Black, B.L.A.C.K.! Entendeu ou

Black, B.L.A.C.K.! Entendeu ou



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Capítulo oito – Black, B.L.A.C.K.! Entendeu ou quer que eu desenhe?  


Cassandra ignorou completamente o jantar e a mochila. Ela foi direto para o dormitório, sem se preocupar em pegar seus pertences na sala de defesa contra as artes das trevas, pegaria depois, quem sabe no dia seguinte...


Ela se esquivou por entre a correnteza de alunos que se direcionava ao salão principal para jantar. Ela tentou subir as escadas o mais rápido que pôde, fazendo de tudo para evitar que elas mudassem de lugar e ignorava cada vez que alguém chamasse seu nome. Depois de passar pela maioria dos alunos, nos dois primeiros lances de escada, chegar à torre da Grifinória foi muito fácil, pois o caminho estava deserto.


A mulher gorda conversava alegremente com a moça de um quadro ao lado. Cassandra murmurou a senha e, com um muxoxo, a mulher gorda revelou a passagem para o salão comunal da Grifinória. O cômodo estava vazio, exceto por alguns alunos do sétimo ano que passavam apressados por ali e um casal do sexto ano que conversavam abraçados no sofá em frente à lareira.


 Ao chegar em seu quarto Cassandra constatou, aliviada, que estava vazio. Todas as outras alunas estavam no salão principal jantando, inclusive Hermione. Ela sentiu falta da França, não tinha que passar por nada disso em Beauxbatons. Uma bola negra de pelos se espreguiçou sobre a cama de Cassandra, Merlin piscou demoradamente e depois miou, preguiçosamente, para ela que sorriu.  Depois de um longo e demorado banho ela se jogou na cama. Seu cabelo agora estava longo e castanho, ainda molhado, Merlin passeou um pouco sobre ele antes de se alojar na barriga da menina.


- Que dia cansativo! – ela disse passando as mãos sobre os olhos


Ela se remexeu na cama, ficando de lado, encarando a madeira que sustentava o dossel. Com duas rápidas piscadas seus olhos adquiriram um tom de verde e uma delicada roseira começou a se enrolar por toda a extensão da madeira, com pequenos botões vermelhos que se abriam majestosamente. Ela sorriu.


A porta do quarto abriu estrondosa e rapidamente. Cassandra deu um pulo na cama, fazendo com que Merlin corresse para baixo do travesseiro dela. Todas as flores que cobriam a cama murcharam e enegreceram antes de cair no chão. Hermione sorriu ao encontrá-la.


- Eu estava apenas praticando um feitiço! – ela disse rápido quando o olhar da amiga caiu sobre os botões mortos.


- Onde você esteve? Harry está te procurando feito um louco! Você perdeu o jantar, por isso trouxemos um pouco de comida pra você – ela sorriu – venha!


Cassandra se levantou desconfiada, mas seguiu Hermione. Ela juntou as longas madeixas molhadas sobre o ombro, preferia que manga ficasse úmida, não as costas, pois sempre ficava com frio quando molhava o dorso da blusa. Hermione a guiou pela escada até o dormitório masculino.


O dormitório masculino era exatamente como o feminino. Camas de madeira cobertas por dosséis em ouro e vermelho, dispostas pelo cômodo, malas de couro em frente às camas com as iniciais de seus donos e vários pôsteres, bruxos ou não, dispostos pelo quarto, com figuras de bandas e jogadores de Quadribol ou qualquer outro esporte que fosse apreciado.


Neville estava em pé, apoiado na cama de Harry, conversando com Rony e Harry. Assim que as meninas chegaram Hermione fez um som, como se anunciando a si mesma. Neville olhou por alguns instantes antes de se retirar do quarto desajeitado.


Hermione se acomodou na cama, ao lado de Harry. Os três estavam sentados, parecendo muito à vontade. Rony indicou um espaço vazio a sua frente para que Cassandra se aboletasse. Ela se acomodou ali, cruzando as pernas sobre o colchão e apoiando os braços sobre as pernas.


- E então – ela disse tentando parecer descontraída – do que se trata essa reuniãozinha?


- Sabe Cassie – Harry começou – eu acho que você deveria contar pro Rony e pra Hermione aquilo que você me disse hoje. Como eu já disse, você pode confiar neles.


- É sobre isso que você quer falar? – ela sentiu algum alivio – bem, eu não quero contar toda aquela história novamente sabe?


- Se você quiser, eu conto – ela riu


- Você vai contar errado!


- Então conte você! – pediu Rony


-Está bem, está bem – ele pediu calma com as mãos – eu conto. Algum de vocês, fora o Harry, já ouviu falar “Nas Norrenas”?


- Aquela lenda? – Rony perguntou, ela confirmou com a cabeça – bem, sim! Mamãe lia essa história pra mim e pra Gina antes de dormir, era a favorita dela!


- Eu já li sobre isso uma vez no primeiro ano, peguei um livro na biblioteca que falava sobre algumas culturas bruxas extintas.


- O que isso tem a ver com a história – indagou Rony – Digo, é só uma lenda ou, no máximo, uma civilização bruxa extinta.


- Não é uma lenda e nem estão extintas – sentenciou Cassandra encarando Rony – elas apenas são raras e a última registrada morreu há duzentos anos.


- Você quer dizer que acha que elas estão vivas e quer sair em caça às norrenas, é isso? – brincou Rony


- Não será necessário caçá-las, Ronald – ela ainda não havia desviado o olhar dos olhos de Rony – por que existe uma. Bem aqui na sua frente.


- Você está dizendo que...? – Rony balbuciou surpreso


- Sim e vocês não podem contar pra ninguém! Ninguém mesmo, por mais que vocês confiem na pessoa! Antigamente muitas delas foram mortas por outros bruxos e, por mais que as coisas tenham mudado, eu não gostaria de correr esse risco – ela colocou a mão sobre o pescoço e fez uma careta.   


- Claro – disse Hermione prontamente – pode deixar que nós não contaremos! Mas, me diga como funciona essa sua magia?


- Exatamente como descrita nos livros. Eu consigo controlar as cinco matérias, só isso.


- Incrível – disse Hermione – realmente notável!


- Bom – disse Cassandra se levantando e andando até a porta – eu acho que isso encerra a nossa festa do pijama, não?


- Ainda não, Cassie – Harry também se levantou – existe outra coisa que eu gostaria de falar com você.


Ela parou por alguns segundos e suspirou profundamente antes de se virar, lentamente, para encarar Harry.


- E esse novo tópico por um acaso teria algo com o nome “Black”, não é?


A atmosfera do ambiente mudou. Harry confirmou com a cabeça enquanto Rony e Hermione se sentaram enrijecidos. Cassandra andou até eles, mas não se sentou. Ela passou os dedos pelos cabelos e os juntou novamente sobre o ombro.      


- Muito bem – ela disse cautelosa – o quanto vocês sabem sobre Sirius Black?


Hermione e Rony se entreolharam e Harry engoliu em seco, ela percebeu que havia tocado em um ponto delicado, mas quem havia trazido o assunto tinha sido Harry.


- Er... Não muito – ele disse rapidamente – somente o que aparece na mídia.


- É – disse Rony – o ministério fala o tempo todo dele!


Cassandra olhou em volta e se sentou ao lado de Harry. Ela o encarou profundamente, muito séria.


- Ele é seu padrinho não é mesmo?


- O que? – disse Harry assustado – Como é que você... Digo.. Er... Não... Como...?


Cassandra abaixou os olhos e tomou fôlego.


- Eu sei muitas coisas sobre ele. Pesquisei muito.


- Por quê? – Hermione questionou um pouco áspera. Cassandra teve a nítida sensação de que eles achavam que ela estava procurando por Sirius para entregá-lo ao ministério


- Por que ele é a única família que me resta.


Harry, Rony e Hermione olharam para a garota como se ela fosse uma maluca. Harry ria nervosamente


- Sua família? – Harry perguntou cauteloso, parecia escolher as palavras com muito cuidado – Cassandra, e quanto à carta que você mostrou pra gente do seu irmão? E quanto aos seus pais que viveram na França?


- Eles não são meus pais. Eu fui adotada depois que o Sirius foi preso e meus pais verdadeiros morreram.


- Cassandra – Hermione se levantou calmamente e andou até ela – se isso que você diz é verdade, qual o seu grau de parentesco com Sirius?


Ela começou a mexer freneticamente no pingente que usava. Ela puxava tão rápido e com tanta força que a delicada corrente se partiu. Ela se abaixou e tentou colocar a corrente no bolso da calça, mas não percebeu que ela escorregou para fora e continuou no chão.


- Irmã – ela disse decidida – Sirius Black é meu irmão! Meu nome de batismo é Cassandra Mary Jane Black.


- Cassie – Rony chamou cauteloso – você não pode ser irmã de Sirius Black.


- Mas eu sou, eu juro – disse Cassandra tentando parecer calma, mas com um traço de desespero em sua voz – eu juro pela minha varinha. Eu sei que vocês o conhecem! Sei que o Harry é afilhado dele! Sei que ele é inocente de tudo o que foi acusado! Eu tenho procurado, feito pesquisas, me informado, tudo! Por isso eu vim pra Hogwarts, por isso eu me mudei para a Rua dos Alfeineiros e não Godric´s Hollow! Por isso eu estou na Grifinória!


Os três se entreolharam obviamente preocupados. Rony foi o primeiro a falar.


- Cassie, se você tem tanta certeza que é parente dele, você pode ser uma prima distante ao algo assim, ele não tem irmãs, só um irmão! E tem mais, como você pode ser irmã dele? Você tem a nossa idade, e Sirius tem a idade dos pais de Harry, é uma diferença de cerca de vinte anos!


- Os pais de Harry tinham 21 anos quando nós nascemos. Meus pais tinham 23 quando Sirius nasceu, logo tinham 44 quando eu nasci. Improvável, eu admito, mas não impossível. Pessoas têm filhos com mais 60 anos! Por que minha mãe não pode ter engravidado aos quarenta? Por que é tão difícil assim pra vocês acreditarem em mim?


- Como você mesma disse, é improvável!


- Mas não impossível! Harry – ela tirou os olhos de Rony e se virou para o moreno – quando você voltou do labirinto no fim do torneio tribruxo agarrado ao corpo de Cedrico Digory dizendo que aquele-que-não-deve-ser-nomeado havia voltado eu acreditei em você, sem questionar, sem duvidar e a despeito de tudo que todos os outros diziam, apesar de ser improvável.


- Cassandra – Rony chamou – nós não achamos que você esteja mentindo  


-Não – ela disse triste – só acham que eu estou enganada. Bom, eu não estou! Me procurem quando vocês decidirem acreditar em mim!


- Cassandra nós... – começou Harry


Mas antes que ele pudesse dizer qualquer coisa Neville entrou, ele olhou assustado para a cena e disse


- Eu posso voltar mais tarde!


- Não será necessário, Neville, eu já estava de saída – disse Cassandra passando pela porta irritada.


Parecia bem obvio àquela altura do campeonato que seus planos de dormir cedo depois do longo dia não se concretizariam. Ela passou por alguns estudantes que voltavam para seus salões depois de muito comerem no salão principal. Cassandra atravessou as escadas, todas as portas que apareciam em sua frente e quando deu por si estava parada no meio dos jardins, próxima ao lago.


Uma brisa passou por ela e a menina se encolheu de frio. Ela desejou ardentemente não ter esquecido o casaco sobre a cama e, mais que isso, que tivesse prestado atenção no caminho que havia seguido para chegar até lá. Cassandra olhou em volta e constatou que estava completamente sozinha à noite no jardim de Hogwarts. O castelo não está muito longe, pensou. Posso me guiar pelas luzes. Um grande raio cortou o céu, começaria a chover em breve.


- Ótimo – ela murmurou – chuva, era só o que me faltava.


Ela se esticou, tentando ver as portas do castelo por entre as árvores, mas tudo o que enxergava era as torres do prédio. Ela praguejou, estava começando a ficar cansada de se perder em lugares escuros no meio do castelo, ou fora dele.


- Você realmente não aprende, não é mesmo? – uma voz entoou no meio das árvores. Ela se perguntou se havia ido longe o suficiente para se embrenhar na floresta proibida e ter alguma criatura, como um centauro, perseguindo-a, mas ao olhar para o outro lado viu que não, ainda estava bem longe da floresta.


- Mais joguinhos de adivinhação? – ela gritou para o nada, tentando esconder o nervosismo, apesar de achar que conhecia a voz


- Só enquanto você não acertar de primeira – Draco Malfoy pulou de um galho e aterrissou silenciosamente em frente à Cassandra. Ele acendeu sua varinha para poder olhar para a menina.


- Vai sonhando – ela revidou – como você me achou aqui?


- Eu te segui. – ele deu de ombros – eu estava no salão principal quando você passou completamente alheia a, bem, a tudo, por que você nem olhou na minha direção quando eu te chamei então eu decidir te seguir, só isso. 


- Então quer dizer que, só por que eu não te cumprimentei você resolveu vir atrás de mim, tirar satisfações, é isso? – ele corou – pensei que você não gostasse do pessoal da Grifinória.


- Eu – ele pigarreou – eu, bem, não é nada disso! Eu só fiquei curioso pra saber aonde você ia! Só isso! Mas se você não quer ajuda pra voltar, fique a vontade


Ele apagou a varinha e começou a andar entre as árvores. Cassandra olhou em volta. Algumas corujas piavam e os raios e trovões estavam cada vez mais perto, ela correu na direção de Draco e segurou o braço dele


- Espera – ele virou calmamente para ela, sem se dar ao trabalho de acender sua varinha – eu não disse que não queria ajuda


- É mesmo? – ele a encarou, irônico – sabe de uma coisa? – ela negou com a cabeça enquanto ele soltava seu braço e segurava as mãos de Cassandra – você não deveria seguir pessoas que você conhece há pouco tempo no meio da noite – ele a empurrou delicadamente contra uma árvore – você nunca sabe o que pode acontecer


Ele colocou as duas mãos na cintura dela e se aproximou. Ela corou levemente e sorriu, colocando o máximo de sarcasmo que conseguia.


- Mas foi você quem me seguiu...


Ele afastou o cabelo dela do rosto, o céu se iluminou com um grande raio.


- Não é que você tem razão?


Ele se aproximou ainda mais dela. Estava tão adjacente quanto era possível, mas sem tocar nela. Uma mão segurando a cintura da garota e a outra o pescoço. Ela estava com a mão pousada sobre a dele, no meio do cabelo dela e a outra estendida ao longo do corpo. Ela inclinou o rosto para frente, mas antes que terminasse o movimento ela ouviu alguém gritando seu nome no castelo.


Cassandra se afastou assustada e correu até uma o fim das árvores. Harry estava parado na porta do castelo. Ela mordeu a ponta do dedo, não sabia se acenava ou se voltava para a árvore. De fato a segunda opção parecia bem mais divertida. Draco se apoiou ao lado dela, com uma expressão de desagrado.


- Ora ora – ele cantarolou com desprezo – veja só quem está vindo pra cá, Harry “cabeça rachada” Potter. Era tudo o que eu mais queria – ele segurou a mão dela – vamos, se a gente se esconder atrás dessa árvore ele vai embora.


Ela riu e soltou a mão.


-Não posso fazer isso, tenho assuntos pendentes com ele


- Ei, ei, ei! – ele levantou as mãos – a julgar por dez segundos atrás, você também tem comigo e, cá entre nós, tenho certeza que o assunto comigo é bem mais interessante


- Encantadora a sua modéstia, seu egocêntrico


- Ora, pare, você está me deixando sem jeito, eu também tenho defeitos – ela riu


- Imagino – ele sorriu para ela – mas agora eu tenho que ir, Harry já me viu e está me esperando na porta e eu realmente tenho que falar com ele.


- Bom você é quem sabe – ele colocou as mãos no bolso e deu de ombros – será que eu posso te pedir um beijo de boa noite então?


- No rosto? – ela riu


- Onde você quiser


- Ótimo, então vire para lá


Ele se virou para o lado do lago, enquanto ela ficou na ponta dos pés e apoiou uma mão no ombro dele, para se equilibrar. Ela ouviu passos ao longe, naquela direção. Imaginou que fosse Harry indo buscá-la, obviamente ele não havia reparado que estava acompanhada, pensou. Ela se aproximou de Draco, mas no momento em que ia tocar seu rosto ele virou a face para ela, de modo que ela encostasse em sua boca e não na bochecha. Ela se afastou surpresa, mas sorrindo.


- Cassandra – Harry chamou. Ela virou o rosto, com um sorriso bobo, para encarar o amigo a menos de três metros dela – o que isso significa? 


- Sabe Potter – Draco se virou para ele – eu deveria te dar uma detenção por estar fora de sua torre a essa hora


- E alguém deveria te dar uma detenção por ser um idiota.


- Isso não foi nada gentil, você deveria aprender a tratar melhor os seus superiores – ele arrumou as vestes.


- Eu farei isso no dia que eu encontrar com algum – ele segurou o braço de Cassandra e começou a puxá-la, ela se deixou guiar


- Como ousa falar comigo assim, cicatriz?


- E o que você vai fazer a respeito, contar para o papai?


Os dois se encaram com raiva, Cassandra achou que era a hora de intervir. Ela se colocou entre os dois e os afastou com os braços.


- Já chega! Vamos todos para dentro, agora! Você – ela apontou para Draco – vai pro seu dormitório e nós – ela apontou para Harry – vamos para o nosso! Okay?


Cassandra segurou Harry pela mão e o puxou em direção ao salão principal. Draco seguia atrás deles, mantendo certa distancia. Assim que viu que não eram mais seguidos Harry estagnou no meio do corredor, prendendo o braço que Cassandra usava para segurar a mão dele. Ela o encarou, confusa. Harry estava com o semblante fechado, parecia muito irritado.


- O que foi? – ela perguntou inocentemente


- O que houve? – Harry revidou um pouco mais alto que esperava – O que houve? Houve você sair correndo do dormitório para se agarrar com o Malfoy, o Malfoy! Com tanta gente em Hogwarts por que justo o Malfoy? Ele é um idiota!


- Sério? – Cassandra colocou o máximo de sarcasmo e escárnio que conseguia na voz – depois de tudo o que você viu e ouviu hoje é justamente isso que você quer discutir, Harry?


Ele respirou profundamente e largou o braço dela.


- Não – ela murmurou um ótimo – mas nós vamos falar sobre isso depois!


- Está bem, está bem, capitão – ela prestou uma continência – agora me diga sobre o que você queria falar?


Harry jogou o colar que havia caído na direção de Cassandra. Ela o segurou, atrapalhada, e o levantou na altura dos olhos. O colar girava lentamente enquanto a garota o encarava, sem entender exatamente por que Harry queria discutir o colar. Depois de vários segundos ela desviou os olhos para Harry e o viu se afastando calmamente. Ela chamou por ele, pedindo calma, Harry disse que o seguisse.


Os dois passaram por alguns corredores que Cassandra não conhecia e pararam em frente a uma porta, próxima do escritório da professora McGonagall. Ela reconheceu a porta, era exatamente a mesma sala que havia entrado quando contou a história para Harry. Ele abriu a porta e a segurou aberta, esperando que ela passasse. Rony e Hermione estavam lá dentro, conversando entre si, mas no momento que eles entraram os dois se calaram e os encararam quietos.


- Ótimo – ela disse puxando uma cadeira e se jogando nela – agora que estamos todos aqui, sobre o que você queria falar mesmo, Harry?


  Harry, de costas para a garota, passou o dedo pelo resto de giz que havia se acumulado nos cantos do quadro negro. Hermione e Rony, assim como Cassandra, apenas encaravam as costas do rapaz. Ele parecia escolher muito bem e com muito cuidado as palavras que usaria.


- Você não estava enganada, não é mesmo? – ele disse sem se virar


- Perdão?


- Sobre Sirius – ele se virou para ela e a encarou – você não estava enganada.


- De fato, não – ela sorriu – mas o que os fez mudar de ideia?  


- Isso – Hermione se pronunciava pela primeira vez, ela tinha uma carta nas mãos – isso estava aí dentro do seu colar. Quando você saiu e deixou o colar jogado no chão Neville, sem querer, pisou nele e quebrou o fecho, não se preocupe já está concertado – ela respondeu ao olhar preocupado de Cassandra – quando pegamos havia um papel aí dentro. Espero que você não se importe de o termos lido.  


- Ora – ela deu de ombros – se foi suficiente para vocês acreditarem em mim, não me importo. Me pergunto há quanto tempo isso está aí – ela pegou o envelope que Hermione oferecia – nunca passou pela minha cabeça abrir isso – ela riu


Na frente do envelope lia-se “Não abra até o primeiro ano”. Ela abriu o envelope e puxou três pedaços de papel. Dois deles eram fotos. Em uma das fotos cinco pessoas apareciam em pé, dois homens, uma moça e duas crianças. Cassandra conseguiu se reconhecer no colo de Sirius. Ela puxava delicadamente o cabelo dele enquanto ele ria. O casal em pé, ao lado deles, também tinha um bebê nos braços, era uma criança rosada com o cabelo muito preto e grandes olhos verdes, no colo de uma moça com exatamente os mesmos olhos e longos cabelos ruivos, envolta pelos braços de um homem muito parecido com Harry, que exibia um grande e bobo sorriso. Ela passou essa foto para trás e pegou outra. Nessa havia apenas as duas crianças. Elas estavam brincando entretidas com um jogo de construção.


Cassandra levantou os olhos e encarou Harry, sem dizer uma palavra.


- São meus pais – ele falou, respondendo à pergunta muda da garota – junto com você e Sirius.     


Ela entregou as fotos para Hermione e abriu a carta, para lê-la.


“Querida Cassandra


Espero que esteja bem. Não posse te responder como estou por que não sei quando, ou se, você vai ler essa carta e, como você já deve saber, em tempos de guerra nunca sabemos o que vai acontecer amanhã.


Essas fotos foram tiradas na casa dos Potter, no seu primeiro aniversário e eu achei que você iria se divertir muito mais com Harry do que em casa, por isso a trouxe.


Minha intenção é de te criar, com a ajuda de Lily e James para que você se torne diferente do resto da família e, honestamente, vejo um futuro brilhante a sua frente. Sei que você e Harry terão uma grande amizade, assim como James e eu tivemos, e não espero que você faça nada menos do que deixar a escola de pernas para o ar.


Eu não consigo imaginar se, quando você entrar em Hogwarts, eu poderei dizer essas palavras a você pessoalmente, espero que sim, mas caso não, achei que seria uma boa ideia esconder essa carta no colar. Você está prestes a dar um grande passo e tenho muito orgulho de você, desde já. Sei que você vai seguir os melhores passos possíveis e vai se tornar uma grande bruxa. Sei que você herdou grandes poderes de nossos pais, mas que, diferente deles, vai saber exatamente como usá-los e fazer do mundo bruxo um lugar mais bonito. Acredito que você tem muito a mostrar para a nossa família e vai fazer isso da melhor maneira. Acredito em você e sei que não vai me decepcionar.


Com amor


Sirius Black”  


Ela levantou os olhos da carta e a colocou, cuidadosamente, dentro do envelope novamente, junto com as fotos. Os três a encaravam em silencio.


- Os três leram isso? – eles confirmaram com a cabeça – então acreditam em mim agora? – eles sorriram e fizeram que sim – ótimo!


- É, é ótimo, mas você precisa entender o nosso lado, Cassie – Rony passou o braço em torno dos ombros dela – você realmente pegou a gente de surpresa!


- Tudo bem, você não me traumatizaram pro resto da minha vida, só por uma parte dela, mas eu acho que vou superar.


- Ainda bem – eles sorriram


- Agora o único traumatizado nessa sala sou eu – Harry disse encarando Cassandra – afinal de contas, ver a garota que Sirius previu um futuro brilhante com Draco Malfoy é algo que faz você duvidar da humanidade.


Cassandra corou violentamente, quanto será Harry havia visto? Ela tossiu, tentando disfarçar enquanto Rony puxava o braço rapidamente, como se tivesse tomado um choque e Hermione a encarava reprovadora.


- Draco Malfoy? – Rony entoou – Hogwarts tem milhares de estudantes e você se aproxima de Draco Malfoy?  Vou escrever para Sirius agora mesmo e dizer que ele é um péssimo vidente, não existe nenhum futuro brilhante se o Malfoy está envolvido na equação!


- Ora gente – ela riu nervosamente – também não é pra tanto...


- Não – disse Hermione abrindo a porta da sala e saindo, seguida por Harry – é pra muito mais! Mas eu não quero perder preciosas horas de sono falando do Malfoy, não vale a pena.  


  


                                                                                              *


 


No dia seguinte o céu amanheceu cinza chumbo, com uma grossa camada de chuva despencando das nuvens. Cassandra encarou-o tristonha ao se levantar, odiava dias chuvosos. Hermione havia se levantando rapidamente e já arrumava a cama enquanto Cassandra terminada de se espreguiçar e encarar a janela. Ela bocejou demoradamente enquanto coçava o olho antes de desejar bom dia à Hermione.


- Você viu o meu travesseiro? – perguntou Cassandra de cabeça para baixo procurando debaixo da cama.


- Acho que sim – ela indicou um caído no chão, próximo da cama dela – é esse?


- Ele mesmo – ela se sentou na cama – joga pra mim, por favor?


Hermione pegou o travesseiro e jogou na direção de Cassandra, mas foi mais alto que a garota. Ela não conseguiu segurar a almofada, fazendo com que ela batesse em um porta-retratos que estava sobre a mesa de cabeceira de Cassandra. Ele caiu no chão e o vidro se partiu no meio.  


- Ai meu Deus! – disse Hermione – me desculpe, eu não devia ter jogado, eu sou péssima nisso, me desculpe.


- É – ela disse calmamente – isso é realmente um crime, Hermione! Acho que nunca vou poder te perdoar – ela puxou a varinha e a apontou para o vidro – Reparo! Pronto, agora eu já posso te desculpar.


- Me desculpe – ela segurou a foto que Cassandra oferecia e a encarou por alguns instantes – quem são?


- Essa aqui é a Fleur – disse Cassandra apontando para uma moça de cabelos loiros platinados que Hermione reconhecia bem do torneio tribruxo – essa é a Gabrielle, irmã de Fleur – apontou para uma miniatura de Fleur em pé ao lado de irmã mais velha – essa aqui é minha prima, Beatrice – ela apontou para uma moça muito bonita com os cabelos muito pretos presos em uma trança jogada de lado e uma franja caprichosamente jogada, ela tinha a pela muito branca fazendo com que se parecesse com a branca de neve – esse é o namorado da Beatrice, o Louis – um rapaz forte e grande ao lado de Beatrice com cabelos castanhos – este é Derek, amigo de Fleur e Beatrice – Derek era um rapaz alto e loiro e muito forte que, mesmo na foto, não tirava os olhos de Cassandra – e esta criança feliz – ela apontou para uma menina com cabelos longos rosa chiclete que voavam em torno de sua cabeça enquanto ela se mexia freneticamente entre as pessoas – sou eu.


- Sabe, eu não sei se você reparou, mas esse Derek – ela apontou para ele – não para de olhar pra você


- O que? – ela corou até a raiz dos cabelos – ora, isso é por que eu não paro de pular e, bem, venhamos e convenhamos, meu cabelo chama um pouco de atenção, não é?


- Ele me parece bem melhor que o Malfoy – ela cantarolou


- Isso, isso – ela pigarreou – essa não é a questão, alias isso não estava sequer em pauta, quero dizer, nós sequer temos uma pauta, não há nada a ser discutido! E nós temos que tomar café! Digo, olha a hora, por Merlin, nós vamos nos atrasar! – ela segurou a mão de Hermione e puxou – vamos logo!  


Harry e Rony estavam sentados na mesa da Grifinória, junto com Neville quando as duas chegaram. Cassandra ainda apresentava certa vermelhidão nas bochechas quando chegou à porta do salão principal. Ao passar pela porta a menina sentiu alguém puxando sua mão no sentido contrário. Ela cambaleou com a força repentina e Hermione fez um som de desagrado ao virar para trás, dizendo que iria para a sua mesa.


- Já vai tarde, sangue-ruim


- Isso não foi nada gentil, Draco


- Bom dia pra você também, eu consegui dormir bem, muito obrigado por perguntar


Ela o encarou com um risinho e se afastou, indo na direção de sua mesa


- Disponha – ela disse de costas


- Ei, ei, ei – ele deu a volta e a segurou pelos ombros – que pressa é essa? – ele a virou, de modo a mudar seu caminho – eu só quero falar contigo, só isso. Sabe, eu estava pensando hoje mais cedo e fiz uma grande descoberta, quer ouvir? – ela se virou para ele, incentivando-o a continuar – eu descobri por que você é tão magra – ela parou de andar e o encarou com uma expressão confusa – obviamente é por que você não come, afinal é impossível fazer isso sem vomitar naquela mesa cheia de gente da Grifinória e é por isso que hoje você toma café da manhã comigo, na mesa da Sonserina.


Ele voltou a empurrá-la na direção da mesa com bandeiras verdes a alunos com cara de desagrado, como se estivesses extremamente insatisfeitos dos outros alunos, que não eram cem por cento bruxos, respirarem o mesmo ar que eles e seus narizes se contorciam ainda mais a medida que Draco se aproximava com Cassandra e seu uniforme vermelho e dourado.


- O que? – ela se desvencilhou das mãos dele – eu tenho vários argumentos pra provar o quão impossível isso é


- É mesmo? – ela confirmou com a cabeça – então me explica


- Primeiro e mais importante, eu não sou tão magra assim, tenho uma magreza saudável, estou no meu peso ideal! Segundo, eu consigo comer perfeitamente na presença dos meus amigos da Grifinória. Terceiro, eu não sou da Sonserina, portanto não posso comer lá. Quarto, algo me diz que eu não sou muito bem-vinda naquela mesa, talvez esses olhares de “morra, grifinória, morra”.  


- E eu sou monitor e digo que você pode! Agora vira e vamos – disse fazendo com que a garota virasse de costas para ele e pondo as mãos em seus ombros para guiá-la até a mesa da Sonserina.


- Isso aí, abusa mesmo do poder pra impressionar a aluna nova. Isso funciona?


- Não sei, me diz você.


Ela revirou os olhos sem sequer se preocupar em responder. Draco soltou uma risadinha enquanto continuava empurrando Cassandra na direção da mesa da Sonserina. Pansy Parkinson revirou os olhos e fez um som de desagrado quando a menina se sentou ao lado de Blaise e Draco ao lado dela.


- Se isso vai ficar aqui eu não vou mais conseguir comer! Eu não como na presença de gente estranha.


- Então como você ainda não morreu de fome? – perguntou Cassandra – digo, você está sempre na sua própria presença!


- Oh puxa – Pansy soltou uma risadinha sarcástica – Você é tão engraçada, grifinória, quase me mata de rir.


- Bem – ela deu de ombros – eu tento.


- Muito obrigado, Malfoy, por essa agradável discussão durante a refeição – disse Blaise sarcástico. Cassandra sorriu para ele e começou a comer


Assim que terminou de colocar a última garfada na boca ela se levantou e se despediu de todos. Harry Rony e Hermione já haviam ido para a aula de feitiços. Cassandra, depois de algum tempo conseguiu encontrar a sala e um lugar vazio ao lado de Hermione.


- Você não morreu? – Rony perguntou incrédulo


- Ora, mas é claro que não, eu sou fortinha, posso me defender dos ataques patéticos da Parkinson


- Bom, eu estava me referindo ao Malfoy, mas acho que essa aí também pode ser um verdadeiro pé no saco.


- O que o Draco tem com isso?


- Bem, eu e Harry estávamos realmente apavorados, ele tinha certeza que o Malfoy iria simplesmente te devorar ali, pelo menos era o que aparentava.


Ela soltou um grunhido de desagrado enquanto os três riam da cara dela.


A aula de feitiços foi particularmente fácil, pois durante toda ela eles nada fizeram além de praticar feitiços convocativos e ao fim dela a turma inteira praticamente já havia pegado o jeito. E a aula de transfiguração não foi muito mais difícil. No entanto, alguns alunos pareciam ter alguma dificuldade em fazer uma lesma desaparecer. As lesmas de Harry e Rony não chegaram a sumir, mas ficaram muito claras, quase transparentes e as de Hermione e Cassandra, assim como alguns outros alunos, sumiram sem deixar rastro, apesar da grande suspeita dela de que alguns alunos haviam, na verdade, escondido suas lesmas.    


Assim que saíram da aula de transfiguração os três guiaram Cassandra pelos jardins, próximos ao lugar onde Cassandra havia se perdido. Ela olhou em volta e percebeu que, além dos alunos da Grifinória, vários alunos da Sonserina se juntavam a eles, com uma expressão do mais profundo desagrado por estarem em algum lugar tão distante assim das camas quentes nos quartos de Hogwarts.


Cassandra produziu um som de desagrado quando encarou Pansy Parkinson andando naquela direção. Ela respirou profundamente e lhe dirigiu um sorriso sarcástico.  


- Pansy Parkinson, há quanto tempo – sua voz carregada de falsidade – que bom que você se juntou a nós nessa sua aula tão especial pra você não, é?


- Minha aula? – perguntou a garota desconfiada


- Isso! Trato das Criaturas Mágicas. – disse Cassandra. Uma explosão de riso veio das duas turmas, Sonserina e Grifinória – Digo, não é essa a aula em que aprendemos a cuidar de todos esses seres rastejantes que andam pelo mundo?


Parkinson corou violentamente. Ela abriu a boca e fechou algumas vezes e murmurou alguns fracos “há é, é?”. Ela parecia se esforçar para arrumar uma provocação semelhante, mas nada lhe ocorreu, por isso ela cruzou os braços e encarou Cassandra, emburrada.


- Me pergunto – Draco se aproximou de Cassandra – por que você ainda não foi pra Sonserina.


- Não poderia – ela deu de ombros – muita gente limitada por lá, atrasaria o meu talento


- Entendo – ele passou o braço em torno dos ombros de Cassandra, ela o encarou com um sorriso torto


Harry e Rony olhavam com cara de desaprovação e de quem esta procurando um motivo, por mais idiota que seja, para bater em outra pessoa. Cassandra vagou o olhar pela clareira onde estavam. Em frente a professora havia uma tábua de madeira com alguns gravetos por cima, Cassandra se perguntou se o dever do dia seria alimentar alguma coisa, o que a menina julgou tedioso.


- Estão todos aqui? – perguntou a professora - Vamos começar então. Quem poderia me dizer como essas coisas se chamam?


Ela indicou a pilha de galhos na sua frente. A mão de Hermione se lançou ao ar. Pelas suas costas, Malfoy fez uma imitação pobre dela se balançando no ímpeto de responder a questão, o que lhe rendeu um soco no braço de Cassandra. Pansy Parkinson deu um berro de risada que se tornou quase que imediatamente num grito, enquanto que os galhos na mesa saltaram no ar e se revelaram parecidos com criaturas duendes cuidadosas feitas de madeira, cada uma com braços e pernas em corcundas marrons, dois dedos de galho na ponta de cada mão e uma engraçada parte lisa, rosto de cortiça no qual um par de olhos-de-besouro reluzia.


- Oooooh! - disseram as duas garotas que dividiam o quarto com Cassandra e Hermione. Harry as encarou raivoso


- Mantenham suas vozes mais baixas, garotas! - disse a professora Grubbly-Plank com severidade, espalhando um punhado de uma coisa parecida com arroz marrom entre os gravetos – Então, alguém sabe os nomes dessas criaturas? Srta. Granger?


- Tronquilhos - disse Hermione. - Eles são guardiões-das-árvores e vivem geralmente em árvores mágicas.


- Cinco pontos para a Grifinória - disse a professora Grubbly-Plank. - Sim, estes são Tronquilhos, e como a Srta. Granger corretamente falou, geralmente vivem em arvores cuja madeira é de qualidade mágica. Alguém sabe o que eles comem?


- Parasita de madeira - disse Hermione prontamente - Mas também ovos mágicos se os conseguirem.


- Mas é muito difícil conseguir ovos mágicos – disse Cassandra – não seria mais fácil você estuporar o bicho? – a professora olhou para ela e depois se virou para Hermione, erguendo a mão para Cassandra, como se pedisse calma.


- Boa menina, ganha mais cinco pontos. Talvez seja sim mais fácil estuporar o Tronquilho, mas como são criaturas muito pequenas qualquer feitiço pode ser letal a ele.  Então, sempre que vocês precisarem de folhas ou da madeira vinda da árvore onde um Tronquilhos mora é bom ter um presente de parasitas de madeira prontos para distraí-los ou tranqüilizá-los. Eles podem não parecer perigosos, mas se estão nervosos tentarão arrancar os olhos humanos com seus dedos, os quais, vocês podem ver, são muito pontiagudos e de modo algum desejáveis perto dos globos oculares. Então se vocês quiserem se reunir mais perto, peguem um pouco de parasitas de madeira e um Tronquilho, eu tenho o suficiente aqui para um entre três, vocês podem estudá-los mais atentamente. Eu quero uma anotação de cada um de vocês com todas as partes do corpo rotuladas no final da aula.


Pansy Parkinson se aproximou de Draco imediatamente e puxou um pedaço de pergaminho, pronta para anotar cada vírgula que ele proferisse, como se soubesse tudo sobre a vida, o universo e tudo mais.  Draco puxou Cassandra para que fizesse grupo com ele enquanto Harry, Rony e Hermione se reuniam em torno de um Tronquilho. Ela revirou os olhos ao encarar o olhar de raiva de Pansy Parkinson, preferia fazer grupo com Blaise àquela iludida, mas ele já havia se reunido com outros sonserinos que Cassandra não conhecia.


Pansy foi até a tábua e pegou um Tronquilho particularmente grande e o entregou para Draco, ele o jogou para frente e Cassandra o segurou com cuidado, imaginava que o bicho ficaria irritado com todas as trocas e arremessos. Ela o colocou no chão delicadamente e conjurou um pequeno muro em torno dele, para que o animal não fugisse, apesar de desejar realizar um feitiço imobilizante.       


- Sim – disse Draco para os colegas da Sonserina - Papai estava conversando com o Ministro apenas alguns dias atrás, você sabe, e me parece que o Ministro realmente determinou uma linha mais rígida no sub-padrão de ensino neste lugar. Então mesmo que aquele velho idiota resolva aparecer novamente, ele provavelmente será despedido imediatamente.


Cassandra revirou os olhos enquanto alguns sonserinos riam. Pansy ajeitava o cabelo com os dedos, completamente alheia ao trabalho. Ela bufou com a falta de compromisso dos dois.


- Como está ficando nosso trabalho? – Draco perguntou


- O meu trabalho você quer dizer, porque vocês não estão fazendo absolutamente nada! Pelo menos segurem pra que eu possa desenhar – Disse Cassandra entregando o bicho para Draco


- Você não manda em mim – Pansy deu de ombros e ignorou o pedido de Cassandra


- Ótimo, não faça nada e eu fico com a nota só pra mim.


Pansy bufou e pegou uma das patinhas do bicho possibilitando à Cassandra ver do dorso do Tronquilho com clareza e, portanto, desenhá-lo perfeitamente. Draco puxou o pergaminho de Cassandra e encarou seu desenho    


- Eu não sabia que você desenhava!


- E eu não sabia que você falava tanta besteira – ela respondeu puxando o pergaminho de volta, levemente irritada – mas é como dizem, vivendo e aprendendo.


Cassandra ouviu Harry exclamar um doloroso “ai” e se virou para ele, aparentemente ele havia apertado o Tronquilho com tanta força que o animal havia perfurado-lhe o dedo e agora o pequeno homem-vareta corria desajeitado de volta a floresta. Não se podia negar que ver a criaturinha correndo era uma cena cômica. Os alunos da Sonserina que já riam do comentário de Draco sobre o outro professor riram ainda mais ao ver o Tronquilho correndo e alguns alunos de Grifinória abafaram o riso. Pansy, Draco, Crabbe e Goyle gargalharam indiscretamente. Cassandra bufou e jogou o pergaminho na direção de Draco, dizendo que ele e Parkinson deveriam terminar de por os detalhes no trabalho e foi na direção de Harry.


- Deixe-me ver – ela esticou a mão tentando segurar a de Harry, mas ele puxou de volta – Ora, vamos Harry! Não seja chato e me dá a mão logo – ele a estendeu cauteloso, ela segurou delicadamente – puxa, parece fundo – ela puxou a varinha e convocou a mochila da onde tirou um frasquinho com um liquido transparente e dois pedaços de tecido, ela umedeceu um dos pedaços e o pressionou contra a mão de Harry – eu vivo me machucando, por isso aprendi a andar com algumas coisinhas que podem ser bem úteis – ela sorriu para ele enquanto amarrava o outro tecido com muito cuidado sobre o machucado, ele sorriu de volta – melhor assim? 


Harry confirmou com a cabeça olhando para a atadura improvisada que Cassandra havia feito nele.


- Obrigado


- Por nada – ela deu um beijo na bochecha de Harry, isso fez com que Draco corasse de ciúmes. Cassandra pensou que ele fosse se cortar com o Tronquilho só para receber a mesma atenção de dela.


O sinal indicando o fim da aula soou no interior do castelo. Cassandra disse a Draco que terminasse o trabalho, pois não faltava muita coisa para isso, e rumou para as estudas com Harry, Rony e Hermione. Harry marchava pelos jardins com a mão aninhada contra o peito e um semblante fechado, mostrando muita irritação. Cassandra se perguntava o que havia causado isso.


- Se ele chamar o Hagrid de idiota outra vez... - disse Harry com os dentes cerrados.


- Harry, não vá se meter em briga com o Malfoy, não se esqueça, ele é um monitor agora, e pode tornar a vida difícil pra você...


- Uau, eu imagino, como seria se minha vida fosse mais difícil? - disse Harry sarcasticamente. Rony e Cassandra riram, mas Hermione franziu as sobrancelhas.


- Eu só espero que o Hagrid se apresse e esteja de volta, só isso - disse Harry em voz baixa, assim que alcançaram as estufas. - E não diga que aquela Grubbly-Plank é uma boa professora! - adicionou de modo ameaçador.


- Eu não ia dizer - disse Hermione calmamente.


- Porque ela nunca vai ser tão boa quanto o Hagrid - disse Harry firme


Eles chegaram às estufas no momento em que a aula do quarto ano estava acabando. Vários alunos saíam com um pouco de terra nas vestes e uma expressão não muito empolgada. Gina Weasley passou por eles com um alegre “Oi”.


Pouco depois de Gina saiu uma menina loira e olhar sonhador. Luna Lovegood andava alheia a tudo a sua volta, com o cabelo loiro preso no topo da cabeça e uma grande mancha marrom de terra no nariz. Seus olhos vagavam sobre um estudante ou outro, sem se concentrar em nenhum, mas assim que eles pousaram em Harry ela andou decidida até eles.


- Eu acredito que Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado está de volta e acredito que você lutou com ele e escapou – ela disse depois de um breve “oi”.


- Er... Certo - disse Harry sem jeito. Luna estava usando o que parecia ser um par de rabanetes laranjas para as orelhas, fato que Parvati e Lilá pareciam ter notado, pois ambas estavam rindo e apontando para suas orelhas.


- Podem rir - Luna disse, sua voz se erguendo, aparentemente com a impressão de que Parvati e Lilá estavam rindo do que ela tinha falado e não do que estava usando - mas as pessoas costumam acreditar que não há tantas coisas além de Blibbering Humdinger ou de Crumple-Horned Snorkack!


- Bom, ela está certa, não está? - disse Hermione impaciente. - Não há mesmo tantas coisas além de Blibbering Humdinger ou de Crumple-Horned Snorkack.


Luna dirigiu a ela um olhar fulminante e foi embora bruscamente, os rabanetes balançando loucamente. Parvati e Lilá não eram as únicas que riam agora. Alexa acenou para Cassandra enquanto corria na direção de um grupo de meninas da Corvinal.


- Você se importa de não ofender mais a única pessoa que acredita em mim? - Harry pediu a Hermione enquanto caminhavam para a aula.


- Ah, pelo amor de Deus, Harry, você pode fazer melhor do que ela - disse Hermione. - Gina me contou tudo sobre ela; aparentemente só acredita nas coisas enquanto não há provas de jeito nenhum. Bom, eu não esperaria nada mais de alguém cujo pai escreve The Quibbler.


 


Os primeiros trinta minutos de aula se resumiram à professora falando sobre a importância dos exames que teriam no fim do ano. Cassandra desejou que os professores parassem de falar disso o tempo todo, pois já estava começando a ficar realmente nervosa sobre esses testes.


No final da aula todos os alunos se arrastaram na direção do salão principal, cansados, famintos e sujos até a raiz dos cabelos, sem contar o desagradável cheiro de estrume de dragão. Cassandra se jogou no banco da mesa da Grifinória e começou a puxar várias travessas diferentes para perto de si, juntando montes de comida sobre o prato.


- Eu vou ficar no banho até a amanhã de manhã! – disse cansada


- Eu também – gemeu Rony


Harry concordou com a cabeça antes de apoiá-la na mesa


- Oi, Potter – uma moça negra chamou as costas de Harry, parecia muito irritada.


- O que foi agora? - ele murmurou fraco, virando-se para encarar Angelina Johnson, que olhava como se estivesse num temperamento elevado.


- Eu te digo o que foi agora - ela disse, marchando mais pra perto dele e batendo com força em seu peito com o dedo. - Como você pôde pegar uma detenção para cumprir às cinco horas numa sexta-feira?


- O quê? - disse Harry. - Por que... Ah sim, treino de goleiro!


- Agora ele se lembra! - reclamou. - Eu não te disse que queria fazer um treino com o time todo e achar alguém que se encaixe com todo mundo? Eu não te falei que reservei a quadra de Quadribol especialmente? E agora você decidiu que não vai estar lá!


- Eu não decidi que não estarei lá! - disse Harry - Eu peguei detenção com aquela Umbridge, só porque eu disse a verdade sobre Você-Sabe-Quem.


- Bem, você pode ir direto a ela e pedir que te libere nesta sexta - disse violentamente - e não me importa como você vai fazer. Diga a ela que Você-Sabe-Quem é uma invenção da sua imaginação se quiser, apenas tenha certeza de que estará lá!


Ela bateu os calcanhares e saiu irritada.


- Sabe de uma coisa? - Harry disse a Rony e Hermione assim que entraram no Salão Principal. - Eu acho que nós devíamos checar com os Puddlemere United se o Olívio Wood está sendo destruído durante a sessão de treinamento, porque a Angelina parece que canalizou seu espírito.


- Eu acho que ela está naqueles dias – Cassandra murmurou para Hermione, que confirmou silenciosamente.


- Que dias? – Rony indagou. Cassandra e Hermione se entreolharam


- Deixa pra lá.


- Você calcula quais são as chances da Umbridge deixar você se livrar na sexta? - disse Rony cético, quando se sentaram à mesa da Grifinória.


- Menos que zero - disse com tristeza, entornando costeletas de carneiro em seu prato e começando a comer. - Melhor tentar, então, não é? Eu vou oferecer para cumprir mais duas detenções ou algo assim, não sei... - engoliu um bocado de batatas e acrescentou. - Tomara que ela não me mantenha por muito tempo lá esta noite. Vocês sabem que temos de escrever três lições, praticar os Feitiços para Desaparecer da professora McGonagall, trabalhar numa porção de feitiços do Flitwick, terminar o desenho do Tronquilho e começar aquele diário de sonhos estúpido para a Trelawney?


- As coisas não eram assim na França – ela murmurou tristemente. Ela suspirou profundamente – Que horas são?


- São quatro e meia, Cassie – murmurou Harry encarando o relógio.


- Ótimo – Ela se levantou – isso me dá meia hora!


- Pra que? – perguntou Hermione desconfiada


- Pegar meu trabalho de Trato das Criaturas mágicas – ela disse praticamente do meio do salão.


Ela rumava para a mesa da Sonserina, mas antes que pudesse chegar lá ela sentiu alguém cutucando seu ombro. Ela se virou para a pessoa. Era um rapaz com vestes da Grifinória. Ela era muito alto e forte e tinha o cabelo preto na altura dos ombros. 


- É você que esta revendendo os doces do Weasley? – Cassandra olhou para a mesa da Sonserina em duvida se atendia o garoto ou ia cobrar o trabalho, mas acabou se virando para ele.


-Sim, eu mesma. Cassandra – ela esticou a mão, ele a segurou e sacudiu – então, em que posso te ajudar?


- Eu tenho uma aula muito chata amanhã, história da Magia, sabe? – ela confirmou com a cabeça – e eu realmente não gostaria de ir, o que você sugere?


- Bom, eu tenho algumas sugestões, mas ainda não estão totalmente prontos. Você pode tentar as vomitilhas ou uma boa dose de Nugá-sangra nariz e tembém tem o Febrecolate. Mas eu não acho que o Nugá-sangra-nariz seja uma boa idéia.


- E por que não?


- Bom, Fred e Jorge ainda não têm um antídoto, você pode ficar muito tempo sangrando, sabe?


- Acho melhor ficar com as vomitilhas – ele riu, Cassandra concordou e puxou um pedaço de pergaminho rasgado das vestes, ele ofereceu uma pena


- Quantos? Me diz também o seu nome e o seu ano, Já que você é da Grifinória é só te procurar pela torre mesmo.


- Acho que dois é o suficiente. Ian Capelli. Eu sou do sétimo ano, estudo junto com os Weasley, já te vi lá com eles algumas vezes.


- Provavelmente eu mesma – ela riu – estou sempre com eles, mas me reconhecer não vai te render desconto algum


- Problema algum, desde que você faça a entrega – ela pigarreou, disfarçando


- Er, claro... eu vou falar com os gêmeos. Mas, se você estuda com eles por que não encomenda direto com eles?


- Por que você é muito mais interessante que eles


- Eu – ela limpou a garganta desconfortável – bem, obrigada. Eu vou falar com eles e um dos dois te entrega, agora se você me der licença eu tenho detenção.


- Toda – ele fez um gesto para que ela passasse – Boa detenção, até amanhã


Ela acenou com a cabeça enquanto andava apressada até a mesa da Grifinória. Fred e Jorge estavam sentados no canto, junto com Lino Jordan e alguns outros alunos que ela desconhecia. Cassandra se aproximou com um puxão de cabelo delicado em Fred. Ela esticou o papel na direção deles enquanto se abaixava para pegar a mochila que havia jogado por ali antes de se sentar para o jantar.


- O que é isso? – ele encarou o papel rabiscado


- Uma encomenda que vocês dois vão entregar – ela jogou a mochila nas costas – não chego perto daquele garoto estranho


- Que garoto? – perguntou Fred


- Aquele – Cassandra apontou.


- Capelli? – Jorge disse e os alunos em torno deles riram debochados – ele é maluco. Acha que arrasa corações, mas nem chega perto. Apesar do olhar alucinado e mau-cheiro é virtualmente inofensivo.


Ela deu de ombros e seguiu na direção da sala de Umbridge. Antes de deixar o salão ela olhou em volta, procurando por Harry, mas imaginou que ela já estivesse lá, afinal, não estava em lugar algum.  


Ela abriu a porta cuidadosamente, Harry estava sentado no canto, com a mochila jogada ao lado de seus pés, mas nada que indicasse que já havia começado a detenção. Ela sorriu levemente para ele, que acenou com a cabeça. Cuidadosamente, Cassandra entrou na sala de Dolores Umbridge. O cômodo era excessivamente rosa. Olhando em volta, a menina constatou que cada superfície estava coberta por um paninho rosa com babados e um vaso de flores murchas. As paredes se escondiam por trás de centenas de prato de porcelana com gatinho engravatados pintados que se moviam pela moldura.


Harry estava emburrado como Cassandra nunca havia visto. A professora indicou uma mesa no lado oposto ao de Harry. Assim que se sentou Cassandra enfiou as mãos nos bolsos da veste e segurou o doce com força, assim que Umbridge se distraísse ela o colocaria na boca.


A professora foi até a mesa de Cassandra e apoiou seus dedinhos curtinhos sobre a mesa, esbarrando levemente em uma grande e negra pena, a menina suspeitou que houvesse sido proposital, para que ela reparasse ma peculiar pena. Ela abriu um sorriso doce para Cassandra e disse:


- Você vai agora escrever algumas coisas pra mim, sim?


- Sim, senhora – senhora Cassandra polidamente.


- Assim como o senhor Potter, mas receio que, diferente dele que chegou no horário e já sabe qual a detenção que vai cumprir, a senhorita vai ficar mais um dia na minha companhia.


Ela suspirou profundamente, tentando manter o tom formal e educado.


- Sim senhora – Umbridge sorriu


- Que bom que estamos nos entendo, querida. Agora escreve para mim “Não devo desrespeitar os professores”


- Quantas vezes?


- Até eu achar suficiente.


Ela respirou profundamente e, assim que Umbridge se virou para encarar Harry ela escorregou o doce da mão para a boca. Mastigando demoradamente ela se levantou e cambaleou até a mesa da professora, ela a encarou com uma sobrancelha arqueada.


- Professora – ela chamou fracamente.


- Há algum motivo importante para que a senhorita esteja em pé e não cumprindo a detenção?


- Eu não me sinto muito bom, professora. Acho que foi algo que eu comi.


- O quão mal a senhorita se sente? – ela perguntou desconfiada, mas ao abrir a boca para responder suas palavras foram substituídas pelo efeito do doce dos gêmeos.


A professora lançou um olhar de nojo para a garota curvada, segurando o estômago. Harry se levantou rapidamente para ampará-la. Ela puxou a varinha e apontou para a poça de sujeira aos pés de Cassandra.


- Bem, parece que a senhorita precisa ir à ala hospitalar – o vômito sumiu – Senhor Potter, por favor, sente-se, vou procurar alguém para acompanhá-la até lá.    


Cassandra pensou que talvez os ruivos tivessem passado um pouco dos limites com o doce, estava mais forte do que ela havia imaginado. Harry voltou para sua cadeira, com os olhos fixos em Cassandra e um semblante preocupado, ela acenou para ele, como se dissesse que não se preocupasse. 


- Espere um momento – Umbridge foi até a porta e chamou um aluno que passava – Você é monitor, certo? – ela esperou uns instantes – ótimo, por favor, acompanhe essa aluna até a ala hospitalar, ela não está se sentindo muito bem.


- Ah não – ela murmurou quando finalmente conseguiu levantar um pouco a cabeça e encarou Draco Malfoy parado na porta da sala. Ele lançou um olhar de nojo para a poça aos pés de da menina, o que fez com que ela achasse que ele iria puxar algum outro aluno no corredor e ameaçar colocá-lo em detenção se não ajudasse-a, mas para a surpresa dela, Draco segurou seu braço com firmeza e a ajudou a ficar ereta. 


Draco pegou o material da garota e passou o braço dela em torno de seu pescoço e o próprio braço pela cintura dela, fazendo com que ficasse em pé. Cassandra jurou mentalmente com os gêmeos no próprio dia para diminuir um pouco a fórmula. Estava difícil sequer se concentrar devido à tamanha ânsia de vômito. Eles pararam algumas vezes no caminho para que Cassandra pudesse vomitar.


Ao chegarem à enfermaria, Madame Pomfrey colocou a menina em um leito perto da janela, alegando que o vento a faria bem. Ela entrou em uma sala, no fundo da enfermaria e voltou com alguns remédios, enquanto isso Draco pegava um balde para ela.


- Por Merlin, Cassandra – ele disse impressionado – o que você comeu?


- Doces – ela respondeu pálida, segurando a borda do balde com força – muitos doces.


Madame Pomfrey empurrou um liquido incolor e de gosto amargo na boca de Cassandra, ela fez uma careta ao engolir, mas o remédio não adiantou. Fred e Jorge ficariam orgulhosos de saber que os remédios não funcionavam nos doces.


A ala hospitalar estava tão vazia que ficava difícil arrumar uma distração, por isso Cassandra teve que criá-la. Com a cabeça baixa e os olhos cobertos pelo cabelo, a menina fez com que uma forte rajada de vento entrasse pela janela e batesse todas as outras do outro lado, quebrando uma.


- Por Merlin – madame Pomfrey se virou para os cacos de vidro no chão enquanto Draco encarava preguiçosamente as janelas abertas, Cassandra engoliu a outra metade do doce rapidamente.


A ânsia passou rapidamente, restava apenas o gosto desagradável na boca. Ela puxou um copo de água que estava sobre a meso ao seu lado e o engoliu, fazendo uma careta.     


- Madame Pomfrey – ela chamou pondo o Balde no chão – muito obrigada me sinto bem melhor, a senhora não teria alguma coisa aí para o gosto não, teria?


Ela a encarou, desconfiada. Havia tentado vários remédios para melhorar o enjoo e nada havia feito efeito. Draco pegou a bolsa dela e a apoiou sobre o ombro. Cassandra jogou as pernas para fora da cama e se levantou, um pouco fraca ainda, mas retomando a cor das bochechas.


- Onde a senhorita pensa que vai?


Cassandra a encarou, descrente.


- Para a minha torre, está tarde e eu gostaria de ir dormir!


- A senhorita irá dormir agora sim, mas aqui.


- Como? – Draco colocou a bolsa dela no chão e a guiou de volta para o leito – mas, mas... eu tenho dezenas de deveres e tenho que acordar cedo para resolver isso e também tem aula amanhã cedo, eu preciso do meu material e de um banho! Eu me sinto bem melhor, de verdade!


- Bom – Draco disse assim que Cassandra se sentou na cama – você pode fazer os deveres enquanto está aqui.


- O que? – ela guinchou – não! Eu realmente acho melhor ir pra minha cama. Onde está o meu direito de ir e vir? Eu exijo os meus direitos!   


- E a senhorita os tem – disse Madame Pomfrey olhando-a com um toque de desconfiança no olhar – Mas, como você já parece ter força e disposição suficiente para gritar desta maneira, acho que já posso mandá-la para o seu quarto. Mas qualquer sinal de mal-estar me procure! E vá para seu quarto descansar, nem pense em algo diferente.


- Sim senhora! – falou Cassandra se levantando animada.


Ela pulou da cama com agilidade e puxou a mochila para as costas. Draco a seguiu, mas só conseguiu alcança-la na metade do corredor. Ele puxou a bolsa dela e a apoiou em seu próprio ombro.


- Incrível como você melhorou rápido!


- Bom, depois de tantos remédios diferentes, algum deles tinha que fazer efeito, não?


- Então isso quer dizer que você está curada.


- Oh não, não, não! – disse Cassandra rapidamente – curada não, só melhor. Bem, o quadro está ali, por que você me trouxe até aqui? Pensei que tivesse nojo do dormitório da Grifinória – ele deu de ombros


- E tenho, mas eu achei que você não chegaria até aqui, até por que quando estivesse perto eu achei que o cheiro terrível a faria passar mal novamente.


- Bom, eu cheguei viva, isso já é o suficiente.


- É – ele deu de ombros novamente – até que dá pro gasto


- Ei, como assim “dá pro gasto”?


- Dá pro gasto, só isso – ele riu e se aproximou dela, dando-lhe um delicado beijo no rosto.


 - Isso é pra você melhorar logo, e também pra ver as vantagens da Sonserina.


Ela corou levemente e riu, encarando o garoto com um sorriso maroto nos lábios


- Acho que estou voltando a me sentir mal, que tal algo mais forte?


- Só porque eu sou altruísta – disse chegando perto e mais perto dela.


Cassandra fechou os olhos e começou a se aproximar dele também, apenas esperando.


 


 

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