A fenda!



Ah, eu sei que ninguém mais está lendo. Mas e daí? Escrevo para me divertir, e realmente gosto de colocar minhas idéias aqui nesta fic. Ou seja, independente de leitores ou comentário, os posts continuarão existindo. [/boazinha]



Os cinco minutos que Harry dera aos amigos para eles juntarem seus pertences foi mais do que o suficiente. No tempo proposto, todos estavam de volta ao ponto de encontro, menos preparados para uma batalha mortal do que imaginavam.

– Eu preciso que vocês saibam o que estão fazendo. – Harry parou de caminhar subitamente, deixando o medo invadir seus pensamentos por um breve segundo.

– Nós sabemos, Harry. – Rony foi quem retrucou mais rápido, pois andava ao lado do amigo.

Harry suspirou. Podia se permitir contar com alguém além dele hoje, pelo menos. Ele fitou todas aquelas pessoas que se estendiam a seu redor, tentando estipular quantas delas morreriam no Ministério. Com muita sorte, ninguém. Com uma pequena ajuda das circunstâncias, apenas uma ou duas.
Contudo, muito provavelmente, nenhuma delas voltaria para a casa. Caso esta última opção fosse a que triunfasse, Harry jamais seria capaz de se perdoar. Teria que aprender a conviver, mesmo que já estivesse morto, com o fato de ter cavado a cova de todos os amigos que foram importantes para ele. Sua eternidade seria atormentada por um fato sólido e imutável – matara os que tentaram ajudá-lo. O sangue daquele grupo correria ininterruptamente pelas mãos de Harry, até que ele fosse tão vazio a ponto de não conseguir sentir mais nada.

– Não, Rony, vocês não sabem. – o garoto da cicatriz contra-argumentou. – Ouçam, todos vocês. Há uma grande chance de todos morrermos naquele lugar esta noite, Todos estão cientes disto?

O murmúrio de concordância não foi imediato. A possibilidade da morte inundava os pensamentos de cada um dos presentes, mas eles tinham um mínimo vestígio de esperança, que Harry acabara de romper bruscamente.

– Sim, estamos cientes. Agora podemos prosseguir? – Hermione pronunciou, com nervosismo evidente em sua voz. Ficou claro para Harry o que ela estava enfrentando para estar a seu lado na ocasião.

– Ótimo – ele concluiu o raciocínio, insatisfeito. Seria um alívio se todos ali se rebelassem e desistissem de enfrentar o mal do mundo com ele. Mas Harry sabia que a possibilidade de algo daquele tipo acontecer era uma em um trilhão.

Ele quis confortar Hermione, mas se sentiu compelido a ficar afastado. Tinha um objetivo a cumprir naquela noite, e seus sentimentos atrapalhariam tudo. Mas e se ela morresse? Não seria melhor ficar e aproveitar seu último dia do que ir direto ao encontro da morte? Por causa da melhor amiga, seu bem maior, o garoto estava colocando até mesmo sua coragem inabalável a prova. E os resultados não eram animadores.

Ele daria tudo para desistir. Ou melhor, para que ela desistisse, e ficasse dentro do castelo. Quente, protegida, despreocupada. Como Harry sempre quisera vê-la. Mas desde que ela começara a querer partilhar de seus problemas, jamais poderia estar quente, pois o frio que sentia não podia ser acabado com uma dúzia de agasalhos; nunca poderia estar protegida, já que era sua amiga, e as preocupações tomavam conta da cabeça de qualquer um naquelas condições.

– Muito bem. Estão preparados? – A voz de Rony cortou o ar, fazendo Harry estremecer. Estava tão distraído com seus próprios pensamentos que não percebeu quando chegaram aos exteriores de Hogwarts.

– Eu irei na frente. – o instinto de liderança voltou a se apoderar do corpo do menino. – Agasalhem-se, pois o caminho é longo e vocês irão congelar se não o fizerem.

Harry viu todos os presente vestirem seus casacos de lã grossa e impermeáveis, luvas, gorros e cachecóis. Quando já estavam prontos, ele voltou a falar:

– Boa sorte a todos.

E deu um impulso com os pés. Em instantes, diversas vassouras planavam no céu, rumo ao Ministério da Magia. O silêncio era tão confortador a ponto de se tornar excruciante, mas era preciso refletir sobre como garotos mal preparados enfrentariam comensais da morte.

***

Draco Malfoy sentava-se em uma cadeira reclinável preta, enquanto esperava algo. Ele sentia-se assustadoramente palpitante e agoniado, como se precisasse mandar uma mensagem urgente para alguém, embora desconhecesse o destinatário da carta. Ele levantava e voltava a sentar-se a cada dois segundos, cada vez mais ansioso para o que quer que viesse a acontecer.

Não ouvia absolutamente nada, e aquilo era terrível. A sensação de estar jogado em uma bolha que repelia qualquer som crescia cada vez mais. Ele mal podia sentir o ar nos pulmões... Talvez fosse o efeito daquela bolha a qual pensara antes.

O cômodo era escuro, assim como o humor de Draco. Se não fosse uma lamparina simples no canto do aposento, seria impossível de se ver alguma coisa. Ele não entendia o porquê de estar ali. Tudo o que fizera fora ajudar Voldemort, o tempo inteiro. Trouxera o diamante, depois de um esforço considerável para manipular Cho. Convencera Gina Weasley a conquistar Harry Potter, para justamente tirá-lo do caminho.

E como era recompensado? Tendo que esperar em uma sala claustrofóbica e extremamente mal-iluminada. “Parabéns para mim”, Draco pensou, enquanto brincava com as próprias mãos. E se ele jamais tivesse aceitado ser um Comensal da Morte? Seria melhor? Estaria no meio de uma guerra ou com sua família? Provavelmente, estaria morto.

Ouviu o tilintar de metal batendo no outro, e demorou alguns segundos para associar o barulho com a porta sendo destrancada. Na realidade, Draco mal sabia mais onde era a porta, de tão perdido que estava.

– Draco? – ele ouviu o pai chamá-lo.

Lúcio Malfoy parecia desgastado, principalmente sob aquela luz macabra. Ele cortara os cabelos, perdendo completamente aquele ar de superioridade e triunfo sobre os outros. Seus olhos haviam se transformado em fendas profundas, carregadores de raiva e tristeza.

Draco não respondeu ao chamado. Não viu necessidade para tanto.

– O Lord das Trevas está chamando você.

O garoto loiro levantou a cabeça, interessado. Seria agora a hora da merecida recompensa, finalmente?

– Onde Ele está? – perguntou efusivamente.

– No próximo vagão.

Draco levantou-se repentinamente, com estrépito. Entretanto, sentiu a mão hesitante do pai segurá-lo com força.

– Draco, cuidado. Por favor. – Lúcio pronunciou, com a voz entrecortada e
preocupada.

O menino não entendeu, e limitou-se a sorrir. Mas havia algo que dizia que ele preferiria o quarto escuro do que a ira de Lord Voldemort.

***

A noite era gélida, e congelava os ossos daqueles que não estavam preparados. Pelo menos, naquele quesito, o que sobrou da Armada de Dumbledore estava pronto, pensou Harry sombriamente.

O pouso que ele fizera com sua vassoura fora triunfal, relembrando os maravilhosos dias no campo de quadribol da Grifinória. Contudo, desta vez, a torcida não existia, e um erro podia custar a vida de sete pessoas, além de sua própria.

– Nós deveríamos entrar, não é? – Gina perguntou, taciturna.

Harry estava refletindo. A entrada do Ministério era tão calma e normal que ele começou a pensar se lá dentro a tranqüilidade era a mesma.

– Sim, nós deveríamos, Gina. Vamos, gente. – Harry convocou, entrando na única entrada que conhecia: pelo telefone público vermelho de uma rua deserta em Londres.

Quando o grupo inteiro estava amontoado dentro da cabine, Harry pegou o telefone e discou o número, com vagarosidade e pesar. O elevador começou a descer. Quando chegaram ao nível do chão, observaram os dois lados antes de sair.

– Área limpa. – comentou Harry, puxando os demais para o corredor. O Ministério naquela hora avançada era um ponto escuro.

– O que nós devemos fazer? – Neville questionou, confuso.

– Eu acho que temos que sair abrindo as portas, não é? Até encontrarmos a correta. – Harry pontuou. Um calafrio percorreu por todo o seu corpo quando lembrou-se da semelhança daquele momento com o de dois anos atrás. Quando Sirius... morrera.

Mas, enfim, ele começou a percorrer os corredores, rumo à primeira porta.
Abriu-a, com uma excitação provocada pelo medo.

Teve de fechá-la quase do mesmo momento, pois uma claridade insuportavelmente incandescente invadiu seus olhos, cegando-o instantaneamente.

– Por Merlin, o que foi isso? – amaldiçoou Harry, enquanto esfregava os olhos doloridos.

– Espero que não tenhamos chamado a atenção de ninguém com esta luz toda. – Simas comentou, olhando sem parar de um lado para o outro.

Harry acompanhou o olhar do colega por um minuto, antes de constatar que continuavam sozinhos, e, acima disto, seguros.

– Vamos continuar. – o da cicatriz pediu, andando para a outra direção.

Os outros concordaram, já que não havia nada mais a ser feito. Apressaram-se enquanto iam em direção a outra porta qualquer. Empurraram-na com a mesma cautela da anterior. No entanto, este recinto nada mais era que um corredor de passagem, sem absolutamente nada dentro. Harry gostou do lugar escuro e prático, então decidiu passar a procurar a partir dali.Havia algo naquele cômodo indicando ao menino que estavam no rumo correto...

– Luna, você já viu fotos e tudo o mais sobre o lugar do Expresso? – Harry perguntou abruptamente.

– Não. Mas papai diz que fica depois do Salão Vermelho, o que quer que isto signifique. – a menina comentou, com seu habitual ar sonhador.

Harry permitiu-se sorrir.

– Estamos no caminho certo, então. – disse, apontando uma tabela na parede, que indicava quatro salões de cores diferentes. O tal vermelho era o último.

Neville foi o primeiro a entrar no próximo salão. E, estranhamente, o nome dele na tinha com relação ao real lugar. “Salão Azul”, dizia o indicativo fosforescente na parede. No entanto, o lugar não era relativo a nenhuma cor. Pelo contrário, era uma sala de espelhos, que refletia todos do grupo com uma assimetria confusa.

– Dêem as mãos. – Harry pediu, encostando em Rony e Hermione, as duas pessoas que se estendiam a seu lado. – Sala de Espelhos normalmente são traiçoeiras. Fiquem juntos, antes que sejam engolidos pela ilusão. Mione, há algum feitiço que possa nos ajudar aqui? Para encontrar a porta, eu digo.
Lentamente, um círculo começava a ser formado, através das mãos ajuntadas de cada um. Depois de mais de minuto naquele lugar, os espelhos passaram a refletir apenas a cor azul, finalmente fazendo jus ao nome do cômodo. Os olhares de Harry e Rony começaram a anuviar rapidamente, e eles tiveram que piscar para se acostumar com a cor e a reflexão intensa.

Incation Lumus! – Hermione gritou finalmente, ao lembrar-se do nome do feitiço. Imediatamente, uma faísca saiu da ponta da varinha da garota, apontando-lhe a direção da porta real.

Harry, ainda puxando os outros, foi até o próximo salão, através da porta indicada. A tortura de luz e cores se repetiu mais três vezes, até o fim do Salão Vermelho.

– Estão prontos? Quando eu abrir esta porta, encararemos Voldemort de verdade. E não é como nas histórias. – Harry pontuou, tentando permanecer calmo. Ou, pelo menos, transmitir um ar de falsa calmaria.

Os outros assentiram, o medo cada vez mais explícito em seus semblantes. Quando estavam todos preparados (com as varinhas apontadas para frente), Harry empurrou a porta. Não rangeu, tampouco produziu quaisquer sons
esquisitos.

– Não abaixem as varinhas. – Harry cochichou, agachando.

O Expresso de Hogwarts estendia-se no meio daquele corredor escuro e medonho, em toda sua plenitude e enormidade. Ele já era grande em sua estação proporcional, mas parecia absurdamente gigantesco no meio do Ministério. Não havia nada ali no começo. No entanto, não demoraria muito para encontrar-se.




Sei que ficou uma porcaria e tal ^^ Mas não deu tempo de corrigir. Corrijo no final de semana. Aguentem os errinhos até lá, okay? :]

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