Blind





Blind


Podia sentir os raios de sol esquentando o meu corpo, mas de alguma forma eu ainda sentia frio, respirei fundo e senti o aroma do perfume dela entrando pelas minhas narinas, o doce aroma de algo parecido com algodão doce, me virei e abri os olhos com um pouco de dificuldade devido os insistentes raios de sol.

Fixei meu olhar no lado direito da cama, e levei alguns segundos para me recuperar do choque de saber que ela não estava lá.

Levantei-me e sem me importar em me trocar ou calçar um chinelo, desci as escadas um pouco frustrado e bagunçando os cabelos levemente.

Dei um bocejo e entrei na cozinha, me deparando com ela sentada lendo o Profeta Diário, ela nem levantou os olhos, mas eu tinha certeza que ela sabia que eu estava lá. Ela era linda, pele clara como porcelana, cabelos castanhos escuros e ondulados lhe batendo no colo, e alguns poucos fios lhe caindo sobre os olhos amendoados e cor de mel, delicadamente adornados por longos cílios. Não devia ter mais de 1,60m, e provavelmente não pesava mais de 52kg, pernas longas, bumbum perfeito, o quadril não era largo, mas o bumbum era grande, redondinho e empinado, cintura na medida certa e seios pequenos, enfim... Perfeita, era assim que eu a via.

Caminhei até a pia e peguei um dos copos, que ela aparentemente acabara de lavar, acabei por pegar água da torneira mesmo.

- Sirius... – ela me chamou e eu a olhei enquanto bebia água – Preciso falar com você. – fiz sinal para que ela continuasse.

Ela pareceu um pouco indignada com a minha resposta, mas tentou não deixar isso transparecer muito, mas eu a conhecia melhor do que a palma da minha própria mão.

- Sirius, vem sentar aqui do meu lado. – ela pediu, mas senti que esse pedido foi mais uma ordem.

Dei os ombros e coloquei meu copo na pia, para depois ir até ela, puxar uma cadeira e me sentar ao seu lado.

- Sirius... – ela disse com pesar.

Eu já sabia o que iria vir a seguir, já havia feito isso com várias mulheres, mas nenhuma mulher fizera isso comigo antes. Apoiei um dos meus pés no assento da cadeira e passei a fitar o joelho da mesma perna, com um sorriso bobo no rosto, como se não houvesse mais nada de interessante no momento.

- Eu... Eu acho que nós não estamos dando mais certo. – ela disse um pouco nervosa.

Eu quase ri com o que ela disse e infelizmente não foi porque eu achava que o que ela dizia era um absurdo. Incrivelmente eu concordava com ela.

- Sabe... As coisas entre nós estão meio... – ela fez uma pausa, não que ela não soubesse o que falar, mas sim porque ela tinha medo de me magoar.

- Frias. – eu completei e ela arregalou os olhos, surpreendida.

- Então... Acho que deveríamos dar um tempo. – ela disse por fim, fitando o lado de fora da janela.

- Certo. – eu disse, tirando os olhos dos meus joelhos e me levantando para sair da cozinha.

- Você só vai dizer isso? – ela perguntou receosa.

- Só. – eu disse mesmo sem me virar, eu não tinha a mínima idéia do que falar, esse papo de ser rejeitado era algo novo para mim, eu estava quase saindo da cozinha quando ela fala novamente.

- Você realmente só vai falar isso? – ela perguntou tentando tirar algo de mim.

Eu suspirei e me virei para encará-la, ela vestia uma calça jeans um pouco larga, uma blusinha cinza básica de alça, calçava um par de all stars brancos surrados e vestia por cima de tudo uma capa básica de trabalho preta com feixes prateados.

- Eu só espero que você não se arrependa quando for tarde demais. – eu disse e me virei novamente saindo da cozinha.

Antes de me virar ainda tive tempo de ver a boca dela se abrindo levemente, ela estava chocada com o que eu dissera, mas esse seria o máximo de choque e frustração que ela iria demonstrar, ela não iria gritar, não iria chorar, ela apenas continuaria a ser ela mesma, a mesma Marlene McKinnon de sempre. E isso era uma das coisas que faziam ela se parecer comigo, essa era uma das coisas que me faziam amá-la e odiá-la ao mesmo tempo.

Subi as escadas em direção ao meu quarto, e quando cheguei lá, deitei-me novamente.

As coisas estavam realmente esfriando entre nós, ou melhor, estavam praticamente congelando, quase não nos víamos mais. Durante a semana ela saía antes de eu acordar para fazer as coisas dela na Ordem, e trabalhava de tarde no St. Mungos, eu acordava depois dela para ir ao trabalho, no escritório da Zonko’s, por volta de umas três horas eu saía do trabalho, ficava brisando por um tempo, para ir à Ordem às seis horas, as sete ela chegava em casa preparava o jantar, e deixava a comida na mesa para quando eu chegar usar um feitiço aquecedor, ela ia dormir por volta das onze da noite, e eu chegava às duas, ela acordava às cinco e eu às oito.

Resumindo, durante a semana eu só a via antes de dormir e ela só me via antes de ir trabalhar, ou seja, quando o outro ainda estava dormindo. Nos fins de semana quando você provavelmente deve pensar que era quando nós nos víamos tirávamos o atraso e todo o resto, realmente era isso o que fazíamos há uns dois meses atrás, hoje nós quando tínhamos sorte dávamos um beijo mais ousado, agora eu saía de manhã para jogar um pouco de quadribol, ela passava a tarde lendo alguma coisa, e à noite saíamos, eu com os marotos e ela com as garotas, ela não me dava satisfações, não dizia a onde ia ou quando voltava, e eu também não lhe dizia nada, não achávamos que precisávamos contar tudo um para o outro.

Ontem por mais incrível que pareça chegamos cedo em casa, saí com os marotos para jogar cartas na casa de Peter, e ela... Bom, não tinha a mínima idéia do que ela havia feito.

Estávamos nós dois deitados na cama, ela vestia um antigo camisetão vermelho meu com o leão dourado da Grifinória estampado nas costas, eu como sempre apenas com uma calça de moletom velha e cinza.

Marlene se insinuou, deitando-se sobre mim e eu não pude evitar de sorrir, há tempos que não tinha a oportunidade de senti-la tão perto, não consegui evitar um sorriso maroto, ela se aproximou mais e passou a beijar meu pescoço, ela conseguia marcá-lo como fogo, ela mordeu a minha orelha quando acabou, e eu sem pensar a puxei para mais perto fazendo com que a nossa distância não fosse maior que zero, e capturei os lábios dela com os meus.

Beijá-la novamente era muito bom, estávamos indo muito bem, mas de última hora nós nos separamos, eu não queria mais, não sei ao certo, mas talvez eu tenha brochado noite passada, mas ela aparentemente também não queria mais, o que foi estranho, já que não havíamos feito há quase um mês.




Abri os olhos lentamente e senti uma brisa suave bater no meu rosto, essa sensação era realmente boa, principalmente depois de ter um pesadelo.

Esfreguei meus olhos e focalizei melhor o que estava à minha frente, aparentemente eram as minhas malas, totalmente feitas. Afinal de contas, aquilo não fora um pesadelo, aquilo de fato era real. Levantei-me e peguei uma carta que estava em cima de uma das minhas malas.

Sirius,

Acho que se vamos dar um tempo não podemos continuar a morar junto, certo?


Descordo totalmente, claro que podemos morar juntos...

Como sei que quando o assunto é sério você sabe tomar a escolha certa,

Eu não sei tomar a escolha certa, eu sou burro como uma porta, você precisa escolher as minhas gravatas, você esqueceu disso?

tomei a liberdade de empacotar as suas coisas para você se mudar, sei que você nunca falaria que sou eu quem deve sair de casa. Como agradecimento a isso já falei com Remus, e ele falou que você pode morar com ele.

Eu vou morar com o Remus? Aquele amigo maluco com mania de limpeza?

Meu Merlim, a quem eu estou querendo enganar? Você deve estar se martirizando por ter que se mudar... Você vai morar com um Remus, ele é o maníaco pirado da limpeza!

Bom, de qualquer forma você vai para lá!

Boa sorte, Marlene.

P.S.: se você ainda estiver em casa quando eu voltar, eu te mato!

P.S.2: se você não me der o dinheiro que você me deve, eu vou até a casa do Remus e te mato!


Então eu vou para a casa do Remus, e tenho que deixar dez galeões para a Marlene, certo... Só acho que ela poderia ter sido um pouquinho menos exigente! Ela deveria me deixar pagar a minha dívida em dez suáveis prestações!




Na casa do Remus...

- Cara... O que você fez pra Marlene, ela praticamente falou que ia me deixar estéril se eu não deixasse você morar comigo? – perguntou o Remus assim que eu cheguei.

- Oi, Moony... Eu estou bem, obrigado por perguntar, e você? – eu perguntei sarcástico, não gosto de ser recebido com muitas perguntas, me dá dor de cabeça.

- Desculpa, Pad’s... É que eu estava preocupado...

- Típico... – eu respondi, eu sei que fui mal educado, mas eu estou realmente fulo.

- Não desconta em mim... Valeu?

- Desculpa, Moony... É que eu estou muito estressado... Isso nunca aconteceu comigo antes... – eu disse, depois despencando no sofá.

- Tudo bem, mas conta... Por que vocês decidiram dar um tempo... Assim do nada?

- A gente estava virando um daqueles casais falsos, sabe... Não nos víamos nem nada... Nem sei se ela ainda gosta de mim... Querendo ou não ela fazia mais coisas para mim do que eu para ela, a gente quase não se via, mas ela limpava a casa, minhas roupas e fazia a janta... Ela parecia mais me empregada do que a minha namorada...

Meu! Eu abuso da Marlene!

- Deprimente... – o Remus disse balançando a cabeça em um ar de reprovação.

- É o que eu diga... – eu disse.

- Eu vou terminar de fazer uns relatórios para a Ordem e já volto... – disse o Remus.

- Relaxa... Sua casa, minha casa... – eu disse.

Prostituta que pariu! Isso é muito estranho!

Agora eu moro com um homem! Isso não está certo!

Se o Remus por acaso andar só de toalha pela casa, eu vou fugir dele, eu não vou poder ir atrás dele como o pervertido que eu sou e puxá-lo para um beijo cinematográfico igual eu fazia com a Marlene! Poder ir eu posso, mas eu não vou fazer isso! Isso é gay, e eu ainda prezo a pouca dignidade que me resta!

Acho que esse é o primeiro fim de semana que eu passo em casa!

Eu realmente estou deprimido... u_u

Eu estou tendo uma crise EMO?

Não, eu não posso estar tendo uma crise EMO!

O mais próximo que eu ouço de EMO é indie rock!

E eu ainda não tentei cortar meus pulsos, ou seja, eu não estou tendo uma crise EMO, porque eu não sou EMO!




Um mês depois, na casa do James e da Lily...

- Hey cara... – disse o James me servindo um pouco de firewisk – Quando você acha que vocês vão voltar?

Eu dei os ombros e suspirei.

- Não tenho a mínima idéia, nem sei se vamos voltar... – eu disse com pesar. – Mas sei lá... Já estou meio que me acostumando com a solidão...

- Então Lily... – eu ouvi aquela voz conhecida, que fez com que os pelos da minha nuca se arrepiassem.

Eu fiquei com a boca ligeiramente aberta ao vê-la, e ela parou de falar quando me viu.

Eu estava totalmente hipnotizado, ela estava mais bonita do que a última vez que nos vimos. Ela usava os óculos de grau, que normalmente não usava, vestia uma jeans azul clara um pouco rasgada, all stars pretos e uma babylook cor de uva, que me deixava ver uma parte de seu abdômen, e algo que não estava lá quando eu a deixara.

- Você fez uma tatuagem... – eu disse surpreso.

- Fiz... – ela disse sorrindo.

Ela levantou um pouco mais a blusa e abaixou um pouco uma parte da calça, para que eu pudesse ver melhor a tatuagem, duas pequenas patas de cachorro.

Meu coração disparou, parecia que a qualquer momento ele saltaria da minha boca. Ela conseguiu fazer daquele gesto simples, algo incrivelmente sexy.

Não sei explicar, mas Marlene tem esse poder sobre mim, e eu fui tremendamente estúpido em pensar que já tinha me curado dela, a Marlene é um dos meus vícios.

Eu tenho três vícios, um deles é o cigarro, odeio esse vício e odeio o cheiro de cigarro, mas não consigo evitar, antes de dar um tempo com Marlene eu fumava em média dois maços de cigarro, agora são quatro, felizmente os bruxos já sabem como reverter os efeitos causados por ele, outro vício é mascar chiclete com sabor de hortelã, para tirar o gosto do cigarro da minha boca, o meu terceiro vício é Marlene.

Aparentemente vai ser mais difícil tentar me livrar deste último do que eu imaginava, eu sou viciado naquela voz, naquele cheiro, naqueles movimentos, naqueles quadris que se mexem em uma dança sensual mesmo que sem querer, naquela boca rosada com lábios carnudos, que me fazem querer devorá-los como um bombom do melhor, do mais caro e mais raro chocolate.

- Sirius? – ela perguntou colocando uma das mãos no meu ombro, e eu me segurei para não agarrá-la nesse mesmo momento.

- Sim? – eu perguntei um pouco confuso, por ter sido desperto dos meus devaneios.

- O James e a Lily já foram para a sala de jantar. – ela disse com um sorriso brincalhão no rosto.

- Acho que é melhor nós irmos também... – eu disse, e ela confirmou com a cabeça.

Levantei-me, passamos a andar lado a lado, não trocamos olhares e não conversamos durante este curto caminho, quem nos visse não diria que éramos conhecidos, e muito menos que somos namorados.

Afinal, nós só demos um tempo, e dar um tempo não significa que não somos mais namorados, certo?

Sentei-me ao lado de Marlene à mesa, e Lily serviu a todos, começando por mim, depois por Marlene, James e finalmente ela.

Sempre fiquei admirado com os dotes culinários de Lily, ela realmente gostava de cozinhar, eu não consigo ver como alguém gosta de fazer isso, talvez seja porque não sou um exímio cozinheiro. Contemplei o meu prato por quase um minuto, o arroz branco soltinhos à esquerda, as batatas assadas com molho de páprica à direita, frango assado acima e a alface abaixo.

Comecei a comer, por vezes me peguei admirando Marlene, ela comia como uma ratinha, não me leve a mal, ao usar essa expressão não quis dizer que ela era mal-educada à mesa, mas sim que ela comia pouco.

Ela tinha classe, era inegável dizer que Marlene tinha classe, ela comia de um jeito, que faria minha mãe ter orgulho de mim se eu comesse desse jeito, mas Marlene não era vulgar, e muito menos mantinha esta classe sempre, em jantares ela se portava assim, mas se a levasse a uma lanchonete, ela não iria se sentir nem um pouco envergonhada em fazer um campeonato de arrotos com você, e ainda iria se vangloriar por ganhar.

Quando chegou a hora da sobremesa, ouvi uma notícia que me fez engasgar.

- A gente queria saber... – começou Lily um pouco sem jeito, e Marlene e eu a olhávamos enquanto comíamos o pavê de amendoim.

- Se vocês gostariam de ser os padrinhos dos nossos casamentos. – completou James.

Eu engasguei, eu certamente não esperava por isso, já Marlene arregalara os olhos, demonstrando surpresa.

- Vocês vão se casar? – ela perguntou – Nossa...

James e Lily sorriram sem graça, eles tinham esquecido de comentar do casamento com os melhores amigos.

- Eu ia falar hoje, mas acabei esquecendo. – disse Lily sorrindo meigamente.

- Vocês aceitam, mesmo com vocês dando um tempo, certo? – perguntou o James ligeiramente receoso.

- Claro. – eu respondi prontamente, isso não iria me impedir de ser padrinho do casamento do meu melhor amigo, nem minha morte iria me impedir disso.

- Lógico. – ela respondeu, conhecendo Marlene do jeito que eu conheço, ela provavelmente deveria ter pensado o mesmo que eu.

- Obrigada! – disse Lily se levantando e indo nos abraçar.




Uma semana depois, no Leaky Cauldron...

- Mais um Tom... – eu pedi, e senti o olhar reprovador de Tom sobre mim, este devia ser o décimo copo de firewisk que eu tomava, mas Tom não disse nada, apenas me serviu.

Eu tomei mais um gole da bebida, minha resistência ao álcool é invejável, os ingleses, desculpa a expressão, já tem uma puta resistência pro álcool bebem copo de cerveja, cerveja trouxa, não a amanteigada, um atrás do outro e não ficam altos. Esses caras têm inveja da minha resistência, ou seja, esse décimo copo de firewisk no máximo vai me fazer querer ir ao banheiro.

Estava terminando de virar o copo de firewisk, quando uma mulher senta ao meu lado no balcão. Observei-a de canto de olho, ela era bonita, muito bonita, os olhos eram de um azul claro aguado, os cabelos loiros dourados, lisos em um corte abaixo da orelha, alta, chuto que deveria ter seus 1,72m, pele bronzeada como a dos atores de filmes trouxas, seios fartos, cintura finíssima e quadris largos. Essa mulher tinha curvas perigosas, eu não podia negar, mas ela era o oposto de Marlene, em todos os sentidos.

- Dia duro não? – ela perguntou mordendo o lábio inferior, eu quase ri, ela estava por acaso tentando me seduzir?

- Um pouco... – eu comentei, achando a situação divertida.

Ela deixou “sem querer” uma de suas pulseira cair, ela fez uma falsa cara de surpresa e se abaixou para pegar pulseira, e eu quase coloquei o estômago para fora quando ela o fez, ela fez questão de se abaixar para pegar a pulseira com as pernas bem abertas naquela minissaia minúscula, ela definitivamente não se dava o respeito.

Na hora de levantar, ela fingiu um tropeço e pousou as mãos nas minhas cochas e voltou a sentar no banco do bar, ajeitando a blusa, de uma forma que parecia que seus seios iriam saltar dela a qualquer segundo.

Se isso tivesse acontecido há dois anos atrás, eu provavelmente já estaria me enroscando com essa mulher em qualquer armário de Hogwarts, aos 16 anos os hormônios estão a flor da pele.

Hoje, no entanto, eu fiz algo que jamais sonhei em dizer.

- Por favor, pare de se humilhar. – eu disse.

A mulher arregalou os olhos, e se levantou bufando irritada.

Eu havia recusado mulher, eu não recuso mulher, certo que quando eu tinha a Marlene inteira para mim eu recusava, mas nesta situação em que me encontro hoje, eu não recusaria mulher, mas afinal, por que eu a recusara?

Eu demorei um pouco para entender, mas eu a recusara, porque ela não era a Marlene, simples assim.

Ela era bonita e incrivelmente sexy, mas ela não conseguira me seduzir, ela era o meu tipo de mulher, mas o meu tipo de mulher hoje é a Marlene.

Acendo um cigarro, e dou uma tragada antes de exalar a fumaça.

A Marlene era sexy, mas ela não sabia disso, ninguém sabia, só eu.

O jeito dela morder seu lábio inferior, de balançar o cabelo, de rir, de se aconchegar em mim, de se jogar em cima de mim, muitas vezes apenas para travar uma batalha para conseguir tirar o cigarro da minha mão e apagá-lo, o sorrir de lado, quando pensava em algo sarcástico ou malicioso, nunca vi garota mais sarcástica e maliciosa que ela, os quadris que se mexiam em uma dança sensual sem ela perceber, e agora aquelas duas patinhas, posicionadas estrategicamente perto dos ossinhos da bacia dela... Só de pensar o meu corpo estremece... Marlene havia conseguido algo que eu julgava ser impossível.

Ela me pegara de jeito.

Eu a amava, mas não demonstrava, não me lembro de dizer “eu te amo” nenhuma vez, ou quem sabe um “senti muito a sua falta”.




Dois meses depois, em Hogsmeade...

Era dia 20 de Dezembro, eu andava tranquilamente pelas ruas de Hogsmeade. Eu sentia uma falta daquele lugar, você não imaginava o quanto. Quando trabalhava não tinha tempo para passear, mas como havia tirado férias há uma semana, iria aproveitar o máximo.

Visitei a Zonko’s, era realmente estranho saber que eu trabalhava naquela empresa que proporcionara a mim e aos meus amigos anos de diversão em Hogwarts, mas o mais estranho ainda era encontrar coisas que eu mesmo inventara sendo vendidas ali.

Depois da Zonko’s, fui à Casa dos Gritos e depois almocei no The Three Broomsticks. Enrolei um pouco no bar, conversei com a Madame Rosmerta.

Saí dos The Three Broomsticks e fui a Honeydukes... Eu amava aquele lugar...

- Por favor, Sr. Dullin... – eu ouvi alguém pedir com uma voz chorosa.

- Já disse que não, Srta. McKinnon, seus pais me proibiram de lhe vender Diabinhos Negros de Pimenta... – disse o velho Sr. Dullin com pesar.

- Mas eu já sou maior de idade! – replicou a morena.

- Srta. McKinnon, a senhorita tem que entender que o poder que sua família tem em Hogsmeade é muito grande, eles são donos de sete propriedades do vilarejo, sendo que nenhuma é de loja, propriedades vazias, se eles decidissem abrir uma doçaria como vingança, minha mulher e eu estaríamos falidos... – disse o velhinho cansado.

Peguei alguns chicletes Baba Bola, e fui ao caixa, onde vi os tão amados ‘diabinhos’ que Marlene queria tanto.

- Boa tarde, Sr. Dullin... – eu disse – Boa tarde, Marlene...

Marlene não pareceu ouvir o que eu disse, estava muito ocupada olhando torto o Sr. Dullin.

- Boa tarde... – disse o velhinho enquanto fazia as contas dos chicletes – Só isso, jovem Black?

- Só... – eu disse e o Sr. Dullin já ia abrir a boca para falar o total quando eu o interrompi – Para falar a verdade... O senhor poderia me ver vinte Diabinhos Negros de Pimenta?

Marlene arregalou os olhos quando viu o Sr. Dullin pegar os ‘diabinhos’ para mim.

- Dois galeões... – disse o Sr. Dullin – Não gostaria de doar um nuque para a reforma do correio?

Eu não queria doar um nuque, mas eu doei do mesmo jeito, enquanto pagava os doces.

- Toma... – eu disse estendendo a sacolinha com os vinte ‘diabinhos’ para Marlene.

Os olhos dela brilharam, e ela não pensou duas vezes antes de pegar a sacolinha, e saltar com os braços em torno do meu pescoço como agradecimento, fazendo meu corpo estremecer e pedir por mais Marlene.

- Obrigada. – ela disse, se afastando.

Saímos da doçaria e passamos a andar lado a lado, ela estranhamente manteu uma distância de três metros de mim, mas de certa forma me senti mais confortável assim, para o meu próprio bem não era bom ficar tão perto dela.

Marlene saltitava como uma criança, na verdade, ela estava parecendo muito uma criança no momento, vestia um shortinhos jeans preto, uma meia de lã verde e prata, as cores de sua antiga casa, um blusão grande e branco de esquiar, que quase cobria todo o shortinhos, o cachecol da Sonserina, o clássico all star preto, polainas pretas, e abafadores de ouvidos pretos. Ela realmente parecia uma criança, ainda mais fazendo questão de soprar fogo, por causa dos ‘diabinhos’.

Já eu acho que pareço ter a minha idade, tenho os meus 1,85m, corpo definido, um bumbum de dar inveja a qualquer um, pele clara, olhos cinzas e cabelos pretos e lisos na altura da orelha, não posso esquecer do meu piercing na língua. Vestia uma jeans escura, um all star preto, um moletom vermelho, com um casaco preto aberto por cima e um cachecol da Grifinória.

Marlene algumas vezes dava uma volta em torno de si, tentava assoprar fogo em mim, ou começava a cantarolar.

- Sua louca... – eu murmurei balançando a cabeça levemente.

- Sou louca, mas sou feliz... – ela disse – Vai Six... Se solta!

Meu coração acelerou, ela havia me chamado de Six, ela nunca me chamava de Six, na verdade ela chamava, mas só quando estava afim de... Ah... Vocês sabem...

- Me soltar? – eu perguntei levantando uma sobrancelha e ela apenas afirmou – Certo...

Nesse exato momento, eu puxei a minha varinha e fiz com que um pouco de neve voasse para a minha mão, fiz uma bola de neve, que acertou o ombro de Marlene.

Ela tentou revidar, mas antes que ela conceguisse jogar a sua bola, eu joguei outra, que a fez soltar a que estava prestes a jogar.

- Assim não vale... – ela murmurou, mas ela não estava brava, ela estava sorrindo.

E se eu tivesse prestado mais atenção eu saberia o porquê, pois pouco tempo depois uma grande quantidade de neve que levitava sobre a minha cabeça caiu.

Tirei a neve dos meus cabelos agora totalmente encharcados e vi Marlene sair correndo.

- Você realmente acha que eu não vou te alcançar? – eu perguntei e em resposta ela soltou uma gargalha.

Comecei a correr atrás dela e em pouco tempo eu a alcancei, me jogando em cima dela e fazendo com que nós caíssemos na neve.

Eu estava em cima dela.

Ela olhava no fundo dos meus olhos, e eu quase me senti nu por causa desse olhar.

Lentamente ela levanta uma das mãos, e passa uma de suas mãos geladas na minha bochecha e me trás para um beijo.

Eu me surpreendi, mas correspondi, e rolei para que ela ficasse sobre mim.

Depois do beijo, ela começou a depositar beijos no meu pescoço, e eles pareciam cravar a minha pele a fogo, eu queria mais, mas ela parou saindo de cima de mim, sem mais nem menos.

- Sirius... Não está certo... – ela disse.

- Por que? – eu perguntei, a olhando atordoado.

- Você não quer... – ela disse.

Eu juro, que não existe bicho mais estranho que mulher!

- Não quero? – eu perguntei um pouco confuso.

- Você pode até querer, mas você não me ama... – ela disse olhando para cima.

Certo... Agora sim eu não entendo mais nada... Mulher é um bicho estranho, que te cunfunde!

Escuta meu conselho... Seja gay, eu não sou, porque não tenho mais jeito, já que tenho o escambal por mulher!

- E por que você acha que eu não te amo? – eu perguntei.

- Você não fez nenhuma objeção quando eu pedi um tempo, se você me amasse teria feito um escândalo... – ela disse com a voz baixa.

- Eu não fiz nenhuma objeção, porque eu achei que era o certo... Afinal nós não estávamos mais tão bem... – eu disse, começando, mas só começando mesmo, a entender o que ela queria dizer.

- E você acha que nós vamos nos dar bem agora? – ela perguntou esperançosa.

- Eu não sei... – eu respondi com sinceridade – Eu não vou mentir dizendo que tudo vai ser diferente agora, mas eu prometo que vou me esforçar mais para as coisas darem certo.

- Obrigada. – ela disse me abraçando, fazendo com que eu deitasse novamente.

Eu a beijei, um beijo com muito carinho, não queria que ela saísse de perto de mim, nunca mais.

- Não vou deixar você sair de perto de mim nunca mais... - eu disse entre alguns beijos que eu dava nos pescoço dela, então me aproximando da orelha dela – Eu te amo...

Admirei o se arrepiar de Marlene, ela era linda.

- Também te amo... – ela disse.

Os beijos aos poucos foram se tornando mais lentos, e mais sensuais, ela beijava de um jeito único, com gosto de ‘diabinhos’, e brincando com o meu piercing de língua, jeito que me fazia sentir um fogo que saía do meu coração e que ia para todo o resto do meu corpo.

Eu a abracei mais perto de mim, e aparatei, nós agora estávamos na nossa cama, na cama do nosso apartamento.

Eu a beijava, tentando demonstrar todo o amor que eu sentia por ela, aquele amor que vivia cegamente dentro de mim, e que agora correspondido me fazia sentir completo novamente.




Música:

Blind - Lifehouse

Cego

I was young but I wasn't naive
Eu era jovem, mas não era ingênuo
I watched helpless as you turned around to leave
Eu assisti sem poder fazer nada enquanto você ia embora
And still I have the pain I have to carry
E eu ainda tenho a dor que devo carregar
A past so deep that even you could not burry if you tried
Um passado tão profundo que nem você não poderia enterrar se tentasse

After all this time
Depois de todo este tempo
I never thought we'd be here
Eu nunca pensei que nós estaríamos aqui
Never thought we'd be here
Nunca pensei que nós estaríamos aqui
When my love for you is blind
Quando meu amor por você era cego
But I couldn't make you see it
Mas eu não consegui fazer você ver isto
Couldn't make you see it
Não conseguia fazer você ver
That I loved you more than you'll ever know
Que eu te amei mais do que você jamais vai saber
And part of me died when I let you go
E uma parte de mim morreu quando eu deixei você ir...

I would fall asleep only in hopes of dreaming
Eu dormiria somente na esperança de sonhar
That everything would be like it was before
Que tudo seria como era antes
But nights like this it seems are slowly fleeting
Mas noites como essas parecem estar passando lentamente
They disappear as reality is crashing to the floor
Elas desaparecem conforme a realidade vem a tona

After all this time
Depois de todo este tempo
I never thought we'd be here
Eu nunca pensei que nós estaríamos aqui
Never thought we'd be here
Nunca pensei que nós estaríamos aqui
When my love for you is blind
Quando meu amor por você era cego
But I couldn't make you see it
Mas eu não consegui fazer você ver isto
Couldn't make you see it
Não conseguia fazer você ver
That I loved you more than you'll ever know
Que eu te amei mais do que você jamais vai saber
And part of me died when I let you go
E uma parte de mim morreu quando eu deixei você ir...

After all this while
Depois de tudo isto
Would you ever wanna leave it?
Você gostaria de partir?
Maybe you could not believe it
Talvez você não pudesse acreditar
That my love for you is blind
Que meu amor por você era cego
But I couldn't make you see it
Mas eu não consegui fazer você ver isto
Couldn't make you see it
Eu não consegui fazer você ver

That I loved you more than you'll ever know
Que eu te amei mais do que você jamais vai saber
And part of me died when I let you go
E uma parte de mim morreu quando eu te deixei ir...

That I loved you more than you'll ever know
Que eu te amei mais do que você jamais vai saber
And part of me died when I let you go
E uma parte de mim morreu quando eu te deixei ir...




N/A.: OMG!
Acho que nunca tinha escrito nada tão cheio de sentimento... Sei lá... Já escrevi cenas mais, como dizer? Acaloradas? Mas nada que tivesse esse sentimento que eu acho que o Sirius e a Marlene emanam juntos...
Acho que eles são o shipper que eu mais gosto!
Eu amo escrever fics com uma pessoa sonserina e outra grifinória... Eu realmente acredito que os opostos se atraem... Na verdade acho que só um oposto não se atrai... Uma pessoa burra com uma inteligente não dá certo... Tipo... A pessoa pode até ir mal na escola, mas precisa saber conversar... Acho que eu acharia super estranho uma pessoa inteligente namorar uma retardada... P/ mim é tão difícil achar amor nisso >.<
Meu carma... Escrever cenas românticas... Gosto de ler cenas românticas, mas que demostrem o sentimento, nada de melzinho, muito mel me faz querer regurgitar qualquer coisa que eu tenha no meu estômago... Por isso se vocês acharam alguma cena da fic com mel... me avisa! PELOAMORDEDEUS! AVISA! EU ODEIO MEL!
Bom... É isso aí... Espero que vocês tenham gostado tanto de ler a fic quanto eu de tê-la escrito...
Beijos...
Ministério da Saúde Adverte: deixar comentários faz bem para a saúde!
P.s.: quem gostar passa em outras fics minhas, ok? ;]

Miss Laura Padfoot

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