A Ordem da Fênix



Lílian se encontrava parada junto a lareira, não queria demonstrar a imensa tristeza que sentia. Seus pais mortos e Petúnia que era a única pessoa da sua família ainda viva a odiava, ainda mais agora que a irmã culpava Lílian pela morte dos pais, e de uma certa maneira ela tinha razão, pensava Lílian.
Lílian olhava as fotos da falecida mãe de Tiago, fotos de todos os tipos: fotos com o filho pequeno, fotos de casamento, fotos da época de Hogwarts e em todas elas a mulher loira com um belo sorriso acenava muito feliz.
- Ela era linda. Eu me apaixonei principalmente pelo sorriso dela. Sinto muito falta dela.- disse o Sr.Potter ao se aproximar de Lílian.
- Ela era realmente linda. Foi uma pena ela ter morrido tão jovem, queria te-la conhecido.- declarou Lílian que se controlava ao máximo para não chorar.
- Ela também teria gostado de você. Sabe, os homens da família Potter tem bom gosto para mulheres. Nisso devo admitir que Tiago puxou a mim.
Lílian soltou um sorriso triste.
- A saudade não é um sentimento ruim.- disse o Sr. Potter depois de alguns instantes de silêncio.- Ela começa como uma dor muito forte, mas depois de um tempo você se acostuma com ela.
“ Ela morreu nas mãos de Grindewald, por tentar proteger uma família trouxa. Eu vi tudo e não tive coragem suficiente para protege-la. Acordar sem ver ela sorrir e ter que consolar uma criança de sete anos que mal sabia a grandeza do ato da mãe por ser muito jovem. Tiago sofreu muito e eu não o culpo, pois eu fui muito ausente. Se não fosse pelos meus pais eu não teria conseguido.
“ O perfume dela ainda está no travesseiro e agora ela é uma doce lembrança de uma época dourada.
O Sr. Potter pegou um retrato em que Tiago não devia ter mais de cinco anos e que sorria alegre no colo da mãe.
- Quando o Tiago nasceu, pensei que iria explodir de tanta felicidade. Ele foi a coisa mais importante naquele momento de luto.- ele tornou a olhar Lílian.- Não é porque ele é meu filho, mas Tiago sempre foi muito valente, ousado também, mas principalmente forte. Tão forte que consegue reerguer uma pessoa que está no fundo poço e não pede nada em troca.
Sem que os dois percebessem Tiago conseguiu escutar a última fala do pai e agora sorria. Encostou na parede e ficou observando o pai conversando com Lílian.
- Eu sei, talvez por isso eu o ame.- Lílian pegou o retrato delicadamente da mão do Sr. Potter e o colocou de volta em cima da lareira.
- Falavam de mim?- disfarçou Tiago ao se fazer perceber na sala.
- A moça-dos-olhos-bonitos estava me contando como você tem sido irritante.- disse o pai que soltou uma gargalhada forçada e saiu da sala.
- Não sabia que tinha assuntos particulares com meu pai.
- Quem disse que era particular?- Lílian ergueu os braços e o abraçou. A tristeza bateu fundo naquele momento e a cena dos pais mortos se fez voltar em sua mente.- Promete que sempre vai ficar do meu lado. Eu só tenho você.
- Está tudo bem, Lílian. Vai ficar tudo bem.
Lílian não tinha contado para Tiago e achou que precisava falar o quanto antes.
- Eu entrei para a Ordem da Fênix.
Sirius que passava pelo corredor em frente naquele momento parou ao escutar o que Lílian disse.
- Você fez o que?!- perguntou Sirius perplexo.
- Eu entrei para a Ordem.- Lílian afastou o corpo de Tiago.
- Por que não me contou antes?- Tiago estava tão perplexo quanto Sirius mas usava uma voz suave ao falar com ela, mais por respeito ao que ela estava sentindo.
- Aconteceu tudo tão de repente, que eu não tive tempo para contar.- Lílian viu que Tiago soltava um olhar reprovador.- Por favor, Tiago, não me olhe assim.
- Você está doida, Lílian. Você mal entrou no St. Mungus e nem tem tanta experiência em combater Comensais.
- Sirius, eu não posso ficar de braços cruzados, não depois de tudo.- Lílian estava odiando ter que olhar para aqueles olhares reprovadores dos dois, ela começou a se sentir uma idiota, mas mesmo assim tentou argumentar.- Qual é? Você estão no Ministério, vocês sabem que eles não vão fazer nada. Alguém precisa tomar uma atitude, ou gente como eu vai ser massacrada e gente como vocês vão servir chá em uma das salas do Ministério para um Comensal.
- Dumbleodore não pode concordar com isso. Isso é loucura.- indagava Tiago.
- Eu não posso ficar de braços cruzados. Não posso deixar que mais pessoas morram e que seus parentes sofram o que eu estou sofrendo.
- Lílian, como você pretende combater Comensais. Me desculpe, mas você é só uma curandeira, iria ajudar muito mais se somente se preocupasse com o hospital- Sirius tentava colocar juízo na cabeça dela.- Nós não estamos de falando do Ranhoso e seus amigos, estamos falando de gente da pesada.
- Eu sei. Mas quantas famílias mais vão ser destruídas?- ela fez uma pausa e pensou muito bem nas palavras que deveria usar para dizer o queria.- Quantos Régulos vão precisar ser assassinados? Me diga Sirius. Eu não vou conseguir dormir de braços cruzados, eu não sei quanto a vocês, mas eu já tomei minha decisão.
E assim Lílian encerrou aquela conversa. Precisava ir até Hogwarts e conversar com Dumbleodore. O diretor lhe enviou uma carta dizendo que a esperaria em sua sala, usando a rede de Flu.
Ela usou seu horário de descanso para ir visitar Dumbleodore e depois voltaria ao hospital.
- Srta. Evans, estava mesmo lhe esperando.- disse Dumbleodore quando Lílian chegou em sua sala.
- Não sou mais uma de suas alunas, chega de formalidades, Lílian já está de bom tamanho.- disse ela sorrindo e atirando as cinzas de cima de sua roupa.
- Então que assim seja.
- Certo. Acho melhor aproveitarmos o pouco tempo que temos e falarmos de negócios. Afinal de contas foi para isso que você veio.
- Exatamente. Quero entrar para a Ordem, e quero isso o quanto antes.
- Certo, mas antes preciso lhe perguntar uma coisa. Está fazendo isso por vingança ou está fazendo para proteger as pessoas do mundo em que vive?
Lílian pensou que vingança era a resposta certa, mas não era só isso, havia algo mais.
- Estou começando a conhecer os horrores de uma guerra. Pensar que matar pode se tornar um ato normal e que as pessoas fazem isso por poder é horrível. Quanto tempo mais vamos ter que nos sujeitar a pessoas com uma mente fechada e com um grande poder nas mãos? Isso não é justo, não no mundo que eu conheço.
- Entendo, Lílian. Então devo esperar que você saiba que as coisas vão piorar muito. O Ministério está enfraquecendo e se rendendo ao poder de Voldemort. A luta começou e coisas horríveis estão por vir.
- Eu estou pronta. Eu quero um mundo de paz, em que eu possa ter uma família feliz, que meus filhos possam sair na rua sem ficar com medo ser atacados. Quero ir para o trabalho e voltar e ver que há pessoas me esperando e que elas não sofrem nenhum risco. Eu quero uma vida normal.- Lílian suspirou.
Dumbleodore a convidou para se sentar em uma das cadeiras perto de sua mesa e foi isso que ela fez.
- Sabe por que a chamei para fazer parte da Ordem?- perguntou Dumbleordore com uma voz meiga.
- Por que eu sou uma bruxa?
Dumbleodore soltou um sorriso simpático e se sentou em sua cadeira.
- Porque desde o dia que você entrou em Hogwarts eu percebi que havia algo de diferente em você. Não por você ser uma nascida trouxa, mas porque você tem muita magia dentro de si.- Dumbleodore fez uma pausa e tornou a falar.- Sabe por que você tem um grande poder?
Lílian balançou a cabeça negativamente.
- Os homens mais poderosos do mundo bruxo carregam dentro de si um sentimento muito forte, o sentimento fortalece a magia. Ódio, amor,medo- Dumbleodore fez outra pausa, mas dessa vez seu pensamento foi para longe e seu olhar se encheu de tristeza, coisa que Lílian nunca tinha visto.- Culpa, e no seu caso, acredito eu, bondade. Você tem algo de muito bom dentro de si, algo que poucas pessoas tem. O poder de acreditar que tudo pode melhorar e tentar fazer por onde, é uma grande magia.
Lílian ruborizou, mas mesmo assim sorriu.
- As pessoas não sabem avaliar o grande poder que elas tem e isso é bom. Aqueles que sabem que tem poder, por algum motivo, se desviam do caminho certo para ir para o caminho mais fácil.
- Voldemort é um caso desses?- Lílian se sentiu esquisita, pela primeira vez ousou usar o nome do bruxo.
- É ele é o maior caso.
De repente mais pessoas apareceram na lareira na sala de Dumbleodore. Os quatro amigos estavam ali. Tiago, Sirius, Lupin e Pettigrew.
- O que vocês estão fazendo aqui?- perguntou Lílian, mas foi ignorada.
- Que bela surpresa.- exclamou Dumbleodore.- Posso saber o por que o motivo da ilustre presença dos senhores?
Tiago parecia o mais preocupado de todos, embora Sirius e Lupin também estivesse de cara amarrada. Pettigrew por sua vez demonstrava não querer não estar nem ali.
- Eu vim impedir a Lílian de fazer uma loucura.- disse Tiago.
- Acho que você não deveria de intrometer, Pontas. Afinal de contas a Lílian já tomou sua decisão.- disse Lupin.
Lupin sempre foi o que mais entendera Lílian e ela gostava disso, mas Tiago, Sirius e Pettigrew eram seus amigos e por mais que ele não concordasse, ele ficaria do lado dos amigos.
- Tiago, nós já conversamos sobre isso.- disse Lílian um pouco nervosa.
- Não Lílian, você falou e eu escutei. Agora é a minha vez de falar.- disse ele firmemente. Aquele era um Tiago que ela nunca havia conhecido e que lá no fundo ela gostou.- Se você entrar na Ordem, eu...
- Você o que?- perguntou Lílian. Parecia que os dois haviam voltado na época em que estavam em Hogwarts em que um queria matar o outro.
- Eu vou ter que entrar também.
Todos ficaram surpresos com Tiago, principalmente Sirius que nunca esperou ouvir aquilo da boca do amigo.
- Se o Tiago entra, eu entro.- afirmou Sirius decidido.
- Valeu, Almofadinhas.- murmurou Tiago para Sirius.
- Pois bem, eu também.- disse Lupin se colocando ao lado dos amigos.
Todos olharam para Pettigrew naquele momento, pois ele parecia estar no mundo da lua. Sirius disfarçou um leve tapinha que ele deu no braço de Pettigrew.
- Ah, é, é. Tanto faz.- disse ele com um meio sorriso.
Dumbleodore fitou Pettigrew por um momento e depois de um breve silencio ele retornou a falar.
- Pois bem, se esse é o desejo de todos, então que seja feita. Vocês farão muito bem para a Ordem.
- Professor?- disse Lílian.
- Sim?
- Posso ir falar com Slughorn?
- Claro, a esta hora ele deve estar na sala dele.
Lílian passou pelos quatro amigos sem dizer uma palavra e com a cara muito emburrada.
Ela se lembrava muito bem onde era a sala de Slughorn, pois já fora lá muitas vezes.
- Professor Slughorn.- falou Lílian abrindo um largo sorriso.
- Lílian!- exclamou Horácio de felicidade.- Meu Merlim, como você está linda.
- Sempre o mesmo.- Lílian abriu os braços para dar um abraço em Slughorn e ele logo foi de encontro com ela.
- Ah, Lílian. Você não sabe a falta que me faz. Acho que nunca mais terei uma aluna como você. Estou pensando seriamente em me aposentar.
- Ora, professor. Não diga bobagens. Quem irá ensinar poções para meus filhos?
- Não estou dizendo bobagens, Lílian querida. É só que já estou velho.
Slughorn sempre confidenciara seus segredos com Lílian. Ela era a filha que ele não teve. Slughorn sentia um amor fraternal por Lílian como se ela realmente tivesse seu sangue correndo nas veias.
- Velha estou eu, professor. O senhor é brilhante demais para deixar essa mente parada.
Lílian adorava bajular Slughorn, pois sabia que ele também gostava.
- A senhorita sim que continua a mesma. Soube que está no St. Mungus.
- E estou muito feliz.
- Que pena! Você teria um futuro brilhante no ministério.- disse Slughorn balançando a cabeça.- Mas, eu quero que seja feliz.
- E serei e o senhor ainda verá os frutos de minha felicidade. Professor, o senhor não pode parar, faça isso por mim.- Lílian mudou seu tom de voz para uma voz muito doce.
- Eu o farei, então. Se é assim que deseja.
- Olha a hora. Desculpe, professor, mas eu tenho que voltar para o hospital.
Quando Lílian voltou para a sala de Dumbleodore, percebeu que somente Tiago estava na sala, os outros com certeza teriam voltado para o ministério. Os dois cochichavam algo, mas pararam quando Lílian entrou.
- Então é só isso?- perguntou Dumbleodore.
- É sim. Obrigado, prof.... Dumbleodore.- respondeu Tiago educadamente e apertou a mão do diretor.
- Até mais, professor.- disse Lílian.
- Quando houver uma reunião eu os chamarei.- disse Dumbleodore se sentando em sua cadeira.
Lílian mal olhou no rosto de Tiago e foi embora usando o pó de Flu e ele seguiu logo atrás.
O dia de Lílian no St. Mungus havia sido difícil, com muitos mais ataques de Comensais o hospital ficava cheio. Quando Lílian voltou para casa percebeu que já estava tarde e que o pessoal já deveria estar dormindo. Mas lá estava Tiago na sala, como comente um candelabro aceso a luz de velas, iluminando seu rosto que estava sério.
- Não sabia que estava acordado.- disse Lílian com uma voz de muito cansada e já sabendo que lá viria discussão.
- Eu só me pergunto por que você está fazendo isso.- disse Tiago com a mão no queixo.
- Olha, é complicado...
- Complicado? Não seja egoísta, Lílian.
- Egoísta?! Eu?- perguntou ela perplexa.
Lílian se sentou ao lado dele. A luz de velas fazia seus olhos muito verdes parecerem mais verdes ainda. A vontade de Tiago era de beija-la e esquecer tudo, mas ele tinha uma questão para resolver.
- Sim, egoísta. Você já parou para contar quantas vezes sua vida esteve ameaçada estes últimos anos? Isso porque nós estávamos em Hogwarts. Imagina agora, aqui fora e você fazendo parte da Ordem.
- Mas você também está...
- Mas eu sou diferente, Lílian.
Lílian olhou para ele com um olhar reprovador e ao mesmo tempo de dúvida.
- Eu fui criado aqui toda a minha vida. Eu conheço muito bem o mundo bruxo...
- Tiago, eu não sou burra. Eu sei o que eu estou fazendo.- ela segurou a mão dele firmemente.- Confia em mim. Eu estou fazendo isso por nós.
- Mas...
Ela colocou o dedo na boca e o fez calar. E muito delicadamente ela o beijou.
- Não precisa dizer nada. Se eu faço isso, saiba que é porque eu te amo.

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