A mensagem no lago (reescrito)




 


Capítulo 6 - A mensagem no lago


            - Vamos começar. – falou a entrevistadora, e o homem a seu lado bateu uma foto dos três campeões. A repórter era uma velha corcunda que tinha uma verruga na ponta de seu nariz comprido, e ficava o tempo todo empurrando seus óculos que teimavam em escorregar pelo nariz até parar na verruga. - Sou Cassandra McLane, do Profeta Diário, e já sei quem vocês são. Amanhã, todo o mundo bruxo vai saber também.


            Logo em seguida, deu a ordem para sua pena escrever o que era dito.


            - Vou começar com esse jovenzinho aqui – disse ela, apontando o indicador enrugado para August – Qual seu nome, e sua idade?


            - Me chamo August Vansseur, tenho 17 anos. – respondeu o garoto de cabelos negros com uma expressão de superioridade.


            - O que você espera do Torneio deste ano?


            - Eu espero que seja algo que traga uma nova experiência para...


            - E como você se sente sabendo dos perigos que irá enfrentar? - ela o interrompeu.


            - Não acho que isso será problema, estou tentando me preparar da melhor maneira possível, mas mesmo assim isso não deixa de dar um pouco de medo...


            - Que fascinante! – interrompeu novamente, e o homem ao seu lado bateu uma fotografia do rosto de August – E você, rapazinho, qual seu nome? - ela se dirigia agora para Sirius.


            - Sirius Black, tenho 17 também – disse enquanto brincava com um galeão que havia sido esquecido na cadeira ao lado, e o homem do profeta batia mais uma foto.


            - Todos aqui têm dezessete anos? - perguntou a velha, empurrando os óculos para mais perto dos olhos. Natasha fez que sim com a cabeça. - Que interessante... Então, Sr. Black, ouvi dizer que é muito popular aqui em Hogwarts, isso é verdade?


            - É, acho que é sim – disse sem nem mesmo olhar para a entrevistadora.


            - O que acha que vai ser a primeira tarefa?


            - Não faço ideia. Prefiro não me preocupar com isso agora. - ele disse, embora estivesse realmente um pouco preocupado.


            - Então você acha que não precisa se preocupar, que será fácil? - ela perguntou enquanto o homem batia uma foto de Sirius.


            - Eu não disse isso! Eu só acho que em vez de ficar pensando no que a tarefa vai ser, eu devo me preparar pra qualquer coisa, e...


            - Bom, você não vai ter com o que se preocupar se se preparar para qualquer coisa, não é? E você, mocinha, como se chama?


            - Natasha Schlemmer. - disse a menina ruiva de cabelos encaracolados e olhos verdes. Não como os de Lily, mas um verde seco e levemente opaco. O nariz em pé e os lábios finos a deixavam com um ar de mandona.


            - Acha que vai sobreviver até a última tarefa?


            - Estou certa que sim. Vou dar o melhor de mim para isso e...


            - E você acha que pode estar em desvantagem por ser a única garota?


            - Claro que não! Acho que meu nível de magia é igual ao dos outros competidores, e não tenho razão para me preocupar com...


            - Então acha que pode chegar a se tornar a campeã do Torneio deste ano? - interrompeu Cassandra, e o homem bateu outra foto.


            - Acho que tenho tantas chances quanto os outros competidores, mas vou me empenhar ao máximo para vencer e tenho certeza que posso...


            - Que fascinante! Essa entrevista sai no Profeta Diário amanhã. Boa sorte a todos vocês! - ela se levantou e foi embora, junto com o fotógrafo. Os campeões se entreolharam assustados.


            - Vocês ingleses são todos assim? - perguntou August incrédulo.


            - Não - disse Sirius largando o galeão onde o achara, com um sorriso estampado no rosto - ela é que é maluca mesmo.


 


                                                                                  **


 


            - Tornados de Tutshill, com certeza - disse Sirius começando a afrouxar a gravata. Era sexta-feira e eles estavam nos jardins, aproveitando o último horário livre que eles tinham para descansar e ver o sol poente pintando o Lago de vermelho. Falavam sobre a Liga de Quadribol, é claro.


            - Os Tornados não têm nem chance contra as Harpias de Holyhead, Sirius - disse Alice, e Lily e Emilly concordaram.


            - Eu concordo com o Sirius – falou Jessy sem tirar os olhos do garoto, achando que talvez ele olhasse para ela. Mas ele não o fez, olhou para James, pois este disse:


            - Vocês são todos perdedores, os Chudley Canons são os melhores!


            - Os Cannons não vencem desde que o Dumbledore era criança, Pontas. - falou Remus – mas chega de Quadribol, vocês nunca vão concordar mesmo...


            - Você tá certo, Remus, a gente devia era aproveitar esse fim de tarde à beira do lago, depois de um duro dia de estudo... – Emilly disse se sentando na grama.


            - Verdade, está muito bonito aqui. Só estou meio preocupada com o dever da McGonnagal, que é quilométrico – Lily falou escorando-se no tronco de uma arvore de folhas alaranjadas como seus cabelos.


            - Relaxa, Lily, a gente faz isso no fim de semana. - disse Frank, deitando-se com a cabeça escorada no colo de Alice.


            - Ok, eu estou muito cansada para fazer isso hoje, de qualquer jeito. - ela falou, e James se sentou ao lado dela.


            - Eu também estou tão cansado! Posso descansar deitado no seu colo, Lily? - brincou James, e, surpreendendo a todos, ela riu.


            - Deixa de ser folgado, Potter! - ela falou também brincando. Lily estava deixando a hostilidade cada vez mais de lado, e tinha certo medo de onde aquilo ia levar. Mas, por outro lado, ela quase não tinha mais motivos para ser hostil com James, já que ele estava agindo como uma pessoa normal ultimamente.


            - Estou tendo alucinações auditivas ou a Lily realmente está zoando com o James? - disse Emilly esfregando as orelhas, e todos riram.


            Eles conversaram por mais algum tempo, falando sobre as aulas, sobre o torneio e sobre bandas de rock bruxo. Até que, do nada, Sirius cortou o assunto.


            - A água parece estar morna. - disse Sirius olhando profundamente para o lago, quase como se estivesse hipnotizado.


            - Sirius, é outono. Essa água deve estar bem fria! - disse Remus, enquanto Sirius se levantava de seu lugar na grama - Você não está pensando em nadar está?


            - Claro que não. Só disse que ela parece estar morna. - ele se aproximou e passou a mão pela superfície do lago. - Eu disse! Está morninha!


            - Até parece. - falou Emilly.


            - Espera, está ficando quente demais! – assustou-se Sirius com a mão ainda no lago.


            - Então tira a mão daí oras! - James disse, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo; e de fato o era para todos eles, exceto Sirius, que estava com os olhos arregalados. Ele puxava a mão para cima, mas a superfície do lago parecia ser uma sólida e resistente barreira.


            - Não estou conseguindo. AAAAAAI! Tá doendo! - Sirius estava usando sua mão livre para puxar o braço para cima, e três primeiranistas que estavam passando por perto ficaram o encarando, prendendo a risada.


            - Talvez a lula-gigante esteja devorando sua mão - debochou Lily, e os amigos riram. Ninguém ali estava acreditando, mas a culpa era de Sirius, que vivia fazendo piadas assim. O problema é que agora era verdade, havia realmente algo espetando sua mão e impedindo que ele a puxasse de volta.


            - É sério! Parece que tem alguma coisa espetando e perfurando minha mão! - ele falou, desesperado para que alguém acreditasse e o ajudasse.


            - Não seja idiota Sirius. Nós não vamos cair nessa. - disse James bagunçando os cabelos.


            - NÃO... É... UMA... PIADA! - gritou Sirius puxando com força a própria mão, querendo se livrar daquela dor imensa. Então, como se antes não tivesse havido resistência, a superfície cedeu. - Soltou! Minha linda mãozinha o que houve com você? Coitada... Agora vocês acreditam em mim? Olhem só essas marcas vermelhas! - disse, mostrando a mão aos amigos. Havia quatro linhas de marcas vermelhas na palma de sua mão, estranhamente organizadas, e todos se levantaram para olhar.


            - Espera, não são só marcas. São... são palavras! - disse Lily, olhando mais de perto.


            - O QUE? Vou matar o desgraçado que pichou a minha mão! - Sirius brincou, mas ninguém deu atenção, estavam todos mais preocupados com o que acontecera.


            - Leia seu idiota! Talvez seja algo importante - disse James, enquanto Rabicho pulava atrás dele tentando dar uma espiada na mão de Sirius.


            - É. Talvez seja uma pista para o torneio – Emilly falou, louca para ver o que estava escrito, mas hesitante em tocar as mãos dele.


            - Mas então qualquer um que enfiar a mão no lago teria a informação, não? - perguntou Frank confuso, e Alice colocou sua mão no lago para testar a teoria do namorado.


            - Não Frank. Acabei de testar e não aconteceu nada. - disse ela.   


            - Então é uma pista para o torneio, porque só aconteceu com o Sirius! - concluiu Remus, estavam todos muito animados.


            - O que é que você está esperando, seu trasgo babão? Leia logo isso! - berrou James, e Sirius finalmente despertou para a vida real e começou a ler:


            - "Em minhas profundezas você deve mergulhar


            E na escuridão de minhas águas, em uma hora encontrar


            O tesouro de Atonhrá


            Ou sua vida perderá."


            - Não entendi - Peter falou, coçando a cabeça. James bateu a mão na testa em desaprovação.


            - Mas é burro mesmo! Vou te explicar direitinho tá? Na primeira tarefa o Sirius tem que achar um tesouro no lago, ou ele morre. Entendeu? - disse Remus bem devagarzinho, como se estivesse ensinando a um retardado que um mais um é dois, e eles riram.


            - Olhem, as palavras estão sumindo! - falou Sirius, observando as palavras desaparecerem aos poucos. Que bom que não eram permanentes!, ele pensou.


            - Mas quem era esse tal de Atonhrá? – Alice perguntou o que estava na cabeça de todos.


            - Acho que já ouvi falar nisso em algum lugar... só não me lembro onde. – contou Remus pensativo


            - Vamos pesquisar então. Talvez nos ajude a saber o que o Sirius deve procurar. – sugeriu Lily, e todos concordaram. O céu já estava de um azul arroxeado e os últimos raios de sol estavam acabando de entrar no horizonte. O jantar seria servido em menos de uma hora, e eles decidiram passar o dia seguinte na biblioteca pesquisando.


 


                                                                       **


           


            Depois do jantar, os alunos do quinto e do sétimo ano lotavam o Salão Comunal da Grifinória, aproveitando que era sexta-feira para ficarem até de madrugada fazendo os deveres. Os Marotos, Frank e as garotas, principalmente, queriam adiantar o máximo de tarefa possível, já que ficariam o dia seguinte pesquisando sobre a mensagem que aparecera no Lago.


            Lily estava tão enterrada no meio de seus livros que a única coisa que se via dela era o topo de sua cabeça ruiva, e os outros não estavam muito melhor. Cabelos bagunçados, olheiras e caras desesperadas era o que se via por todo o Salão. Mas quem estava em uma situação pior ali era Jessy. A garota sempre tivera muita dificuldade em transfiguração, e a professora McGonnagal não é exatamente boazinha com os deveres no último ano. É por isso que Emilly, uma das melhores da sala em transfiguração, havia largado seus deveres sem fazer para ajudar a amiga.


            Sirius, sentado a uma mesa ao lado de James e Remus, observava as duas entre um tópico e outro de sua tarefa de Defesa Contra as Artes das Trevas. Elas estavam sentadas em almofadas, escoradas em uma parede próxima à lareira. Ele admirava o altruísmo de Emilly, largando de lado sua tarefa para ajudar Jessy, logo Jessy, quem mais implicava com ela! E é claro que ele admirava também a beleza de Emilly. Quem não admirava? Ela era perfeita, com aquele nariz arrebitado e aquela pintinha na bochecha, e aquelas pernas que a saia do uniforme fazia o favor de mostrar...


            - Desse jeito você vai encharcar seu dever, de tanta baba. - sussurrou James, despertando Sirius para a realidade. - Espero que você não esteja olhando para a Jessy...


            - Olha a minha cara de quem estava olhando pra Jessy. - respondeu Sirius sarcástico, e James riu.


            - Você devia virar essa cara de "olhando para Emilly Carey" para outro lado, antes que a amiga dela perceba e tente matar todo mundo. Até porque essa cara é muito ultrapassada, toda a população masculina da escola já a usou.


            - Você já está falando merda, Pontas, volta a fazer o dever.


            James riu e deu uma cotovelada no amigo, que respondeu ao gesto, e os dois voltaram a se concentrar na tarefa.


           


                                                                                  **


 


            O céu estava iluminado por um sol fraco entre as nuvens, e as folhas alaranjadas do Salgueiro Lutador balançavam a uma brisa leve. Muitos alunos passavam a tarde agradável de sábado no jardim, aproveitando enquanto o outono estava em seu auge e a neve do inverno ainda não havia assolado os terrenos de Hogwarts. No entanto, os marotos e as meninas estavam trancados na biblioteca, procurando qualquer coisa que pudesse levá-los a Athonhrá.


            Remus conseguira autorização para procurar na sessão reservada, com a condição de que fosse sozinho. Os outros estavam espalhados pelas diversas sessões da biblioteca. Emilly estava na sessão de Animais Fantásticos, folheando um livro, quando Sirius passou por ela, indo rumo à de História antiga da Magia. Ele parou ao vê-la.


            - O que você tá fazendo nessa sessão, Emilly? - ele perguntou curioso, escorando na estante oposta.


            - Pesquisando sobre a sua tarefa, oras! - ela falou, levantando os olhos para ele, e Sirius riu.


            - Mas porque nessa sessão? Quer dizer, porque uma criatura mágica teria um tesouro?


            - Não sei, eu só pensei que, como a tarefa é no Lago, você vai ter que enfrentar um monte de criaturas, e é bom saber sobre elas, certo? - ela falou, e Sirius sorriu, se aproximando dela para olhar também o livro.


            - Genial, Emy! - Ela se espantou com seu apelido saindo novamente dos lábios dele, os lábios dele tão próximos de seu ouvido... Como é que ele conseguia fazê-la sentir tantas coisas só com uma palavra? Ignorando os arrepios em sua espinha, ela começou a mostrar a ele os animais aquáticos que tinha encontrado e como ele podia se defender deles.


            Enquanto isso, Lily passava as páginas de um livro sobre nomes famosos da história antiga, sem nenhum resultado. Ela fechou o livro, frustrada, e correu os olhos pela estante ao seu lado em busca de um novo título. Numa prateleira bem alta, ela viu um livro dourado intitulado Grandes Tesouros da História da Magia. Se não tivesse nada nesse livro, ela podia desistir.


            Lily esticou os dedos e se colocou na ponta dos pés, mas ainda assim não conseguiu alcançar o livro. Ela já estava pegando sua varinha nas vestes para conjurar o livro, quando sentiu alguém atrás dela. A ruiva se virou para ver quem era, e James estava em sua frente, já tão próximo dela que Lily ficou totalmente sem reação quando ele apoiou uma mão na bancada da estante, ao lado do quadril dela. A respiração dela estava pesada, o que ele ia fazer? James esticou a outra mão em direção à estante e puxou o livro que ela queria pegar.


            - Era esse o que você queria? - ele perguntou, estendendo o livro para ela, com uma voz baixa própria para uma biblioteca, mas que soava muito sexy.


            - É sim, obrigada. - ela sussurrou, e se surpreendeu por se desapontar quando ele se afastou dela.


            - Você acha que isso vai mesmo ajudar o Sirius no torneio? - James bagunçou o cabelo, mas não do jeito esnobe e brincalhão de sempre, ele só parecia... preocupado.


            - Acho que sim, ele pode ser mais rápido que os outros se souber o que está procurando. - ela falou, como se fosse óbvio.


            - Disso eu sei, Lily, mas primeiro ele tem que sobreviver. - ele abriu a boca para falar mais alguma coisa, mas se conteve.


            - Você está preocupado com ele, não é? - isso nunca havia ocorrido a Lily antes.


            Tudo o que ela sempre vira era James feliz pelo amigo ter sido escolhido pelo Cálice, mas ela nunca antes havia prestado atenção nesse lado dele, nesse lado que se preocupava com os outros, que colocava os amigos em primeiro lugar. E, por mais que ela negasse isso a qualquer custo, ela estava gostando desse lado.


            - É claro que estou, pessoas morrem nesse torneio! E o Sirius é o irmão que eu nunca tive, entende? Às vezes eu preferia que ele não tivesse sido escolhido... - Ele parecia tão desamparado que Lily não resistiu em dar um passo em direção a ele. Ficaram muito próximos novamente.


            - Hey, o que está feito está feito, não adianta chorar pela poção derramada. Além disso, o Sirius é um ótimo bruxo, eu tenho certeza de que ele vai sobreviver, ou melhor, de que ele vai ganhar esse torneio.


            Os olhos dele, que estavam tão próximos dos dela, brilharam como se um peso tivesse sido retirado de suas costas. O olhar que os dois trocavam era tão intenso, e seus rostos estavam tão perto... Ele sorriu de canto, um sorriso charmoso que fez o coração dela acelerar.


            - Você é um anjo, Lily. - seus narizes quase se tocavam, eles sentiam a respiração um do outro, então...


            Então eles ouviram uma voz vindo de umas duas estantes para trás.


            - Encontrei! Encontrei Athonhrá!


            Era Emilly. Os dois se afastaram subitamente, Lily corando até a raiz dos cabelos, e foram em direção à amiga, que já recebia uma bronca de Madame Pince por ter gritado no meio da biblioteca.


            - Então, Emy, o que você achou? - perguntou Alice, animada. Estavam todos em volta de Emilly, que tinha um pesado livro verde nas mãos.


            - É um artigo meio pequeno, acompanhado de uma imagem, mas acho que vai ajudar muito. - eles se inclinaram para o livro, olhando para onde o dedo dela apontava, e Emilly começou a ler - "Atonhrá foi o maior líder de um famoso grupo de sereianos. Seu reinado foi próspero e cheio de paz; durante ele Atonhrá fez grandes revoluções para os sereianos e para os bruxos, e foi o único sereiano que teve o poder de uma varinha. Abaixo você pode ver seu símbolo, que foi muito famoso nos tempos de ouro.”.


            Abaixo do que Emilly tinha acabado de ler, havia um desenho. A figura era uma ampulheta estilizada, que se assemelhava a um peixe, cortada por um traço longo na diagonal que lembrava uma varinha.


            - Bom, então o Sirius está procurando algo que tiver este símbolo, certo? - disse Remus, pensativo.


            - Acho que sim, mas o problema agora é: como eu vou ficar uma hora inteirinha debaixo d'água? - Sirius parecia não ligar muito para isso, como se fosse só um detalhe. De fato, depois de todos os monstros aquáticos que vira com Emilly, essa parecia a menor das preocupações.


            - Eu sei de uma poção que aumenta o fôlego, permitindo que a pessoa que a beba consiga ficar sem respirar por no máximo uma hora. Só preciso achar o livro em que eu vi isso... - disse Lily, começando a vasculhar as estantes, e todos foram atrás dela para ajudar.


            Depois de certo tempo, Lily encontrou o livro e eles foram para o jantar, exaustos e famintos após a tarde de pesquisas. Peter, como sempre, comia como um porco, Lily procurava a poção em seu livro enquanto comia, e Jessy parecia triste e abatida.


            - O que você tem, Jessy? - perguntou Emilly para a amiga, que cutucava sua comida sem vontade alguma.


            - Eu não consegui fazer nada de útil pro meu Siriuquinho hoje – ela falou, melancólica, e Lily levantou os olhos do livro para observar a conversa enquanto Alice revirava os olhos. - como é que ele vai perceber que me ama se eu não fizer nada por ele?


            - Jessy, você já pensou que talvez o Sirius simplesmente não ame você? Estou falando isso pro seu bem, não é bom ficar se iludindo assim! - Emilly se segurou para ser paciente, tivera um dia bom de mais para estragar com uma briga com Jessy. Aparentemente, contudo, Jessy estava disposta a estragar o dia dos outros hoje.


            - Cala a boca, Emilly, eu não estou me iludindo! Você é que está, se acha que meu Sirius vai te amar só porque você achou aquele artigozinho pra ele.


            - Você está invertendo as coisas aqui, Jessy. Não sou eu quem quer o amor dele, e não sou eu quem pensa que ele vai me amar se eu encontrar alguma coisa pra ele num livro. Olha, eu só queria te ajudar, mas parece que não dá.


            - Eu não preciso de ajuda, principalmente da sua. - resmungou Jessy, e elas se calaram. Aquilo foi como uma facada no estômago para Emilly. Não precisava de ajuda? Era assim que Jessy agradecia por ela ter largado seus deveres para ajudá-la em transfiguração, era assim que ela agradecia por Emilly gastar todas as suas manhãs tentando ajudá-la a se arrumar? Que desaforo!


            Por mais que quisesse, porém, Emilly não conseguia ficar muito tempo com raiva de Jessy. Quando as meninas foram se deitar, os pensamentos dela já estavam novamente em Sirius e na tarefa que ele enfrentaria. É claro que ela se preocupava com ele. Queria que o amigo vencesse, mas a única coisa que importava é que ele saísse vivo e bem. Afinal, quem podia prever as surpresas que Sirius encontraria naquele lago? Bom, todos teriam que esperar para ver. 


 

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