Único



N/A: Songfic baseada na música: The Path Of Thorns (tradução) - Sarah Mclachlan. Não tenho nenhum direito sobre a música, os personagens, e nem a foto da capa... (é bom deixar avisado)
Espero que gostem da fic e comentem!
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*O Caminho de Espinhos*

Uma mulher de longos cabelos ruivos e olhos verdes acordou assustada naquela manhã. Ela não podia se dar ao luxo de dormir, tinha hora para chegar, seu marido não poderia dar pela sua falta. Olhou para a janela, mas só pôde ver uma pequena claridade do sol, entrando por uma fresta da janela tampada pela bela cortina, a única luz naquele quarto.
Ao ver o sol levou um sobressalto e levantou-se da cama de um pulo, puxando a coberta para perto de si e se enrolando com ela.
- Não se preocupe. Ainda é cedo, seu marido não voltou do trabalho ainda. - ela ouviu a voz rouca vindo de um canto do quarto, virou-se e viu um vulto sentado em uma poltrona no canto mais escuro do local
A moça suspirou aliviada ao ouvir a voz dele.
- Você não devia ter deixado eu dormir. Sabe que se o Harry chegar em casa e não me ver... - ela não terminou a frase, ainda enrolada na coberta ela correu até onde suas roupas estava jogada e começou a se vestir rapidamente
- Se ele chegar em casa acontece o que? - o homem levantou-se e foi até a janela, a abrindo e olhando para o horizonte
Pela primeira vez o belo homem loiro de olhos azuis-acinzentados pôde ser visto, usava apenas uma calça preta, estava sem camisa e com os cabelos despenteados. Na sua face não parecia ter nem um sinal da noite anterior, só os olhos mais observadores poderia ver uma leve marca roxa no seu pescoço alvo. Ele voltou a olhar para a mulher que já estava toda vestida e agora amarrava o cabelo desajeitadamente. Não sorriu, não falou nada, apenas manteve-se a vigiando.

Eu sabia que você queria me falar
Na sua voz havia algo errado
Mas se você virasse seu rosto para longe de mim
Você não poderia me falar que é tão forte...


A ruiva terminou de se arrumar rapidamente, olhou no relógio, espantou-se, correu até o loiro e o beijou. Ele a correspondeu. Se beijaram como se fosse a última vez. Assim que se separaram, ela olhou para ele demoradamente, passou a mão pelo rosto dele e perguntou:
- O que foi? Algo te preocupa...
Ele tirou a mão dela de perto dele e caminhou até a porta, a abrindo:
- Nada, Gina. Não é nada importante. - ele respondeu secamente, como era habitual, mas ela percebeu que na voz dele havia algo errado.
- Draco... Você sabe que pode confiar em mim. - ela falou andando até a porta onde ele esparava que ela saísse
- Já disse que não é nada, Gina. Pode ir embora. Potter daqui a pouco vai voltar de trabalho... Você não vai deixar ele sozinho lá, vai? - o homem disse se afastando dela, que tentava o beijar de novo
- Você está estranho. - ela comentou pegando a bolsa e olhando para ele seriamente - Estou indo então. Tchau, Draco!
Ela se despediu dele e aparatou assim que chegou no corredor. Logo que ela sumiu, Draco bateu a porta e voltou para a cama, onde eles passavam horam juntos compartilhando de uma intimidade que anos atrás nunca pensariam ter.

Só me deixe te perguntar uma pequena coisa
Como nós dividimos tantas lágrimas?
Nossos sonhos planejados, com zelo, para uma vida inteira
Agora estão espalhados pelo vento...


Gina aparatou no jardim de sua casa e entrou silenciosamente nela, para que não acordasse seus filhos. Tirou os sapatos, subiu as escadas e parou em frente a uma porta onde estava escrito "Alvo Severo", entrou calmamente pelo quarto, acendeu a luz da varinha e foi até uma cama onde uma criança de uns cinco anos de idade dormia tranquilamente. Ao lado da cama havia um armario com uma porta entreaberta, foi até ele e acordou um ser estranho de grandes olhos:
- Desculpa te acordar essa hora, Cindy. Mas tudo bem com o Alvus essa noite? Nenhum daqueles pesadelos de novo? - ela perguntou para o elfo, que meio adormecido ainda respondeu que a criança dormira bem e não acordara hora nenhuma
A ruiva virou as costas para a elfo que voltou a dormir, foi até a criança, deu um beijo em sua testa, cobriu melhor ela e saiu do quarto silenciosamente, da mesma maneira que entrara. Foi até o quarto da frente, onde estava escrito uma placa com os dizeres "Tiago Potter". Foi até a criança, um pouco mais velha que o outro garoto, checou para ver se ele estava bem coberto, o beijou e saiu. Tiago já era crescido e não precisava de elfo doméstico para cuidá-lo. Fez as mesmas coisas do primeiro quarto, no próximo quarto onde dormia Lílian, sua fiilha mais nova que era cuidada dia e noite por um elfo chamado Six.
Apagou sua varinha e continuou seu caminho até o quarto no fim do corredor, onde dividia com seu marido Harry Potter. Gina abriu a porta do quarto temendo encontrar alguém lá.
Era sempre assim, toda noite em que seu marido fazia hora extra no trabalho. Harry era auror e costumava ficar no período noturno de reserva no quartel, por ser um dos melhores aurores e a noite era o período onde aconteciam mais problemas.Após ele sair, Gina colocava seus três filhos para dormir, via se estava tudo certo na casa, deixava as duas elfos encarregadas de cuidar das crianças ou de qualquer imprevisto noturno e aparatava para a mansão de seu amante, Draco Malfoy. Voltava para casa antes das 6 da manhã, a hora em que Harry voltava para casa.
Ela tinha tudo para ser feliz, tinha uma vida quase perfeita. Mas sofria de um dilema: Harry Potter, seu marido e amigo desde a infância, ou Draco Malfoy, seu amante e confidente?
Gina Weasley, agora a Sra. Potter, não sabia escolher. Já fazia anos que era casada com Potter e já tinha filhos quando ela conheceu o verdadeiro Draco Malfoy e se apaixonou, mas ela amava seu marido!

Nas condições de carinho
Nas condições da vida que você ama
Nas condições dos anos que passaram por você
Nas condições das razões por que

Através dos anos eu cresci para te amar
Embora seu compromisso ofendesse a maioria
Mas eu paralisei por você esperando com meu orgulho tolo
Esperando você ceder...


Tomou um banho rápido, tendo mais uma de suas crises de consciência, colocou seu pijama e se jogou na cama, adormecendo logo em seguida. Pouco tempo depois a porta de seu quarto abriu, o sol já aparecia no horizonte, e um moreno de olhos verdes entrou sorrateiramente, deitou na cama e encostou seus lábios nos da esposa adormecida, sorriu e levantou-se. Tomou um rápido banho, estranhou o banheiro estar molhado, achou que a esposa havia acordado no meio da noite com calor e tomara banho... Fazia sentido, o tempo realmente estava muito quente. Colocou seu pijama e se deitou ao lado dela, que se mexeu preguiçosamente ainda dormindo.
Harry começou a passar a mão pelos longos cabelos da mulher que tanto amava, a mãe de seus filhos, sua esposa, sua amiga, e dormiu logo depois com um sorriso no rosto.

Você nunca realmente tentou, ou assim parece
Eu tive mais que a mim mesma para culpar
Eu estou farta de tentar tudo
E desta vez é o fim


Gina acordou tarde no outro dia ouvindo gritos ao seu lado, abriu os olhos devagar. Reconhecia as vozes, sabia que era mais uma das brigas de Tiago e Alvo:
- Pára, Tiago! Eu quero meu ursinho! - uma voz chorosa falava perto dela
- Pois eu não te dou. Olha seu tamanho, garoto! Não tem mais idade para brincar de ursinhos... Você tem que brincar com vassouras e coisas de gente grande! - uma outra voz alegre
- Mas eu quero o Tobias! O Tobias é meu! Devolve! - a criança insistia, depois olhou para a mãe e viu que ela começava a acordar
O mais novo se jogou na cama encima da mãe e começou a chorar:
- Ô mãe, o Tiago pegou o Tobias! Fala para ele devolveeeeeeeeee!
A ruiva suspirou, começou a acariciar a cabeça do menino aos seus braços, colocou ele sentado na cama e sentou-se ao lado dele. Depois virou para o outro garoto que tentava esconder algo dentro do armário do pai, e disse ainda bocejando:
- Tia-Tiago, devolve o urso do seu irmão...
O garoto mais velho assustou ao ouvir a voz da mãe e fechou a porta do armario rapidamente, sorrindo acanhado para a mãe:
- Bom dia, mamãe!
- Bom dia, filho. - ela disse abraçando Alvo que não parava de chorar e pedir o "Tobias" - Mas vamos, devolve o Tobias para o seu irmão...
- Mas eu não peguei o Tobias! - Tiago disse saindo de perto do armario e tentando sair de fininho do quarto
- Devolve o Tobias para seu irmão... - Gina repetiu, não tinha dormido bem e havia acordado com uma baita dor de cabeça
- Eu já disse que não... - Tiago começou a falar mas foi interrompido pela mãe
- DEVOLVE O MALDITO URSO PARA O SEU IRMÃO!
Após o susto de ouvir a mãe gritando, Tiago correu até o armario do pai e tirou de dentro dele um urso branco de pelúcia e entregou, envergonhado, para o irmão que finalmente parara de chorar e abraçava o animal.
- Pronto... Foi muito difícil? - Gina perguntou para os dois, que ficaram quietos - Agora que está tudo resolvido vocês podem ir brincar lá fora? Papai precisa dormir. Está muito cansado, trabalhou a noite toda. - ela disse colocando Alvo no chão e se levantando também, espreguiçando-se
- Tudo bem, Gi. Já acordei mesmo. - ela ouviu a voz do marido e virou-se rápido para ele, que sorriu - É impossível dormir com os seus gritos e o choro do Alvo. Ele é seu filho mesmo, hein? Que garganta potente...
Harry comentou sorrindo marotamente e dando um beijo na testa da esposa.

Nas condições de carinho
Nas condições da vida que você ama
Nas condições dos anos que passaram por você
Nas condições das razões por que

Não há mais como voltar atrás
O caminho aumentou e tem espinhos espalhados
Eles rasgaram o sangue vivo de seus olhos nus
Dê o fora para ser abandonado


Gina passara o dia todo mal-humorada e pensativa, Harry percebera e ela havia dito que era apenas uma dor-de-cabeça e nada mais, que ele não precisava se preocupar. Havia se decidido, conversaria com Draco. As coisas não poderiam ficar assim. Ela não conseguia mais mentir para o Harry, que a cada dia demonstrava que a amava mais, para seus filhos e para si própria. Teria que terminar com isso uma vez por todas. Escolher entre Harry ou Draco, entre um amor e uma paixão. Valeria a pena trocar um verdadeiro amor por prazer? Mas ela ainda amava tanto assim seu marido, porque se o amasse mesmo nunca o trairia... Não sabia mais o que sentia.

Nas condições de carinho
Nas condições da vida que você ama
Nas condições dos anos que passaram por você
Nas condições das razões por que

Nas condições de carinho
Nas condições da vida que você ama
Nas condições dos anos que passaram por você
Nas condições das razões por que

Engraçado, como parece que tudo que eu tentei fazer
Pareceu não ter feito diferença pra você no fim das contas.


O dia passou rapidamente, e como sempre, após Harry sair para o trabalho, ela colocou as crianças para dormir, se arrumou e foi para a mansão Malfoy. Assim que aparatou, encontrou o loiro sentado na mesma poltrona do dia anterior.
Draco foi até ela e a beijou, como sempre faziam. Começou a passar a mão pela blusa dela e abrir seus botões, mas a ruiva afastou sua mãe e distanciou-se dele. A janela estava fechada, mas a ruiva podia ouvir o barulho das gotas da chuva de verão batendo na janela.
O loiro estranhou o movimento dela e olhou desconfiado.
- O que houve agora? - perguntou
- Draco, precisamos conversar. - ela falou fechando os poucos botões da sua blusa que ele tinha aberto, indo até a janela e a abrindo para poder olhar a chuva
- Discutir relação? Agora? O que aconteceu? O seu "maridinho" descobriu? - ele deu um estranho tom ao falar do marido dela
- Não é isso, mas é que eu estava pensando e... bem... Não consigo mais fingir... Minha família está desmoronando a minha volta... Meus filhos não se entendem, meu marido passa a maior parte do tempo reclamando que não dou a devida atenção...- ela começou a dizer tudo que já havia planejado sem o olhar, mas as palavras fugiam de sua boca. Pensar era bem mais fácil do que agir.
Ela não conseguiu completar a frase, mas ele entendeu. O loiro chegou perto dela, a abraçou por trás passando a mão pela sua cintura e ela não se mexeu. A virou e se beijaram apaixonadamente, como se quisessem deixar guardado aquele momento para sempre. O último momento deles.
O momento em que não esqueceriam, mas também jamais falariam sobre. O último beijo.

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