UNICO



OS ANOS

Hermione entrou sorrateiramente no salão comunal da Grifinória, não queria que ninguém percebesse a avançado da hora em que estava chegando, e muito menos o rosto ainda levemente marcado pelas lágrimas que estivera derramando a tarde toda.

Ouviu um barulho próximo ao pé da escada do dormitório masculino e seu coração deu um pulo ao reconhecer Rony Weasley à encara-la, só não sabia dizer se de susto ou de fervor por simplesmente vê-lo.

_Onde você estava?-ele perguntou, saindo das sombras e parando ao lado dela.
_Caminhando. -Hermione respondeu sem muita emoção.
_Não quero que você fique perambulando por ai, altas horas da noite e sozinha, com tudo que estamos vivendo você deveria ser um pouco mais cautelosa Hermione!- ralhou ele, ao pega-la voltando tarde da biblioteca.
_Me poupe Ronald!- ela estava extremamente estressada naquela noite, e ter Rony lhe dando lições de moral não ajudava em nada.
_O que está acontecendo com você Hermione? Tem estado distraída e inconsequente de uns dias para cá, você está tão estranha!
_Não está acontecendo nada comigo, deveria estar? -ela murmurou, sentando-se na poltrona em frente ao fogo, esperava que parar um pouco em frente á lareira aquecesse o frio que sentia por dentro, o vazio imenso que sentia em seu coração.
_Mione. -ele suspirou, ficou parado alguns segundos, de pé ao lado dela, observando o rosto dela mudar de feições de acordo com seus pensamentos. Queria ter coragem de dizer de uma vez por todas tudo o que sentia, queria coragem para realizar sua vontade e beija-la naquele mesmo instante.
_Acho que vou dormir Rony, boa noite. -ela lhe lançou um olhar carregado de sentimento, ela queria que ele fizesse alguma coisa, que lhe agarrasse, que lhe beijasse, que fizesse o que ela sabia que ele tinha vontade a muito tempo,mas que assim como ela, não tinha coragem de fazer.
_Espere! -ele pediu assim que Hermione começou a caminhar em direção as escadas que levam ao dormitório. Ela parou, mas não se virou.
O que foi?
_Gina me disse que te viu chorando na biblioteca hoje mais cedo, o que aconteceu? -ela suspirou. Rony caminhou até estar quase colado as costas dela, e ela tinha plena consciência do corpo dele extremamente próximo ao seu.
_Problemas. -disse finalmente.
_Que tipo de problemas?
_Humpf! -ela bufou. - Nada Ronald! Me deixe em paz, a culpa não é minha se você é cego e não consegue enxergar e entender o que está a um palmo dos seus olhos!- ela se virou para encará-lo .
_Porque esta me tratando mal? Eu não te fiz nada, nem falei com você hoje! -ele sai na defensiva, ela estava chegando perigosamente em um assunto que assustava o garoto, ele não sabia se já estava preparado para isso.
_Justamente, justamente! Você não faz nada Rony, nunca faz nada! -ela explode, mas contém a altura de sua voz, lembrando o já avançado horário.
_O que você quer que eu faça? -ela abriu a boca para responder mas a fechou novamente. Ficaram em silêncio por um longo tempo.
_Boa noite Ronald! -ela repetiu. Sem olhar para ele, Hermione virou-se e tomou rumo novamente as escadas, mas ao colocar o pé no primeiro degrau sentiu-se puxada pelo braço e em seguida a sensação de ter sua boca invadida pela língua de Rony lhe arrebatou totalmente, deixando-a sem reação por alguns instantes ínfimos, para logo em seguida responder ao beijo com todas as suas forças.

Beijaram-se tanto tempo que quando Hermione teve que se separar pedindo por ar, sua boca estava doendo, mas uma dor maravilhosa no opinião dela.
Rony nunca esteve tão vermelho em toda a sua vida, nem tão realizado e feliz. Fitou carinhosamente o rosto da menina a sua frente, passando a mão pela face rubra de Hermione.
_Desculpe se machuquei seu braço quando te puxei.
_Não foi nada. -ela não sabia se tinha coragem para lhe encarar, mas lentamente levantou os olhos e sorriu, tímida, ao vê-lo tão próximo novamente.
_Posso te beijar de novo? - ele sussurrou, tão perto da boca dela que Hermione pode sentir a respiração dele bater contra seu rosto.
_Não precisa nem pedir. - ao ouvir isso Rony simplesmente colou seu lábios nos da menina que amava.

*****
Dois anos já haviam se passado desde a última vez em que a vira. Pelo que escutou em uma conversa de sua mãe e sua irmã ela estava trabalhando em uma faculdade trouxa, era professora de Literatura em Marchees, era uma faculdade pequena e pública, ficava aos arredores de Basttle, o vilarejo trouxa mais pobre da região.

Muita coisa havia acontecido desde aquela noite no salão comunal, a guerra, a derrota de Voldemort, as constantes brigas entre eles sobre Hermione viajar para fora do pais para fazer intercâmbio, e sua teimosia em não aceitar.

Namoraram quase 2 anos, até que durante uma discussão ele havia se exaltado e dado um empurrão em Hermione, ela nem ao menos havia caído mas seu orgulho se feriu imensamente. Dois dias depois a casa que dividiam no centro de Londres já não tinha pertence algum dela, e dali em diante ela o fez prometer que não a procuraria nunca mais.
E assim ele o fez, mesmo morrendo de saudades, morrendo de vontade de vê-la, de tê-la em seus braços, de sentir seus beijos e seu corpo junto ao seu, mesmo querendo ela com todas a suas forças ele não a procurou, sabia que ela não perdoaria ele tão facilmente, e não tinha certeza se realmente ela o perdoaria.

Mas agora com a proximidade do aniversário de Harry ele sabia que poderia vê-la se quisesse, tinha certeza de que ela não quebraria a promessa que fizeram ao amigo em seu túmulo que lhe traria rosas brancas todos os anos em seu aniversário, rosas brancas eram as flores preferidas de Harry, só nós dois sabíamos disso.
O problema era que muitas outras pessoas tinham essa idéia no aniversário de Harry, e o cemitério onde ele foi enterrado ficava abarrotado de gente e de flores durante essa data, todos os anos. Mas as únicas rosas brancas eram as minhas e as de Hermione.

Ronald ficou aos arredores do tumulo do amigo a tarde toda, camuflado pela multidão de bruxos e bruxas que circulavam pelo mesmo tumulo, esperou a tarde toda por ela, mas ela não veio, então ele esperou durante a noite, enquanto o movimento diminuía e somente ele continuava a contemplar a face risonha do retrato do amigo em cima da lápide. Bruxos poderosos e ricos quiseram colocar estátuas e monumentos á Harry em seu tumulo, mas era claro para qualquer um que o tenha conhecido que ele certamente não desejaria nada disso, portanto, mesmo contra metade do mundo bruxo, eles bateram o pé e a sepultura de Harry Potter foi a mais simples possível, como eles sabiam que Harry gostaria que fosse.

Então, quando ele já estava perdendo as esperanças de encontra-la ela apareceu, caminhando lentamente em direção á lápide, um buquê de rosas brancas na mão e um semblante de tristeza nos olhos, Rony desejou mais do que tudo poder estar ao lado dela naquele momento, abraça-la e confortá-la, dizer a ela que estava ali e sabia como ela se sentia, que sentia falta de Harry também, e que sentia falta dela...
Hermione lançou-lhe um breve olha triste, passou por ele sem olha-lo novamente, ajoelhou-se em frente a foto do amigo e depositou as flores junto as outras, lentamente lágrimas finas começaram a cair de seus olhos, ela contemplava a foto e o sorriso de Harry angustiadamente, enquanto sussurrava algo para o vento.

Rony aproximou-se cautelosamente dela, parou ao seu lado e ao não ver resistência a sua presença se ajoelhou ao seu lado. Observou cada lágrima que caía em abundância dos olhos da mulher que ainda amava. Desejou poder colocar os braços em torno dela e confortá-la, e numa atitude incerta colocou seu braço em torno dos ombros dela lentamente. Hermione não se mexeu, não falou, nem fez nada, nem contra, nem á favor.
Ficaram assim durante alguns minutos, Rony tentava mostrar para ela em gestos simples que ainda a amava e que sentia o mesmo que ela.
Após vários minutos ela o olhou nos olhos e Rony sustentou o olhar com toda a ternura que conseguiu.

_Vem comigo?- ela pediu.
_Claro! -ele sorriu gentilmente.
Hermione o levou até o seu carro e entraram, ela dirigiu durante quase uma hora e ao pararem em frente á uma cabana velha e surrada ela desceu, seguida por ele.
Ao entrar na casa o contraste foi gritante, la dentro os móveis eram modestos mas em bom estado, muito diferente da fachada caindo aos pedaços da tal cabana.

_Quer beber alguma coisa? -ela quis saber, caminhando até uma porta logo em frente a que eles entraram, na sala dela haviam apenas um sofá, uma televisão velha e um rádio. Rony caminhou atras dela e entrou na cozinha, diferente da sala, na cozinha os eletrodomésticos eram mais novos e contrastavam com a simplicidade total da casa.
_Agua, por favor.-ele respondeu.
Depois de alguns minutos em silêncio, enquanto Rony bebia o copo de água lentamente, tendo muitas coisas para dizer e nem um pouco de coragem para fazê-lo.

Hermione fez sinal para que ele a seguisse, voltaram para a sala e sentaram-se no sofá, ele a viu encara-lo com os olhos marejados, limpou a primeira lágrima que ela derramou, e a abraçou quando as outras também vieram.
Rony não suportou, ele compartilhava a mesma dor dela, a mesma saudade, o mesmo remorso e culpa; então ele chorou, como não fazia a muito tempo, por Harry, por ele, por Hermione, pelo amor que sentia por aquela mulher e não podia demonstrar plenamente.
Dormiram no sofá, Hermione com a cabeça do colo de Rony, na verdade ela havia dormido antes, mas o ruivo passara boa parte da noite admirando a garota, sem saber quando teria outra oportunidade.

Rony acordou com a luz do sol lhe batendo no rosto, Hermione ainda dormia em seu colo e ele se permitiu olha-la por mais algum tempo, se permitiu relembrar como era lindo vê-la acordar e lhe sorrir timidamente.

_Bom dia!- ele desejou.
_Bom dia, vc está me olhando a muito tempo?-ela levanta, se espreguisando manhosamente, Rony sente-se estremamente feliz em poder relembrar coisas tão banais ao lado dela.
_Não muito, acordei faz pouco tempo, só não queria levantar e te acordar também.
_Quer tomar café?-Hermione se levanta e caminha até a cozinha, pouco tempo depois o cheiro de café invade a sala.
_O cheiro parece bom. -Rony coloca a cabeça para dentro da cozinha, ela lhe sori de volta e pega duas xicaras grandes de café e coloca em cima da mesa, fazendo sinal para que ele se sente.
_Quer bolo ou pão?
_Bolo. Do que é?- ele já vai metendo a mão assim que Hermione coloca o pote do bolo na mesa.
_Chocolate branco e mel. -ele levanta uma sombracelha e ela sorri.- O que é? É meu! Eu comprei! -eles riem juntos. Comem em silêncio, trocando olhares cumplices e sorrisos sinceros e de pur alegria.
_Eu estava com saudades disso. -ele toma coragem e finalmente fala uma das coisas que tanto queria.
_Eu também... - ela responde, depois de alguns segundos de ezitação (é assim que se escreve?)
_Hermione...eu fiz o que você pediu, não te procurei... fiz isso pelo máximo de tempo que consegui, porque é duro para mim acordar todo dia sem você do meu lado... eu já estava me acustumando com todas as suas manias, e sinto falta delas, tanto quanto de você...

Hermione ruborizou e abaixou o olhar, quando Rony a fez olha-lo ela estava sorrindo, e seu sorriso se alargou ainda mais o momento em que o ruivo arpoximou-se para beija-la.

A manhã passou lenta, porque para ee o tempo não caminhava quando estavam juntos.
Para Rony era como estar no céu, tê-la em seus braços novamente era ter um dos seus maiores sonhos realizados.

Naõ importavam mais os anos, nem a dor, porque o tempo cura tudo, com essa certeza Rony pôde deitar a cabeça no travesseiro, a mão displicentemente acariciando os cabelos da garota deitada em seu peito, e imaginar como seriam os próximos anos, talvez mais maravilhosos que esse dia eternamente perfeito!

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