Capítulo Único



Capítulo Único

A garota atravessou o gramado em direção ao lago. Os olhos marejados de dor e o coração apertado, sufocando os sentimentos tortuosos em seu peito. Por que tinha que ser assim? Por que não havia ninguém por ela naquele momento? Ninguém que lhe estendesse a mão, nenhum ombro amigo, ninguém para abraçá-la, ninguém para dizer que tudo ficaria bem. Por que precisava passar por aquilo sozinha?
Com o gosto amargo daquelas perguntas sem resposta, Andrômeda atirou-se de joelhos no chão, suplicando à alguma entidade maior que desse fim ao seu tormento. Mas de nada adiantou, pois as palavras de sua irmã ainda ecoavam em sua cabeça e perfuravam seus sentimentos como facas afiadas. "Quem é você?", disse Bellatrix com seu sorriso malicioso, "Você não passa de uma sombra".
Andrômeda viu-se obrigada a admitir para si mesma que aquilo era a mais pura verdade. Nunca passara de uma sombra, a sombra de Bellatrix e Narcissa.

"Eu estive fora por muito tempo
Vivendo como se não estivesse viva".


Ainda de joelhos, Andrômeda sentia as lágrimas caírem sem controle, seus olhos ardiam e havia um nó em sua garganta.
- Uma sombra... uma sombra... – era tudo que conseguia dizer, de maneira automática e repetitiva.
A garota encarou o céu do anoitecer por um momento. Estava coberto por nuvens densas e cinzentas, logo começaria a chover. E era assim que ela se sentia: com a alma envolta em nuvens cinzentas e uma chuva de tristeza escorrendo pelo rosto.
Com os olhos fixos ao alto, implorou que aparecesse alguém, qualquer um, e lhe perguntasse o que estava acontecendo, lhe desse a chance de desabafar e, quem sabe, lhe consolasse um pouco. "Se existe alguém ai em cima", pensou Andrômeda, "não me deixe aqui sozinha! Eu não sou assim tão forte".
A garota escondeu o rosto com as mãos e continuou a chorar, ainda mais desesperadamente. Uma garoa fina respingava sobre ela, pouco a pouco, enquanto movimentava as águas do lago negro.
- Tem alguém ai? – perguntou uma voz conhecida.
Andrômeda olhou à volta, assustada. De trás de uma árvore, saiu um garoto alto, de cabelos castanho-claros e olhos verdes. Ele encolhia os ombros e corava ligeiramente enquanto caminhava até ela, reconhecendo a garota. Quando se aproximou um pouco mais, percebeu que ela estava chorando e adiantou-se rapidamente, parecendo aflito.

"Então eu começarei novamente esta noite
Começando com você e eu"


- O que aconteceu? – perguntou Ted extremamente preocupado, ajoelhando-se ao seu lado e encarando-a com seus grandes olhos claros.
Por alguns segundos, Andrômeda perdeu-se naquele olhar, vendo seu pedido realizado tão depressa. Ted era um colega de classe com quem ela falara algumas vezes e não esperava dele nenhuma atitude como aquela, de se preocupar tanto apenas com o fato de vê-la chorando.
- É que... eu... – gaguejou a garota. Não conseguia se concentrar nas palavras, pois ainda tentava conter as lágrimas.
Mas não foi preciso continuar tentando, pois Ted não exigiu nenhuma explicação, apenas sorriu timidamente e segurou a mãe dela.
- Não precisa. – disse ele meio sem jeito.
Sem conseguir conter a imensa vontade de ter alguém ao seu lado, Andrômeda precipitou-se e o abraçou com força. Ele pareceu surpreso por alguns instantes, mas não tardou a retribuir com a mesma vontade.
Andrômeda pôs-se a chorar ainda mais, agora abraçada a um garoto que mal conhecia. Sentiu-se segura, pela primeira vez em tanto tempo. Ele encostou a cabeça na sua e acariciou seus cabelos.
- Vai ficar tudo bem. – sussurrou Ted em seu ouvido.
Ela só esperava que aquele conforto durasse e que a tristeza se esvaísse.

"Eu tento remendar as coisas novamente
Acalmar minhas lágrimas, e matar estes medos".


Quando finalmente as lágrimas cessaram, Andrômeda percebeu o quanto precisara daquele abraço. Seu milagre se tornava real, de uma maneira estranha e inesperada. Apesar de sentir-se um pouco envergonhada com aquela situação, não esgueirou-se dos braços de Ted tão rapidamente. Mergulhou por algum tempo em pensamentos absurdos, sentindo o perfume do garoto entorpecê-la. Aquilo era loucura, talvez efeito da surpresa, mas era bom e reconfortante.
- Está melhor agora? – perguntou Ted com a voz serena.
- Aham. – respondeu Andrômeda em um sussurro quase inaudível.
Ela fechou os olhos e sorriu. O abraçou ainda mais forte e ele a retribuiu.
Envergonhada demais com aquilo tudo, ela foi se desvencilhando aos poucos, por mais que, na realidade, quisesse ficar ali para sempre.
Estavam agora sentados na grama, lado a lado, um pouco corados e tentando, sem sucesso, evitar o olhar um do outro.
- Desculpe. – pediu Andrômeda com um sorriso tímido.
- Não foi... eu, é... – gaguejou Ted tentando permanecer sério. – Quero dizer... não precisa... é...
Andrômeda caiu no riso e, logo depois, Ted a acompanhou.
- Obrigada. – disse a garota agora com um pequeno sorrisinho.
- Por nada. – respondeu Ted.
Seus olhares se fixaram por um momento e Andrômeda notou como os olhos de Ted brilhavam. Não era um brilho comum, era como um céu verde-azulado pontilhado por estrelas. Seus sorrisos foram se desfazendo e um silêncio incômodo se apoderou de ambos. Então Ted desviou o olhar.
- Sabe, - disse ele envergonhado. – eu é quem devia desculpas. Entende? Por chegar aqui e te interromper...
- Imagine! – interrompeu Andrômeda. – Você foi muito legal comigo... Não sabia que se importava...
- É claro que me importo! – disse Ted rapidamente, ficando sério. – Me importo muito Angel, eu sempre me importei, eu...
- Angel? – perguntou Andrômeda curiosa.
Ted pensou por algum momento e suas bochechas ficaram em um tom de vermelho vivo.
- Eu disse An-Angel? – disse Ted com pouca segurança. – Eu quis dizer Andie. Andrômeda, na verdade.
- Pode me chamar como quiser... adorei o apelido.

"Eu não vou embora
Porque eu estive esperando por um milagre".


- Eu posso mesmo chamá-la de Angel? – perguntou Ted muito envergonhado.
- Pode. – disse Andrômeda. – Só se você me disser de onde tirou esse nome.
Ted pensou por alguns minutos, desviou o olhar e escolheu bem as palavras, mas acabou sem coragem para dizer a verdade.
- Por favor, - insistiu a garota. – eu sei que não foi sem querer.
Ele tentou desviar, quem sabe esperasse mudar o rumo da conversa, mas quando seus olhos se fixaram mais uma vez, ele acabou falando com sinceridade:
- Eu te chamo assim. Não me entenda mal, é só... É só que eu sempre me refiro a você como Angel.
- Por quê?
- É que... – o sorriso de Ted se desmanchou e ele falou com seriedade. – É que você parece um anjo.
Andrômeda sorriu encantada com o elogio. Ted transparecia receio e ao mesmo tempo... carinho.
Eles não tiveram tempo de notar que estavam cada vez mais próximos um do outro, simplesmente era inevitável. Talvez fosse o calor do momento, que nem a garoa fina conseguia atrapalhar, que estivesse se apoderando de ambos. Mas, por um momento, Andrômeda sentiu uma forte ligação entre eles. Poderia ser completamente errado o que ela estava prestes a fazer, mas não via porque perder aquela chance...

"Eu não quero fugir
De qualquer coisa desconfortável"


Quando Andrômeda se aproximou um pouco mais, Ted não hesitou nem por um segundo. Seus olhos se fecharam e seus narizes se roçaram levemente, até que os lábios de ambos se encontrassem. O tempo parou naquele momento e nada mais tinha importância. Não existiam Andrômeda Black e Ted Tonks, existiam apenas dois jovens se beijando a beira do lago.
A garoa lentamente transformou-se em chuva. O romance mais absurdo de todos os tempos estava apenas começando.














N/A: Fanfic bem curtinha. Eu sei que muita gente não tem paciência para o shipper Ted/Andie, mas eu adoooro eles! Bom, espero que tenham gostado.
Eu espero comentários das minhas amadas TMW's e da senhorita Thays Granger, capiche? xD

beijo :*

p.s.: Eu escrevi rápido e ainda não revisei >.< Perdoem se estiver idiota.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.