos, Os Inomináveis. P.S: Vejam também nossa outra fic: Os Contos de Beedle, o Bardo.

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