Sentimentos que estão Errados

Sentimentos que estão Errados



Capítulo VIII – Os sentimentos que estão errados



Harry acordou saltitando naquela manhã. Cheio vivacidade e disposição, era assim que ele se autodescrevia. Desceu para a sala comunal bem cedo após reparar que Rony já não estava na cama e pressentindo que algo se passava com o amigo e é claro lembrando da descoberta do dia anterior. Suas suspeitas se confirmaram quando ele encontrou Rony escrevendo com capricho uma carta enquanto Hermione argumentava a seu lado.

- Ron... Não é melhor você conversar com a Ginny primeiro? – tentou a menina.

- NÃO Hermione... Eu vou mandar essa carta contando tudo para a mamãe sim, não interessa o que a Gina tem a me dizer, já me decidi.

- Bom Dia – Disse Harry chegando ao lado de Hermione que o olhou preocupada.

- Ótimo dia Harry! – bradou Rony

- Ele vai mesmo fazer isso? – cochichou Harry para Hermione, ela deu de ombros.

- Eu já tentei de tudo... – respondeu desanimada.

- Onde está a Gina?

- Quando eu levantei ela já tinha descido...

Rony passou os próximos quinze minutos terminando de escrever com minúcia tudo o que sabia e ainda sugerindo a Sra. Weasley que um berrador seria um ótimo artifício para fazer Gina parar de “praticar atos terroristas a si mesma”.

- Ronald! Você está aí... Eu estava mesmo querendo falar com você! – falou Gina animadamente ao entrar na sala comunal. Harry e Hermione estranharam.

- E o que seria? Vou logo adiantando que a carta para a mamãe já está pronta e eu vou enviá-la pra me certificar de que você não se encontrará mais com o Malfoy... – disse Rony lacrando o envelope e fazendo menção de sair.

- Ah que ótimo filho você é! – ironizou a ruiva – É uma pena que não seja também um ótimo namorado não é mesmo? – continuou sorrindo e fazendo Rony parar e virar-se para ela assustado.

- O que disse?

- Tenho certeza que você ouviu Roninho. Mas eu não me importo em repetir. É uma pena que não seja tão bom namorado quanto filho.

- O que quer dizer com isso? – perguntou encolhendo os olhos.

- Que tem coisas que a Luna adoraria saber e eu adoraria contar... Adivinha sobre quem? – cantarolou a ruiva misteriosa, Harry e Hermione se entreolharam começando a entender tudo.

- Como assim??

- Olha querido irmão, eu vou ser bem clara para não forçar demais a sua escassa “massa cinzenta”. Ou você rasga e esquece essa carta e qualquer tipo de comunicação com os nossos pais a respeito de mim e do Draco, ou... Eu terei a sórdida conversinha com a Luna, nada agradável para você...

- Você está blefando! Além do mais, eu não tenho o que temer, eu e a Luna não temos segredos ela sabe de tudo de mim. – jogou Rony com convicção.

- É mesmo? Então não vai ter problema comentar com ela que você guarda fotos da Fleur Delacour embaixo do travesseiro não é? – disse a menina quase cochichando, Rony cresceu os olhos com o rosto muito vermelho, mas Gina continuou. – E muito menos daquela vez que você usou a capa do Harry para espiar as meninas no vestiário, que horror!

- Gina... Isso... É... CHANTAGEM! – alegou Rony horrorizado.

- Chantagem?? – indagou a menina fingindo-se ofendida, Harry e Hermione estavam boquiabertos – É claro que não querido irmão!

- Viram o que ela está aprendendo com o Malfoy? Chantagear o próprio irmão!

- Estamos apenas negociando. Então, vai rasgar a carta ou não? Vamos rápido porque a Luna está esperando lá fora, e eu disse que queria contar uma coisa a ela, mas que tinha que ser na sua frente. – falou Gina com voz angelical.

Rony olhou para Harry e depois para Hermione como se pedisse socorro, eles deram de ombros. Ele olhou para a carta na mão e ainda com expressão de desespero a amassou jogando para longe. Gina sorriu satisfeita.

- Que vestiário foi esse que ele tentou entrar? – indagou Hermione passada para Gina e em seguida dirigindo-se para Harry – E você seu irresponsável depravado, como você empresta sua capa para esses fins?

- Eu não sabia que o fim era esse até agora... – respondeu Harry igualmente perplexo.

- Tem coisas piores Mione... Mas isso já era suficiente por hoje... – cochichou Gina. – Vocês não vão tomar café?

Os quatro saíram para o café-da-manhã, e conforme Gina havia dito Luna os esperava cantarolando no corredor.

- Você tem mesmo fotos da Fleur?? – perguntou Harry em voz baixa para Rony enquanto saíam.

- Shhh!! – ordenou o ruivo. – Alguém pode ouvir!

- Você tem?? – insistiu Harry horrorizado.

- Sim, Sim! E nem pense em usar essa informação contra mim no futuro entendeu? – sussurrou Rony apontando o dedo para Harry.

- Bom dia Ronald! – exclamou a loira animadamente, Rony sorriu amarelo. – A Ginny disse que tinha algo a me contar quando você chegasse... O que era?

- Ah claro... – começou Gina, Rony cresceu os olhos assustado. – Eu ia te contar Luna uma coisa muito importante...

- Gina... Não! – implorou o ruivo.

- Calma Ron... Eu só ia contar a Luna com quem eu vou ao baile de inverno...

- Com quem você vai? – perguntou a menina interessada, Rony respirou aliviado.

- Draco Malfoy. – respondeu Gina sorrindo.

- Tem estilo. – comentou Luna com classe, Rony fez uma careta. – Ah Ronald... Procure entender que ninguém manda nas coisas do coração... Era só isso?

- ? Você acha isso pouco? – indagou Rony indignado.

- Por enquanto é só isso, sim. – disse Gina sorrindo para Rony. – Vamos indo? Estou faminta!

Gina caminhava à frente do grupo com Luna e Rony conversando com entusiasmo. Hermione e Harry vinham logo atrás.

- Ele tem mesmo. – comentou Harry de modo que só Hermione ouvisse.

- Você ainda tinha dúvidas, Harry? Eu recomendo que você tenha mais cautela quando for emprestar seus objetos pessoais principalmente se eles puderem ser utilizados para prática de atos ilícitos e que atentem à moral e aos bons costumes. - retrucou Hermione com seriedade, Harry sorriu.

- Não se preocupe Mione... Eu acho que o Rony não conseguiu ver nada... – tranqüilizou Harry ainda com um sorriso sedutor nos lábios, que fez Hermione prender a respiração por um segundo.

- Como você pode ter tanta certeza?

- Ele provavelmente teria tido um ataque ou colapso nervoso se tivesse visto vocês digamos... Ehr...

- Pare! Argh... Não quero nem imaginar isso! – disse com aversão.

- Ah Mione... Eu tenho certeza que você já imaginou tudinho sim... – zombou Harry gargalhando e se sentando de frente para ela na mesa.

- Vejo que você está irritantemente de bom-humor hoje. – afirmou Hermione desolada.

- É... Curioso não? Deve ser porque eu descobri que gosto muito de dançar... – concluiu.

- Que bom que você está gostando, porque o motivo das suas aulas e provavelmente do seu bom-humor está vindo pra cá agorinha mesmo. – comunicou Hermione sem ânimo, Harry levantou a sobrancelha interrogativo, mas não teve tempo de falar nada.

- Bom dia Harry!! – exclamou Stacy Sommers sentando-se ao lado de Harry e lhe dando um beijo no rosto.

- Bom dia... – respondeu Harry muito vermelho.

- Bom Dia Hermione... Como vai?

- Bem Stacy e você?

- Eu estou ótima! – respondeu exalando simpatia, o que deixava Hermione impaciente.

- Que maravilhoso! O Harry estava me dizendo agorinha mesmo como também está ótimo não é Harry?

- Mesmo? – disse a menina o impedindo de responder. – Sabe Harry, eu não tive oportunidade de dizer sábado, mas eu estou realmente muito feliz de ir ao baile com você... Vai ser demais! – completou, Hermione virou os olhos entediada.

- Ah, eu também estou felicíssimo Stacy... – disse Harry fascinado, mas quase sem voz.

Hermione queria sumir. Na sua frente Harry olhava abobalhado para Stacy Sommers. Podia afirmar com segurança que estava sedenta de ciúmes. Ele estava iludido, achando que ela era a garota mais pura e admirável que já vira. Como era cego! Ela tomou um gole de suco desviando a vista do casal.

- E você Hermione? Está muito ansiosa para sábado?

- Por que estaria? É um baile como todos os outros. – respondeu secamente, ainda sem olhá-la.

- Ah não seja tão insensível... – começou a loira com um tom superior. - Ou vai acabar decepcionando Billy Geller...

Hermione sentiu seu sangue ferver. Como aquela garota ridícula e sem conteúdo tinha a ousadia de chamá-la de insensível? Respirou fundo para não perder a calma e retribuiu lentamente o sorriso que Stacy estampava.

- É verdade... Talvez eu deva aprender um pouco mais com você a me sensibilizar com coisas fúteis e dispensáveis. – disse com sarcasmo, Stacy desfez o sorriso, Harry cobriu os olhos com a mão.

- Você está dizendo que o baile é algo fútil? – perguntou a loira descrente.

- Garotas, calma... – tentou Harry preocupando-se.

- Nossa! Parabéns! Foi exatamente isso que eu disse. Foi muito difícil para você entender isso? Porque se tiver sido me avise, da próxima vez eu posso fazer um esquema animado pra você. – sugeriu Hermione, Harry cerrou os dentes para não sorrir.

- Eu não concordo com você. – afirmou a loira ignorando o último comentário de Hermione. – Eu acho uma data importante no calendário letivo em que os alunos podem confraternizar e se divertir, eu acho totalmente necessário.

- Interessante, pois eu tenho certeza que posso viver tranqüilamente sem ele, mas não me admira que você não. – destilou Hermione dando uma risadinha.

- Eu até entendo que você não seja uma garota sensível o quanto deveria, mas acredite você pode ter muito potencial guardado embaixo de toda essa agressividade, muito-bem-guardado, escondido eu diria. Você poderia trabalhar isso. – caçoou parecendo analisá-la com os olhos.

Hermione apertou o guardanapo com toda a força que tinha. Não demoraria muito e ela perderia a compostura esbofeteando Stacy ali mesmo. A loira ainda sorria tomando um gole de suco que havia se servido quando o copo explodiu na sua mão a banhando de líquido rosado e arrancando-lhe um pesado palavrão.

- Você não tem idéia de como eu posso trabalhar a minha agressividade. – falou a morena de forma ameaçadora. Stacy a olhava ávida de ódio, bufando. – Não é melhor você limpar isso? – completou Hermione agora docemente.

- Nos vemos mais tarde, Harry. – rosnou Stacy entredentes, se levantando da mesa. Harry olhou para Hermione boquiaberto.

- Não diga. – ordenou Hermione para Harry que respondeu quase imediatamente.

- Não direi.

- Eu vi isso hein? – berrou uma risonha Gina que estava sentada um pouco depois dos dois. – Foi muito legal!

Hermione a olhou incrédula e aparentemente não só Gina, mas meia-dúzia de pessoas que estavam próximas haviam presenciado tudo. Ela cobriu os olhos com a mão, Harry para sua surpresa começou a rir.

- Ela é mesmo uma nojenta Mione... – comentou Gina com repugnância sentando-se ao lado da amiga. Hermione deu uma cotovelada na ruiva fazendo menção a Harry. – Ai... Quer dizer, nada pessoal Harry, ela é apenas um pouco inconveniente às vezes.

- Sem problemas Ginny... – tranqüilizou Harry. – Já vou indo... Tenho que correr para a aula de adivinhação, vejo vocês depois.

- Até mais... – cantarolou Gina, Hermione apenas acenou com a cabeça.

- O que você estava pensando ao fazer um comentário desses na frente dele Ginny?

- Era só a minha opinião e além do mais é a verdade, é até melhor que ele esteja ciente disso.

- Você não viu como ele ficou desolado?

- Pelo amor de Deus, ele nem ligou Mione! Eu tenho certeza que no fundo ele achou muito engraçado você calar a boca dela, denovo. “Você não tem idéia de como eu posso trabalhar a minha agressividade” – disse a ruiva imitando Hermione enquanto as duas levantavam da mesa – O que foi isso? Foi demais!

- Ela me tira do sério! Mais um pouco e eu teria dado uma bofetada na cara dela! – falou Hermione com um gesto de ataque.

- Por falar em bofetada... Quando eu descobrir quem contou para o Rony que eu estava com o Draco, vai haver um peculiar derramamento de sangue em Hogwarts. – disse Gina colérica.

- Você não suspeita de ninguém?

- Não! Será que foi alguém da Sonserina? – cogitou.

- Talvez... Não acho que alguém da Grifinória faria isso. Porque você não fala com o Malfoy?

- Agora mesmo! – exclamou Gina avistando Draco Malfoy e indo a sua direção. – Te vejo depois da aula Mione. Draco!

- Gina? – indagou Draco preocupado virando-se para a menina. – Você está bem??

- Estou ótima, porque o espanto?

- Você está falando comigo em um corredor lotado, definitivamente você não está bem. – afirmou o loiro sacudindo a cabeça convicto, Gina virou os olhos suspirando.

- Ah não seja tolo eu preciso falar com você.

- Mas aqui mesmo?

- É o que parece! – respondeu alterada. – Você vai me deixar falar ou não?

- Sim, claro.

- Eu preciso saber se você contou pra alguém que estávamos nos encontrando.

- Não... Pra ninguém... Por que? O que houve?

- O que houve foi que alguém contou tudo pro Rony... – respondeu Gina entredentes

- Quem?? Quem contou?

- Eu não faço idéia. Alguém muito intrometido eu diria, da sonserina provavelmente. – insinuou.

- Não creio que seja.- retrucou Draco com um gesto negativo - Ninguém lá parece se importar com o que eu faço ultimamente. Talvez tenha sido aquele tal de Simas! – sugeriu maldoso.

- É Claro que não... Eu não falei pra ninguém. Algum imbecil viu e foi contar e ele não me diz quem foi!

- Hey... Espera aí... Então seu irmão já sabe? – indagou assustado.

- Se alguém contou naturalmente ele sabe Draco... – respondeu Gina perplexa.

- Que bom! Quer dizer, e agora? Qual a reação dele? Eu sei que foi ruim, mas, como foi exatamente?

- Não, não foi ruim. Foi PÉSSIMA. Ele ameaçou escrever uma carta pros nossos pais e se manifestou totalmente contra a nós, obviamente.

- Merda! Eu vou falar com ele... – disse Draco decidido.

- Não é necessário. Eu já resolvi tudo.

- Como assim?

- Nossa, mas hoje você está lento hein? – falou Gina incrédula, Draco a olhou suspirando.

- Eu vou ignorar o seu último comentário e reformular a minha pergunta. Se é que eu posso saber, é claro, como você resolveu tudo?

- Eu tenho meus métodos. – respondeu simplesmente. – Ele não teve escolha à não ser aceitar todo o kit. Ah e, por favor, fique pronto na hora porque eu não quero me atrasar para o baile.

- O bai-le? Então você vai comigo!– exclamou fascinado.

- Foi o que eu achei ter dito. O baile Draco. Francamente, o que houve com os seus neurônios? – perguntou Gina exasperada o deixando para trás.

- Mulheres... – suspirou.



*



Já era o terceiro dia que Harry tinha aulas de dança. Ao final dessa só faltariam mais duas, e ele, sem modéstia nenhuma, achava que já tinha evoluído bastante. Particularmente ele pensava que seria uma idéia bem mais interessante dançar o baile inteiro, pois assim não teria que ficar conversando com Stacy, o que o deixaria bem mais constrangido.

- Muito bem Harry... Hoje nós vamos treinar mais um pouco o ritmo de ontem para amanhã mudarmos para outra música ok?

- Ótimo!

A música invadiu a sala precisa e os dois começaram a ensaiar os passos que vinham treinando. Conversavam bastante enquanto fazia isso, Hermione dizia que isso iria fazer com que ele dançasse com mais naturalidade, Harry concordou com isso ao reparar que se movia sem sequer perceber que estava fazendo isso.

- Você ainda não me disse... – começou Harry enquanto rodava Hermione. -... Aonde aprendeu a dançar assim?

- Meu Tio Tom me ajudou um pouco, e eu já fui a várias festas trouxas dançantes, eu não passo todo o verão devorando livros como você deve pensar Harry James...

- É bom saber... Mas também tem uma coisa que você nunca me disse...

- Talvez porque você nunca tenha perguntado... O quê é?

- É verdade, eu acho que nunca perguntei...Mas, lá vai... Hermione... De quem você gosta? – indagou Harry levantando a sobrancelha, Hermione engasgou-se com o ar.

- De ninguém. – respondeu de imediato. – O meu espaço, você não pode invadir o meu espaço, veja. Você está muito perto. – advertiu a menina afastando Harry de perto de si.

- Ah não... Tem que ter alguém. – insistiu Harry ignorando a ultima declaração da menina.

- Não... Não tem... – negou com veemência.

- Tem sim... Não me diga que é aquele Billy, Mione... – lamentou Harry

- Claro que não... Eu apenas vou ao baile com ele Harry... – declarou Hermione sorrindo.

- Tudo bem se não quer dizer, então pelo menos me diga o nome de alguém que você já gostou. Não é possível que nunca tenha gostado de ninguém, fale alguém por quem você já foi apaixonada... – sugeriu Harry, Hermione refletiu por um instante.

- Peter Anderson. – respondeu de súbito.

- De que casa ele é? – indagou Harry pensativo.

- De nenhuma... – respondeu a menina rindo. – Ele é meu professor de piano!

- Ahhh! Eu deveria ter imaginado... Quem poderia ser melhor para Hermione se apaixonar do que um professor... Brilhante! – exclamou com entusiasmo. – Mas... Piano Mione? Nunca imaginei que instrumentos musicais levassem as garotas ao delírio emocional. – concluiu abismado.

- Nem vem... Ele cantava pra mim ta bom? – retrucou contendo um riso.

- Hum... Então foi o lado Elvis dele que despertou a face Amante de Hermione Granger... Quem diria!

- Harry! Eu só tinha ONZE anos... E sim, foi o lado cantor dele que me impressionou o que tem demais nisso? Pro seu governo, era muito romântico. – retorquiu com convicção.

- Certo... Desconsiderando-se o fato de você ser bem precoce, posso concluir que a Senhorita se encanta facilmente por vozes macias e mãos hábeis? – caçoou Harry em tom formal.

- Sim... – respondeu sinceramente, Harry a olhou perplexo como se ela tivesse dito um absurdo.- Ele cantava bem e tinha sim as mãos muito hábeis...

- Bem... Você deve saber disso melhor do que eu... – zombou Harry em tom malicioso.

- Ah cale-se! Você quer parar de colocar duplo sentido em tudo o que diz? – retrucou Hermione sorrindo e dando leves palmadinhas nas costas de Harry.

- Que duplo sentido? – perguntou ofendido. – Ele não te ensinava piano?

- Ah claro...

- Mas... Diga-me... Seu primeiro beijo foi com ele?

- Não! Ele é uns dez anos mais velho do que eu Harry, e como eu já disse anteriormente eu só tinha onze anos.

- Ok... Desculpe... Então Quem...

- Victor. – interrompeu.

- Eu já suspeitava... Mas peraí... Ele não cantou pra você, cantou? – zombou pasmo. – Porque com aquele sotaque...

- Não! Mas pelo menos ele não estava chorando durante o beijo! – rebateu Hermione em menção a Cho, Harry parou de sorrir.

- Áu... Essa doeu! – disse Harry parecendo desolado. – Não precisava apelar Mione...

- Nem vem...

- Eu admito que mereço qualquer tipo de zoação por esse episódio, pode aproveitar. Pisa... – disse Harry com falsa súplica, e aproximando-se mais de Hermione na dança.

Ela sentiu um violento frio na barriga e acabou errando o passo da dança.

- Meu espaço, você não deve invadir meu espaço Harry. – falou o empurrando de leve.

- Desculpe, eu acho que me empolguei. Eu te disse, peguei gosto pela coisa.

- É... Eu notei... Eu acho que... Você pode ser um dançarino, Harry James... – concluiu Hermione recobrando os sentidos.

- Obrigado. – agradeceu com uma reverência.

- Você está quase totalmente preparado para arrebentar no salão do baile de inverno! – exclamou Hermione animada.

- Na dança Hermione... Na dança... Eu ainda receio que não tenha um bom desempenho com... Com ela.

- Você terá, não se preocupe.

Eles ficaram em silêncio por algum tempo e Hermione buscou olhar a parede atrás de Harry, que mudava conforme o movimento que eles faziam. Não era tão bom estar ali com ele quando se lembrava do real objetivo de estar ali. O motivo era simples, preparar Harry para entregá-lo numa bandeja a Stacy.

- Ei, porque não está olhando nos meus olhos? Isso é muito importante Srta. Granger! – brincou Harry, Hermione o olhou e sorriu com os lábios cerrados, os olhos brilhando. Harry parou de sorrir e de se mover por um instante. – O que houve Mione?

- Nada. – respondeu respirando fundo e se esforçando para sorrir.

- Ah eu já sei... Você deve estar exausta... Estamos a um tempão aqui, acho que eu estou te alugando demais... Vamos parar, ok?

- Ok... – respondeu Hermione.

Eles saíram em silêncio, e Harry ainda segurava a mão de Hermione quando chegaram ao corredor. Ela soltou-se dele levando imediatamente a mão ao cabelo e não voltou a tocá-lo até se despedirem. Hermione não conseguia parar de pensar em como a cada minuto que passava ela perdia mais Harry para Stacy. E o pior, ela cuidava para que isso acontecesse.

- Boa Noite Mione. – disse Harry enquanto ela subia o primeiro degrau da escada para o dormitório.

- Boa Noite. – respondeu sem se virar.

Não poderia olhá-lo... Já tinha sido vencida pelas lágrimas de desespero que irrompiam de seus olhos. Logo Harry não precisaria mais de aulas de dança ou o que quer que ela esteja fazendo para ajudá-lo. Não seria mais necessário, pois o objetivo seria atingido. E então? O que seria dela? Só lhe restaria a frustração de amar a pessoa errada. Aliás, não. Hermione tinha certeza de que Harry não era a pessoa errada. Não poderia gostar de alguém melhor. Ela apenas não teve sorte ou capacidade o suficiente para ser amada pela pessoa certa, ou de pelo menos ser vista. Tudo parecia fora do lugar, e não podia estar resolvido, decidido a continuar daquela forma. Hermione simplesmente não conseguia se conformar de que o que ela sentia por ele era simplesmente inútil. Como um amor puro como aquele nascia já com o propósito de ser ignorado? Poderia até ser um pouco egoísta de sua parte pensar assim agora, mas a única coisa que vinha na sua mente é que Harry estava muito equivocado. Não deliberadamente, é claro. Alguns sentimentos estavam errados, e definitivamente, o dela não era um desses.

“Não, mesmo”!



TO BE CONTINUED...

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