A Bagunça.




N/A: Mais um capítulo, amanhã vem o próximo, eu creio. Afinal é um especial de fim de ano, né? E meio que já é domingo, e amanhã é o último dia do ano, o dia da virada.




A Bagunça.
Capítulo I.



Eu encarei as pilhas de roupa suja amontoadas no canto esquerdo, os pés de sapatos espalhados por todo o quarto, as meias – encardidas – penduradas em todo o tipo de móvel que você puder imaginar – desde o armário até a escrivaninha – boxers jogadas no braço da cadeira e suspendidas na frente do aquecedor (É quente! (6)) e na corda da cortina.

AEAE, as vizinhas vão à loucura! Tsc-Tsc.

Me sentei na cama tentando arranjar uma solução criativa para enganar minha mãe e ainda assim sair ileso, sem perder a festa e sem ter de arrumar o cafofo.

[OFF] CARALHO, a bagunça é tanta que se o Osama Bin Laden se escondesse por aqui ninguém ia achá-lo, simplesmente porque ninguém ia ter a coragem de procurá-lo. [/OFF]

Pensei por bastante tempo, mas a única solução que achei envolvia ter de ligar para o James pra avisar que eu não ia mais para a festa.

[OFF] Afinal, o Osama Bin Laden podia estar escondido de tanguinha e meia por debaixo das minhas pilhas de roupa suja, e eu simplesmente não quero ter essa adorável visão, não quero mesmo! [/OFF]

Já estava me encaminhando na direção do telefone quando uma foto – que estava ao lado de uma meia podre – caiu do meu mural. AI MEU PÂNCREAS! Adivinha só de quem era a foto?

Marlene McKinnon, juro a você que era dela. E não era uma foto qualquer é uma foto em que ela está beijando minha bochecha, e foi tirada no dia daquele churrasco na casa do James.

Aquele dia foi demais, a gente fez uma brincadeira muito bizarra, uma que meio que se chama “Eu nunca...” e é basicamente assim:

Alguém diz que nunca fez alguma coisa, tipo: “Eu nunca saí do país” aí quem já tiver feito o que a pessoa falar, no caso ter saído do país, é obrigado a virar um copinho de vodca pura.

A Marlene foi uma das que mais se foderam, simplesmente porque ela já tinha saído do país – a família dela é da Escócia – já tinha namorado – com o gay do Edgar Bones – já tinha estudado em colégio interno – até os doze anos – e já tinha visto alguém morrer – os avós dela.

Ela meio que ficou bêbada, e a gente começou a perguntar coisas bizarras pra ela. Tipo: “Marlene, tu quer quem? James ou Sirius” e ela dizia umas coisas bem sem noção rindo “Eu quero os dois”, e aí ela começava a delirar e virava para o James: “James, tu me ama?” e o James começava a rir: “Eu gosto muito de tu, Marlene” daí ela “Mas tu tem que me amar.” E aí ela se virava pra mim e sentava no meu colo “Tu me ama, Sirius?” e eu “Amo” e ela começava a rir: “Muito, Muito, Muito?” e eu gargalhava junto “Muito, Muito, Muito.”

Pense num dia escroto, cara.

Ah, e ela ainda disse que queria ter oito filhos comigo, oito. OITO!

Voltando, eu peguei aquela foto e simplesmente veio aquela imagem da Marlene na noite da virada, vestida de branco e eu derramando – sem querer – champagne nela e o vestido ficando transparente mostrando o biquíni branco dela.

PUTA QUE PARIU! Eu preciso ir pra essa festa, já pensou na Marlene lá sem mim? Sozinha e vulnerável? Fora que o Bones vai estar lá, e pelo o que eu sei ele anda tentando reatar a porra do namoro deles.

Mãos à Obra, Sirius Black. Esse quarto vai ficar perfeito. É hora de pôr os músculos ganhos na última temporada de basquete em ação. Acho que vou começar com as meias penduradas pelos móveis.

A primeira vai ser essa daqui que fica do lado da foto mais perfeita do mundo, ok? Porque você é uma meia feia, velha e fedorenta que não merece ficar do lado dessa foto.

PORRA! Eu to muito GAY, mesmo. ‘--

É bom que Marlene fique comigo amanhã se não eu nunca mais vou querer olhar na cara dela, eu to enfiando a minha mão em um bando de meias encardidas e fedorentas, tudo por causa dela, se ela fizer doce eu vou agarrar ela a força.

[Cinco Minutos depois]

O que é isso? MINHA CAMISA AUTOGRAFADA DO MICHAEL JORDAN! CACETADA, eu procurava isso desde os sete anos!

[Três Minutos depois]

Que cheiro é esse no lençol da minha cama? AAAAAAH (6666666666666666)! Já sei o que foi isso, mas não sei quando foi?!

[Dois Minutos depois]

De quem é essa calçinha dentro do meu aquecedor? AHÁ! Foi por isso que o ar quente tava saindo com um aroma estranho.

[Cinco Minutos depois]
Mais uma calçinha, essa aqui é de renda vermelha. Eu acho que é a daquela menina que tem o armário no colégio do lado do meu.

[Um Minuto depois]

Dois sutiãs iguais, acho que sãos das gêmeas Prewett, deve ser. Não sei quem mais usa sutiã igual.

[Dois Minutos depois]

Outra calçinha e mais uma camisinha.

[Cinco Minutos depois]

Isso é uma camisinha de morango? Pelo menos o cheiro lembra um pouco a de morango, talvez seja de uva. Isso me lembra a minha primeira vez, eu tinha 16 anos e foi durante a temporada de basquete, eu e o James tivemos que ficar num hotel de quinta porque o ônibus tinha quebrado.

Quando a gente foi pegar a chave na recepção, uma mulher apareceu do nada, sorrindo de um jeito bem safado, daí a gente pegou a chave e foi andando em direção ao quarto foi quando eu ouvi a mulher pedir o número do nosso quarto.

De dez horas ela foi bater lá na nossa porta, e ela disse que queria... bem, vocês sabem. Só que a gente só tinha 50 libras, e tals. Mas ela disse que fazia os dois por isso. O James foi primeiro, foi meio bizarro porque a gente assistiu a coisa toda um do outro.

Eu ainda digo pro James que ela fez comigo de graça, e as 50 libras foi por causa dele. Há-Há. x:

A camisinha de morango me lembra isso porque quando eu e o James fomos dar o dinheiro a ela, a gente percebeu que ela tava chupando uma camisinha. E quando eu perguntei a ela o por que dela ta fazendo isso, ela disse que era porque era de morango!

Puta é um bicho escroto mesmo.

[Dez Minutos depois]

Tem sutiã até dentro da CPU do meu computador, acho que eu vou ter que reservar uma parte do meu armário só para roupas íntimas femininas. Não é brincadeira, não. O que eu já achei de sutiã e calçinha hoje da pra fazer as prostitutas de Londres entrarem na Igreja vestidas de puritanas.

[Quatro Minutos depois]

Que vidro é esse cheio de... que porra de gosma é essa, ein? Parece até que tem minhoca aí dentro. Cacete, esse caralho ta mofado, olha só, ta cheio de bolor.

[Um Minuto depois]

Essa blusa não era branca? O que aconteceu pra ela estar verde-musgo?

[Três Minutos depois]

Olha só onde estava o meu protetor genital da época em que eu jogava rúgbi! Não acredito que deixei ele aqui. Eu me lembro vagamente de ter jogado no quarto do Snape na semana do trote. Como essa porra voltou, pra cá?

[Trinta Minutos depois]

/cantando/ Domééééstica.

Vamô trabalhar, né Sirius Black? Quem iria imaginar essa cena, eu aspirando meu quarto. Podem tirar uma foto, esse momento é daqueles do tipo: “Nunca se vê, nunca deve ser visto”. Também conhecido como “queima-filme” ou “momento bizarro”.

- MÃE! – eu berrei saindo do quarto com o aspirador de pó na mão. – Terminei.

Eu chequei as porra toda, e aparentemente não tinha nada fora do lugar, quero dizer tudo estava organizado, eu tinha colocado a pilha de roupa suja no roupeiro, a minha bola de basquete tava no cesto, os meus tênis na sapateira, o lençol da cama estava forrado – palmas pra mim que aprendi uma coisa nova, hoje! – a cadeira do computador estava na escrivaninha e não tinha mais nenhuma calçinha no aquecedor – eu chequei três vezes.

- Sério? – mamãe perguntou subindo as escadas que vão do primeiro andar para o segundo. – Foi mais rápido do que eu esperava.

- É, eu meio que tive uma motivação. – lancei um olhar significativo para foto, e esperei a Marlene revidar.

Só que aí lembrei que aquilo era mesmo, uma foto.

- Eu gostaria de saber qual foi. – ela deu um risinho e entrou no quarto. – Passou pano nos móveis?

- Passei. – eu respondi fazendo “joinha”.

- Hum... Acho que está tudo ok. – ela disse se sentando na cama.

- Eu acabei de forrar isso! – eu exclamei vendo ela dar pulinhos com a bunda na cama. – Eu demorei HORAS tentando acertar essa por...caria.

Mamãe riu.

- Já que você se esforçou tanto... – Mamãe começou. – Eu acho que podia mexer uns pauzinhos e convencer seu pai a deixar você ir com ao Eos¹ para Portsea.

- Sério? – eu arregalei os olhos, animado.

- Não, mas você pode acho que você pode ir com a Mercedez. – PQP! Ela adora fazer isso comigo, mas convenhamos mãe são todas iguais.

- Bom, acho que pode até ser, afinal, o meu Mustang 66 não é um carro. – eu murmurei fazendo bico. – É um pelomenos.

Mamãe fez a maior cara de interrogação.

- Pelo menos não ando de metrô. – eu disse sorrindo amarelo.

- É, você anda assistindo muito esses comediantes brasileiros, uh? – ela indagou sarcástica.

- Talvez. :P



¹: Carro do Ano na Inglaterra, ele é fabricado pela Volkswagen.

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