Em Azkaban...



*Eu chego a Azkaban de barco em uma tarde cinzenta, durante toda a viagem tive que permanecer dentro da cabine, porém agora que estamos chegando, o capitão, um velho bruxo marinheiro, me deixa sair para o convés e observar a ilha prisão: a primeira visão é um grande rochedo desprovido de qualquer vegetação de onde estende-se um muro de pedras gastas, com torres de vigília nas laterais, projetando grandes sombras nas casinhas dos funcionários e no cais cada vez mais próximo. O pio baixo dos albatrozes, a movimentação da onda e o odor de maresia formam uma paisagem desolada e monocromática, porém a ausência de dementadores faz com que o local não seja tão opressor quanto já fora um dia. O barco atraca, eu desço, levando a carta de autorização para a casa de administração. A encarregada me lança um olhar ao mesmo tempo severo e cansado – eu não era a primeira a ir lá tentar descobrir mais sobre o que estava acontecendo no mundo bruxo, mas era provável que fosse a primeira a conseguir de fato o que queria – e chama um dos funcionários para me levar á carceragem. Depois de rápida revista, atravesso os pesados portões de ferro, lacrados por magia e o carcereiro me acompanha até o corredor com celas destinadas aos Bruxos das Trevas. Poderia dizer que estava decididamente emocionada com a chance de fazer essa entrevista, afinal o cara não era um vilãozinho qualquer e por isso eu vinha me preparando desde o editor do jornal me convocara para a “missão”. Espero no corredor o carcereiro avisar o entrevistado de minha chegada – já havíamos combinado, por meio de correspondências, e ele aceitou ser entrevistado ao vivo – ajeitei minha varinha firmemente atada a meu cinto, qualquer coisa era só puxá-la. Lembro que em uma das cartas ele perguntou se eu tinha “puro-sangue”. O carcereiro sai da cela, abrindo a porta para que eu entre. Diz que eu tenho meia hora. Com um sorriso vitorioso, respiro fundo e entro na cela.*

Fire - *olhando em volta, a cela era apertada e embolorada, ainda assim o homem sentado em uma cadeira velhíssima exibia uma postura elegante, carregada de arrogância que decididamente não combinava com seu ar abatido e as vestes de presidiário* Lucius Malfoy... Agradeço por ceder seu precioso tempo ao Berrador!

LM - * ignorando a ironia da repórter, indica uma segunda cadeira vazia* Srtª Black, se o carcereiro não se enganou...

Fire- *sorrindo e puxando uma velha pena de repetição rápida da bolsa* Eu mesma e como o sr. queria saber: em ascendência “puro-sangue”, pelo menos que eu saiba! *nota um ligeiro crispar nos lábios do entrevistado* Mas imagino que eu tenha vindo para entrevistá-lo e não...

LM -*menção de se levantar*

Fire - *engole a velha piada de entrevista e completa educadamente* Pois não sou figura tão distinta quanto o senhor, sr. Malfoy!

LM - *volta a encrespar-se em sua cadeira, a espera das perguntas e parecendo minimamente mais satisfeito*

Fire - Hum... *hem hem* Como foi de uma hora para outra passar do mais influente Conselheiro de Hogwarts para o primeiro Comensal da Morte a ter sido preso e derrotado por um grupo de estudantes não-formados?

LM -...Como? *olhar frio*

Fire - *O.o* Certo... Conte-nos de seu tempo em Hogwarts... Foi na escola que conheceu sua esposa, Narcisa Black Malfoy?

LM - *coça o queixo de modo arrogante, mas parece considerar a pergunta. Entrelaça os dedos e começa a contar, a voz arrastada, mas bastante metódica e clara* Entrei em Hogwarts aos onze anos, como era esperado por todos de minha família e do mesmo modo fui selecionado para a Sonserina, onde recebi toda os aprendizados que definiriam e influenciariam minha ascendente carreira no Ministério da Magia. Conheci Narcisa quando a mesma entrou para a escola; ela era irmã de uma colega, a Bellatrix Lestrange, mas pouco lembrava os modos impetuosos de Bella: era uma mocinha franzina e delicada, uma pequena dama da sociedade bruxa *sorriso pomposo* Um tanto tolinha, mas perfeita! Convidei-a para diversos bailes, reuniões sociais e outros eventos importantes, inclusive minha própria formatura. Nos casamos assim que ela terminou Hogwarts, com uma grandiosa festa de núpcias, se a srtª procurar nas colunas sociais mais antigas. *cínico* De modo geral, posso dizer que foram bons tempos aqueles de estudante...

Fire - Muito interessante, sr. Malfoy! E quanto ao seu filho, Draco, o que tem a dizer sobre ele?

LM - *pragmático* Meu filho é resultado da união das mais puras e nobres linhagens bruxas, tenho grandes expectativas em relação a seu futuro brilhante.

Fire - Então em sua vida tudo que importa são os resultados? Pelo que vimos ultimamente não foram muito bons: eu não chamaria “brilhante” aquilo que...

LM - *frio e cortante* Não sei a que refere-se, Black. E Draco é perfeitamente ciente de seus atos.

Fire - *aguda* Que nem o senhor no Ministério?

LM - *demonstrando clara irritação* Já disse que não falo sobre esse assunto, apenas que foi um terrível mal-entendido...!

Fire - *apaziguadora* Espere! Espere! Fale de Severus Snape! Qual seu envolvimento com o ex-professor, agora procurado por homicídio?

LM - *agita-se na cadeira, incomodado* Severus Snape era colega de sala de Narcisa e apesar de não ter a mesma relevância social, tinha muita intelectual. Coincidentemente partilhávamos de alguns ideais, mas nunca houve entre nós qualquer relacionamento mais estreito *olhar de “fui claro”* Ainda sim minha esposa costumava insistir muito para que Snape fosse padrinho de Draco – É claro que isso não ocorreu, devido á condição de Snape...

Fire – De mestiço?

LM - *falso* Devido não só a seus antecedentes “criminais”, mas também seu modo de vida recluso dos meios sociais... Saiba, senhorita, que como colaborador do Ministério que fui, nada tenho contra bruxos de origem trouxa, apenas considero que entre as classes superiores devem circular somente aqueles que dela fazem parte.

Fire - *falsa* Entendo. É que às vezes fatos passados deixam marcas entre pessoas estranhas... Não é o caso?

LM - Não!

Fire - Bastante explicativo, senhor Malfoy! Desviando um pouco o assunto, como tem sido a vida em Azkaban?

LM - Informe ao seu Ministério que a prisão é tão desconfortável quanto poderia ser... E avise também que essas paredes não são o suficiente para deter um Malfoy, e eles sabem o porquê!

Fire - *O.o* OK

LM - *repentinamente parece mais velho* Essa entrevista ainda vai demorar muito?

Fire - *sorriso simpático* Não, não! Tenho apenas mais uma pergunta: Considerando tudo o que o senhor fez até agora, inclusive o que não quis declarar, o senhor acha que valeu a pena? De verdade?

LM - *estranha a pergunta mas reflete por alguns momentos* Eu ajo pensando no que seria melhor para o mundo, pelo meu ponto de vista, pelas minhas crenças, como qualquer homem com um mínimo de honra faria. Não voltaria atrás em nada, se é o que quer saber. *aperta disfarçadamente o antebraço esquerdo*

Fire – Ah, sim...! Muito obrigada, senhor Malfoy, acho que isso é tudo *guarda o material, levanta e aperta a mão do entrevistado* Foi muito... Interessante... *sorriso* Os leitores do Berrador irão adorar!

LM - *desinteressado* Suponho que sim. *acompanha com o olhar a repórter deixando a cela* Black?

Fire - *se detem na batente da porta da cela*

LM - *ar de superioridade completamente recuperado* Diga para Narcisa... Esperar.

Fire - *sinal de afirmação. Sai da cela, o carcereiro tranca a porta fazendo um estalo que acompanhará a repórter até o final do corredor*

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