dia 01/01/919 - Idéia idiota



Ontem tivemos uma grande celebração por aqui. Com comida, carnificina de animais domesticáveis e propícios para a alimentação e toda essa fanfarrice que o povo gosta. Eu me recolhi antes no meu quarto. Não sei se foi a convivência esse tempo todo somente com os meus pais, sem interagir com a bestialidade da juventude, mas de um modo ou de outro acredito que não me sinto muito apta para determinadas coisas. O fato é: eu sou anti-social. Nasci anti-social.
Eu escrevo um livro para mim mesma, ou seja, quem pode ser mais anti-social do que eu?
Ainda bem que Helga ( que diga-se de passagem é bem mais sociável que eu e é querida por todos ) sempre me acompanha e subiu junto comigo pro meu quarto onde ficamos falando sobre absolutamente nada que presta e comendo um pouco de frutas e vinho que eu mesma roubei disfarçadamente do salão- comedor. Falamos sobre tudo o que era possível, se é que é possível falar-se de tudo, uma vez que quando o assunto acaba é porque tudo já foi dito. Portanto, acredito que não falamos de tudo e retiro o que eu disse, porque nunca acabavamos com o assunto. Helga me disse sobre uma de suas maiores vontades: criar um instituto onde se pudesse ensinar a magia como a Rainha Maeve nos faz.
Eu, claro, achei que Helga já tinha ficado maluca e que realmente o bom-senso estava em falta no mundo moderno.
Enquanto ela falava eu só chacoalhava a cabeça e concordava, como é claro, devemos fazer quando as pessoas estão falando tamanha asneira e não podemos simplesmente estapeá-las e dizer "Acorde para a vida idiota" pois isso seria indelicado. Depois comecei a entender melhor as idéias dela e confesso que até gostei e formulava pensamentos meus também, pois ela concordara fundar a "escola" comigo, e ficamos fazendo planos para o futuro e rindo. Eu já aceitava completamente a proposição de fundarmos alguma coisa e realmente achava que tudo era possível, visto também que era depois da meia noite, eu já estava com sono e um pouco grogue por causa do vinho que nós havíamos roubado.
Hoje quando acordamos, aliás, quando Helga me acordou, entusiasmada e pulante, me perguntava se poderia avisar então a Rainha que sairíamos do estabelecimento para vagar pelo mundo atrás de conhecimento e de uma nova maneira para poder construir um instituto onde pudéssemos ensinar jovens baseados no que a própria Rainha nos tinha ensinado. Eu atormentada ainda pelo Sol matinal que detesto, perguntei à Helga se antes de fazer tudo aquilo proposto por ela, revolucionar o mundo, derrubar os montes Cárpatos e explodir em alegria e felicidade poderia pelo menos tentar encontrar meu espartilho.

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