O texto





Autor: Rapousa
Beta: Mariana Kretschmer
Capa: http://i92.photobucket.com/albums/l22/linx116/capas/otexto.jpg
Sinopse: Uma carta de amor ou um relato oral?
Ship: Dean/Luna
Classificação: G
Gênero: Romance com uma pitadinha de Comédia
Spoilers: necessariamente nenhum :~ (embora seja baseado no fim do sétimo livro)


O texto

Minha vida era como um simples sorvete de limão: gelada, azeda, verde e gostosa. Uhn... Ok, certo, talvez eu não esteja fazendo a comparação certa. Mas você entendeu a do sorvete de limão? É seu preferido, certo? Pegou? Uhn?

Bem, vamos recomeçar...

Minha vida era como uma mera existência sem sentido, o vazio me preenchia até que... Droga, eu consigo ver perfeitamente você segurando o riso... Clichê demais.

Queria encontrar o começo perfeito para escrever o texto perfeito, aquele que te prendesse até o fim, fizesse você suspirar, mas não acho as palavras certas. Será que posso tentar infinitamente ou você desistirá antes disso? Não, calma, eu consigo, prometo.

Minha vida sempre foi aquilo que eu sonhei. Jamais desejei muito além do que eu sabia que podia ter, isso, pelo menos, até te encontrar, e ver que eu desejava realmente muito pouco do que o mundo podia me dar. Afinal, eu percebi que poderia ser o dono do universo por apenas um toque seu, que poderia esticar meus dedos e roçar as estrelas só para te ter ao meu lado. Que nada era grande demais, eu que sempre me fiz de pequeno. Até perceber que, na verdade, eu podia ser um deus, por você.

Iria de olhos vendados até os confins da terra se você estivesse ao meu lado, me guiando, pois confio cegamente em você. Você sabe que não sou de...

Percebeu que esse começo ficou meio megalomaníaco? Depois essa história de confiar cegamente... Ok, eu confio, mas do jeito que eu escrevi ficou parecendo que não tenho opinião própria e deixo você decidir tudo por mim...

Será que é assim com todo mundo na primeira carta de amor?

Deu para perceber que era uma carta de amor, né? Ou não? Como eu faria para deixar isso mais óbvio? Tá, mais uma tentativa...

Costumava pensar na minha vida como uma floresta (só não decidia se seria tropical, temperada ou conífera), mas sempre imaginei como algo denso e cheio de organismos que formavam um todo pulsante, vivo, intrinsecamente dependente de todo pequeno detalhe. No entanto, no meio de toda essa vida, desta luta por sobrevivência, havia, em um lugar muito importante, uma grande clareira. A vida também pulsava lá, de forma cálida, todavia nenhum ser de grande porte ousara se estabelecer ali. Era uma clareira solitária, talvez até assombrada por espíritos de pessoas que se desfizeram antes de alcançar o interior da mata, densa demais para o espírito fraco, que agora assombrava o meu coração.

Sim, a clareira, dentro da mata, era como o vazio do meu coração, um vazio jamais verdadeiramente ocupado. Ouso dizer que esse vazio existia unicamente para ser preenchido por você.

Dramaticamente romântico. Eu sei. Estou me arriscando por um caminho no qual não estou seguro. Como uma criança andando sobre um lago congelado, trilhando algo incerto, e sem saber se afundará a qualquer momento, pisando num local frágil demais, sem imaginar. Mas, por você, vou me arriscar só mais um pouco por sobre esta vastidão de gelo fino porque, de repente, me sinto confiante. Uma dessas coisas que você me faz.

Mas falando de lago, me lembrou da vez que passeamos no amanhecer perto do Grande Lago, lembra? Aquele foi, pra mim, o primeiro dia no qual me dei conta do que sentia. Você era tão... Diferente.

Estava frio, tão frio que o lago começava a congelar. Levantei mais cedo porque fui arrancado de meu sono por um sonho muito estranho no qual havia risadas assustadoras e, depois de acordar, não consegui voltar a dormir. Apenas pensava no terror pelo qual passara. Você talvez nunca tenha noção do que é acordar suado com risadas nem um pouco amigáveis ressoando dentro da cabeça.

Levantei, e o dia nem bem amanhecia. Não sei o que me deu, resolvi sair do castelo por um tempo, passear, assistir o nascer do sol, talvez, visto que esse ainda se encontrava levantando no horizonte.

Qual não foi a minha surpresa ao descer para os terrenos da escola e dar de cara com você, vestindo apenas uma capa, que levantava levemente, mostrando meias listradas. Se me perguntar da capa, ou do que você vestia, não vou lembrar, mas aquelas meias ficaram de alguma forma grudadas na minha retina. Também não lembro propriamente da cor, mas lembro que eram listradas, e que achei divertido. Mais ainda porque você cutucava o lago semicongelado com os pés, como se procurasse um local um pouco mais seguro para pisar. Acho que nunca cheguei realmente a te perguntar o porquê daquilo, ou o que você estava fazendo ali, teria tido um pesadelo tão ruim quanto o meu? Ou foi apenas o destino que queria nos unir?

“Você vai acabar gripando.”

Lembra? Foi a primeira frase que eu disse, assim, de verdade, por vontade própria e sem ser no meio de uma conversa com outras pessoas. E você sorriu, aquele sorriso estranho, que parece sempre capaz de ler a alma dos outros.

Eu sei que faz muitos anos, e que passamos por muitas outras coisas antes de realmente ficarmos juntos. Mesmo assim você deve lembrar melhor que eu, mas não pude evitar de me pegar descrevendo essa cena, porque acho que foi a primeira vez que você espantou um fantasma da minha clareira assombrada.

Nós não conversamos, não trocamos muitas frases. Apenas ficamos um ao lado do outro, em silêncio, cúmplices.

Depois daquela manhã curiosa, quando o castelo ainda amanhecia e, banhado pelos primeiros raios de sol do dia, eu fui para a minha sala comunal e me aqueci de frente para uma daquelas grandes lareiras, pensei sobre o que acabara de acontecer. Foi mágico, por assim dizer, brincando um pouco com esta palavra. Estávamos prestes a entrar numa guerra, e eu sabia disso, mas ainda assim consegui arranjar um instante para pensar em você pela primeira vez.

Agora, tantos anos depois, sentado nesse banco de praça, escrevendo uma carta que eu não sei se vou te entregar ou ler em voz alta, tenho um sorriso nostálgico no rosto. Daria tudo para poder ter você ao meu lado agora, para ver os trouxas me olhando torto. Possivelmente eles acreditam que não há no mundo uma outra pessoa tão boba ou tão feliz como eu, e é tudo sua culpa.

Talvez você se pergunte o que uma pessoa sem talento para a escrita como eu se encontra fazendo num banco de praça trouxa, arriscando algumas palavras tortas. O fato é que eu, Luna, tenho um pedido a te fazer.

Se puder me ceder a sua mão, para que eu possa beijá-la na palma, como daquela vez, lembra? Nosso reencontro tantos anos depois de Hogwarts?

Você com um ar perdido, no meio da feira bruxa de Roma, sustentava na mão um punho fechado, uma vaga expressão de dor.

“Luna...”

Você virou, seu ar de dor deu lugar a um olhar penetrante, seguido de um sorriso.

“Dean...”

Eu gostei da forma como você me chamou, até hoje gosto do meu nome na sua boca.

Depois de perceber que sua mão sangrava, com um corte na palma, cedi meu lenço para limpar o machucado. E, de algum instinto maluco, veio o beijo na sua palma maculada.

“Para sarar mais rápido.”

Eu disse da forma que lembrava minha mãe fazendo, e você sorriu. Acho que gostou daquela história, talvez por ter perdido a sua mãe tão cedo, ou talvez por ela fazer o mesmo. Foi uma bobeira minha, não foi? Mas queria fazer o mesmo, agora, já que não sei exatamente como te conheci, por isso queria que fosse como quando nos reencontramos. Dê-me sua mão para que eu possa beijar a palma e, agora, quero que você nunca mais se afaste, para podermos passar nossas vidas juntos, Luna. Você preencheu a clareira do meu coração como se ela tivesse sido feita para você, me conquistou com cada pequeno ato curioso e inesperado, me fazendo agir como eu nunca imaginaria sem você. Agora minha vida é completa e, por isso, Lu:

Quer casar comigo?



N/A: Obg por chegar até o final :D Seu comentário é muito importante, mesmo que "só" para dizer que leu até o fim, gostou, não gostou, ou o que achou de forma sincera como sl: "meio sem garaça" ou "fofinha" ou ainda "minhas diabetes atacaram agorinha", anyway, a sua impressão após ler essa história é importante para esta autora ;)
Depois vem mais.... uma espécie de continuação..... mas não vai ter lá muuuuito a ver anyway, um dia eu explico XP

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Comentários (1)

  • Be Weasley Potter

    Que talentooo!! Se eu fosse vc escreveria um livro e eu com certeza compraria!!! Amo tds suas fics!!!

    2013-01-16
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