Tom



Capítulo 2
Tom



Entrei um pouco apressada na Sala Comunal da Sonserina, subi as escadas em formato de caracol correndo, quase pisando nos meus próprios pés de tanta pressa.

Tom queria falar comigo!

De verdade, eu achei que este momento nunca iria acontecer, mas, está acontecendo! Ele reconheceu a minha admiração, o meu esforço, meu amor platônico... Ele finalmente me enxergou por trás de todos os seus capachos, por trás de todos aqueles homens. Ele finalmente me enxergou como mulher, aquela que pode se doar inteiramente pra ele, aquela na qual ele pode contar para tudo porque eu sempre vou estar ao lado dele amando-o e lutando por ele.

Encarei meu rosto no espelho, arrumei meus longos cabelos castanhos escuros que quase chegavam a ser completamente negros. Prendi-os com um laço verde, deixando os cachos nas pontas, minha franja sempre cobrindo a testa dando a impressão de que eu era mais nova. Meus olhos escuros com longos cílios ao redor, eu sabia o quanto ele gostava de encarar os meus olhos.

Estava naturalmente bonita.

Desci as escadas lentamente e fui até o Salão dos Monitores, encostando levemente a orelha na porta a fim de escutar o que ocorria lá dentro, se Tom já estava e o que estaria fazendo.

−Tom. −murmurei tocando na porta tentando fazer o mínimo de barulho possível.

Esperei muito pouco tempo e logo vi a porta se abrindo e Tom ali, me esperando, com feições tão pacientes e sempre tão lindas. E por fim, ele fez um gesto indicando-me para entrar.

−Bella, que bom que você veio. −ele falou.

Meu coração batia fortemente, como sempre batia quando eu o vi a sós comigo, o que acontecia poucas vezes.

−Por que não viria? −perguntei tentando soar natural, mas, minha voz ainda tremeu um pouco.

−Você está nervosa, Bella? −Tom falou quase rindo.

−Claro que não! −respondi quase ofendida.

Tom me analisou de cima a baixo e colocou as mãos no bolso. Faria de tudo para o saber o que ele estaria pensando naquele momento. Faria de tudo para gravar a imagem dele com seus olhos fixos em mim e suas mãos que estariam tão frias em seus bolsos.

−Quero saber uma coisa, Bella. −ele falou se aproximando.

“Tudo o que você quiser.”, pensei.

−Quero que você me conte tudo, absolutamente tudo o que os outros garotos falam de mim. Aqueles que se dizem meus amigos, nossos aliados. −Tom falou em sua voz mansa e quase inaudível.

Pegou em minhas mãos e acariciou-as. Passou seus dedos entre os meus dedos, os dele tão quentes...

−C-claro. −eu balbuciei.

Ele sorriu contente.

−Você o fará? −ele sussurrou no meu ouvido.

Sentia-me entorpecida, o chão parecia se afastar dos meus pés e a única coisa que restava era a voz suave e máscula de Tom entre os meus ouvidos, dando-me ordens, circulando meu corpo, me invadindo, me tornando mulher.

“Pare de imaginar coisas, Bella!”, me puni.

−Tudo o que você mandar. −falei de olhos fechados sentindo a mão dele acariciar meu rosto.

Senti suas mãos circulando a minha cintura e sua voz voltar-se novamente suave e baixa nos meus ouvidos.

−Absolutamente tudo?

Respirei fundo, emocionada.

Tudo!

Elevei meus lábios esperando o beijo que parecia não vir nunca. Me sentia uma boba, usada, seduzida, aguardando algo que jamais viria, quando finalmente o senti. Os lábios de Tom roçaram levemente nos meus, suas mãos abraçavam minha cintura firmemente passando um calor eterno pelo meu corpo. Seu peito junto ao meu, respirando na mesma intensidade. Suas mãos me invadindo meu peito e arrancando todos os sentimentos tristes somente com aquele simples gesto que para mim, foi tão terno.

Jamais havia visto uma declaração de amor ou gratidão da parte de Tom, mas, aquela fora a primeira e as próximas que se seguiriam seriam somente para mim. Porque eu era a pessoa em que Tom mais confiou todos os seus segredos, me confessava loucuras, invadia-me enlouquecido buscando apoio e por fim, saia, retirando-se frio, como se tudo o que ele me confessara anteriormente fosse algo já passado e me descartando juntamente como todas as outras confissões.

Inventadas ou não, nunca saberei se foram apenas desculpas para arrancar um pedaço meu, provando que era sempre ele quem mandava, sempre ele quem ordenava quando eu seria sua.

Não houve um contato maior do que um lento roçar de lábios. Tom logo me despertou de meus devaneios e sonhos de uma garota mimada que sempre fora acostumada com a riqueza.

−Pois bem, Bella. −ele voltou a sussurrar como um príncipe encantado, rasgando-me por dentro, dilacerando os sentimentos mais puros e inocentes no qual eu tinha, destruindo os meus sonhos de uma declaração de amor da sua parte. −Contarei com você daqui por diante.

E deu as costas e subiu as escadas.

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−O que há com você, Bella? −perguntou Cissy receosa.

Havia derramado muitas lágrimas. Estava triste, me sentia usada, pisoteada e ferida por Tom. Sentia todo o meu jantar fazendo o percurso de onde viera, voltando para a minha boca causando acidez.

−Nada, Cissy. −respondi com o olhar baixo.

Cissy deu de ombros e saiu, me deixando sozinha olhando o fogo queimando a madeira.

Estava como uma boneca de porcelana, intacta, sentada por cima das pernas como uma garota tão bem educada. O laço ainda perfeito amarrando um belo rabo-de-cavalo com cachos nas pontas. Meus olhos negros e brilhantes de tanto chorar encarando a lareira e meus sapatos tão bem lustrados mostrando o reflexo.

−Bella... −ouvi uma voz sussurrar nas minhas costas.

Não me virei. Estava aguardando um momento de paz, onde eu pudesse sequer pensar o que faria logo agora, quando eu percebi que os sentimentos de Tom não passavam de um interesse e uma leve atração por mim.

−Quem é? −perguntei.

Rodolfo puxou uma poltrona e sentou-se ao meu lado, sorrindo levemente.

−Você não está bem. −ele falou.

Dei de ombros, nada poderia fazer. Não estava com vontade o suficiente de questionar ou mesmo de responder.

−Você quer me contar o que houve? −ele perguntou receoso. −Gostaria de dizer que antes de tudo, eu sou seu amigo.

Amigo. Nunca havia ouvido aquela palavra sair da boca de alguém com tanta sinceridade como saiu da boca de Rodolfo.

Tentei sorrir, mas, tenho certeza que meu sorriso saiu parecendo ser forçado.

−Vamos, Bella. −Rodolfo continuou. −O orgulho, a terra há de comer. Eu prometo que jamais falarei nada para ninguém.

Era interessante ver Rodolfo esforçando-se tanto para tentar se mostrar tão compreensivo naquela hora.

−Nada demais. −falei por fim. −Só estou chateada.

−Posso saber o motivo? −ele perguntou.

Encarei seus olhos azuis, sempre brilhosos para mim, mostrando seu afeto por mim.

−Motivos no qual ainda hei de superar e pisarei com força por cima dele. −respondi. −Nada desse tipo irá me afetar novamente.

Mal eu sabia que eu estaria mentindo para mim mesma.

−Bella, −falou Rodolfo passando sua mão pelo meu rosto e limpando as minhas lágrimas. −Por que você tenta aparentar ser tão forte? Você não precisa necessariamente disso.

−Minha força é a minha defesa. −falei em meio a um suspiro.

Por um momento senti vontade de abraçar aquele rapaz a minha frente, Rodolfo era sempre tão prestativo! Seus cabelos castanhos claros sempre bem aparados, seus olhos azuis da cor do oceano, sua boca tão bem desenhada... Por que não Rodolfo?

“Porque não é ele quem eu amo.”

“Mas é ele quem te quer!”, minha mente duelava bravamente contra o meu coração.

−Nem todas às vezes você vai ter forças o suficiente para se defender.

Encostei minha cabeça no ombro de Rodolfo enquanto este acariciava os meus cabelos com suavidade.

Não sei quantas lágrimas ainda derramei, só sei que por fim, dormi abraçada no braço dele.






N.A./ MIL desculpas pelo abandono! Foi porque eu tirei umas férias básicas e dei uma viajada XD
Juro a vocês que na cena da Bella com o Tom deu uma vontade absurda de temperar com pimenta aquela cena tão açucarada *-* Mas, aí eu pensei: “Poxa, essa é uma fic de família. Eu não posso colocar cenas tão intimas aqui.” E aos curiosos que esperaram por uma ceninha a mais, eu vou tentar escrever um capítulo extra mais “apimentado”.
Eu vivo escrevendo fanfics mais “quentes”, mas, eu não estava querendo transformar tamanha inocência da Bella numa coisa mais “profunda”.
Mas, aqui estou eu, encerrando esse notinha (que já está virando um notão), implorando a vocês que não deixem de comentar! E eu quero a opinião de vocês sobre o capítulo extra :)

Muito obrigada a todos aqueles que não deixaram de comentar, sem vocês essa fic não estaria andando!

~Guh

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