Isso é loucura!



Uma mulher de longos cabelos negros e olhos penetrantes caminhava pela rua deserta na madrugada.
Já passara de um mês desde aquele “ocorrido”, como ela costuma chamar, mas para ela não parecia ter se passado nem um dia. Lembrava-se de cada detalhe, cada palavra e sorriso. Quarenta e dois dias, quarenta e dois dias desde a morte de Sirius Black. Desde o assassinato de Sirius Black!
Ela não entendia porque se sentia assim. Nunca havia se arrependido de nada do que fizera, entrara para os Comensais da Morte por livre e espontânea vontade, matara e torturara várias pessoas, despedaçara centenas de famílias... Nunca havia se sentido mal, arrependida ou triste. Mas ultimamente as coisas estavam sendo diferentes.
A imagem de seu primo vinha à mente em todos os momentos. Aparecia sorrindo em seus pesadelos. Atormentava seu sono. Trazia lembranças antes esquecidas. Brincava com a sanidade dela.
Belatriz Lestrange tivera sim um caso com seu primo na adolescência, mas havia sido coisa do momento, um “acidente”, nada que poderia deixar uma marca em seu futuro. Mas então porque ela não conseguia esquecer o Black, sendo que sexo uma única vez fora à única ligação que tiveram?
Nunca haviam se dado bem, nunca se entenderam, brigava e se xingavam o tempo todo. Transaram uma vez, ela não podia negar, mas foi graças a bebedeira da noite, uma festa na mansão Black em sua juventude.
Ela não queria pensar nele. Ele não merecia seu tempo gasto. Sempre foi um traidor, um amigo de trouxas e sangues-ruins, um idiota! Fora para o caminho errado. Se ele fosse espero ele seria um seguidor do Lord das Trevas, o bruxo mais poderoso de todos os tempos. Oh sim! Sirius Black daria um bom Comensal. Mas não, ele preferiu ser diferente do resto da família. Quis ir para o lado do bem, dos mocinhos... Dos trouxas!
Bem... O que adiantou ele seguir para o outro lado? Negar seu sangue? Foi preso do mesmo jeito, não foi? Teve o mesmo fim que ela.
Ao lembrar-se dos anos que os dois passaram em Askaban ela riu, imaginou o sofrimento dele ao estar com os dementadores. Ela tinha que confessar, ele fora forte, mais forte do que ela imaginara. Se ela o conhecia, sabia que Askaban não era lugar para Sirius Black. Nossa como ele deve ter penado naquele lugar! Ela gargalhou.
Um grande cachorro negro passara em frente a ela, saindo de um beco. A morena apontou a varinha para ele, de sua varinha um jato verde saiu e acertou o animal, que tombou. Ela gargalhou. Por um instante, ela pode ver seu primo caindo pelo véu novamente, naquele dia no Ministério da Magia.
Viu a cara de desespero do Harry Potter. O famoso Potter, o menino-que-sobreviveu. Oras, criança tola! Quem ele pensava que era? Achava que poderia vencer seu Lorde? Pensava que era alguém só porque era o preferido de Dumbledore...
Dumbledore? Outro tolo! Velho babão! Sua época já havia passado. Mais dia ou menos dia ele tombaria como aquele cachorro... E esse dia não demoraria a chegar.
Todos do mesmo lado na guerra. O lado dos trouxas. O que se passava pela cabeça dessas criaturas? Como poderiam escolher o lado perdedor? Era uma questão de lógica: se o seu lado é mais fraco, você vai perder! Então vá para o lado vencedor. Qual a graça em perder?
Ela não entendia. Continuava seu caminho, andando seu rumo, apenas andando para qualquer lugar e pensando.
Sentiu a marca negra em seu braço queimar, olhou para ela que estava mais viva do que nunca. Sorriu e passou o dedo por ela, sem ligar para a dor ou queimação. Gostava de sentir isso. Gostava de saber que era uma das pessoas em que Lorde Voldemort mais confiava. Sentia-se segura, poderosa, amedrontadora.
Sabia estar jogando do lado certo.
Olhou para os lados da rua antes deserta e viu um homem do outro lado, encostado ao muro de alguma loja. Sirius Black olhava para ela. Ele sorria vitorioso, o mesmo sorriso que ele sempre mantinha no rosto. Mas por que? Ele não tinha morrido? Por que sorria desse jeito? Ele já havia perdido tudo.
“O que faz aqui, perdedor? Veio me buscar para me levar junto a você?”, ela o encarava e gargalhava. Ele desencostou do muro e começou a rumar calmamente até ela, que estava parada. “É tempo perdido, Black. É tempo perdido, como toda sua vida foi. Você perdeu sua vida, Black. Deveria ter sido mais esperto. É uma pena! Poderíamos ter nos entendido muito bem se você não fosse tão idiota... Adeus Black! Volte para baixo da terra, o lugar de onde você nunca deveria ter saído.”
Ela ouviu um barulho atrás de si e se virou para olhar, era apenas o vento. Voltou os olhos para onde o moreno estava segundos antes, mas não havia mais nada lá a não ser a luz do poste.
Continuou seu caminho. Sentia a marca queimar cada vez mais em seu braço. Seu lorde a esperava, mas ela não estava com pressa. Daria uma desculpa qualquer depois, ele a puniria pelo atraso, ela o ajudaria em algum plano e depois tudo era esquecido.
Sorriu ao pensar em seu lorde e como ele podia confiar nela. Nem ela mesma confiava em si. Não confiava em ninguém!
Fechou os olhos e imagens de seu passado começaram a passar. Momentos felizes... Sim, ela tivera momentos felizes e agradáveis. Abriu os olhos e viu o longo caminho pela frente, a rua vazia. Ela já estava ali a um bom tempo, mas parecia que ainda não saíra do lugar.
A marca ardia cada vez mais, uma lágrima caiu de seus olhos. Uma única lágrima solitária escorria pela sua face e ela não fez questão de limpar. Não podia chorar, isso era fraqueza. Belatriz Black Lestrange não era fraca!
Gargalhou novamente assim que a lágrima caiu. Não podia dizer se a lágrima era de dor, alegria ou tristeza. Todos os sentimentos se confundiam. Por que o ser humano tinha isso? Sentimentos? Uma coisa muito inapropriada para pessoas como ela.
Se bem que em alguns momentos era bom ter sentimentos ou determinadas sensações. Como quando era recompensada pelo seu lorde, quando sentia a marca negra queimar em seu braço, quando matava ou torturava alguém de sangue sujo... Ok. O ser humano deveria ter sensações e não sentimentos.
Ah sim! Como poderia esquecer... A melhor sensação de todas: matar seu priminho. Ver o Sirius Black morrer. Ver Harry Potter se desesperar.
Sirius Black morto! Estava começando a gostar de repetir isso. Lembrava da infância, as varias vezes em que visitava a mansão Black e brigava com Sirius. As noites mal dormidas naquela casa, em que ouvia ele gritar, brigar com os pais ou com os quadros no meio da madrugada.
Choro! Sorriu ao lembrar-se de Sirius Black chorando. Isso sim era coisa boa de se lembrar. Poucas vezes ela vira ele chorando, mas essas poucas vezes ela havia guardado a cena na memória para sempre.
Ela nunca quis saber o porquê dele chorar. Isso não a importava. Por que se interessaria?
Mais uma lágrima desceu teimosamente por seu rosto e dessa vez ela passou a mão para seca-la. Não podia ficar chorando! Era contra seus princípios. E nem sabia porque chorava. Estava sentindo-se estranha.
Várias outras lágrimas seguiram e ela limpava desesperadamente. Não conseguia parar. Lágrimas e mais lágrimas desciam pelo seu rosto, Belatriz não conseguia se controlar e isso estava a irritando. Chorava no meio da noite, em uma rua deserta, por um motivo que nem ela mesma sabia. Estava enfraquecendo.
Queria parar de chorar. Queria parar de pensar. Esquecer algumas lembranças, algumas pessoas.
Pensou em seu lorde. Ele já deveria estar impaciente, irritado com sua demora. A morena secou as últimas lágrimas, que finalmente pararam de cair. Pensar demais estava a enlouquecendo. Deu uma última olhada na rua vazia e, mais uma vez, o sorriso vitorioso de Sirius Black aparecia para atormenta-la. Belatriz enlouquecia aos poucos e tudo “Por sua causa....”, ela murmurou olhando para seu primo.
Virou as costas para ele. O moreno não estava lá. Era só fruto de sua imaginação, andara pensando muito nele nos últimos tempos. Tinha que se focar em algo real: olhou para a marca no seu braço, havia parado de queimar. Passou a mão sobre ela novamente e aparatou. Aparatou para onde seu mestre estava. Tinha que viver sua vida. Viver o que era real.


N/A:
Oi! Espero que tenha gostado da fic (porque eu não gostei muito...).
Mais uma vez eu tento ir para novos caminhos... Monha primeira Sirius/Belatriz! =D
A fic simplesmte apareceu na minha cabeça quando eu vi o desenho usado na capa e achei que combinava com a Belatriz.
AGRADECIMENTOS: ao Google por me mostrar a imagem da capa, ao anime (porque sem ele nao teria capa), a tia Rowling por inconsientemente me ceder os personagens para essa fic, a mamãe e papai por me fazerem... etc!
COMENTEM aí, gente! Porque mesmo com a fic terminada eu ainda vou passar aqui para ler seus comentários e responde-los também.
bjo

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