Recém chegada



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Capitulo 1 – Recém chegada


 


Era meio dia quando, do nada, surgiram uma garota e um garoto bem menor que ela. A menina segurava o garoto em sua mão firmemente, para que ele não saísse correndo ou qualquer outra coisa.


 Além do garoto ela segurava um malão de couro, sobre rodinhas com duas letras ‘CB’ em dourado na tampa do malão. Assim como a menina o garoto também segurava um malão ele mesmo. O dele era marrom e não havia letras na tampa.


 Ela era alta, aparentava ter por volta de quinze anos, era magra e esbelta, dissimulava certa presunção, talvez pelos grandes olhos azuis ou pelo nariz levemente arrebitado. Tinha um longo cabelo loiro lhe caia pelas costas com belos cachos nas pontas e uma franja caprichosamente jogada de lado. Era, sem duvida, uma garota muito bonita. Possuia certo ar francês. Certamente aquela era uma das garotas mais bonitas que passou pela Rua dos Alfeneiros e definitivamente o tipo de garota que não fica solteira por muito tempo, a não ser por opção.


O garoto era pequeno, devia ter uns oito anos. Seu cabelo era castanho e seus olhos eram castanho-escuros, ele não perecia de modo algum presunçoso e sim sapeca. Não parava de olhar animado para todos os lados tentando absorver o máximo possível.

- É assim que as trouxas vivem? – perguntou o garoto

- Eu não estou vendo grandes diferenças de nós

- Tem sim Cá! Olha não tem nenhuma vassoura.

- Só por isso Jack? – falou a garota revirando a bolsa atrás de um batom – francamente, eu também não deixo a minha vassoura solta pelo jardim!

- Falando em vassoura Cassandra – falou Jack – porque você não usou a sua pra vir pra cá? Você sabe que não pode aparatar a mamãe não deixa, ela te disse isso quando te ensinou a aparatar.


O garoto pulou da frente da irmã com o único objetivo de fazê-la parar de andar. Cassandra detestava quando ele fazia isso, afinal, ela era tão destraída que quase sempre tropeçava por cima dele.

- Ela não vai saber – falou Cassandra se olhando no espelho e dando a volta em Jack


- Por que ela não vai saber?


- Porque eu sei que você não vai contar, e sei que eu também não vou – falou com simplicidade – esse é o nosso segredo.

- Mais um? – falou o garoto sorrindo


 - Fazer o que? Você é muito esperto – disse dando um beijo no rosto do irmão


 - Hey – disse limpando – você me sujou de batom


 Ambos andaram mais algum tempo em silencio, Cassandra olhava atentamente cada casa da rua.


- Você se lembra qual é o número da casa?


-Bom, até onde eu sei mamãe e papai te deram um pergaminho com o número, não é? - disse como se estivesse explicando algo mais óbvio impossível.


- É mesmo! Como você consegue lembrar-se dessas coisas? – o menino revirou os olhos – apropósito, você lembra onde eu guardei?

- Nossa! Pelas barbas Merlin! – disse o garoto pegando a bolsa da irmã – o que seria de você sem
mim?  


 Depois de alguns segundo a mãozinha de Jack emergiu da bolsa de Cassandra segurando um pedaço de pergaminho.  


-Eu não viveria- ela pegou o pergaminho - quando eu for pra escola, eu vou estar ferrada! Você está com a chave, não é?


 - Não, você está! – disse pegando a bolsa novamente – aqui! – ele pegou uma chave no primeiro bolso da bolsa.


 - Oh, bem, obrigada – se dirigiram para a sexta casa da rua – é aqui – colocou a chave na fechadura e a girou fazendo um barulho – pronto, agora é só conferir se tudo já chegou.


                 Jack e Cassandra foram mais cedo com intuito de certificar-se que todos os móveis tinham chegado corretamente.  Depois de se assegurarem que sim eles começaram a olhar a casa em si.


                A casa, como um todo, era muito bom. Havia um grande jardim com algumas plantas no fundo. Saindo do jardim chagava-se à cozinha. O cômodo era branco com uma grande bancada no meio. Havia espaço para uma mesa e outros utensílios domésticos. Possuía um pé direito realmente muito alto, Cassandra reparou.


                Saindo da cozinha havia a sala como não tinha móveis fora de caixas ainda tudo o que dava para dizer é que era uma sala grande, ampla e iluminada. Nenhum dos dois se preocupou muito com os banheiros do andar de baixo.


                Jack ficou realmente empolgado com a escada. Cassandra revirou os olhos enquanto passava pelo garoto que subia e descia a escada pela segunda ou terceira vez. Enquanto Jack se divertia Cassandra foi ver os quartos. Ela chegou a um muito grande, amplamente iluminado e com uma janela através da qual dava para ver toda a rua e, ao examinar melhor o quarto, uma grande suíte.


                 - Achei! – ela deu um gritinho pulando


                - Achou o que? – Jack perguntou colocando a cabeça para dentro do cômodo.


                 - Meu quarto – ela sorria.


                 Jack fez um ‘ah’ de entendimento.


                 - Eu queria – ele disse baixinho e triste


                 - Queria o que?


                 - Esse quarto, ele é grande. E tem uma banheira – como se só isso bastasse como argumento final.


                 - Sinto muito Pedro Bó! Da próxima vez você para de brincar na escada e vem escolher logo o seu quarto.


                  - Por favor, Cassie. Você já vai pra Howgarts e eu tenho que ficar aqui e ainda por cima você fica com o quarto grande? – Jack fazia beicinho tentando convencer a irmã.


                 - É, eu sou uma sortuda, né?


                 - Não – ele disse irritado – você é uma fria, coração de gelo!  


                 - Meu Merlin, o que aconteceu com o ‘Jack broken-heart’?


                 - Fugiu enquanto ainda tinha um coração, antes que você o roubasse pra você – Cassandra fez uma expressão falsamente ressentida, fazendo Jack rir – tudo bem, quando você for pra Hogwarts eu mudo as suas coisas e fica tudo ‘numa boa.


                - Isso é o que você acha isso é propriedade privada – ela disse remexendo em uma bolsa cheia de lápis de maquiagem.


                 - É mesmo? Mas eu não to vendo o seu nome nele!


                - Pois eu sim – falei escrevendo o seu nome na porta com o lápis – viu? – apontou para o ‘Cassandra’ escrito na porta, bem no alto.


                 - Grande coisa, eu apago isso e o quarto será meu!


                - Eu quero ver! – e o garoto começou a pular tentando apagar o nome escrito em Pink. – tampinha, depois eu falo com a mamãe e ela coloca um banheiro no seu quarto, mas esse é meu! – disse a garota rindo


                - Não vale – disse o garoto fazendo beicinho e franzindo o cenho – você é mais alta que eu e é metamorfomaga, pode ficar mais alta ainda.


                 - Sinto muito, je suis CE que je suis


                - Vous êtes ennuyeux, que vous êtes. –


                 - Je t’aime aussi –


                - Oui -


                A família de Cassandra, com exeção de Jack, era toda inglesa. Mas eles haviam se mudado para a frança há muito tempo, graças à mãe de Cassandra.


                 - Você quer me ajudar a arrumar o MEU quarto? – perguntou Cassandra para o irmão


                 - Bobona


                 - Cassandra Mary Jenny Boscaretty – uma voz gritou de dentro da casa, do fim da escada. Cassandra sabia que quando sua mãe a chamava pelo nome completo era porque vinha bronca. – onde esta a senhorita?


                 - Oi mãe – disse Cassandra com um fio de voz


                 - Posso saber por que a senhorita resolveu aparatar no meio de uma rua trouxa, com o seu irmão, sendo os dois menores de idade e você tendo uma ótima vassoura? – perguntou a mãe de Cassandra – será que a senhora poderia me dizer? Você tem alguma idéia da encrenca em que você me meteu, ou pior, da encrenca em que você acabou de se meter?


                 - Bem, eu, er... Pensei que seria mais rápido – disse Cassandra dando um sorriso amarelo para a mãe.


                - E se alguma trouxa te viu?


                 - Nenhuma trouxa me viu. – ela disse displecentemente dando de ombros


         A mãe de Cassandra era da mesma altura que ela e tinha os olhos de Jack. Era magra e tinha um olhar bondoso, mas quando ficava com raiva ou estava dando uma bronca esse olhar bondoso sumia e era substituído por um muito sério.


         Seu nome era Norma, um nome bonito, na opinião de Cassandra e que combinava muito bem com ela, por que se tinha uma coisa que ela adorava eram normas e regras.


        Norma era Auror, por isso Cassandra sabia alguns feitiços a mais que as pessoas de sua idade. Ela era uma ótima mãe e ótima Auror e por isso, às vezes, usava algumas técnicas de interrogação com os filhos muito eficientes.


                - Tem certeza filha?


                 - É claro que tenho – falou Cassandra do mesmo jeito displicente de antes


                - Isso não muda o fato de que você está em uma encrenca ‘daquelas’


                 Cassandra se encolheu por alguns segundos, mas logo depois formou o seu sorriso mais maroto e charmoso e deu de ombros.


                 - Como se eu não estivesse sempre nelas!


                Um homem de rosto bondoso e gentil passou pela porta segurando uma pesada caixa. Dava para perceber que era um bruxo só de olhar para as roupas dele. Ele usava uma roupa de neoprene com brutas galochas de chuva e um top esportivo sobre as roupas.


                 - Você sempre tem resposta pra tudo, senhorita Black?


                 - Pai! – gritou Cassandra


                 - Não se preocupe, só tem trouxas aqui – falou o pai de Cassandra. Ele era mais alto que Cassandra, tinha o cabelo cor de areia, olhos castanhos e claros e a pele muito branca.


                  - Tem certeza?


                 - É claro, minha cara – disse ele plantando-lhe um beijo no topo da cabeça


                  - Não tem graça, e se alguém ouviu? – falou Cassandra


                 - Não se preocupe querida – disse o pai de Cassandra – foi só uma brincadeira


                 - Sem graça!


                 Cassandra encarou demoradamente as roupas do pai com uma sobrancelha arqueada. Ela o analisou de todos os ângulos possíveis. Assim que Charlie percebeu, ele começou a ficar desconfortável e a perguntar repetidas vezes o que ela estava fazendo.


                 - Que diabo de roupa é essa, papai?  


                 - É um disface, para os trouxas não descobrirem. Bem esperto, não? – ele deu uma piscada de cumplicidade para a garota


                 Ela se afastou alguns passos e tornou a analisar


                 - Papai, isso não são roupas trouxas. São roupas tolas!


                 - Não, não! Isso é o que eles usam!


                 - Isso é o que eles usam quando querem parecer bobos da corte.


                 Sem que ninguém percebesse Jack foi se esgueirando pela escada até se posicionar ao lado de Cassandra. Uma pareceu surpresa ao sentir duas mãozinhas segurando seu braço.


                 - A bronca acabou? – ele sussurrou ficando na ponta dos pés para que ficasse próximo do ouvido da irmã – posso falar com a mamãe?


                 - Daí depende – ela sussurrou de volta


                  - Depende do que?


                 - Do que você quer falar, você não vai falar mais sobre o meu quarto, vai? – ela elevou a voz para que a mãe escutasse perfeitamente a conversa deles


                 - Que quarto? – perguntou o pai de Cassandra.


                - Ela pegou o meu quarto – ele disse com uma voz quase chorosa


                 - Tem o meu nome – respondeu Cassandra dando de ombros – seu manipuladorzinho – ela disse depois de um tempo


                - Nós podemos arranjar outro pra você. Cassandra porque você não leva o seu irmão pra dar uma volta pela rua?


                 - Claro, porque não.


                 - Nada de varinha, me devolva.


                 - E se eu precisar?


                  -Você não vai.


                 - Ta bem, se eu for atacada e me machucar você vai se sentir culpado pelo resto da sua vida.


                - Vai logo.


               Cassandra prendeu o cabelo e chamou por Jack. Ele veio saltitando alegremente.


                Ao abrir a porta um bafo quente entrou pela casa. Ela achou melhor deixar o casaco na sala, afinal, ele seria inútil em um dia quente como aquele


                Eles andaram por alguns metros até chegar a um lugar aberto com alguns brinquedos. Jack correu para o escorrega e ficou um tempo encarando-o compenetrado antes de se subir e se sentar nele.


                Jack ficou um tempo lá só sentado e olhando para o resto dos brinquedos, sem se incomodar se alguma criança poderia eventualmente querer brincar no escorrega. Cassandra soltou um risinho diante da atitude do irmão.


                Durante algum tempo tudo estava quieto, até que um grupo de garotos chegou.


                Eles eram muito barulhentos, Cassandra reparou, riam espalhafatosemente gesticulavam muito e não se importavam se estavam incomodando alguém. Cassandra nunca gostou muito desse tipo de pessoa.


                O grupo parecia ser liderado por um moleque grande, loiro, com cara de porco e com uma aparência particularmente abestalhada. Mas quem era ela para ficar julgando as pessoas assim, certo?


                Ela cruzou as pernas e voltou a dar pequenos impulsos no balanço em que estava sentada.  


                Ao perceberem a presença de Jack os garotos mudaram sua direção para ir de encontro a Jack.


                 - Ei, pirralho – disse o garoto com cara de porco – você sabe que isso é meu?


                - Eu não estou vendo o seu nome nele – respondeu Jack, sua frase favorita


                 - O que? Repete.


                 - Eu. Não. Estou. Vendo. O. Seu. Nome. Nele – disse o garoto como se estive falando com uma criança de um ano.


                 - Pois você vai ver o meu punho na sua cara!


                Cassandra se levantou num susto. Se aquele porquinho com cara de parvo queria bater no irmão dela teria que passar por cima dela primeiro. Mesmo que o garoto fosse consideravelmente maior que ele e tivesse considerável mais apoio que ela.


                Cassandra seguro o punho do menino com toda a sua força.


                - Toca no meu irmão e eu acabo com você. – ela disse sombriamente


               - E ele é seu irmão? – perguntou o garoto abobado olhando fixamente para a garota. Algo na expressão dele dizia à Cassandra que ele nunca havia falado com uma garota.


                 - Não – respondeu a garota sarcástica – ele é filho da vizinha, eu estou falando do garoto que está embaixo dele.


                 - Qual foi? Se enxerga garota – disse um garoto moreno e meio gorducho - Quem você pensa que é pra falar assim com ele? Saiba que ele pode acabar com você só soprando, você tem certeza que vai peitar?
              - Puxa vida! Que medo – ela disse sarcástica – acho que o papai não me ensinou a escolher as minha brigas! Por que você não sai do meu caminho? Ou você que ficar com a fama de ter apanhado para uma garota?


               - É melhor sair de fininho, gatinha – disse outro garoto, também loiro, mas mais magro que os outros dois

            - Queiram me perdoar – ela disse sem nunca abandonar certo tom sarcatico na voz – mas isso não é do meu feitio. Então por que você não pega o seu banquinho e sai de fininho?

             - Deixa comigo – falou o garoto loiro com cara de porco – o meu nome é Duda Dursley, isso foi só um mal entendido não vai ocorrer ‘dinovamente’ – disse Duda levantado à mão, os amigos o olhavam espantado, Cassandra ergueu uma sobrancelha desconfiada e disse.


             - Não existe ‘dinovamente’, existe ‘de novo’ ou ‘novamente’, eu acho bom que não ocorra novamente, er, Duda. Agora com licença – disse se retirando com irmão.


             - Toda.


            Cassandra saiu levando irmão e desapareceu na esquina, o garoto ainda a observando. Cerca de cinco minutos depois ela chegou a casa. Bem no momento em que o tempo começava a virar.

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