Orgulho e Preconceito



[i]"...depois eu fiquei de castigo. Acho que Gui também, mas acho que a 'pena' dele não foi tão pesada quanto a minha. Não posso ir à Toca até irmos para Hogwarts. Ainda faltam três meses... Fico pensando se realmente quero ir. É claro que eu não vejo a hora de sair daqui. Tudo bem que a propriedade é grande, mas eu mal me lembro como era Londres... Mas só de pensar em ficar um ano longe de Samara... Ela já está toda chorosa de novo. E depois que o seu poder se revelou é que ela está mais medrosa do que nunca. E outra: e se eu não ficar na Sonserina? Me dá um embrulho no estômago só de pensar. Não quero ir para Corvinal, imagina ficar uma chata como a tia Stock?! Tá, tudo bem! Ela não é o tempo todo chata, mas tem dia que ela escolhe para pegar no meu pé! Lufa-lufa? Definitivamente não! E tem a Grifinória... Mas dessa eu quero passar longe! Já imaginou? Ficar igual a[u] ela[/u]? Nunca.

(...)Não houve mais reuniões aqui em casa, acho que todas foram transferidas para Hogwarts... Eu questionei tia Morgan sobre aquele homem que vimos na biblioteca. Ela não quis me dizer quem era... Mas depois de eu chatear muito ela me disse... Ele também trabalha para a Ordem, mas são poucos que sabem de seu trabalho. Ele corre riscos tão grandes ou maiores do que todos... Eu fiquei preocupada, e se ele disser quem fazia parte da Ordem para os inimigos? Ela me garantiu que era seguro. E que vovô confiava nele. Ainda assim não me disse o nome dele. Mas irei descobrir (...)

... o poder de Samara está ficando cada dia mais genial. Ontem tia Morgan pediu para a gente acender algumas velas na sala. Samara tentou apagar algumas já gastas, mas elas não apagaram, foi hilário! Quando ela pegou uma nova que estava empoeirada e sobrou para tirar o pó, a vela simplesmente acendeu. Foi genial! A boba ficou assustada... Eu disse para ela deixar disso. Pelo menos a cabeça dela não parece que vai explodir toda vez que o poder dela se manifesta..
.
... engraçado eu ter esquecido de comentar isso. Quando Gui caiu por cima de mim... Bem, ele caiu bem em cima de mim... Quero dizer, nossos lábios ficaram bem próximos. Chegaram a se tocar um pouco, por poucos segundos, porque eu simplesmente empurrei ele. Será que isso foi um beijo? Quero dizer, ele não queria me beijar exatamente, nem eu retribuí. Logo: não foi um beijo. Pronto, é isso. Não foi um beijo.

Mamãe ontem falou comigo. Como sempre ela me chamou de Puddlemere, e perguntou quando eu ia voltar, estava demorando muito. Não sei por que eu não faço como Samara, que simplesmente se esconde quando ela sai do quarto.

Ninguém sabe dizer como aquelas salamandras foram parar lá n'A Toca, mas acham que alguém de alguma forma descobriu que tio Artur é alguém importante no combate e por isso mandou este presentinho via Flú. Ouvi falarem que desconfiam de um tal de Malfoy. Não fazia idéia de quem era até hoje de manhã, quando eu consegui pegar um exemplar do Profeta Diário, já que tia Stockard sempre some com eles para que eu não leia. Tinha uma reportagem inteira falando da felicidade do senhor e da senhora Malfoy pelo aniversário de um ano de seu filho único, Draco Malfoy. Será que era esse tal de Lúcio Malfoy de quem eles estavam falando? Disseram que ele era amigo de meu pai, mas eu não lembro de papai ter comentado qualquer coisa sobre esse homem."



"Isso é o cúmulo do absurdo. Falta um mês para as aulas começarem e eu não poderei ir ao Beco Diagonal comprar o meu material. Eu soube que o Gui foi, como qualquer criança normal. Mas minhas tias simplesmente encomendaram tudo e próxima semana uma tal de Madame Malkin virá aqui para tirar minhas medidas. Não sei como conseguirei minha varinha, pois parece que o dono da loja está irredutível: não quer atender em domicílio. Hoje tia Morgan disse que falaria com vovô para interceder. Honestamente? Espero que ele não consiga. Assim poderei ver o mundo lá fora. Mas se depender da influência que vovô tem... Acho que terei que esperar..."[/i]



A visão estava embaçada por conta da neblina. Quanto mais corria, mais o espelho se afastava. A fadiga nas pernas já estava ficando insuportável. Teve um momento que parou. Não conseguia mais.

Teve medo. Uma figura com um manto e capuz marrons foi se aproximando. Mas à medida que ela se aproximava, o medo foi se dissipando.

Olhou para o espelho. Ele estava lá parado. Ao seu alcance.

- Não tente chegar a um destino que não lhe pertence, criança. Não tenha medo de voltar atrás. - uma mão aconchegante segurou o seu ombro. - Não tente ser algo que você não é. Aceite de corpo e alma o destino que lhe foi reservado. Creia em mim. Lute por ele e serás muito feliz. - Olhou de volta para o dono da voz e sorriu. Ele levantou as mãos para abaixar o capuz...

-Samatha Warren, acorde! Por merlin! Logo hoje? Ele não vai esperar o dia todo. -levantou-se de um susto. Como pôde esquecer que hoje o senhor Olivaras chegaria para que ela escolhesse sua varinha? Ou sua varinha iria escolher ela? Não entendeu muito bem essa parte da conversa.

Foi conduzida por Stockard até o banheiro. Rapidamente, fez a higiene pessoal e foi ajudada pela tia para se vestir. Em minutos estava na sala, que a essa altura estava abarrotada de caixinhas e caixotes. Depois de experimentar praticamente todas, o senhor lhe entregou uma varinha não muito grande, de uma madeira avermelhada e não muito flexível, que ao tocar sua mão fez com que fagulhas multicoloridas saíssem da ponta, e no final estrelinhas vermelhas e douradas brilharam.

- Mogno, 24 centímetros, pena de fênix! Ha! Inacreditável. Ha! Belíssima escolha, Senhorita Warren. - disse o senhor Olivaras em meio de curtos risinhos.

- O que é tão engraçado, senhor Olivaras? - perguntou o Stockard, enquanto Samantha olhava maravilhada para a varinha em suas mãos.

- Nada em especial, Sra. Warren. É que esta varinha é muito antiga. Na verdade foi feita pelo meu pai. E nunca saiu. Eu nem ia traze-la. Mas nem sei porque eu acabei trazendo e olhe só! É esta a varinha destinada a sua sobrinha. Esta mocinha aqui esperou muitos anos pela sua dona!



Molly Weasley tomou um grande susto ao se levantar cedo no dia 1 de setembro.

- Guilherme! Há quanto tempo você está acordado?! São seis da manhã - exclamou a jovem senhora ao ver seu filho mais velho completamente vestido com o novo uniforme da escola.

- Não faz muito tempo, mãe. Mas eu simplesmente não consegui dormir direito. Minhas coisas já estão no malão. Já conferi três vezes. E eu já estou pronto... - o garoto falava tudo muito rápido, às vezes se esquecendo de respirar. A mãe olhou divertida para ele e suspirou. Como tudo pode ter passado tão rápido? Parecia que fazia séculos que ela vira aqueles olhinhos azuis e cabelos flamejantes pela primeira vez. Mas não. Foi há 11 anos. E agora seu primeiro filho iria para Hogwarts, a escola onde havia passado os melhores e piores momentos de sua vida.

Ela e Sally Warren eram muito amigas e muito diferentes. Se divertiram muito e aprontaram mais ainda. Mas se dependesse dela, seus filhos jamais saberiam de nada. Sorriu ao se lembrar do quanto odiava quando o "pimentão" do Weasley a importunava. Só de pensar que seus filhos passariam por aquilo também...

- Mas nós não criamos nossos filhos para nós, Molly querida! Gui vai se dar bem. Você vai ver. E qualquer coisa ele não estará só. Samantha começa amanhã também. Ela será uma ótima companhia, são como irmãos... - sentiu um aperto no coração ao se lembrar das palavras do marido na noite anterior.

- Guilherme, vá colocar aquelas calças jeans que eu separei e aquela camisa. Você só poderá vestir seu uniforme quando estiver no trem. - e voltou para preparar o café.

O garoto subiu para o seu quarto e a muito contragosto trocou a roupa.

- Você não se cansa de se trocar? - perguntou um monte de sardas debaixo dos lençóis. Ao lado da cama de Gui, Carlos Weasley olhava divertido para o irmão mais velho.

- Mamãe mandou.

- Nervoso?

- Espere até chegar a sua vez! Passamos a vida toda ouvindo falar de Hogwarts que acabamos pensando que nunca vai chegar. Vou sentir saudades de casa... Sabe no que eu estou pensando? - perguntou Guilherme ao irmão.

- Em beijar Samantha novamente? - piscou o irmão marotamente.

- Não, seu idiota! Mas se bem que não seria má idéia, heim? Ela deve estar ansiosa por mais uns beijinhos.

- Há! Com certeza! Diz logo o que é que você estava pensando. - bufou Carlinhos tentando abafar o riso, já que seu irmão agarrara o travesseiro simulando um beijo.

- Como será que Samantha está? Quero dizer: será que está nervosa? Histérica? Passamos tanto tempo sem se ver...

- Provavelmente nos últimos três meses devorou aquela biblioteca de novo! Deve estar histérica, ou então mais calada do que nunca. Samara é que deve está triste. Você vai embora, mas ao menos eu tenho o Percy e os outros, ela nem isso - nesse momento ambos começaram a rir - Mas e se eu mandar o Percy embalado de presente para ela?

- Não esqueça de fazer furinhos na caixa, ou mamãe vai ficar furiosa. - respondeu Guilherme ao colocar o seu uniforme de volta no malão e fechá-lo.

- A mamãe vai ficar furiosa se escutar essa conversa e se vocês demorarem! - os garotos se assustaram ao ouvir a voz do pai. Artur Weasley levou a mala do filho para baixo e os quatro tomaram café. Depois ajudaram Molly com os mais novos. E todos se aprontaram para ir a King's Cross.

- Artur, você ainda não me disse como vamos para a estação! Percy, Jorge, Fred e Rony são muito pequenos para o pó de Flu.

- Eu sei, Molly querida - ao ouvir isso Molly endireitou a barriga proeminente da gravidez já avança, quando Artur a chamava assim era quando ela estava com raiva dele. Mas ela não estava... Ou será que não estava [i]ainda[/i]? - Bem... Na verdade, como Morgan não quis mais o velho Ford Anglia e comprou um novo carro, muito bonito, por sinal, ela me fez a fineza de vender por uma pechincha o velho carrinho. E veja só que utilidade ele terá... - os garotos já não escutavam mais a voz do pai, já que sua mãe havia simplesmente explodido de raiva.

- Você o que?



Haviam chegado cedo, faltava meia hora para o trem partir e nada das Warren, Guilherme observava a cada pirueta que dava em seu irmão mais novo. A plataforma já estava fervilhando de tanta gente, mas deu para ele e seu pai encontrarem uma cabine para ele e Samantha quando esta chegasse.

Na plataforma havia muitas famílias com seus filhos. E aurores do Ministério para cima e para baixo, alguns disfarçados. Não que achassem que Comensais da Morte fossem atacar, mas enquanto as crianças não chegassem a Hogwarts, elas não estariam seguras. A antiga Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts era um dos poucos locais seguros que restavam desde que um poderoso bruxo das trevas estava tentando tomar o poder para si. E isso foi há onze anos atrás. Guilherme não conseguia se lembrar de um momento de paz. É claro que pelo fato d'A Toca ter pertencido ao Jardim das fadas no passado, era bastante seguro, e ele junto com seus irmãos tiveram uma vida tranqüila. E quando tinha cinco anos, as sobrinhas de sua madrinha e vizinha Stockard se mudaram para lá com a mãe, e então tinha mais crianças com quem brincar. Como ele e Samantha tinham a mesma idade, sempre houve uma certa disputa para verem quem seria o mais velho. Até que era divertido como ela se irritava quando ele a provocava. "Elas estão demorando muito." Suspirou enquanto impedia que os gêmeos empurrassem Percy nos trilhos do trem com a ajuda de Carlos.

Só chegaram mesmo quando faltavam dez minutos para as onze horas. As tias vieram na frente impecavelmente vestidas, como sempre. Morgan trazia Samara pela mão. A menina tinha os olhos atentos e curiosos, era tudo novidade para ela, já que ficava tanto tempo "aprisionada" no Jardim. Vestia um vestidinho azul leve de alças finas. Os cabelos estavam presos em duas tranças que iam um pouco além de seus ombros magrinhos. Guilherme passou os olhos pelo grupo que se aproximava animado ao avistar os amigos, mas não viu Samantha. Só quando as duas bruxas mais velhas cumprimentaram os senhores Weasley é que Guilherme localizou a amiga.

Samantha usava uma saia marrom e uma blusa bege. Os cabelos impecavelmente lisos estavam presos pela metade, apenas impedindo-os de atrapalhar sua visão. Ela vinha atrás das tias, seguida por um malão lustroso e refinado que flutuava levemente. O rosto sério demonstrava uma tristeza que contrastava com o burburinho ao redor. A menina cumprimentou a todos educadamente e dava respostas monossilábicas às perguntas que ouvia.

- Uau, Samantha, que linda coruja você ganhou! Como ela se chama? - perguntou Artur Weasley, aparentemente querendo animar a menina.

- Freya. - respondeu ela olhando para a coruja que estava numa gaiola dourada encima do malão com as inicias também douradas: S.E.G.D.W. A ave piava alegremente para a roda de crianças que se formou. Era dourada e tinha olhos âmbar que brilhavam também.

Enquanto Stockard discursava sobre o tipo de coruja, uma dourada rara do Nordeste da França, os de Samantha e Guilherme se encontraram. Ele sorriu alegremente, mas tudo o que ela fez foi se virar para irmã após o apito de cinco minutos para a partida.

- Até logo, Samara. No Natal a gente se vê! - disse abraçando a irmã.

- Vou mandar uma carta todo dia! - disse a mais nova começando a choramingar.

- Duas - rebateu Samantha, como se estivesse negociando.

- Três!

- Fechado! - as duas começaram a rir - Que tal trocar suas três cartas por dia, por um relatório nos fins-de-semana?

- Está bem!

Samantha, Guilherme e Morgan subiram no trem. E este começou a se mover devagar. Samara, junto com as outras crianças, começou a correr pela plataforma, tentando acompanhar o trem e dando adeus. Depois da primeira curva não deu mais para os ocupantes verem as pessoas que se despediam.



- Pronto, crianças! Podem ficar aqui nessa cabine, tenho que ir ao vagão dos monitores e depois ao dos professores. - disse Morgan aos dois.

- Quando vamos ter aulas com a senhora, Professora Warren? - disse Guilherme piscando para Samantha, mas essa não fez nenhum movimentou ou som que demonstrasse que também tinha achado engraçado.

- Ah, eu tinha me esquecido! Primeiramente, Gui: amanhã já temos aulas. E é exatamente assim que eu quero que vocês me chamem. Vamos deixar o tia Morgan para casa, sim? - disse ela olhado apreensiva para Samantha - Não é por nada. Apenas achamos melhor, pois assim evita que peguem no pé de vocês...

- Não precisa se preocupar, professora Warren. Não vamos nos esquecer. Professora McGonagall, Professor Dumbledore e Professora Warren. Não se preocupe, eu já anotei tudo bem direitinho. - a voz de Samantha ecoou arrastada e diferente pela primeira vez. Morgan a olhou preocupada, a menina estava estranha a uma semana, desde que o pai da bruxa tinha ido lá para conversar sobre este mesmo assunto.

- Samantha, por favor...

- Eu já disse que tudo bem, tia... ops... Professora... É melhor você ir.

Morgan notou que não adiantaria nada naquele momento, mas na primeira oportunidade conversaria com a menina e então se encaminhou para os seus deveres de professora de Defesa Contra as Artes das Trevas.

- O que foi que houve? Por que você está com esta cara de quem chupou limão? Vamos lá, Sam! É Hogwarts! O que nós sempre quisemos!

- Você quer saber o que houve? Eu vou lhe dizer. - a menina olhou para ele com raiva e respirou fundo - Que tal ser o tempo todo tratada como uma criança? Que tal ter que chamar suas tias e seu avô de Professores...

- Ei, ei, ei... Gostando ou não do que eu vou dizer, Sam, lá vai: nós somos crianças,[b] ainda[/b]! - disse tentando ser simpático. - E se todo mundo começar a caçoar de você ou te importunar só porque você é parente deles? Pensa por esse lado... Vamos mudar de assunto. O que descobriu sobre aquele cara da biblioteca?

Samantha esboçou um sorriso antes de responder.

- Não muita coisa, a professora Warren não liberou muita coisa. Mas deixa eu te contar o que eu ouvi sobre as salamandras lá na sua casa... - Samantha relatou tudo o que ouviu sobre os Malfoy, mas depois de um tempo interromperam a conversa porque alguns alunos pediram para ficar na cabine também. Gui manteve uma conversa amigável com os novatos que tinham chegado. Samantha voltou às respostas monossilábicas e depois vestiram seus uniformes. O trem avançou noite adentro, sempre em direção ao Norte. Desembarcaram na estação de Hogsmead, e depois passaram de barco pelo lago da propriedade da escola. E ouviram um grandalhão que atendia pelo nome de Hagrid desejar "Boa Sorte" ao se despedirem dele no cais subterrâneo da escola.

- Sejam todos bem-vindos à Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Eu sou sua professora de Transfiguração, Minerva McGonagall, vice-diretora de Hogwarts e diretora da casa Grifinória. Em seguida vocês serão selecionados para suas respectivas casas. Todas têm sua história de honra e glória e espero que todos estejam a altura da casa escolhida. Agora vamos, pois já estamos prontos para recebê-los. - a mulher de aspecto muito severo se encaminhou à frente de todos formando uma fila, mas antes de se virar, ela deu um leve sorriso para Samantha, que foi totalmente ignorado.

- Nossa, Samantha! Como você está azeda hoje! Custa tratá-los bem? - Guilherme atrás de Samantha se exasperou.

A professora McGonagall conduziu as crianças até o final do grande Salão de Hogwarts. Ficaram posicionadas em frente à mesa principal, de costas para as quatro mesas, das quatro casas.

Na mesa principal, Samantha viu sentado ao lado de Morgan Warren, Alvo Dumbledore, que sorria simpaticamente para os alunos novatos. Ele pousou os olhos em Samantha e a saudou alegremente. A menina apenas moveu a cabeça em direção ao chapéu maltrapilho que Minerva trazia nas mãos. Ela pegou um pergaminho e começou a chamar os nomes dos alunos.

- Asimov, Isaac! - ela começou chamando o primeiro garoto a pôr o chapéu e a ir para a Corvinal.

Bach, Richard foi para a Lufa-Lufa. E assim se seguiu vários nomes. Barrec, Mark foi o primeiro a ir para Sonserina, seguido de Bentley, Bertha . Bengier, Jacques foi para a Lufa-Lufa. Cook, Robert se encaminhou para a mesa da Corvinal. Carter, Melanie se juntou aos lufa-lufas e Dorough, Holly foi a primeira a se encaminhar para a mesa da Grifinória, seguida de Gustavo Ellus e Teodoro Fristen.

Garden, Sean se encaminhou honrosamente para a mesa Corvinal. Hellern, Victor virou um sonserino. E os gêmeos Highsmith foram separados. Martin foi para a Lufa-Lufa e Martha virou uma corvinal. Ildegard, Rosemund foi saudada pela monitora da Grifinória quando se sentou à mesa. Uma menina de longos cabelos castanhos claros que se chamava Electra King se dirigiu toda sorridente para a mesa da Corvinal. Linnard, Sigfreud não se importou com os risinhos que seu nome gerou e se dirigiu bravamente para a mesa da Grifinória.

- Mandrake, Trinstan! - nesse momento um garoto um pouco alto para a idade e de cabelos pretos seguiu orgulhosamente para a mesa da Sonserina. McKinnon, Troyanno foi selecionado para a Grifinória. Ayasha Murray também. Notaker, Heather virou uma Corvinal. Seguida de Sarah O'Brien, que foi para Grifinória. Paulo Read virou um Corvinal. Seguindo a seqüência: Robin, Harold (Sonserina); Shelbs, Phillip (Lufa-Lufa); Tonks, Nymphadora (Lufa-Lufa); Wallace, Irwing (Sonserina).

- Warren, Samantha. - Gui deu um aperto no ombro dela, como se desejasse boa-sorte.

"Oh, já fazia um tempo que eu não selecionava alguém da sua família, mas na verdade você é uma misturinha bem explosiva. Uma Warren é sempre um desafio... Vejo muita força de vontade... e uma mente nada má" - os pensamentos da garota foram invadidos pelas palavras do chapéu seletor e repetiam incessantemente: "Sonserina, por favor, Sonserina..."

"Sonserina? Tem certeza? Há sangue nobre, é claro! Mas não vejo arrogância... muito pelo contrário... vejo inteligência... vejo também algo que um dia vai te surpreender... Mas você quer Sonserina... tudo bem... mas eu nunca erro srta. Warren... nunca... mas se tem certeza.... Grifinória!"

Samantha não pôde acreditar no que ouviu. Não saberia dizer como devolveu o chapéu à professora e como se sentou à mesa à extrema esquerda, ou se realmente fez isso. Mergulhada num torpor de frustração, ela só voltou a si quando ouviu Gui ser chamado.

- Weasley, Guilherme! - o menino estava bastante nervoso, pois o rosto estava vermelho. Caminhou com passos apressados até o banquinho e enfiou o chapéu com tudo na cabeça. O que se seguiu a isso foi tão inesperado que até mesmo a prof. MacGonagall deu um leve sorriso. O chapéu seletor, no momento em que tocou a cabeça flamejante dele, soltou uma gostosa gargalhada, alta e bem sonora, e depois sua "boca" em forma de rasgo setenciou: Grifinória!
Os últimos a serem selecionados foram: Cliff Willinghan e Adria Zolla, que viraram um lufa-lufa e uma sonserina, respectivamente.



- Bem, meu pai é trouxa, mas minha mãe é bruxa. - ia dizendo uma menina um pouco mais alta que Samantha, mas bastante gordinha. Tinha a pele morena e olhos cor de mel, quase verdes. Estava sentada entre Guilherme e outra menina loira.

- Ayasha! Que nome diferente! - disse a loirinha.

- Ayasha Murray. É que meu pai é inglês e trouxa, mas minha mãe é bruxa e marroquina. - e começou a relatar uma história mirabolante de como sua mãe, Fátima, tinha conseguido fugir de seu país de origem.

História que teve que ser adiada, pois com o fim do banquete, o diretor fez o seu pronunciamento. Dumbledore se levantou e falou com voz alta e clara.

- Bem-vindos a todos! Fico feliz com o retorno de vocês! Vamos aos avisos de praxe: a floresta que fica na propriedade não tem seu nome à toa: Floresta Proibida. Isso quer dizer a todos os alunos, sem exceção. O Sr. Filch me pediu para lembrá-los de irem conferir os itens proibidos dentro e fora do castelo. - fez uma pequena pausa - Bom, quero pedir uma salva de palmas em homenagem à nossa queridíssima professora de poções: Meredith Bone. - palmas e assobios foram escutados. Uns pequenos soluços na mesa da Lufa-Lufa também foram ouvidos. A homenagem durou quase um minuto. - Foi uma perda dolorosa para todos. Mas as aulas têm que continuar. - mais uma pequena pausa - Hum, e para nos auxiliar no ensino de poções convidei um ex-aluno muitíssimo valoroso. Eu vos apresento o professor Severo Snape. - um homem alto e pálido, com cabelos gordurosos e um nariz de gancho muito estranho se ergueu na extremidade oposta em que estava sentado o grandalhão Hagrid. Palmas discretas foram escutadas e com a cabeça ele cumprimentou o diretor.

Só quando Dumbledore desejou boa-noite à todos e os monitores começaram a encaminhar os alunos para as respectivas Salas Comunais foi que os olhos azul-celeste de Dumbledore e os de cor violeta de Samantha se encontraram. Mais uma vez ela o viu sorrindo e se viu obrigada a sorrir. E uma voz calma e confiante soou como se estivesse sussurrando no seu ouvido: "Eu estou muito alegre, minha querida! Não importa como você tenha que me chamar... Eu serei [b]sempre[/b] o Vovô Biruta."



- Feliz com a escolha? - perguntou Guilherme à Samantha no caminho para o Salão Comunal da Grifinória.

- Você sabe muito bem que não. - ela respondeu, mas antes que pudesse chamar Gui de qualquer coisa foi interrompida pela menina das histórias mirabolantes.

- Vocês já se conheciam antes de Hogwarts? Sério? São parentes? Quero dizer... É tão difícil conhecer alguém no mundo bruxo. Minha mãe quando chegou à Inglaterra foi super complicado para ela fazer amizades... - Guilherme sorriu ao ver Samantha virando os olhos e apressar o passo. Por educação, ele escutou a história de como a mãe da garota entrou em contato com o Ministério Inglês.

A Sala Comunal era muito confortável. Os alunos veteranos até que ficaram conversando até mais tarde, mas os alunos novatos estavam todos sonolentos e aquecidos. Os meninos seguiram o caminho oposto ao das meninas.

Guilherme subiu as escadas animado, conversando com um garoto de cabelos lisos e castanhos e outro com cabelos muito loiros, quase brancos de tão loiros. Samantha se amaldiçoou por não ter prestado atenção ao nome de ninguém e seguiu sozinha a maré de meninas que subiu tagarelando. Quando olhou para trás, viu que a menina marroquina estava seguindo o mesmo caminho que ela. Pediu com todas as suas forças que não ficassem no mesmo dormitório.

No que não foi atendida. Ao entrar no dormitório, viu a gaiola de Freya vazia encima do malão. "Onde será que se meteu?", pensou Samantha enquanto pegava contrariada a gaiola e a depositava em cima de uma mesinha.

- Não se preocupe! Ela deve ter ido esticar as asas. - tranquilizou Ayasha sentando-se na cama ao lado da de Samantha.

- Não estou preocupada! - respondeu Samantha no mesmo instante, mas ou a menina não ouviu, ou fingiu que não.

- Sabe, eu não tenho coruja. Mamãe diz que eu não levo jeito com animais. Concordo com ela. Mas, de qualquer maneira, tem o Thondor, a coruja do meu irmão Chad. Ele é do terceiro ano da Corvinal... - Samantha olhou desesperada ao seu redor, mas nenhuma menina parecia se importar que ela estivesse sendo "torturada" daquele jeito.

Uma menina enrolava os cachinhos negros em rolos de tecido, outra escova os cabelos pelas centésima vez desde que chegou ao quarto. E a loirinha da mesa de jantar aparentemente cansou de escutar Ayasha e assistia à escovação de cabelos.

Samantha teve uma idéia. Abriu o malão para pegar um pijama. "Quem sabe ela não se toca de que eu quero dormir e pára."

Arrependeu-se imediatamente ao abrir o malão.

- Uau! Você tem um Malão Mágico Poppislovic! - ao ouvir isso, as outras meninas se precipitaram à borda do malão.

- Já ouvi falar! São muito caros e raros! - disse a menina com cabelos escovados.

- Como você conseguiu? - perguntou a menina de rolos nos cabelos.

- O que é um malão Popplovoc? - perguntou a loirinha.

- Tem razão, são caros. Minha tia comprou. E é Poppislovic. Eles foram feitos há muito tempo e sua mágica permite carregar tudo o que você quiser, pois neles cabem tudo. Tudo mesmo, até você! - disse Samantha fechando asperamente o malão e se encaminhando ao banheiro feminino do outro lado do corredor, no que foi mais uma vez seguida pela morena.



- Sabe, desse jeito você não vai conseguir muitos amigos! - disse a morena gordinha que já estava pronta quando Sam saiu do Box. - Se eu fosse você eu...

Nesse momento Samantha deu uma gargalhada forçada. A menina parou espantada, não esperava esse tipo de reação.

- Acima de tudo, você nunca será igual a minha coruja! Quanto mais ter a pretensão de me dizer o que fazer! Você já se olhou no espelho hoje? Pois bem, não precisa se virar, eu digo o que vejo: uma mestiça em todos os sentidos. O que é que você quer com tudo isso? Chamar atenção? - Samantha sentiu toda a sua frustração se esvaindo, e estava começando a gostar do fato de a menina escutar tudo calada - Pois não deveria. Não sabe que pessoas como você correm risco de serem mortos?

- Mas Dumbledore nunca permi...

- Ha! Dumbledore?! Acredite em mim: aquele lá só pensa na guerra dele e em mais nada!

- Você é muito má! Nunca pensei que eu fosse errar assim. Sempre soube quem presta e quem não presta só de olhar nos olhos. E quando eu vi os seus olhos violetas pensei que tivesse uma alma boa. Mas não! Você deveria está com aqueles nojentos da Sonserina. - nesse momento lágrimas corriam pela face gordinha da menina. Ela pegou suas coisas e saiu correndo do banheiro.

- Eu sei. - suspirou cansada. Durante a briga, ela se sentiu bem, como não se sentia desde que o chapéu a selecionou. Mas agora ela começava a se sentir mal. Tão mal quanto se sentia quando tia Stockard brigava com ela. Tão mal como quando sua mãe a pegava e começava a dar instruções de como vencer ela nem sabia o quê! Recolheu suas coisas em silêncio e foi para o dormitório.



Gui conversou com seus novos amigos até todos ficarem bastante sonolentos e desabarem na cama. Estava feliz, seus novos amigos eram bastante interessantes.

Sigfreud é bem legal. Fala meio enrolado pelo fato de ter nascido e crescido na Dinamarca. Troy é meio calado, mas todos compreenderam pelo fato de seus pais e irmãos terem sido assassinados há pouco pelo Lord das Trevas.

Gus é americano, seus pais ingleses voltaram dos Estados Unidos para ajudar na guerra. Vieram pessoas de outros países também. Teodoro também era legal, e assim como Gus e Gui não conseguia parar de falar.

Mas agora o dormitório masculino estava em silêncio. Gui escreveu a carta para a sua mãe antes de dormir. Iria colocá-la numa coruja para casa no dia seguinte. Agora ele dormia profundamente, muito diferente de uma certa garota de cabelos muito negros no dormitório feminino.


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