Reencontro



Capítulo dez – Reencontro.


Madame Pomfrey olhou desconfiada, havia ouvido Harry falando claramente e, perceptivelmente, não havia sido com ela. Ela encarou Cassandra profundamente, ela se mexeu levemente na cama, acomodando-se


- Tem certeza senhor Potter?


Harry olhou maroto para a amiga


- Não, não – ele confirmou com a cabeça – apenas tive a impressão de que ela estava acordando, só isso.


Ainda com as pálpebras cerradas ela revirou os olhos, gostaria de ficar um pouco mais e, quem sabe, dormir, talvez conseguisse até ser dispensada na primeira aula do dia seguinte. Ela se sentou fracamente.


 - O que aconteceu? Por que eu estou aqui do novo?


- A senhorita desmaiou, querida.


- De novo?


- Como assim “de novo”?


- Bem – Harry pigarreou – ela desmaiou mais uma vez hoje um pouco mais cedo, foi o mesmo cenário, sabe? Sangue, machucados e, bem, capof – ele fez um sinal com as mãos como se fosse algo caindo


- Como ela se machucou?


Harry pareceu pensar por uns instantes, não parecia querer contar à ninguém da detenção.


- Esbarrei cumprindo a detenção – Cassandra interveio – eu sou um pouco desastrada sabe? E o tipo de detenção da professora Umbridge meio que favorece acidentes...


- Bom – Madame Pomfrey pegou um pergaminho e uma pena – então entregue isso à ela, sim?


- O que é isso? – ela passou o pergaminho para Cassandra


- É um atestado para que você cumpra uma atividade mais leve e um pedido para liberar à senhorita e ao senhor Potter do resto da detenção de hoje


- Eu também? – Harry perguntou surpreso


- Oh sim – ela confirmou com a cabeça – eu gostaria que o senhor a levasse para o dormitório e ficasse um pouco com ela, em observação.


Harry e Cassandra deixaram a enfermaria sorridentes. O tempo todo Cassandra corria os olhos pelo atestado, relendo-o, e não deixava de sorrir toda vez que o fazia. Havia se livrado da detenção. Estava tão contente que sequer passava pela sua cabeça que a antiga detenção seria substituída por outra, provavelmente muito tediosa, mas isso não importava. Estava contente e isso era suficiente, por hora.


- E então? – Umbridge perguntou se levantando. Cassandra entregou o papel para a professora, que analisou cada letra escrita ali, tentando  encontrar a tramóia que obviamente estava por trás daquilo, mas a assinatura e as ordens de Madame Pomfrey eram inegáveis, não havia onde Umbridge contra argumentar


- Muito bem – ela disse por fim – eu quero o senhor aqui amanhã – ela apontou para Harry – e a senhorita irá receber sua nova detenção em breve.


- Sim senhora – eles responderam em uníssono enquanto se recolhiam suas coisas e se dirigiam à porta.


 


                                                                                      *


 


Quinta feira passou incrivelmente bem para Cassandra, nenhuma noticia de Umbridge, nenhuma detenção e nenhum sinal de alunos irritantes, como Pansy Parkinson, realmente uma quinta feira memorável, apesar estar apenas no primeiro mês de aula. De fato, ela pensou, já havia definido perfeitamente como seria o resto do ano letivo, com quem andar, quem bajular, quem odiar...


No entanto, a sexta feira começou com uma noticia desagradável para a menina. Com um grande sorriso no rosto, Umbridge foi à mesa da Grifinória com um pedaço rosa de pergaminho, selado, para Cassandra. Com um fraco sorriso ela segurou o papel enquanto Umbridge se dirigia à mesa dos professores novamente.


- Por que mesmo eu devo ser gentil com ela? – Cassandra perguntou abrindo o pergaminho


- Por que ela é sua professora – Hermione respondeu distraidamente, lendo O profeta Diário.


Cassandra fez um som de desagrado ao ler a detenção. Passaria os próximos finais de semana, incluindo sextas-feiras patrulhando os corredores com Filch até o fim do mês. Ela tinha certeza que Umbridge conseguiria pensar em algo “melhor”, mas imaginou que a pressa para torturar a garota havia atrapalhado e imaginação da professora. Ela arrumou suas coisas e rumou para a primeira aula.


No fim da aula Cassandra encontrou-se com Filch próximo à sala de troféus e o seguiu a esmo pelo castelo durante horas, até o momento que o ultimo estudante voltou para seu dormitório e Cassandra pôde, enfim, ir dormir. Desgraça, pouca é bobagem.   


                                                                                          


                                                                                      *


 


O sol invadiu o dormitório feminino por entre os flocos de neve que caiam do céu. Cassandra reclamou quando os raios tocaram seu rosto. Ela se revirou na cama, tentando se esconder do sol, e ficou alguns segundos encolhida no cantinho da cama, com os olhos fechados, resmungando antes de se levantar com um pulo enquanto soltava um sonoro palavrão. Hermione se mexeu na cama, mas Lilá e Parvati continuavam imóveis na cama, dormindo. Cassandra as invejou.


A única coisa boa de acordar cedo no sábado era a falta de competição pelo banheiro. Cassandra pôde tomar seu banho e escovar os dentes sem ter ninguém batendo na porta pedindo que se apressasse. Assim que estava devidamente vestida com sua camiseta favorita d’As Esquisitonas e sua calça jeans mais surrada, ela saiu do quarto, lançando um ultimo olhar de inveja às garotas que ainda dormiam confortavelmente em suas camas.


Ela desceu com muito cuidado para não fazer barulho algum e nem acordar ninguém. Ela considerou ir ao dormitório do sétimo ano acordar Fred e Jorge, ou ir ao do quinto ano acordar Harry, mas logo desistiu da idéia, seria muita maldade com eles, ela pensou.


Ao chegar ao salão comunal de Grifinória ela constatou surpresa, que não era a única aluna acordada àquela hora ingrata. Harry estava sentado na mesa onde usualmente os alunos faziam seus deveres, ele parecia escrever uma carta, pois levava um pergaminho com poucas linhas escritas aos olhos enquanto pousava a pena na mesa.


- ‘Dia – Bocejou Cassandra mal-humorada para Harry


- Bom dia.


- Acho improvável. Acordar cedo em um sábado, onde está o “bom” aí?


- Credo, que mau humor!


- Depois das dez melhora – ela respondeu indolente, se espreguiçando e bocejando.


- Neste caso, eu vou ficar longe de você até lá – ele a encarou – Ei, porque você não vai encontrar com o Malfoy? Antes das dez!


- Muito engraçado – ela mostrou a língua para o amigo – o que é isso?


- Uma carta


- É para o Sirius? – perguntou passando os olhos pelas linhas rapidamente – entrega isso pra ele pra mim? – ela retirou um pergaminho caprichosamente dobrado de dentro do bolso da calça e entregou a Harry, ele o colocou junto da carta – Bem – ela juntou as mãos – eu tenho que ir.


- Pra onde?


- Detenção. Você não achou que eu acordei cedo só pra ver o sol nascer, achou? – respondeu passando pelo buraco da porta com um sorriso maroto


Cassandra vagou por alguns corredores antes de se encontrar com Filch. Ele estava em pé olhando seu relógio no corredor do segundo andar. O estômago de Cassandra rugiu e ela desejou ardentemente ter comido alguma coisa antes de se encontrar com o zelador. Ele lançou um olhar de desprezo para a menina antes de lhe dirigir a palavra, mal-humorado.


- Você esta atrasada – Cassandra olhou o relógio e disse desesperada


- São seis da manhã! – disse mostrando o relógio para o zelador como se duvidasse que ele conhecesse tal objeto – eu acordei às seis da manhã e você esta falando que eu estou atrasada?!


- E olhe como fala comigo garota, ou eu posso lhe arranjar mais uma semana de detenção. – Cassandra olhou irritada, mas chegou à conclusão de que mais uma semana de detenção estava fora de cogitação. – Vamos. Temos que ficar de olho no corujal!


- No corujal? – Cassandra não conseguia pensar em um ponto mais distante da onde estavam – por que no corujal?


- Bombas de bosta – Filch respondeu se virando – Madame Nor-r-ra está de guarda lá


Cassandra se perguntou se o velho zelador estava brincando de formular frases sem sentido e sentiu-se muito tentada a fazer o mesmo, mas acreditou que isso lhe renderia mais alguns dias de detenção e ela não queria de jeito algum isso.


Depois de alguns minutos andando na direção do corujal a gata de Filch, Madame Nor-r-ra os encontrou. Ela minou algumas vezes, como se pedisse para ser seguida. Filch sorriu a começou a correr atrás dela, exatamente na mesma direção que ia antes.


Harry estava parado ao lado da menina asiática com quem havia conversado no outro dia. Cassandra lançou um olhar de reprovação, já havia informado a Harry que não a aprovava. Levou alguns instantes para Cassandra perceber o olhar de preocupação de Harry e entender o porquê. Ele estava mandando uma carta para Sirius, se Filch a levasse para Umbridge ele estaria em grandes problemas.


Cassandra ofegou e lançou um olhar preocupado para Harry, procurando qualquer vestígio de carta nas mãos dele, mas como não encontrou ela imaginou que o amigo já tivesse mandado o envelope. Filch olhou em volta, casado e com as bochechas roxas, encarando Harry com desprezo.


- Ahá! - disse Filch, dando um grande passo em direção a Harry, suas bochechas violetas tremendo de raiva. - Recebi um aviso de que você pretende restaurar uma desordem com bombas de bosta!


Harry cruzou os braços e encarou o zelador.


- Quem te disse que eu estou pretendendo soltar bombas de bosta?


A amiga de Harry, que estava com uma coruja pousada no braço, encarava o zelador com desprezo.


- Eu tenho minhas fontes - disse Filch num assovio de satisfação. - Agora me entregue o que quer que você esteja mandando.


Cassandra encarou Harry significativamente, ele lançou a ela um olhar como se dissesse que se acalmasse. Ela deixou escapar um sorrisinho discreto.


-Não posso, já foi embora.


- Embora? - disse Filch, seu rosto se contorcendo de raiva.


- Embora - disse Harry calmamente.


Filch abriu a boca furiosamente, balbuciou por alguns segundos, então varreu o uniforme de Harry com os olhos.


- Como eu vou saber se você não as tem em seus bolsos?


- Porque...


- Eu o vi mandando - disse a menina nervosamente.


Filch se virou até ela.


- Você o viu...?


- Isso mesmo, eu o vi - ela disse violentamente.


Houve um momento de pausa no qual Filch olhou furiosamente para Cho e ela olhou furiosamente bem de volta para ele, então o zelador bateu os calcanhares e se arrastou em direção à porta. Ele parou com sua mão em punho e olhou de volta para Harry.


- Se eu pegar um sopro sequer de uma bomba de bosta...


O zelador começou a descer as escadas rapidamente, Cassandra acenou para Harry antes de seguir Filch tristemente. Cassandra duvidava que existisse tarefa mais tediosa do que segui-lo por todo o castelo.


Durante algum tempo eles andaram a esmo pelos corredores, poucos alunos estavam acordados e muito menos andavam pelo castelo, estava cedo demais. No entanto, depois de alguns minutos vários alunos da Grifinória andavam na direção do campo de Quadribol.


Fred e Jorge passaram rindo e apontando para Cassandra, como se quisessem implicar com ela pelo fato de estar em detenção, a menina lançou um olhar mortal para eles, como se dissesse que mais tarde eles pagariam. Mais ao fundo da fila, quase escondido, estava Rony, com as vestes de goleiro. Cassandra imaginou que estivessem indo tomar café da manhã antes do treino.  


Filch mudou de direção, indo para o salão principal, onde vários estudantes estavam em suas mesas conversando e tomando café, Cassandra se dirigiu à mesa da Grifinória o mais rápido que pôde, afinal, qualquer desculpa para sair da presença de Filch era muito bem vinda.


- Argh – ela sentou pesadamente ao lado de Hermione, defronte à Harry e Rony


- Detenção difícil? – Hermione perguntou distraída, lendo O Profeta Diário


- Aargh! – ela repetiu mais alto, como se isso respondesse à pergunta da amiga, Hermione revirou os olhos. Rony encarava o pode de cereal distraidamente, estava muito pálido


- Alguma coisa interessante? - disse Rony assim que os olhos de Hermione pararam de se mover pela primeira página do jornal


- Não - ela suspirou -, apenas alguma baboseira sobre a baixista d’As Esquisitonas estar se casando.


- Não brinca? – Cassandra se precipitou sobre o jornal, pegando a primeira página, os olhos de Hermione passearam do rosto absorto de Cassandra até a camiseta preta com o logo e uma foto da banda com reprovação, mas logo desapareceu atrás do jornal.


Assim que terminou de ler Cassandra apoiou a página no colo da amiga. Enquanto isso Harry de concentrava em seu bacon e ovos, e Rony encarava a janela do segundo andar com um olhar que estava entre o sonhador e o preocupado.


- Espere um pouco - disse Hermione de repente. - Ah não... Sirius!


- O que aconteceu? - disse Harry, agarrando o jornal tão violentamente que ele se rasgou ao meio, com ele e Hermione cada um segurando uma metade.


- Harry! – exclamou Cassandra encarando o jornal rasgado, ela se debruçou sobre a mesa, para poder ler a noticia.


- "O Ministério da Magia recebeu uma pista vinda de fonte confiável que Sirius Black, o famoso assassino em massa... blá blá blá... Está aparentemente escondido em Londres!" - Hermione leu de sua metade num sussurro angustiado.


- Lúcio Malfoy, eu aposto - disse Harry em voz baixa e furiosa. - Ele deve ter reconhecido Sirius na plataforma...


- O quê? - disse Rony, parecendo alarmado. - Você não disse...


- Shh! - disseram os outros dois.


- Malfoy? – perguntou Cassandra


- Pai – respondeu Rony, uma expressão de entendimento se espalhou pelo rosto da menina


- ..."O Ministério alerta à comunidade dos bruxos que Black é muito perigoso... Matou treze pessoas... Fugiu de Azkaban..." A baboseira de sempre - Hermione concluiu, baixando sua metade do jornal e olhando horrivelmente para Harry e Rony. - Bom, ele apenas não vai mais poder deixar a casa novamente, só isso - sussurrou. - Dumbledore o preveniu disso.


- E vocês acham que ele vai deixar de sair? – Cassandra encarou os três demoradamente – digo, ele não deveria ter saído da primeira vez, certo?


Eles a encaram de volta, como se ela tivesse razão.


Harry olhou mal humorado para o pedaço do Profeta que ele tinha rasgado. Muitas das páginas eram dedicadas a um anúncio da Madame Malkin - Roupas Para Todas as Ocasiões, a qual aparentemente estava tendo uma promoção.


- Hey! – disse, achatando o jornal para baixo para que Hermione e Rony pudessem ver – Vejam isto!


- Eu tenho todas as roupas que quero – disse Rony.


- Não. Olhe... Este pedacinho aqui... – Rony e Hermione se curvaram mais para perto para ler; o item tinha apenas alguns centímetros de largura e se postava na parte inferior de uma coluna. Estava intitulado:


VIOLAÇÃO NO MINISTÉRIO


“Sturgis Podmore, 38, do número dois do Jardim Laburno, Clapham, apareceu em frente a Wizengamot acusado de violar a lei numa tentativa de assalto ao Ministério da Magia em 31 de agosto. Podmore foi preso pelo bruxo-olheiro do Ministério da Magia, Eric Munch, que o encontrou tentando forçar caminho através de uma porta ultra-secreta à uma hora da madrugada. Podmore, que se recusa a falar em sua própria defesa, foi culpado em ambas as acusações e sentenciado a seis meses em Azkaban.”


Cassandra achou a noticia interessante, mas não compreendeu bem a urgência de Harry em mostrar justo aquela noticia.


- Sturgis Podmore? - disse Rony devagar. - Ele é aquele sujeito que parece que sua cabeça está coberta da palha, não é? Ele é um dos da Ord...


- Rony, shhh! - disse Hermione, lançando um olhar apavorado em torno deles. Cassandra já havia se sentado em seu lugar e puxado um generoso pedaço de bolo de chocolate para seu prato.


- Seis meses em Azkaban! – sussurrou Harry, chocado – Apenas por estar tentando atravessar uma porta!


- Não seja burro, não é apenas por estar tentando atravessar uma porta. O que diabos ele estava fazendo no Ministério da Magia à uma hora da madrugada? – Sussurrou Hermione.


- Vocês supõem que ele estava fazendo algo para a Ordem? – Rony murmurou.


- Ordem? – Cassandra questionou, colocando uma cheia garfada na boca – que Ordem é essa que vocês tanto falam?


- Ordem da Fênix – respondeu Rony sombriamente


- Espera um pouco... – disse Harry devagar. – Sturgis é que era esperado para vir e nos ver ir embora, lembram?


Os três rostos se viraram para ele, Rony e Hermione com idênticas expressões de duvida no rosto


- Sim, ele é que era esperado para ser parte da nossa guarda indo para King's Cross, lembram? E Moody está todo perturbado porque ele não apareceu; então ele não poderia estar numa tarefa para eles, poderia?


- Bem, talvez eles não esperassem que ele fosse pego - disse Hermione.


- Poderia ser uma armação! - Rony exclamou excitado. - Não... Ouçam! – continuou, baixando a voz dramaticamente diante do olhar ameaçador no rosto de Hermione – O Ministério suspeita que ele é um dos que estão do lado do Dumbledore então... Não sei... Eles o atraíram até o Ministério, e ele não estava tentando atravessar uma porta realmente! Talvez eles apenas tenham armado algo para pegá-lo!


Houve uma pausa enquanto Harry e Hermione consideravam aquilo. Harry achou que parecia um absurdo. Hermione, por sua vez, pareceu particularmente impressionada. E Cassandra, bem, Cassandra parecia estar completamente alheia, pois havia parado de entender no momento em que a conversa havia saído de Sirius.


- Vocês sabem, eu não ficaria de toda surpresa se isso for verdade.


Ela dobrou sua metade do jornal ponderadamente. Assim que Harry baixou sua faca e garfo ela parecia ter voltado de um sonho acordado.


- Bem – Cassandra apoiou- se na mesa, para poder sair de seu lugar, os longos cabelos loiros com as pontas vermelhas caindo sobre seu rosto – eu tenho uma detenção a cumprir, e vocês – ela apontou para Harry e Rony – têm um treino que eu sei! Vamos?


Os outros dois se levantaram também, deixando Hermione sozinha na mesa da Grifinória, Cassandra suspeitou que assim que terminasse de comer iria para o salão principal estudar, como fazia sempre que se via sozinha.


Rony e Harry se dirigiram ao campo que Quadribol, enquanto Cassandra foi se encontrar com Filch. Eles rondaram o castelo por alguns minutos. Não havia muito movimento no castelo, afinal, era sábado e a maioria dos alunos aproveitava para o final de semana para dormir um pouco mais. Filch andava na direção oposta à do campo de quadribol, como se quisesse verificar as masmorras.


Alguns alunos da Sonserina passavam apontando para Cassandra, cochichando entre si, ela suspeitou que estivessem falando mal dela. A menina os seguiu com o olhar enquanto eles andavam na direção oposta, sem perceber que outro aluno vinha distraído na sua direção. Ambos bateram com força, um contra o outro. Cassandra cambaleou e caiu no chão, assim como o garoto


- Olha por onde anda, sua distraída! – ele disse massageando a cabeça – O que? Cassandra? O que você está fazendo aqui?   


- Será possível que não haja uma única vez que a gente se encontre e o resultado não seja uma dor de cabeça, Draco? – ela entoou surpresa se apoiando nos cotovelos, para se levantar – Detenção. O que você está fazendo aqui?


Draco abriu um enorme sorriso e se empertigou todo, enquanto ajudava Cassandra a se levantar.


- Quadribol


- Mas a Grifinória já está lá! Vocês não podem treinar no mesmo horário, podem? – ele riu com desprezo


- Quem falou alguma coisa em treinar? Estamos indo ver o treino do Weasley – o semblante de Cassandra fechou imediatamente


- Oh não! Eu não acredito que você vai fazer isso, Malfoy! É o primeiro treino dele, ele já está nervoso o suficiente, não precisa de uma plateia vaiando para atrapalhar ainda mais!


- Ora – ele passou o braço em torno do ombro dela e começou a empurrá-la levemente na direção do campo – se você se preocupa tanto assim com o seu amiguinho traidor por que vem conosco ver o treino? Afinal, você é defensora dos sangues ruins, mestiços e traidores do próprio sangue, não é?


Ela se desvencilhou do braço de Draco e começou a andar na direção oposta, seguindo Filch. Detestava esse tipo de brincadeira, e Draco as fazia com freqüência.


- Infelizmente – ela entoou sarcasticamente – eu tenho detenção e não posso ir defender os meus amigos – ela deu a volta em Draco se aproximou de seu ouvido – mas eu sei que você vai se comportar direitinho, não vai? – ela entoou baixo, numa voz entre o infantil e o sedutor


Ele sorriu e segurou a cintura dela, empurrando-a contra a parede e repetindo exatamente a mesma ação dela


- Isso você só vai saber se estiver lá para ver – ele piscou e se afastou, andando para o campo de Quadribol como se nada tivesse acontecido


Cassandra apoiou as costas na parede e ficou encarando as costas de Draco por alguns segundos antes de fechar os olhos e sorrir, sacudindo a cabeça como se dissesse “não” para alguém.


- Idiota egocêntrico – sussurrou para si mesma, sorrindo. Ela desencostou da parede e começou a seguir o zelador, que, por sorte, havia parado para repreender um aluno do segundo ano, que corria com uma bomba de bosta na mão – ainda vai acabar arrumando confusão um dia desses – ela parou e encarou o vazio, como se tivesse tido algum tipo de epifania e um enorme sorriso tomou conta de seu rosto – Confusão, é isso!  Senhor Filch! Senhor Filch, por favor, espera!


- O que você quer? – ele deixou o aluno sair, guardando as bombas no bolso interno das vestes


- Eu acho que deveríamos ver o campo de Quadribol!


- E porque você acha isso?


- Porque – disse Cassandra reunindo toda a paciência que lhe restava – vai haver treino da Grifinória agora, e os alunos da Sonserina estão indo para lá, pode haver algum tipo de confusão!


- Confusão – ele repetiu pensativo – bom, é claro que pode haver confusão, menina tola! E por que você acha que estamos pegando este caminho – disse Filch mudando de rumo discretamente – eu já faço esta trabalho desde antes de você nascer, você realmente acha que eu não tinha pensado nisso? Francamente, querendo fazer o meu trabalho – disse Filch voltando a lamuriar de maneira ininteligível


Eles deram a volta em metade do castelo antes de chegar próximo ao campo de Quadribol. A Grifinória entrava em campo enquanto a capitã liberava as bolas para o treino.  Os alunos da Sonserina estavam sentados no canto da arquibancada. Draco encarou Cassandra e sorriu de lado, sem se levantar ou nada do tipo. Pansy Parkinson estava em pé apoiada na grade, rindo.


- Hey, Johnson – ela gritou afetada como sempre – o que é este corte de cabelo? Por que alguém ia querer parecer que têm vermes saindo da cabeça?


Cassandra bufou enquanto subia na arquibancada, imaginando que Filch iria no mínimo repreendê-la, mas, para sua decepção, ele se limitou a murmurar “Pivetes Malcriados” antes de se apoiar em uma viga da arquibancada enquanto se virava para Cassandra.


- Escute. Pare de encher a vá se sentar bem longe de mim! – disse Filch grossamente – Vá se sentar com aqueles desordeiros e me deixe só – Apesar de irritada com a grosseria do zelado Cassandra não argumentou, ela apenas se dirigiu ao grupo da Sonserina, mas parou alguns metros antes, apoiando-se na grade, como se estivesse lá somente pelo jogo.


Draco se levantou e se pôs a andar na direção dela. Percebendo a comoção Pansy começou a olhar em volta, procurando pelo que havia feito Draco mudar de lugar. Assim que viu Cassandra um enorme sorriso de escárnio se abriu em seu rosto.   


- Falando em esquisitice, olha só quem aparece!


- Esquisita? – Cassandra levantou uma sobrancelha, sem se dar ao trabalho de olhar diretamente para Parkinson – bem, melhor ser esquisita do que irremediavelmente burra né? Afinal, eu posso deixar de ser esquisita, mas a burrice vai te acompanhar para o resto da vida – ela deu de ombros com descaso, como se não se importasse realmente com que estava falando.


- Ora, como posso ser eu a burra se quem está em detenção é você?  


Cassandra levantou a cabeça e a encarou, genuinamente confusa


- O que uma coisa tem a ver com a outra, Parkinson? Digo, a minha detenção não é por não saber, mas sim o contrário, eu sei tanto que isso incomodou a Umbridge – ela piscou debochadamente para Pansy, que revirou os olhos, raivosa


- Preferiria ser burra a ter essa sua doença.


- Doença?


- É, ué. Cada dia com uma aparência diferente, hoje esta loira, amanhã morena e ontem estava ruiva. Isso é o que? Complexo de inferioridade? Tem que mudar tanto pra chamar alguma atenção.


- Na verdade – Cassandra saiu da grade e começou a andar na direção de Parkinson, que fez o mesmo. Os alunos olhavam para elas esperando uma briga – isso não é nada menos que um talento raro no mundo bruxo, sabe? Isso quer dizer que eu sou metamorfomaga, o que me torna diferente, mas o que posso fazer? Pessoas limitadas como você não costumam reagir bem às diferenças, principalmente quando elas fazem outra pessoa se sobressair muito mais que você! – ambas se encaravam ferozmente, estavam muito próximas, o que indicava que poderiam começar a se bater muito em breve – e tem mais, pelo menos eu consigo chamar alguma atenção, diferente de você que vive ignorada


- Ignorada? – bradou Parkinson, cerrando o punho para formar um soco. Blaise segurou a mão dela por trás e puxou, afastando-a de Cassandra


- Se vocês querem se matar, dane-se, mas longe se mim, não quero meu nome envolvido em confusão


Cassandra encarou o rapaz, ainda não tinha conseguido formar uma opinião sobre ele, não sabia se gostava ou o achava petulante.


- O Blaise tem razão – Draco se pôs na frente de Cassandra – vamos evitar um escândalo! – Draco passou a mão em torno do ombro de Cassandra e fez com que ela se sentasse enquanto ela reclamava inaudívelmente sobre o quão irritante Parkinson era – Que tal você relaxar um pouco? – sussurrou em seu ouvido


- Que tal eu socar a cara daquela, daquela, daquelazinha? – ela bufou. Ele se aproximou ainda mais


- Esquece a Parkinson


Cassandra se virou para encarar Draco, mas uma Goles passou a centímetros de seu nariz quase simultaneamente e com uma velocidade absurda. Cassandra encarou o campo com raiva e viu que Fred voava em sua direção, rindo. Ela se levantou e pegou a bola.


- FRED! – gritou apoiada na grade


- O que foi? – respondeu o garoto inocentemente. Cassandra arremessou a bola contra ele e por pouco não o derrubou da vassoura – Por Merlin! Por que você não tentou uma vaga no time?


- Detenção – ela deu de ombros – Por que você me jogou uma Goles?


- Como você sabe que fui eu?


- Se não foi você, então quem foi?


- Fui eu mesmo!


Cassandra o encarou, debochada. Ele sorriu enquanto se sentava na grade 


- Não adianta tentar me seduzir com esse olhar, Cassie


- Não estava – respondeu com um desprezo fingido


- Essa doeu


Fred voltou para o meio do campo, onde o time inteiro fazia exercícios com a goles, jogando-a um para o outro. Rony deixou a bola cair duas vezes seguidas e isso não passou despercebido para os alunos da Sonserina, que gargalhavam alto cada vez que alguém se atrapalhava.


Depois de alguns minutos nesse trino cada um foi para a sua posição habitual, mas isso não durou muito. Rony havia acertado uma das artilheiras com a Goles minutos antes e o nariz dela não parava de sangrar. Angelina dispensou o time.


Assim que percebeu que os jogadores estavam saindo de campo, zoados pela Sonserina, Cassandra se levantou sem dizer uma palavra. Depois de se reportar à Filch, dizendo que iria almoçar, se encontrou com Harry e Rony no vestiário. Fred e Jorge não estavam lá, estavam na enfermaria, acompanhando a artilheira golpeada. Harry parecia muito sério enquanto trocava de roupa e Rony estava sentado em um dos bancos, cabisbaixo.  Cassandra se sentou ao lado dele e segurou sua mão, sem dizer uma palavra, mas sorrindo para ele. Rony sorriu de volta, fracamente e depois apoiou a cabeça em seu ombro.


- Sabe – disse Cassandra quando já estavam no salão principal, almoçando. Ela encarava Parkinson de longe – eu realmente adoraria acertar um soco bem forte na fuça daquele Buldogue.


Hermione levantou os olhos de seu almoço e seguiu o olhar de Cassandra com seus próprios olhos. Ela deu de ombros


- Ela é realmente detestável


- Sabe, Mione, eu acho que se eu e você juntarmos nela, ela não tem chance – um sorriso brotou no rosto de Cassandra – o que você acha?


- Você sabe que sou Monitora, Cassie! Eu não posso “juntar” em ninguém – Cassandra bufou, mas ainda sorria


- Seria divertido


- Não seria eu a contar para McGonagall – disse Harry, displicente


- Acredito que não – Cassandra encarou o relógio – por Merlin! – ela se levantou de surpresa, deixando cair um pouco de suco em sua camisa – droga! Mais essa agora. Eu tenho que ir! – ela pegou sua varinha e limpou a camisa enquanto saia da mesa apressada


- Para onde? – perguntou Rony


- Hogsmeade – ela puxou a bolsa que havia deixado debaixo da mesa enquanto almoçava


- Por quê? – disse Hermione – você não tem o resto da detenção para cumprir? E a Umbridge deixou você ir?


- Bom, eu estou em detenção e a Umbridge não sabe que eu estou saindo, Dumbledore deixou, até onde eu sei o diretor manda mais que uma professora, certo? – os três confirmaram com a cabeça – então eu tenho que ir! – Cassandra começou a andar rápido na direção da porta, mas parou no meio do caminho, como se tivesse se lembrado de uma coisa importante – Harry! O quão rápido é a sua coruja?


- Bastante – disse Harry confuso com a subida mudança de assunto – por quê?


- Por que sim – ela deu de ombros – tenho que ir! – e disparou porta a fora.


Ela andou com cuidado quase até os muros do castelo. Próximo à porta havia uma carruagem preparada, com um dos sinistros cavalos negros que a puxava. Cassandra olhou em volta, procurando por alguém, mas não havia vivalma nos arredores, apenas a carruagem com cavalo. Ela achou muito estranho o fato de alguém ter deixado uma carruagem solta na porta do castelo, mas como não estava nem um pouco a fim de andar até Hogsmeade e provavelmente se perderia na metade do caminho, Cassandra subiu e seguiu para a cidadezinha.


Chegando lá, Cassandra amarrou o cavalo em uma estalagem chamada Três Vassouras e começou a andar a esmo pelo lugar. Ela agradeceu mentalmente pelo tempo aberto, seria muito mais difícil procurar qualquer coisa com o tempo ruim. A menina andou por vários minutos antes de chegar à um lugar chamado “casa dos gritos”. Ela encarou o lugar, mas decidiu que não queria entrar, não era exatamente convidativo. Olhando em volta, Cassandra encontrou uma clareira escondida o suficiente e sentou-se em uma pedra, encarando o relógio o tempo todo.


Se perguntado se havia chegado cedo demais Cassandra se levantou, ventava o suficiente para que seus cabelos longos e loiros, parcialmente tingidos de vermelho, brincassem livremente em torno de sua cabeça, mas não suficiente para que sentisse frio, no entanto, mesmo assim, Cassandra se encolheu um pouco com o vento. Ela deu alguns passos em torno da clareira, deixando sua bolsa jogada ao lado da pedra onde havia sentado. Ela ouviu um barulho próximo de onde havia sentado e ao se virar encontrou um grande cachorro negro abocanhando sua bolsa e disparando em direção à casa dos gritos.


- Não – ela gritou, correndo na direção do cachorro – seu pulguento!   


O cão era muito mais rápido que ela, e parecia que ele tinha consciência disso, por que assim que Cassandra o xingou, ele parou, largou a bolsa e latiu para ela algumas vezes, voltando a correr em seguida.  Ela o amaldiçoou mentalmente, chamando-o dos piores nomes possíveis em sua cabeça. O cachorro entrou na casa. Cassandra olhou em volta. Não queria entrar, tinha medo de se desencontrar, mas adorava aquela bolsa que ela mesma havia feito toda a estampa com canetas coloridas. Depois de tê-la confundido com as das amigas várias vezes, afinal todas usavam sempre tudo igual, e ter levado materiais e pertences dos outros para casa enquanto as amigas faziam o mesmo, decidiu, então, para diferenciar das outras bolsas idênticas, fazer vários desenhos e escreveu seu nome bem grande e colorido na frente.


Cassandra abriu a porta da casa dos gritos com cuidado, olhando em volta para que ninguém do lado de fora a visse e para certificar-se de que não havia mais ninguém no local, só ela e o cachorro. Ela entrou e a porta fechou-se ruidosamente atrás de si. A menina tomou um dos maiores sustos que já havia tomado na vida. Ela exclamou um palavrão em alto e bom som.


- Okay – ela disse para si mesma – eu vou encontrar a minha bolsa e dar o fora daqui o mais rápido possível – a escada rangeu quando ela começou a subir lentamente – e no meio do caminho mando aquele pulguento direto pra carrocinha! – ela abriu outra porta, no alto da escada. Havia muita poeira no chão e resquícios de sangue antigo no chão, um arrepio passou-lhe pela espinha, que tipo de coisa acontecia naquele lugar? – não é a toa que se chama casa dos gritos. Onde está aquele pulguento com a minha bolsa afinal?


A porta fechou, com mais delicadeza desta vez. Um homem estava parado ao lado dela, como se ele a tivesse fechado. Tinha uma expressão muito cansada, com profundas olheiras e um olhar sofrido, mas um grande, e sincero, sorriso no rosto. Usava vestes velhas e surradas, mas de qualidade e cabelos castanhos e ondulados emoldurando o rosto.


- Pulguento – ele disse saindo da porta – é o seu pai!


Cassandra olhou surpresa por alguns segundos, com os olhos bem arregalados, mas assim que se recuperou do choque lançou-lhe um enorme sorriso zombeteiro. Colocando as duas mãos nos quadris e com um olhar de brincadeira disse:


- Que por um acaso também é seu! – ele jogou a bolsa para ela, que a segurou, mas e colocou no chão em seguida – Sirius! – Disse abraçando-o com força, ele fazia o mesmo.


- Já faz algum tempo, não é mesmo?


- Bem – ela afastou o rosto dele e limpou os olhos disfarçadamente – talvez um pouco, acho que mal reparei.


- Imagino – ele abaixou um pouco, para ficar ma mesma altura que ela e segurou seu rosto, encarando-a – Você está linda, graças a Merlin não parece nem um pouco com nossos pais, ou Régulo. A genética foi gentil com você, e muito! Genes geniosos nossa família tem – Cassandra riu, Sirius riu junto – genes geniosos – repetiu baixinho – poderia ter escolhido palavras melhores, mas o importante é se fazer entender, certo? – ela concordou – claro, claro – ele a soltou e apontou para algo que um dia havia sido uma cama, com um colchão rasgado – Sente-se, Cassandra, sente-se! Temos muito que conversar – falava Sirius, animado. Ele se sentou – por favor – indicou o lugar ao seu lado, Cassandra o ocupou – Diga-me, como tem passado?


- Muito bem – ela respondeu vagamente – por Merlin – entoou animada – nem acredito que finalmente te encontrei depois de tanto tempo! Já faz uns dois ou três anos que gasto praticamente toda a minha energia nisso! E, céus, eu tenho tantas perguntas! Tanta coisa! Tanto tempo perdido! Onde esteve esse tempo todo? Por que nunca me procurou? – seu semblante se fechou, como se relembrasse uma antiga preocupação – E, Merlin, você é louco? Como pôde vir até aqui depois daquela noticia no profeta? E se eu não fosse eu? E se fosse alguém do ministério? Digo isso é muito legal, mas, Merlin, é tão perigoso! E se te pegarem aqui? – ela se levantou – Oh Merlin! Se te pegarem a culpa vai ser toda minha!


- Cassandra – Sirius riu, levantando-se e a segurando pelos ombros – Cassandra, calma! Você mandou a sua carta pelo Harry e se você conseguiu convencer três desconfiados como Harry, Rony e Hermione eu não tenho dúvidas de que você é você.  Não se preocupe, nada vai acontecer!


- Okay – ela respondeu, ainda preocupada. Ele sorriu – você tem razão.


- Mas me conte sobre Hogwarts, Cassandra! Você e Harry estão na mesma turma, certo? Nem acredito, mais um Black fora da Sonserina! – ele riu com gosto – a família iria pirar ao descobrir isso, consigo imaginar perfeitamente o rosto daquela velha bruxa ao descobrir isso, seria impagável!


- Nossa – ela riu – quanto ódio no coração, Six


- Não, não! Isso não é ódio, é vingança! Chama-se castigo divino, Carma ou qualquer outra coisa que você acredite – ele deu de ombros – mas me diga, Cassie! Como têm sido as coisas desde a guerra? A Ultima vez que pude te ver foi no seu aniversário, na casa dos Potter. Você brincando Harry – ele riu – duas bolas rosadas de carne! Realmente adorável! Sabe – seu semblante fechou, tornou-se mais sombrio, como se remetesse a tempos difíceis – não teve um dia que eu não tenha me perguntado onde você estava, ou como estava, um dia! Lembrar-me de você ajudou a passar aquele período negro em Azkaban. Costumava pensar em sua risada quando bebê, era ótima, fazia qualquer um em volta rir junto.


- Sirius – ela chamou delicadamente – eu, bem – ela pigarreou – eu não quero ser, sabe, ser uma idiota e nem nada, mas – ela pigarreou novamente – por que você nunca me procurou? Sabe, antes.


Ele a encarou significativamente, nenhum dos dois sorria mais, apenas se encaram. Cassandra estava ávida por respostas, havia passado muito tempo sem informações e não gostava disso, queria dar um fim ao mistério.


- Foram tempos difíceis – ele disse vagamente, encarando céu pela janela – Muito difíceis, você não imagina – ela se virou para ela – passei treze anos um pouco, bem, ocupado, não poderia te procurar, por mais que quisesse e quando saí de Azkaban Dumbledore me disse que toda a minha família havia morrido, meus pais, Régulo...


- Eu? – ela murmurou encarando-o


- Nunca disse seu nome especificamente, mas imaginei que sim. Depois descobri que não. Que, na verdade, você estava na França, mal pode imaginar minha alegria e alivio com essa noticia, mas achei que você não soubesse de mim e que seria melhor você continuar com uma família estável, sem ter que se preocupar com um foragido.


- Entendo – ela se sentou e começou a brincar com as mãos – Não me leve a mal, eu amo minha família adotiva, eles são ótimos comigo, me tratam como se eu realmente fosse filha deles, mas – ela suspirou – não é a mesma coisa, por mais que com você eu não tenha uma mãe, o um pai, você é a minha família mesmo, meu sangue!


- Sei – ele se sentou ao lado dela e encarou o chão – um pai – murmurou para si mesmo – bom – ele sorriu – você teria um quadro daquela bruxa encantadora que chamo de mãe na parede, mas acho que não é o mesmo – ela sorriu para ele, gentil – mas teria a mim, e você terá a mim, sempre – ele segurou a mão dela – eu adoraria que fosse morar comigo um dia, mas agora é mais seguro você ficar com essa família que te adotou, Cassandra! Em breve as coisas vão melhorar e, se você ainda quiser, será muito bem vinda à nossa casa! – ele sorriu um grande sorriso, que foi espelhado no rosto de Cassandra. Ela o abraçou com força


- Eu vou! Eu te prometo Sirius! Assim que a poeira abaixar eu me mudo e nós poderemos ser o que devíamos ter sido há muito tempo, uma família!


Pela janela o sol se punha com calma.

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