A formatura



Era demais para Mary acreditar. Fazia apenas dez minutos que ela e sua família haviam saído da vila e lá estavam eles, com a camionete alugada para a mudança atolada na estrada.
O dia estava totalmente planejado: eles sairiam da vila, chegariam a Londres na nova casa, então iriam para o Beco Diagonal e de lá pegariam uma lareira da rede de pó de Flu para irem até Hogwarts. Seria corrido, mas daria para fazer tudo em tempo... Isso, claro, se não estivessem atolados logo no início da viagem.
- Temos que empurrar! – concluiu Mary, analisando sabiamente a situação.
Então, descendo da camionete, e com a ajuda da mãe e do irmão, ela começou a empurrar, torcendo para que desse certo. Mas o pneu insistia em deslizar no terreno lamacento.
- Não dá, pai! – alertou Charles – Nem se mexe!
- Me diga como você vai se formar na maior escola de Magia e Bruxaria da Inglaterra se nem ao menos consegue resolver algo assim, Mary?
Ela se virou para trás e deu de cara com May Burnsdale, assistindo toda a cena.
- O quAAAhhhh! – ela não pôde terminar a pergunta surpresa, porque no mesmo instante seu pai tentou acelerar mais uma vez, e Mary foi atingida em cheio pela lama jogada pelo pneu.
Nesse tempo May chegou até ela e a puxou pela mão, tomando distância do veículo.
- Mas, May-
- Eu moro ali. – ela informou, indicando uma casa um pouco afastada da estrada – Meu pai gosta de pregar peças em trouxas quando está de férias, por isso os carros sempre tem problemas em passar aqui... – então ela pegou a sua varinha e a apontou para a camionete – Vamos, lá, com nós duas juntas fica mais fácil.
Mary entendeu o que ela pretendia fazer, então também pegou a sua varinha no casaco e ficou em posição. A um sinal de May, as duas executaram um feitiço de levitamento e conseguiram fazer com que a camionete levantasse e avançasse no ar até um ponto onde já seria possível seguir sem ter problemas com a lama.
- Incrível! – Charles correu até onde o veículo tinha sido pousado, com o seu pai atônito dentro, e começou a procurar por vestígio de magia nele.
- Me desculpe por tudo o que eu fiz, Mary. – May pediu – Eu definitivamente não sou uma boa pessoa.
Mary reparou que aquela aura radiante que ela tinha antes, e que agora ela reconhecia como sendo um disfarce usado pela garota, não estava mais ali. Ficaram sabendo de todos os detalhes do que tinha acontecido com May por Vicky, mas fora por Hainault que ela soube como ela se arrependera do que fizera.
Então, pensando que o melhor seria esquecer, já que tudo terminara bem, Mary disse:
- Uma boa pessoa não viria aqui para me ajudar. – ela passou a mão em uma grande parte enlameada do seu uniforme e então passou a mão suja na roupa da garota – Pronto, somos duas pessoas más!
May olhou para a sua roupa caríssima manchada e começou a rir:
- Eu espero que você e o Chris sejam felizes.
- Obrigada, May.
- Mary! – sua mãe a chamou – Vamos nos atrasar!


***


Hogwarts estava fervilhando.
As formaturas eram o evento mais importante do ano, que reunia não somente os alunos de todos os anos, mas também os familiares e convidados ilustres. Era o dia do ano em que a ostentação da escola transbordava e onde ela podia comprovar que merecia estar no topo da preferência de todas as famílias bruxas de prestígio da Inglaterra.
E, nesse ano, também haveria algo especial. Como no ano anterior a tão esperada formatura do D4 acontecera desfalcada, por causa da ida de Doumajyd para Nova York, a presença dele marcada para esse evento prometia compensar essa falta.
No salão principal, todos os preparativos já estavam prontos para a colação. E, aos poucos, os convidados iam chegando pela grande porta de entrada de Hogwarts, nesse dia especialmente dando as boas-vindas com um tapete vermelho.
Perto das escadas, em um ponto em que era possível ver todos os que entravam no castelo, estavam Nissenson, MacGilleain e Hainault, vestidos com trajes de gala, e esperando.
- Tem certeza que ele vai conseguir voltar a tempo? – perguntava MacGilleain preocupado.
- Ele é capaz de exigir ao Ministério um vira-tempo para isso. – comentou Nissenson brincando.
- Isso poderia mesmo acontecer. – riu MacGilleain – O que acha, Ryan?... Ryan?
Mas o dragão não respondeu, já que a sua atenção estava toda voltada para algum ponto da entrada. Então os outros dois procuraram pelo que ele olhava tão fixamente e logo viram Sharon Seymour entre os convidados que entravam.
MacGilleain respirou fundo para a chamar, mas, antes disso:
- SHARON! – Hainault a chamou acenando, deixando os outros dois chocados.
Porém, quando a bruxa, sorridente chegou até eles, Hainault parecia ter perdido totalmente a capacidade de fala.
- O que aconteceu, Sharon? – Nissenson perguntou por ele – Por que está aqui?
- O Chris me ordenou. – explicou ela – Ele disse que eu tinha que vir de qualquer maneira, ou ele nunca me perdoaria.
- Ele quer mostrar para todo mundo que vai dançar com a Mary no baile. – deduziu MacGilleain rindo.
- Hum, faz muitos anos que eu não participo das cerimônias de formatura de Hogwarts. Você poderia me mostrar onde os convidados se sentam, Ryan?
- Claro. – ele respondeu sorrindo, saindo do seu estado de mudez e lhe oferecendo a mão para acompanhá-la – Com prazer.


***


- O que é isso, pai? – perguntou Mary assustada – Por que estamos parando?
O senhor Weed continuava pisando fundo no acelerador, mas a camionete não reagia.
- Acho... – ele começou a verificar o painel – Acho...
Uma fumaça começou a sair da frente da camionete e então ela parou de vez no meio da estrada.
- Pai, você não têm jeito! – reclamou Charles – Devia ter verificado tudo antes de sairmos!
- Me desculpe! – pediu ele, desembarcando para examinar o que tinha acontecido.
- E agora, mãe? – perguntou Mary assustada – Já está quase na hora de começar a formatura e nós estamos apenas entrando em Londres!
A senhora Weed pensou em todas as possibilidades que poderia ter, mas somente uma pareceu a mais viável no momento:
- Mary, vá você!
- O quê? – ela perguntou abobada.
- Rápido! Mesmo que seja só você, vá logo! – a mãe a fez sair da camionete – Faça aquela coisa de desaparecer!
Sua mãe estava certa. Se ela fosse sozinha, aparatando, chegaria ao beco diagonal e de lá poderia pegar uma lareira para ir até Hogsmeade. Sem pensar por mais tempo, Mary concordou pegando a sua varinha. Ela olhou em volta, para ter certeza de que ninguém a estava vendo, e então aparatou.
- Ela foi? – o senhor Weed veio da frente da camionete – Mas e o vestido?
- Ah, meu Deus! O vestido! – a senhora Weed lembrou.


***


- Aaaaah! Há quanto tempo!
MacGilleain e Nissenson quase caíram para trás com o susto que levaram ao ouvirem uma voz esganiçada gritando para eles. Logo encontraram um ponto rosa na entrada, repleto de fitas e pompons, vindo correndo na direção deles.
- Sarah Swan?! – perguntou MacGilleain abismado.
- Tudo bem? Por quem estão esperando? É pelo Chris?! É ele, não é?
Ela fazia uma pergunta atrás da outra, mal parando para respirar.
- Mary. – foi tudo o que Nissenson conseguiu responder, antes de ser interrompido novamente por mais perguntas.
- Fala sério! Já vai começar, não vai? E ela está atrasada?! O que aconteceu com ela? Desistiu? Ela não deve ficar bem em um vestido, não é mesmo? Sabe, ela não é muito bonita. – ainda falando, mesmo que aparentemente sozinha, ela saiu de perto deles e seguiu para o salão – Onde está o Chris?! Onde você está?! CHRIS?!
- ...O que foi aquilo? – perguntou Nissenson depois que os gritos dela foram abafados pelas vozes das outras pessoas.
- Um furacão? –sugeriu MacGilleain – Ela não mudou nada.
- A Mary ainda não veio? – Vicky voltou do salão principal, com a professora Caroline seguindo os seus passos – E onde está o Doumajyd?
- Já vai começar. – informou a professora – Onde ela está? Será que até no último momento eles-
Mas a ela não pôde terminar de falar. No mesmo instante houve uma confusão entre os convidados. Os que estavam entrando voltaram para fora e os que já estavam dentro correram para a mesma direção. Sem perder tempo, os dragões, Vicky e a professora foram ver o que estava acontecendo.
Abrindo caminho até a frente das pessoas, eles se deparam com a carruagem da família Doumajyd pousando nos terrenos de Hogwarts. Assim as rodas tocaram o chão, Doumajyd saltou dela, vestindo as suas melhores vestes de gala, e logo localizou os amigos:
- Oh! Bem vindos à festa surpresa!
- Surpresa? – perguntou Vicky.
- Não é a formatura? – perguntou a professora parecendo perdida.
- Realmente é uma surpresa se a protagonista não estiver. – comentou Nissenson.
Sem ouvir essa última frase, Doumajyd voltou para a carruagem e ajudou alguém a descer.
- Olá, pessoal! – Summer Vanderbilt cumprimentou a todos com o seu grande sorriso, pulando lá de dentro.
- Ei, ei! O que está aprontando, Chris? – perguntou MacGilleain – Que surpresa é essa?
- A partir de agora, – anunciou o líder do D4 – apresentarei algo muito importante! Então se preparem!


***


Mary aparatou até o mais perto possível do Beco Diagonal, até o momento em que ficou impossível desaparatar sem ser notada pelas pessoas. Então teve que correr o resto do caminho.
Porém, ao chegar lá, se deu conta de uma coisa: o comércio estava fechado e, portanto, não haveria nenhuma lareira que a levasse rapidamente para a escola.
- Ah, Meu Merlin! – ela procurou em volta, desesperada, por alguma vitrine onde houvesse um pouco de luz, indicando que haveria alguém lá, mas não encontrou nenhuma.
A ponto de desistir, Mary se deixou cair de joelhos no chão. Já estava escuro, a colação provavelmente já tinha acabado e, se ela fosse aparatando, só chegaria ao castelo de madrugada.
Mas, talvez, se fosse ao Ministério e-
- Suja como sempre, sangue-ruim. – a voz fria da senhora Doumajyd veio de trás dela.


***


- Como assim a Mary não chegou ainda?! – perguntou Doumajyd preocupado, depois de constatar que ela não estava entre os alunos durante a cerimônia de colação.
- É o que nós também queremos saber. – MacGilleain deu um suspiro cansado, demonstrando que já não tinha mais esperança de que ela viesse.
- O que pretende fazer agora? – perguntou Vicky aflita com a situação da amiga, esperando que, no mínimo, o dragão saísse atrás dela.
Doumajyd olhou em volta preocupado, pensando no que fazer.
- Chris! – Christinne veio correndo até ele – Está tudo preparado!
- Mas, a Mary não-
- Não preocupe! Isso já foi resolvido também! Agora vem comigo!


***


- Até quando vai ficar aí, caída no chão, me olhando com essa expressão idiota? – perguntou rispidamente a senhora Doumajyd.
- Ah, desculpa. – Mary se levantou sem jeito, ainda surpresa demais com a presença da bruxa ali.
A senhora Doumajyd a olhou dos pés a cabeça, e soltou um suspiro desolado. Mary lembrou, constrangida, que o seu uniforme ainda tinha a lama, agora seca, do incidente que ocorrera pela manhã, e deu um sorriso amarelo. Afinal, aquela não fora a sua maior preocupação durante todo o dia.
- Nana! – a bruxa chamou.
- Sim, senhora. – a elfa apareceu no mesmo instante.
- Dê um jeito nessa sangue-ruim e a leve para Hogwarts o mais rápido possível. – ordenou ela, dando as costas para Mary e saindo.
- Quê? – o queixo de Mary caiu.
- Sim, senhora. – a elfa acentiu, indo até Mary e fazendo toda a sujeira do uniforme dela desaparecer em um estalar de dedos.
- Mas, Nana. – Mary tentou argumentar, ainda não sabendo se havia escutado direito.
- Vai contrariar a senhora? – perguntou a elfa com a sua indelicadeza natural, mas acrescentou com um sorriso torto – Finalmente ela a aceitou e agora você vai ser teimosa?
Sabendo que a elfa dizia da sua forma que estava tudo bem, Mary olhou para a bruxa se afastando e tomou uma decisão. Então, correu até ela dizendo:
- Por favor, espere!
A senhora Doumajyd parou, mas não se dignou a virar para ela.
- De verdade, – Mary disse, reunindo toda a sua coragem – muito obrigada!
- Você está atrasada. – comentou a bruxa, como se não tivesse ouvido o agradecimento.
Mas, pela primeira vez, não havia aquele tom de metal frio que Mary sempre ouvira na voz dela.
- Prometo ser mais educada de agora em diante! – garantiu Mary, contente pelo progresso que tivera com o seu relacionamento com a bruxa.
Em resposta, a senhora Doumajyd apenas acenou, fazendo pouco causo.
- Vamos, Mary! – Nana a chamou, pegando na sua mão – Você tem que chegar a tempo pelo menos para a festa!


***


O eco que os passos de Mary faziam pelos corredores do castelo soavam como pedras desmoronando aos seus ouvidos. Não havia som algum além do que ela própria produzia. Se não fosse pelos poucos archotes que iluminava constantemente o castelo, não haveria luz alguma também. O salão principal estava vazio e não tinha sinal algum que de que houvera uma cerimônia ali poucas horas antes. Diante disso, Mary correu para o próximo lugar: o campo de quadribol.
O salão principal era capaz de comportar uma colação, mas era impossível para ele admitir uma festa proporcional ao orgulho da escola, com baile para tantos convidados, naquele espaço limitado por paredes. Por isso, o campo de quadribol era o lugar perfeito para a grande e pomposa festa que a escola oferecia todos os anos como uma despedida para os seus formandos.
Então, se a cerimônia já havia terminado, eles só poderiam estar lá. Era nesse pensamento que Mary se apegava enquanto corria pelos corredores que levavam aos fundos do castelo. Porém, o silêncio a preocupava. Geralmente, quando haviam jogos, os rumores das arquibancadas já podiam ser ouvidos, mesmo daquela distância.
Seu medo só aumentou ao sair para os terrenos e enxergar ao longe as arquibancadas que se erguiam como massas escuras, sem nenhuma luz indicando formatura, baile ou convidados se divertindo. Mesmo assim, ela correu até lá, não acreditando que fosse possível tudo já ter acabado. Sim, estava muito mais do que atrasada, mas não há ponto de não haver mais ninguém. Onde estavam os professores? Onde estavam os alunos? Onde Estavam vagando os fantasmas?
- ...Droga, não deu tempo. – ela admitiu ao pisar no campo e parar ao lado de uma das grandes traves, olhando em volta.
Tudo estava escuro e silencioso. Não havia nenhum vestígio de-
- SUA ATRASADA!
Mary quase teve a alma arrancada do corpo com o berro que ressoou por toda extensão do campo.
Então, um feixe de luz misterioso se acendeu e iluminou o centro do lugar. Parado lá, com uma expressão de poucos amigos, estava Doumajyd, em uma pose de quem estava esperando há muito tempo, com as mãos nos bolsos das vestes.
- Até quando você pretendia me fazer esperar aqui?! – ele reclamou.
- Doumajyd? – ela murmurou, avançando pelo campo.
- Onde está o vestido que eu mandei?! – perguntou ele em um rosnado, a fazendo parar no meio do caminho.
Mary se lembrou chocada do vestido. Como ela pudera esquecer do vestido que usaria no seu baile de formatura?!... Mas todo o seu choque foi substituído por raiva ao ver como Doumajyd a encarava parecendo furioso com essa falha dela. Se ele soubesse da metade dos problemas que ela enfrentara para conseguir chegar até ali, não estaria se preocupando com um vestido... Então ela respirou fundo e berrou em resposta:
- Eu esqueci! Satisfeito?!
- Esqueceu?! – ele perguntou incrédulo – Só você mesmo, Mary!
- Eu sou uma sangue-ruim pobre mesmo! – ela acrescentou, não em tom de desculpa, mas de desafio – Eu não combino com vestidos pomposos!
- Mas que droga, Mary. – ele riu, já que não havia como reparar isso.
Ela riu também, um tanto aliviada por terem resolvido esse detalhe sem maiores discussões.
Então, Doumajyd respirou fundo, tirando as mãos dos bolsos das vestes e se concentrando.
- Mary Ann Weed! – ele a chamou sério, com a voz ecoando pelas arquibancadas.
- O quê? – ela perguntou, sorrindo, mas com um pressentimento estranho pelo modo como ele agia.
- Para você, a sangue-ruim de Hogwarts, eu tenho algo para falar!
- O quê? – ela já não sabia mais o que pensar do modo dele.
- Case comigo!
A voz do dragão ecoou mais uma vez pelo silêncio pesado do campo, mas, mesmo assim, Mary achava que tinha entendido errado.
- O quê? – perguntou ela em um fiapo de voz, com uma expressão que revelava totalmente a sua surpresa.
- Com esse Ilustríssimo Eu, case comigo! – ele repetiu, estendendo a mão para ela.
Mary teve a impressão de que nunca na vida esteve tão ciente da própria respiração. Isso porque não havia pensamento alguma na sua mente. A única coisa que ela via a sua frente era Doumajyd lhe estendendo a mão.
Então, quase que inconscientemente, ela deu um passo. Depois outro, sempre com o olhar fixo na mão do dragão. E então, decidida, ela avançou, cada vez caminhando mais acelerado, até parar na frente da mão dele.
- Passamos por muitas coisas, Mary. – ele disse com a voz baixa, como se fosse somente para ela ouvir – Muitos momentos difíceis. E eu a fiz sofrer de uma forma terrível por todo esse tempo... Mesmo assim, eu quero ficar com você. – e acrescentou, não em tom de ordem como antes, mas como um pedido – Case comigo.
Mary olhou bem para ele por alguns segundos e então deu um grande suspiro:
- Não tem jeito, não é? – ela sorriu e pegou a mão dele – Somente eu posso te fazer feliz.
- Isso é uma declaração de guerra? – ele perguntou a desafiando, apertando a sua mão.
- Claro que sim! – ela respondeu no mesmo tom.
- Então eu quero que me mostre! – sem aviso ele a puxou e a pegou no colo.
No mesmo instante, todas as luzes do lugar foram ligadas. Canhões de papéis picados foram disparados no ar pelo campo e fogos de artifícios coloridos começaram a estourar na direção do lago. Junto com tudo isso, uma avalanche de aplausos, gritos e vivas vieram das arquibancadas, lotadas de pessoas.
Mary olhou espantada para aquela multidão, pois durante todo aquele tempo tivera certeza absoluta de que estavam sozinhos. Agora lá estava ela, com os olhos arregalados, coberta por papel picado e sendo exibida como um troféu por Doumajyd.
- O que é isso? – ela murmurou.
- A formatura acabou, mas a festa não poderia começar sem você. – informou Doumajyd, rindo do assombramento dela.
- Mentira. – foi tudo o que ela conseguiu dizer em resposta – Eu estou me sentindo como um pomo de ouro.
- Um pomo de ouro? – ele riu da comparação dela – Mas não poderia ser de outro jeito. Afinal, foi o pedido de casamento do Ilustríssimo Eu!
- Parabéns, Mary! – Christinne veio correndo até o meio do campo, sendo seguida por outras tantas pessoas.
- Achou que eu ia perder essa, Mary?! – perguntou Summer, chegando até eles.
- Não acredito que você conseguiu! – reclamou Sarah Swan sorrindo e totalmente se contradizendo – Que inveja!
- Você merece, Mary! – disse Sharon aplaudindo.
- É isso aí, Chris, Mary! – berrava MacGilleain, ainda impressionado com a surpresa que o amigo havia planejado.
- Quem diria, Cogumelo! – riu Nissenson, a parabenizando da sua forma.
Hainault se limitava a sorrir para ela, mesmo assim mostrando o quanto estava feliz por tudo ter dado certo. Vicky e a professora Caroline estavam emocionadas demais para conseguirem dizer qualquer coisa, mas acenavam e aplaudiam sem parar.
Mary deixou a cabeça cair no ombro dele e fungou dignamente:
- Inacreditável!
- E então? Me desafia a ser o seu par no baile de formatura?


***


Na porta que dava acesso aos terrenos de Hogwarts, e de onde podia ser visto o campo de quadribol iluminado, a senhora Doumajyd assistia a toda a cena de longe.
- Senhora? – perguntou Nana, indicando o caminho.
- Eu não vou. – ela respondeu, se escorando na parede de pedra, sem tirar os olhos do que estava acontecendo no campo – Mas, se quiser, pode ir, Nana.
A famosa banda contratada começara a tocar a música para o baile e novamente a multidão de convidados irrompeu em aplausos.
- Com licença, senhora. – pediu a elfa, maravilhada como nunca esteve com a sua mestra.
A bruxa apenas concordou.
Depois de a elfa sair pelo caminho escuro, a bruxa soltou um grande suspiro e sorriu. Um sorriso cansado, mas indiscutivelmente um sorriso.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.