Complicações



Hermione não pode se controlar. Ergueu a cabeça para ver o que estava acontecendo. A garota choramingava e olhava fixamente para uma poça de um líquido entre seus pés.
-A bolsa estourou.
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Rony girou o pescoço e olhou furiosamente para Hermione.
-O quê?
-A bolsa dela estorou.- Hermione repetiu a frase com mais calma do que sentia. Na verdade, seu coração batia desesperadamente. Aquilo poderia levá-lo a tirar conclusões precipitadas, atirar em todos para depois lidar com o problema de sua namorada.
-Está certo, rapaz.-sem demonstrar medo, a senhora se sentou e se dirigiu a ele com a mesma temeridade que havia demonstrado ao dar um sermão no marido.- Seu bebê vai nascer.
-Rony?- Luna foi se abaixando, até que se sentou sobre os calcanhares.- O que vamos fazer?
A garota estava apavorada. Nem ela nem Rony pareciam especialistas em assaltos a mão armadaou em partos. Tomando coragem com a atitude da senhora, Hermione também se sentou.
-Sugiro...
-Você, cala a boca.-gritou Rony.- Todos vocês, fiquem calados!
Ele manteve a pistola apontada a pistola apontada para o grupo a medida que se ajoelhava ao lado de Luna.
-Eles têm razão? Isto significa que o bebê vai nascer?
-Acho que sim.- Ela fez sinal com a cabeça, enquanto algumas lágrimas rolavam por seu rosto.- Me desculpe.
-Tudo bem. Quanto tempo...quanto tempo antes de nascer?
-Não sei. Acho que varia.
-Quanto desde que começou? Por que você não me disse?
-Se ela tiver em trabalho de parto...
-Eu disse para você calar a boca!- gritou Rony para Hermione.
-Se ela já estiver em trabalho de parto há algum tempo- ela insistiu-, é melhor que você arranje cuidados médicos. Imediatamente.
-Não- disse Luna num tom impetuoso.- Estou bem. Eu...
Ela teve uma contração. Seu rosto se contorceu e sua respiração tornou-se ofegante.
Rony examinava o rosto de Luna, com os dentes cravados em seu lábio inferior. A mão que segurava a arma tremia.
Um dos mexicanos- o mais baixo dos dois.- levantou-se e foi em direção ao casal.
-Não!-gritou Hermione.
O cowboy tentou agarrar a perna do mexicano, mas não conseguiu. Rony disparou a pistola. A bala estilhaçou a porta de vidro do freezer, produzindo um som assustador e perfurando um galão de plástico. Tudo que estava próximo ficou sujo de vidro e leite.
O mexicano parou de repente. Antes de imobilizar-se totalmente, a inércia fez com que seu corpo sacudisse com suavidade para frente e depois para trás, como se suas botas tivessem ficado presas no chão.
-Fique aí ou eu atiro em você!- o rosto de Rony estava vermelho. O mexicano mais alto disse algo em espanhol ao amigo, num tom suave e urgente. Ele se afastou, e então sentou outra vez. Hermione olhou para ele furiosa.
-Guarde esse seu machismo para uma outra hora está bem?! Não quero ser morta por causa disso.
Embora não conhecesse as palavras, ele entendeu a mensagem. Numa atitude orgulhosa seus olhos escuros manifestaram ressentimento por ter sido repreendido por uma mulher, mas ela não se importava. Hermione se virou para o jovem casal. Luna agora estava deitada a seu lado, os joelhos levantados até o peito. Naquele momento mantinha-se quieta.
Ao contrario, Rony estava a ponto de perder todo o autocontrole. Parecia abalado por ter tipo de disparar. Hermione achava que ele havia desviado o tiro intencionalmente, e atirara apenas para enfatizar sua ameaça. Entretanto, ela poderia estar terrivelmente enganada. De acordo com a informação de Arthur, Rony vinha de um lar fragmentado. Seu pai verdadeiro morava muito longe, e por isso as visitas não aconteciam com freqüência. Rony vivia com a mãe e o padrasto. E se o pequeno Rony tivesse tido problemas com esses acordos? E se estivesse ocultando impulsos homicidas tão bem quanto ele e Luna haviam ocultado a gravidez dela? Ele estava desesperado, e o desespero era um fator perigoso.
Por ter falado, ela provavelmente seria a primeira em quem ele atiraria. Mas não podia apenas ficar deitada lá e morrer sem am menos tentar evitar que isso acontecesse.
-Você vai se arrepender pelo resto de sua vida se não buscar ajuda para Luna. Ela precisa de socorro médico.
-Não dê ouvidos a ela, Rony- disse Luna com voz fraca.- ficarei bem se puder descansar um pouco.
-Posso levar você a um hospital.
-Não!- Luna se sentou e agarrou seus ombros.- ele iria descobrir. Viria atrás de nós. Não. Vamos direto para o México hoje à noite. Agora que temos um pouco de dinheiro, nós vamos conseguir.
-Eu poderia ligar para o meu pai...
Ela sacudiu a cabeça.
-A esta hora, meu pai pode ter ido falar com ele. Tê-lo subornado ou sei lá. Nós estamos sozinhos, Rony. Vamos sair daqui.- No entanto, quando ela fazia força para se levantar, sentiu outra contração e agarrou seu abdômen distendido.
Antes que Herminone tivesse tempo de processar o comando de seu cérebro, já havia se levantado.
-Ei!- gritou Rony.- Sente novamente.
Herminone o ignorou, passou por ele e se agachou ao lado da garota com dor.
-Luna? –Ela pegou-lhe a mão.- Aperte minha mão até a dor passar. Isto pode ajudar.
Luna apertou sua mão com tanta força, que Hermione teve medo de que seus ossos virassem farelo. Mas agüentou, e juntas elas resistiram a contração. Quando as feições da garota começaram a relaxar, Hermione sussurou:
-Está melhor agora?
-Hmmm.- E então, em sinal de pânico, perguntou:- onde está Rony?
-Está bem aqui. Acho que você deveria insistir para que ele ligue para emergência.
-Não. Ele nos encontraria.
-Quem?- perguntou Herminone, embora soubesse a resposta. Lúcio Malfoy. Ele tinha a reputação de ser um homem de negócios implacável. Do que sabia sobre ele, Hermione não podia imagina-lo nem um pouco inflexível em seus relacionamentos pessoais.
Rony disse bruscamente:
-Afaste-se dela, moça. Isto não é da sua conta.
-É da minha conta desde o momento em que você apontou uma arma para mim e ameaçou a minha vida.
-Olhe moça...
Ele gaguejou quando um carro saiu da estrada e entrou no estacionamento. Os faróis dianteiros varreram a loja. Rony caminhou até a atendente do caixa e a cutucou com a ponta de seu sapato.
-Levante. Desligue as luzes e tranque a porta.
A mulher se levantou cambaleante.
-Não posso fechar a loja antes das onze horas. Ainda faltam dez minutos.
Se as circunstâncias não fossem tão tensas, Hermione teria rido daquela cega obediência às regras. O carro encostou próximo a uma das bombas de gasolina. Rony ordenou:
-Apague as luzes agora, antes que ele saia do carro.
A mulher foi para trás do balcão, os chinelos batendo contra seus calcanhares. Com um toque no interruptor, as luzes externas se apagaram.
-Agora tranque a porta.
Ela caminhou até o painel de controle atrás do balcão e pressionou o botão. O cowboy e os dois mexicanos ainda estavam deitados com os rostos virados para o chão, as mãos sobre as cabeças. Não podiam ser vistos pelo homem. Hermione e Luna estavam entre duas fileiras de prateleiras, também fora de vista.
Rony caminhou agachado até a senhora e agarrou-lhe o braço, fazendo-a se levantar.
-Não!- gritou o marido.- Deixe-a em paz.
-Cale a boca!- ordenou Rony- Se alguém se mexer, atiro nela.
-Ele não vai atirar em mim, Alvo.- disse ela para o marido.- Ficarei bem desde que todos se mantenham calmos.
A mulher as instruções de Rony e ficou agachada com ele atrás de um refrigerador de bebidas cilíndrico. Ele tinha uma visão clara da entrada olhando por cima da borda.
O cliente tentou abrir a porta, percebeu que estava trancada e gritou:
-Donna! Você está aí dentro? Por que desligou as luzes?

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