Se é guerra que você quer

Se é guerra que você quer



Capítulo dezesseis – Se é guerra que você quer, guerra você terá!


O sono de Cassandra foi extremamente agitado. Ela se mexia no sofá toda hora e teve pesadelos a noite inteira. Sonhava com figuras nas sombras que a perseguiam. Acreditou que tivesse gritado, pois assim que se sentiu presa nos sonhos ela foi sacudida vigorosamente, para acordar.


Ela abriu os olhos assustada e encarou orbes incrivelmente verdes. Alguns fios de cabelo negros caiam sobre esses olhos que a observavam. Ela se afastou dele com um salto e antes que pudesse parar para pensar estava em pé no meio da sala com a mão estendida sobre a mesa de centro, tateando a procura da varinha.


- Harry? – ela chamou depois de alguns segundos. Os olhos dele eram da mesma cor dos de Derek, mas eram completamente diferentes. Enquanto os de Harry eram um pouco tempestuosos e absolutamente confiáveis os do outro eram vazios e esquivos, era simplesmente impossível ver o que se passava por eles. Ela respirou profundamente segurando uma segunda onda de lágrimas – o que houve?


- Faço minhas as suas palavras – ele se aproximou ao ver que a garota não o atacaria – você está bem? Dormiu no sofá, acordou gritando assustada e pálida e está com os olhos tão vermelhos como se tivesse chorado a noite toda. O que houve?


Ela olhou em volta, alguns alunos passavam completamente alheios a tudo, mas uns dois ou três a encaravam disfarçadamente.


- Nada – ela puxou o casaco jogado no sofá e andou na direção as escadas, mas Harry puxou seu braço. Ela se encolheu e gemeu de dor, Harry havia acertado exatamente o mesmo local que Derek havia apertado na noite anterior. Harry puxou a manga dela para cima e encarou, horrorizado, a enorme mancha roxa.


- Por Merlin, Cassie – ela puxou o braço e desceu a blusa – o que é isso?


- Obviamente eu bati em algum lugar – ela revirou os olhos – provavelmente no corrimão – ela se virou para ele e tentou lançar-lhe seu sorriso mais convincente – você me conhece, sabe que esbarro em tudo! Agora eu tenho que tomar banho e trocar essas roupas amassadas.


Ela disparou escada acima o mais rápido que pode, não queria responder mais perguntas. Hermione não estava no dormitório, para a sorte de Cassandra, tampouco estavam Lilá e Parvati. Ela se encarou no espelho do banheiro, Harry tinha razão. Estava muito pálida e os olhos muito inchados. Ela pensou em deixar os cabelos coloridos tentando amenizar a aparência, mas eles insistiam em continuar negros e emaranhados, fazendo com que a pele parecesse ainda mais branca.


Depois de alguns minutos tentando mudar o cabelo ela desistiu. Passou um pente de maneira desajeitada nele e tentou desamassar as vestes. Ela procurou a varinha em todos os lugares que poderia ter deixado, mas ela não estava na torre. Ela suspeitou que Derek a tivesse escondido em algum lugar e sentiu uma vontade louca de socá-lo. Encarou o relógio, havia perdido quase todo o café.


Ela não queria descer para o salão principal, sabia que Draco estaria lá e que se encontrasse com ele teria que dizer a ele para não procurá-la mais. Ela se sentou na cama e encarou a única foto que tinha com Sirius.


- O que você faria, Six? – ela respirou profundamente e reparou que o cabelo de Sirius na foto estava muito parecido com o dela fazendo com que descobrisse que se não fosse metamorfomaga aquela seria a aparência natural dela. Ela nunca havia pensado nisso, mas era realmente muito parecida com Sirius. Os mesmos cabelos negros e bagunçados, os mesmos olhos fundos e azuis até o nariz era o mesmo. Esse pensamento fez com que um risinho escapasse dos lábios dela.


Cassandra encarou o relógio mais uma vez. O café da manhã já havia acabado e a aula que teria não era junto com a Sonserina. Ela se esgueirou para fora do quarto, o salão comunal estava vazio, todos estavam em suas aulas. Ela caminhou alguns minutos pelos corredores, como não encontrou ninguém achou que conseguiria terminar o dia um pouco melhor do que havia começado. No entanto, desgraça pouca, é bobagem. Assim que virou o ultimo corredor para chegar em sua aula, Draco estava lá.  


O rapaz estava apoiado na parede, parecia estar esperando, pois olhava para os lados e depois para o relógio. Cassandra voltou cautelosamente para trás da parede, tentando não fazer som algum e evitar ser notada, mas algum aluno esbarrou no armário de troféus atrás dela, derrubando-os sonoramente no chão. Draco sorriu ao ver Cassandra.


- Já estava começando a achar que você não viria – ele riu – e então, sobre o que você queria falar?


- Anh? – ela lançou um olhar confuso para ele, que espelhou a expressão dela – como assim?


- Ué? – ele puxou um pergaminho do bolso interno, era preto e a tinta prateada, Cassandra reconheceu da ultima carta de Derek – não foi você que me mandou isso?


- Ah isso – ela tentou sorrir, mas acreditou que não havia sido muito convincente – bem, sim. É meu sim.


- Então – ele riu – do que se trata?


Ela olhou em volta, tinha a nítida sensação de ser observada. Ela levantou os olhos rapidamente, mantinha-os grudados no chão o tempo inteiro, e suspirou pesadamente.


- Porque você não vem comigo, sim?


Ele lançou um olhar curioso. Cassandra estava agindo de modo muito estranho. Ela andou até os jardins, o tempo estava feio e ventava muito, provavelmente cairia uma chuva torrencial em breve. Ela se sentou em um banco com as pernas cruzadas e começou a brincar distraidamente com a areia que estava no banco. Draco se sentou de frente para ela com uma expressão extremamente confusa.


- E então? – ela não levantou os olhos, canalizava toda a força de vontade que possuía para não chorar, sabia que se olhasse para Draco todo seu esforço seria em vão – sobre o que queria falar?


- Eu posso dar uma olhada naquela carta que eu mandei?


Ele tirou o papel do bolso e entregou para ela, que passou os olhos rapidamente pelas palavras. O jeito pomposo de escrever definitivamente era obra de Derek, apesar de a caligrafia ser idêntica à de Cassandra. Era pequena e concisa. Pedia que a esperasse na porta da sala sexta de manhã por que tinham que conversar, sem muito que questionar ou não entender. Ela devolveu o papel.


- Tem certeza que isso é seu? – ela confirmou com a cabeça – a letra é igual à sua, mas – ele releu – sei lá, o jeito não parece você, se bem que – ele a encarou – você está estranha, o que houve?


- Nada – ela continuou a mexer na terra com a unha


Ele esticou o braço para tocar em Cassandra, mas esbarrou no grande roxo que ela escondia, fazendo com que ela se encolhesse a afastasse o toque dele, inconscientemente. Ele a encarou preocupado. A menina estava agindo realmente muito estranho.  


- O que está havendo, Cassandra?


- Nada – ela mentiu iria continuar quieta até que o sinal tocasse a algum professor viesse obrigá-los a ir para a aula, mas a dor em seu braço a fez lembrar-se do que poderia acontecer caso o fizesse – e só que – ela suspirou – você realmente achou que isso podia dar certo?


- Isso o que? – Cassandra não sabia dizer se ele realmente não tinha entendido a pergunta dela ou se queria não ter entendido


- Isso – ela suspirou – nós.


- Do que você está falando Cassandra? – ele se levantou – como assim se eu achei? É claro que eu achei, digo, eu acho!


- Ma-mas – ela gaguejou, se engasgava com as palavras. Pigarreou – mas eu não.


- Você não pode estar falando sério! Por quê?


- O que? – ela levantou a cabeça tão rápido que poderia ter deslocado o pescoço – Como assim por quê? – aquela era a ultima coisa que esperava ouvir. Ela não tinha um por que. São saberia o que dizer e nem queria ter que dizer mais nada.


- Isso é o mínimo que você me deve, uma explicação! Eu achei que estivesse tudo bem e aí você chega do nada falando que não está, como assim? O que que tá havendo contigo, Cassandra?


- Não tá havendo nada, Draco, é só que – ela olhou em volta, procurando uma desculpa. Duas alunas da Sonserina passaram apontando para eles. Pareciam estar vindo das estufas e adquiriram uma expressão feia ao ver Cassandra – você não se cansa das pessoas olhando, apontando, falando...?


- Não – ele respondeu confuso, não fazia parte da personalidade de nenhum dos dois se importar com isso


- Bem – ela se levantou tentando parecer decidida – eu sim. Nós dois sabíamos que isso não daria certo, Draco – ela fez uma corajosa tentativa de olhá-lo, mas não foi muito bem sucedida – nós somos muito diferentes! A começar pelas casas, onde a gente estava com a cabeça? – ela suspirou ao se lembrar do chapéu seletor no fim do torneio tribruxo querendo mandá-la para a Sonserina – Grifinória e Sonserina! – ela simulou uma balança com as mãos – nunca daria certo.


- Do que você está falando? – ele segurou os ombros dela sem força, mas o esbarrão no braço fez com ela guinchasse de dor e o empurrasse. Draco segurou o pulso dela e fê-la virar para si – O que está havendo, porque você sempre reclama quando eu chego perto do seu braço? – ele puxou a manga dela antes que ela pudesse sair. Boquiaberto ele largou o braço dela, ela puxou a manga rapidamente e se virou – o que é isso, Cassandra? – ele olhou para o rosto dela e percebeu que a bochecha da menina ainda estava vermelha e que ela chorava – Cassandra...


- Não é nada – ela gritou se virando e marchando de volta para o castelo


- Você realmente quer me convencer que isso não é nada!


- Eu cai – ela se virou violenta para ele – só isso.


- Você caiu na mão de alguém? – ela petrificou e, por um momento se esqueceu como se respira – Cassandra, tem marcas de dedos nisso aí!


- Impressão sua – ela disse fracamente enquanto se virava para o castelo


- Cassie – ele segurou a mão dela com delicadeza. Ela não se virou, apenas suspirou enquanto puxava a mão. Era a primeira vez que Draco a chamava pelo apelido – por favor.


Ela andou para o castelo bem no momento que as primeiras gotas de chuva caiam. Ela não se virou para ver se Draco ainda estava lá, não queria vê-lo. Cassandra agradeceu mentalmente pela chuva, assim quando entrasse no castelo não daria pra ver as lágrimas em seu rosto e não teria que responder perguntas difíceis.


Fred passou por ela com um sorriso e piscou para ela. Em algum lugar não tão profundo ela sentiu uma vontade louca de correr atrás dele e enterrar a cabeça em seu ombro e chorar até dormir, mas ela se limitou a lançar um sorriso para ele. Ela olhou em volta, o castelo estava vazio, todos estavam tendo aulas. Ela suspirou, não estava com cabeça para estudo. Subiria para seu dormitório, enxeria a banheira até a boca e ficaria lá até cansar, talvez adormecer um pouco mais tarde, se tivesse sorte.


Ela subiu algumas escadas, mas no meio do caminho ouviu passos e sons de palmas. Ela se virou, mas já sabia quem era mesmo antes de fazê-lo. Derek andava calmamente em seu habitual terno preto incompleto. Desde que havia saído de Beauxbatons ele sempre usava o mesmo estilo de roupa, uma calça social preta com, ou uma camisa branca e uma jaqueta de couro ou a parte de cima do terno com uma camisa preta gola V. Em situações diferentes Cassandra já havia admitido achar o estilo extremamente atraente, mas não mais.


- Você foi brilhante – ele falou as duas mãos juntas, como se em prece, sobre a boca – realmente incrível! – ela virou o rosto e tentou andar mais rápido – deveria ganhar um premio, meu amor! – ela a ultrapassou e a abraçou, cada músculo do corpo dela se restou – você é incrível! – ela o empurrou com força


- Ótimo – ela limpou as vestes – suponha que eu deva agradecer pelos elogios – ele sorriu


- Seria de bom tom – ela fez uma debochada reverencia


- Merci, Monsier.


- Ora, não seja tão dura. Um dia você vai me agradecer por tudo isso.


- Acho improvável – disse melosamente


- Você verá – ele passou o braço pelos ombros dela – seremos muito felizes, Cassie!


- Seremos ou você será? – o sorriso dele sumiu de seus lábios – porque isso não soa nem um pouco como felicidade para mim, Derek!


- Você será! – ele apertou o ombro dela – eu serei nos dois seremos!


- Sim – ela afastou a mão dele e saiu de seu aperto – seremos, supondo, é claro, que ninguém desconfie o que, diabos, está acontecendo, o que eu acho bem improvável.


- O que você está insinuando, Cassandra? – seu olhar se tornou sombrio


- Nada – ela pegou a mochila que havia caído no chã e a jogou nas costas – absolutamente nada.


- Ah – ele sorriu sarcasticamente – eu já estou entendo o que está acontecendo aqui – ele segurou o braço dela, bem onde já estava marcado. Ela suspirou de dor – você acha que os seus amiguinhos já estão desconfiando, não é? – ele a empurrou contra a parede – bem, isso é porque você ainda pode melhorar um pouco a sua performance, meu amor – ele sorriu maldosamente para ela – você sabe o que eles fazem quando você entra em uma organização armada pra ter certeza que você nunca vai dar com a língua nos dentes? – ela não respondeu, apenas o encarou – eles manipulam a sua dor até que você seja mais forte que ela – ele começou a apertar o braço dela com cada vez mais força – não ouse gritar – ela suava frio – ou desmaiar! Vamos Cassie, eu sei que você mais forte que essa dorzinha risível! Vamos Cassie, aguente! – ela sentiu que se ele apertasse um pouco mais seu braço se partiria e ela desmaiaria, mas ele largou. Seus joelhos amolecerem e ela caiu no chão sobre eles – eu sabia que você era forte.


- Que tipo – ela arfou – de organização você tem visitado?


Derek se ajoelhou em frente a ela e sorriu, batendo levemente no antebraço, como se escondesse alguma coisa nele, debaixo da manga da camisa, mas quisesse que ela soubesse do segredo.


- Nenhuma que você precise se preocupar – ele a beijo na testa. Cassandra percebeu que ele estava com uma enorme cicatriz no pescoço que não havia antes. Ela se perguntou que tipo de amigos ele havia feito e que tipo de clubes estava frequentando desde que saiu da França.


Ele se levantou e começou a se afastar dela, mas ela se levantou cambaleante e o chamou.


- Já chega – ela falou com a voz fraca – eu não vou mais participar disso, Derek – ele se virou para ela – pouco me importa o que você vai fazer comigo, pra mim já deu! – ele sorriu. Cassandra ficou preocupada, nada de bom poderia resultar daquele sorriso.


- Você realmente acha que eu faria alguma coisa com você? – ele enfiou a mão no bolso interno da jaqueta do terno e puxou um soldadinho de metal de lá, muito parecido com o brinquedo preferido do irmão dela – jamais, meu amor – ele colocou o brinquedo na mão dela, ainda sorrindo. Havia um JB marcado na base do soldado. O brinquedo não era só muito parecido, era de fato o objeto favorito do irmão dela e ela sabia que aquele era o único que Jack não deixava jogado por aí, ele sempre o guardava dentro de uma caixa debaixo de sua cama. Derek puxou a varinha e apontou para o soldado – eu jamais – ele começou a derreter o soldado lentamente enquanto falava contidamente – faria alguma coisa com você, meu amor. Eu te amo.


*


Cassandra abriu os olhos lentamente. Merlin roncava em seu colo. Todas as meninas do dormitório já haviam saído para tomar café. Ela se sentou na cama e olhou para a mão que doía. Na palma havia uma feia queimadura circular. Ela imaginou que aquilo deixaria uma terrível cicatriz e agradeceu por ser metamorfomaga para poder apagar aquilo, não que isso fizesse muita diferença no momento porque estava tendo sérias dificuldades para se transformar. Ela pegou um pouco de pomada e uma atadura que guardava na mesa de cabeceira e enrolou a mão, mais tarde iria à ala hospitalar.


Depois de um longo banho ela se sentou na cama novamente. Seus cabelos, molhados, ainda estavam negros e emaranhados e os grandes olhos azuis, vermelhos. Ela segurou uma massa prateada de metal fundido e ficou encarando por diversos segundos. Oh céus. Estava em um labirinto. Se perguntou se Harry havia se sentido tão perdido assim quando realizou a ultima prova do torneio tribruxo. A porta do quarto se abriu com força fazendo com que Cassandra desse um pulo na cama e puxasse uma escova de cabelo para defender-se.


- Aí está você – Hermione sorriu, ela trazia um embrulho nas mãos – pensamos que fosse dormir o dia inteiro!


- Bem que eu queria – ela forçou um sorriso. Hermione se sentou em frente à amiga e a entregou o embrulho.


Era retangular e estava coberto por papel de seda rosa com um laço vermelho. Cassandra logo imaginou que se tratasse de um livro. Ela tentou parecer feliz e ansiosa ao abrir o embrulho, mas uma genuína expressão de confusão tomou seu rosto quando ela terminou. Era de fato um livro, mas com cuidados para cachorros. Ela levantou os olhos e encarou a amiga.


- Bem – ela pigarreou – obrigada, eu acho.


Hermione abriu um grande sorriso.


- Você gostou?


- Claro Mione – ela sorriu – é muito, bem, educativo.


- Que bom! – Hermione se levantou e puxou Cassandra pela mão – agora vamos, Harry está te esperando lá em baixo.


Um sorriso sincero escapou dos lábios da menina. Os amigos pareciam realmente contentes pela data. Pelo menos alguém estava feliz. Ao chegar no salão comunal da Grifinória ela olhou em torno. Ao não encontrar Derek ela sentiu como se um enorme peso saísse de suas costas.


- Cassie! – Harry foi até ela para abraçá-la – feliz aniversário! – ele apontou para uma grande caixa vermelha com um laço amarelo sobre a mesa. A caixa se mexia um pouco o que deixou Cassandra muito curiosa. Ela se perguntou se o garoto estaria dando um balaço para ela.


Ela cobriu rapidamente a distância entre ela e a caixa, mas antes que pudesse sequer desfazer o laço, Rony, Fred, Jorge e Gina chegaram com outra caixa igualmente grande. Eles a colocaram ao lado da primeira para abraçar a amiga.


Depois de muita insistência ela abriu primeiro a caixa laranja dos Weasley. Ela encarou confusa o conteúdo. Havia uma almofada, dois potes cor de rosa, uma coleira, um osso de brinquedo e alguns pacotes de ração de cachorro. Ela se perguntou se os amigos haviam esquecido que ela não tinha um gato e não um cachorro, mas logo depois desconfiou do motivo da caixa de Harry se mover. Ela voou sobre a caixa e, como imaginou, retirou de lá um filhote.


O filhote era dourado e redondinho, como uma bolinha de pelos. Dava para ver que ainda era muito pequeno. Cassandra o pegou no colo e levantou um pouco.


- Oh – ela sorriu e pegou a coleira sobre a mesa – a coleira é rosa por que você é uma menina!


- Brilhante dedução – disseram Fred e Jorge juntos


- E eu descobri sozinha!


- Então é verdade aquele papo de que com a idade você também ganha sabedoria – disse Jorge.


- Por que isso não acontece com a gente, Jorge? – perguntou Fred


- Por que, bem – ela deu de ombros. Adorava o quão contagiante era animação dos amigos. Ela se apoiou em Fred enquanto brincava com o filhote em seu colo – vocês dois são especiais.


- Eu sempre soube – disse Jorge


- É o que a mamãe sempre fala – Fred deu de ombros enquanto passava o braço sobre os ombros de Cassandra, ela tentou ignorar o sentimento de dor que sentou no momento que Fred esbarrou em sua grande e cada vez mais roxa marca.


- Ela já tem nome?


- Quem, minha mãe? Bem, eu tenho quase certeza que ela se chama mãe, mas eu já ouvi algumas pessoas a chamarem de mamãe então estou um pouco confuso.


- Claro – Cassandra revirou os olhos – mas eu falei dela – ela levantou o cachorro.


- Não, o cachorro é seu você escolhe o nome – disse Harry


- Eu gosto de Ártemis, o que vocês acham?


- É um nome legal – Harry coçou a orelha de Ártemis – mas por que esse?


- Ártemis era a deusa da caça, uma caçadora! – ela encarou o cão afetuosamente – e cães são caçadores por natureza. E também era a deusa da lua, que cão não gosta da lua? – ela sorriu para os amigos.


- Parece ótimo – Fred sorriu – mas essa minha fome não está nada ótima! Quem quer vir tomar café?


- Eu – ela pigarreou enquanto se sentava ereta, subitamente desconfortável – eu acho que vou ficar por aqui mesmo.


- Porque? – Harry a encarou desconfiado, ela a olhava desta maneira desde o dia que havia visto a marca no braço dela. Ela deu de ombros.


- Tenho muita coisa pra arrumar ainda – ela sorriu – hoje é meu dia de princesa, sabe?


Ela se levantou e levou os presentes para o quarto enquanto os amigos desciam. Ela teve a impressão de que Harry queria ficar para conversar com ela, mas ela foi mais rápida e antes que ele tivesse a chance de chamá-la ela já estava em sua cama. Cassandra arrumou a almofada próximo à sua cama para que Ártemis deitasse ali, mas ela não queria. Seguia Cassandra por todo o quarto. Ela achou isso engraçado.


Cassandra encarou o belo vestido esticado sobre a cama. Ele era branco, pouco acima dos joelhos, possuía uma manga curtíssima, deixando seus ombros praticamente a mostra. Era cinturado e a saia era cheia. No farto decote havia uma renda, como se fosse outra blusa por baixo. Dando volume à saia uma anágua decorada com uma barra de bordado, o mesmo que contornava a fina alça e impedia o vestido de escorregar. Ao lado da cama um altíssimo sapato de salto fino de estilo pep toe. Ártemis brincava com o salto, mordendo-o. Cassandra o colocou sobre a cama.


A menina tinha que ir para Hogsmeade verificar a arrumação do salão e depois se arrumar. Ela suspirou ao colocar o vestido, com muito cuidado, em uma bolsa, junto com o sapato e uma bolsa menor com algumas coisas que usaria para se arrumar, como escovas de cabelo, maquiagem, algumas joias.  


Ela jogou a bolsa nas costas e rumou para Hogsmeade depois de colocar comida e água tanto para Merlin quanto para Ártemis. As carruagens estavam sendo preparadas para a festa e por todo o castelo só se ouvia o murmurinho de alunos falando sobre suas roupas, penteados, sapatos, expectativas. Ela subiu em uma das carruagens e o estranho cavalo a guiou para Hogsmeade.


Ela usava uma calça jeans rasgada e sua camisa favorita d’As esquisitonas quando chegou. O vento forte fazia seu cabelo voar em torno de sua cabeça. Ela se olhou em uma vitrine. Teria que dar um jeito de adaptar o penteado para o cabelo longo e bagunçado que não conseguia mudar. Ela foi para a casa alugada para a festa verificar a decoração. Estava impecável. Simples, mas impecável.


Várias mesas haviam sido dispostas pelo local, cobertas por tecidos rosa, branco e azul. Um bar estilo pub inglês havia sido instalado com banquinhos na bancada. No canto uma mesa com comida e no centro do salão uma pista de dança de frente para um palco com alguns instrumentos e muitos fios, aguardando a chegada da banda. No canto do cômodo havia uma escada que dava para o segundo andar, onde havia um banheiro e um quarto, que Cassandra usaria para se arrumar, bastava esperar a cabeleireira chegar.


Ela subiu e jogou a bolsa sobre uma cadeira, indo tomar banho enquanto a banda e a cabeleireira não chegavam. Ela estranhou, mas agradeceu o fato de Derek ainda não ter aparecido. Em algum ponto da mente dela ela se perguntava o que ele estaria fazendo que não a torturando, mas se sentia aliviada de não tê-lo andando atrás dela assustadoramente. Ela colocou um vestido qualquer que havia enfiado na mochila para abrir a porta. A banda estava lá.


Eles desejaram um educado “parabéns” para Cassandra e logo foram para o palco, passar o som e instalar os instrumentos. Logo depois foi a vez da moça que arrumaria o cabelo e a maquiagem de Cassandra. Elas demoraram um pouco para escolher o que fazer com o cabelo dela. Não que o cabelo fosse feio, não era, em absoluto, mas ela havia planejado algo completamente diferente. Por fim a moça decidiu por deixá-lo solto, definindo os cachos e usando magia para deixá-lo cheio e alto a noite toda.


Foram-se algumas horas até tudo estivesse pronto, mas Cassandra não podia reclamar, o resultado era incrível. Ela se olhou no espelho, estava linda. Mas não pode deixar de repara que o olhar destoava incrivelmente. Ele simplesmente não combinava com tudo aquilo, todo aquele ambiente feliz, festivo. Ela se esforçou para melhorá-lo. Perdeu-se em pensamentos por alguns instantes ao encarar o espelho.


- Você está – uma voz grave fê-la voltar para a realidade, ela se virou assustada – incrível!


Ela encarou Derek. Ele estava arrumado para a festa. Usava uma calça preta social, mais arrumada que as de costume, uma camisa branca com os primeiro botões abertos e uma jaqueta social sobre ela. O cabelo loiro estava penteado para trás. Por mais que quisesse ela não conseguiu deixar de reparar em como ele estava bonito. O cabelo penteado deixava o rosto anguloso em evidencia, e os olhos verdes pareciam saltar como um farol. Ela virou o rosto, sentia nojo de estar pensando isso dele.


- Obrigada – ela se dirigiu ao palco, queria trocar algumas palavras com a banda antes dos convidados chegarem. Cassandra agradeceu por eles terem chagado antes de Derek, afinal, sabe-se lá o que aquele pirado faria se estivesse completamente sozinho com ela.


Os primeiros a chegar foram os professores. Ela se lembrava de que o diretor havia dito que alguns professores teriam que ficar lá, supervisionando a festa, mas nunca imaginou quem seriam os professores. Ela sentiu seu estômago despencar centenas de metros ao ver Dolores Umbridge vestida em seu casaquinho cor de rosa descendo de uma carruagem. Sentiu que isso seria um péssimo presságio, mas aliviou-se um pouco ao ver as professoras McGonagall e Sprout logo atrás e, algum tempo depois, o professor Flitwick. Ela se questionou porque o professor Snape estava perdendo essa oportunidade de ouro pra reprimir os alunos, mas logo chegou à conclusão que ele não era do tipo muito festeiro e agradeceu por sua ausência. A falta de Filch também foi algo a ser comemorado.


Não demorou muito para os alunos que viriam terminassem de chegar. Cassandra teve que ficar na porta por quase uma hora recebendo pessoas. Conforme os convidados chegavam Harry, Rony e Hermione ajudavam a menina a levar os presentes para o quarto no segundo andar. Cassandra reparou que a todo o momento Harry olhava para o braço dela, procurando a marca, mas ela havia sido escondida com magia e maquiagem. Ela tomava cuidado para não ficar muito tempo sozinha com Harry, pois sabia que ele faria perguntas.


- Cassandra – Harry trazia um copo para ela, ela aceitou com um sorriso – sua festa está incrível! – ela sorriu, disfarçando a preocupação, pois Derek olhava para eles – eu trouxe uma coisa pra você – ele puxou um envelope do bolso interno das vestes – é de Sirius – disse em seu ouvido.


Ela segurou o envelope o abriu. Não havia carta ou foto, apenas um pequeno pingente no fundo. Não era grande e possuía um delicado cristal em forma de floco de neve preso por um anel de ouro.


- É lindo – ela disse colocando em sua corrente.


- Combina com você – ele sorriu. Cassandra o abraçou com força.


- Obrigada, Harry – Derek se levantou, parecia ir a sua direção – muito obrigada mesmo, por tudo.


Ele riu


- Por tudo o que, Cassie?


- Você sabe, tudo – ela o largou e deu de ombros – por Sirius, por você, tudo.


- Por nada – ele respondeu confuso – Cassandra, está tudo bem? Você tem agido tão estranho.


- Claro Harry – ela sorriu – era só um pouco de estresse por causa de festa, sabe? – ele confirmou com a cabeça, mas não pareceu muito convencido.


Cassandra apontou para a mesa de comida e disse que ia lá fazer alguma coisa. Ela passou pelo meio da pista de dança, perdendo Harry de vista, mas Derek puxou sua mão antes que ela chegasse ao outro lado.


- Já está na hora de ir, Cassandra.


- Ir? – ela o olhou, confusa – ir para onde? – ele puxou um par de passagens


– Paris.


- Não – ela puxou a mão – eu não vou pra Paris!


Ele apertou o pulso dela


- O que você disse?


- Eu – ela pigarreou – eu disse que não vou agora.


- Como assim não vai agora?


- Espere até o fim da festa – ela disse rápido – você pode simular um assalto no caminho para Hogwarts! Fale que aconteceu uma tragédia e as pessoas não farão perguntas, mas se eu simplesmente sumir agora todos criarão teoria! – ele largou o braço dela e a encarou pensativo.


- Você tem razão, muito bem pensado – ele beijou a testa dela – partiremos no fim da festa – e dizendo isso se virou e sumiu.


Ela sentiu um alivio momentâneo. Tinha até o nascer do sol para inventar alguma coisa. Ela olhou em volta e seu olhar encontrou com o de McGonagall. Talvez ela pudesse ajudá-la. Mas por outro lado, Derek era realmente forte, havia sido o melhor aluno de sua turma e não tinha escrúpulos nenhum. Ela desviou os olhos rapidamente, mas ao fazê-lo avistou a última pessoa que queria ver naquele momento, Draco.


Ela se virou e tentou sair da pista antes que ele a visse, mas Draco foi mais rápido que ela e a interceptou no meio do caminho.


- É a primeira vez que eu vejo a anfitriã tentar fugir da própria festa.


- Eu pensei que você não fosse vir – ela disse desesperada, como se isso fosse mais desejo do que outra coisa.


- E eu não ia vir.


- Então porque...?


- Não sei – ele deu de ombros – apenas resolvi aparecer – ela o encarou confusa e triste. Ele esticou a mão em um gesto galante – Quer dançar?


Ela suspirou.


- Acho melhor não – ele riu


- Eu não vou embora até dançar com você – ela procurou por Derek, mas ele não estava em lugar nenhum. Ela suspirou antes de pousar a mão sobre a de Draco e deixar que ele guiasse pela pista de dança.


Ela olhava para todos os lados enquanto casais rodavam em torno deles. A última coisa que queria era que Derek os visse, mas também não queria nunca parar de dançar.


- Porque você está tão preocupada? – ela o encarou alguns segundos enquanto pensava em alguma desculpa.


- Eu, bem, eu não quero que a Umbridge nos veja – ela estava alguns metros deles recriminando um casal que se beijava.


- Entendo – ele olhou para a professora e se aproximou do ouvido de Cassandra – já te contaram que você é uma péssima mentirosa?


- O que? – ela perguntou surpresa – do que você está falando? Eu não estou mentindo.


- Claro que não – ele sorriu. Cassandra tossiu disfarçadamente.


- Eu não sabia que você dançava – ele deu de ombros pela segunda vez na noite.


- Existem muitas coisas sobre mim que você não sabe.


- Ah é? – ela riu – como o que?


- Bem – ele parou para pensar – eu sei dançar, detesto torta de rim e tenho uma vontade incontrolável de socar aquele francês imbecil cada vez que eu penso naquele almofadinhas – Cassandra sorriu.


- Eu acho que já sabia disso tudo.


- É mesmo? – ela confirmou com a cabeça, sorrindo – bem, então você me conhece melhor do que pensava. Olha, você está feliz de novo! – ela revirou os olhos com um sorrisinho – eu nunca vejo esse tipo de coisa quando você está do lado dele, muito pelo contrário.


- Aonde você quer chegar?


- Eu nunca vi você sorrir com ele – eles haviam parado de dançar, Cassandra queria sair dali – na verdade, eu nunca vi você minimamente confortável perto dele.


- A música acabou, Draco – ela se virou.


- Mas nós estamos conversando, espera! – ele segurou o braço dela, ela fez uma expressão de dor – de novo essa cara quando eu chego perto do seu braço, Cassandra. O que está havendo?


- Eu já disse Draco, não é nada – ela o olhava suplicante, queria mudar de assunto.


- Cassandra eu sei que você não gosta daquele cara, mas ainda assim você veio com ele e não comigo à essa festa!


- Tá bem, Draco! Eu admito! – ela gritou sem pensar, mas não conseguia mais se segurar – eu não gosto dele, muito pelo contrário!


- Ótimo! Demos um grande passo agora! Então dê um pé nele e volta pra mim, por favor!


- Eu não posso.


- Por que não? Por que você ta com aquele cara? Você nem gosta dele!


- Eu não gosto, mas não tenho opção.


- Porque você não tem opção? Eu sabia! Isso – ela apontou para o baço dela onde a marca voltava a aparecer aos poucos – foi culpa dele, não foi?


- Não! Draco – ela abriu a boca várias vezes tolamente


- Eu não acredito, Cassandra! Porque você não me disse que aquele maluco estava te ameaçando?


- Não, Draco! Eu juro...


- Você jura, o que? – ele encarou os olhos marejados de Cassandra – é claro que você vai dizer que não, que ele não fez nada. Por Merlin Cassandra! O que ele queria em troca?


Ela segurou a frente das vestes dele, desesperada e o encarou intensamente, algumas lágrimas rolaram quando ela piscou.


- Por favor, Draco – ela secou as bochechas – por favor, não se envolva.


Ela sentiu um aperto em seu ombro. Cassandra se virou rapidamente, Derek apoiava a mão no ombro dela de uma maneira falsamente protetora. Ele e Draco se encaravam ferozmente.


- Ele está te incomodando, meu amor?


- Não – ela se virou rapidamente para ele, o empurrando levemente – Derek, está tudo bem!


- Não parece tudo bem – ele contornou Cassandra e ficou de frente para Draco com um sorriso sarcástico – talvez eu deva trocar algumas palavrinhas com o Malfoy um minutinho.


- Interessantes você falar isso, Malcon – Draco segurou o colarinho de Derek – era exatamente isso que eu estava pensando.


- Parem, por favor – Cassandra se colocou entre os dois, os afastando com os braços.


Algumas pessoas olhavam curiosas para a cena. Draco largou Derek, que o encarou soberbo enquanto ajeitava o colarinho. Ele lançou um ultimo sorriso, como se vitorioso, para Draco antes de se virar para Cassandra e dizer que o seguisse. Ela estava estagnada na pista, não queria ir atrás dele, tinha medo do que podia acontecer. Inconscientemente ela encarou Draco com um olhar de súplica, pedindo ajuda. Derek segurou seu pulso e a puxou até o segundo andar.


Derek segurou a porta do quarto aberta, para que Cassandra passasse. Ela lançou um último olhar furtivo para a festa, na esperança que alguém a visse e fosse ajudá-la, mas para o seu desespero ninguém pareceu notar. Assim que ela passou Cassandra ouviu um barulho de tranca. Derek rodava uma grande chave de metal nos dedos.


- Não seremos mais interrompidos...


Ela se encolheu contra a parede a cada passo que ele dava na sua direção.


- Derek, eu... – mas o que ela achava não foi dito por que ele a calou com um sonoro tapa. Ela o encarou com os olhos arregalados.


- Eu não mandei você ficar com a maldita boca calada? – ele berrou, mas a musica estava muito alta para alguém ouvir.


- Mas Derek – ela gemeu – eu nunca, digo, eu não disse nada a ele! Ninguém sabe de nada, eu juro!


- Você jura? – ela confirmou com a cabeça. Ele sorria um sorriso assustador enquanto se aproximava dela e segurava seus ombros com uma delicadeza completamente fingida – então quer dizer que você me jura que ninguém sabe de nada – ele começou a apertar o braço dela e a puxá-lo para trás, como se quisesse quebrá-lo, ela começou a dizer que parasse – você ainda jura, Cassandra? – ela confirmou, entre lágrimas – eu não vou parar até você me contar a verdade!


- Mas eu estou – ela berrou – ele não sabe de nada, eu juro! O Draco só desconfia, só isso! – ele largou o braço dela, sorrindo.


- Então quer dizer que aquele inglês insípido desconfia?


- A-acho que sim.


- Quem mais sabe que vocês terminaram?


- Eu não sei – ela massageava o braço – acho que ninguém ainda.


- Mas isso é realmente uma oportunidade de ouro, minha querida! – ele pressionou seu corpo contra o dela e segurou seu rosto, beijando-lhe a boca – você não vê? O namorado traído pelo amor da vida dele não aguenta mais a pressão de ver a mulher amada em outros braços e em um último gesto desesperado de honra e sofrimento decide dar fim à própria vida, não é poético?


- O que você está planejando, Derek? – ela olhou com um misto de desconfiança e desespero. Ele se afastou dela e deu uma volta pelo quarto com os braços abertos, muito contente consigo mesmo.


- Não é obvio? Vamos dar um fim ao sofrimento do pobre Malfoy!


Ela sentiu como se uma bala tivesse atravessado sua cabeça. Não importava o quanto ele houvesse batido nela, ameaçado ou torturado, nada havia sido pior do que aquela simples frase.


- Por Merlin, Derek! – ela guinchou horrorizada – você perdeu a razão? Assassinato? Isso está completamente fora dos limites!


- Você não entende! – Derek a segurou pelos ombros e a levantou alguns milímetros. Ele estava de costas para a porta. Cassandra viu um jorro de luz pelo buraco de fechadura, alguém estava tentando entrar. A porta se abriu alguns milímetros e Cassandra viu parte de cabeça de Draco.


- Derek, você não pode matar uma pessoa! Eu não quero que você se torne um assassino! Vamos embora, só nós dois! – ela lançou um olhar significativo para Draco, que confirmou com a cabeça – mas não vamos para Paris, outro país! Vamos conhecer o mundo! – o rosto de Derek pareceu se iluminar.


- Sério? – ela confirmou, com um sorriso.


- Você tinha toda a razão Derek! É você! Você que é o homem perfeito pra mim! Você estaria disposto a matar uma pessoa por mim, não existe maior prova de amor, Derek. Você tinha razão, é você que eu amo! – Cassandra o puxou para um beijo. Ela mantinha os olhos bem abertos, encarando Draco. Ela apontou para a varinha dela no bolso dele e depois para Draco, pedindo a ele que pegasse.


Com muito cuidado Draco puxou o objeto e colocou em seu próprio bolso. Assim que fez um sinal positivo com dedo Cassandra apontou para as costas de Derek. Draco entendeu o pedido prontamente, mas na hora que ele ia realizar o feitiço Derek se separou de Cassandra.


- Pra onde você estava olhando, meu amor? – Cassandra segurou o rosto dele, para que não virasse.


- Lugar nenhum, querido! – respondeu nervosa – somente pra você!


- Você é realmente linda, sabia? – ela sorriu. Ele subiu a mão do pescoço para o cabelo dela, enrolando seus dedos nas mechas. Seu sorriso foi substituído lentamente por uma expressão colérica – uma pena que seja uma grande mentirosa! – ele fechou a mão e a empurrou contra a parede pelos cabelos. Ela bateu a testa e caiu no chão.


Ela passou os dedos pela testa. Sangrava e ela sentiu uma vontade incrível de vomitar. Ótimo, ela pensou, uma concussão. Draco e Derek brigavam no outro lado do quarto. As varinhas no chão e os dois se socando. Derek parecia estar levando a vantagem. Era maior e mais forte. Cassandra respirou profundamente e reuniu toda a força que possuía para levantar. Não foi uma tarefa nada fácil, ela quase vomitou ao fazê-lo, mas assim que conseguiu se colocar em pé ela pegou uma cadeira próxima e a acertou nas costas de Derek. A cadeira se partiu em vários pedaços.


- Que decepção, Cassandra – ele deu um forte soco em Draco, que cambaleou e depois se virou para a menina, agarrando seu pescoço e a pressionando contra a parede. Ela sentiu dificuldade para respirar e a consciência se esvaindo – eu realmente achei que a gente estava começando a se entender.


- Derek – ela arranhava a mão dele, mas isso não parecia fazer diferença alguma – a gente nunca ia conseguir se entender.


- É realmente uma pena – ele colou a testa na dela – ter que matar uma garota tão linda.


- Ainda bem isso não será necessário então!


Draco o acertou em cheio na costas por um feitiço e Derek caiu no chão pesadamente. Cassandra caiu em seus joelho, arfando e tossindo. Ela respirava com urgência, tentando manter-se acordada. Draco empurrou Derek para o canto e se ajoelhou em frente à Cassandra, abraçando-a.


- Obrigada – ela arfou entre lágrimas – obrigada.


- Só me faça um favor e da próxima vez que um psicopata estiver atrás de você me avise com antecedência.


- Combinado – ela riu.


Ele se levantou com dificuldade e estendeu a mão para Cassandra, que fez o mesmo. Draco apresentava o lábio inchado com um profundo corte e se movia com dificuldade, fazendo Cassandra acreditar que tivesse com alguma costela quebrada. E Cassandra tinha uma concussão e uma provável luxação no braço. Isso sem contar os vários roxos espalhados pelo corpo uma vontade louca de raspar os lábios com sal grosso por ter beijado Derek.


Cassandra pegou sua varinha e jogou a de Derek pela janela, não queria que ele a encontrasse quando acordasse. Eles iriam ao primeiro andar falar com McGonagall e, de preferência, já chamar um dos guardas de Azkaban. Eles desceram. A música alta e as luzes piscando fizeram a cabeça da menina girar, mas ela não se importou, tinha que encontrar algum professor.


- Por Merlin, Cassandra! – a professora falou com um olhar horrorizado quando colocou os olhos neles – o que houve com vocês?


- Acho que não vai adiantar muito explicar por aqui, senhora.


- O que a senhorita quer dizer com isso? – ela fez um sinal e o professor Flitwick se aproximou – o que aconteceu?


- Talvez os senhores queiram me seguir.


Ela fez um sinal na direção da escada. Draco estendeu a chave para ela. Cassandra colocou a chave na fechadura, mas demorou alguns segundos para abrir, não estava muito certa se queria falar sobre aquilo, mas não tinha muita opção. Ela girou a chave decidida e escancarou a porta. Ela arfou. O quarto estava vazio. Bagunçado, mas vazio.


- E então? – a professora falou


- Não é possível!


- O que não é possível, senhorita?


- O quarto estar vazio, ele estava aqui – ela apontou para o chão – desacordado!


- Quem deveria estar desacordado, senhorita? – a professora perguntou


- Eu – Derek disse apontando uma varinha para Cassandra e o quarto desapareceu aos poucos enquanto Draco e os professores caturravam.


 

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