≈. Desentendimentos.



- Natalie?

Ela acordou. Estava deitada numa cama na ala hospitalar, cercada por quatro garotas curiosas.

- Você está melhor, Nat?

- Geente, ela tá pálida!

- Ela é branca assim mesmo, sua sequelada!

Natalie se sentou na beirada da cama, tentando desanuviar a cabeça. Madame Pomfrey veio correndo e lhe estendeu dois imensos pedaços de chocolate.

- O que aconteceu com ela? - perguntou Alexy.

- Não sei, do nada ela gritou e ploft!no chão - respondeu Mia, catando um pedaço do chocolate dela.

- Por que desmaiou, srta. Smith? - perguntou Madame Pomfrey, rejeitando os comentários das garotas.

Natalie prendeu a respiração. Procurou o olhar de Vallery, aflita. Ela apenas fez um sinal negativo com a cabeça em resposta.

- Eu... - hesitou ela. - Fiquei nervosa por causado teste, só isso... - Não tomei café da manhã - mentiu ela rapidamente.

Bom, você não parece ter nada grave - examinou Madame Pomfrey. - Talvez precise ficar algum tempo...

- Não! - Natalie interrompeu-a rapidamente. - Eu estou bem!

Vallery mordeu o lábio, impaciente.

- Pode ir, mas se sentir tonturas mais uma vez, volte.

- Aham - Natalie se levantou, mordendo o chocolate. Em seguida saiu correndo da ala hospitalar, sem olhar para trás.

- Nat, o que aconteceu de verdade? - Vallery a alcançou, com uma expressão séria. - Foram aquelas visões de novo, não é?

Ela não repondeu. Abriu a porta da primeira sala que encontrou, entrando em seguida Vallery, Alexy e Mia.

- Responde, Natalie! - insistiu Vallery.

Ela parou em frente a janela. Quando se virou, seus olhos estavam marejados de lágrimas.

- O que está havendo comigo?

Natalie desabou numa cadeira, cobrindo o rosto com as mãos. Vallery correu para abraçá-la, sentando-se ao seu lado.

- Me diz... o que aconteceu dessa vez? - Peguntou ela, mudando o tom de voz.

Natalie contou tudo e ao terminar, reinava o silêncio no lugar.

- Mas você não disse que esse dom saltava não-sei-quantas gerações? - perguntou Mia, quebrando o silêncio. - Por que você tem isso?

- Não faço idéia... - disse ela, afastando do rosto os cabelos ruivos. - Mas não importa... eu só queria saber quem era aquela menina na Floresta Proibida...

- Ah, não liga pra isso não! - resmungou Alexy, que até o momento estivera calada. - Nada do que você prevê acontece, certo? Aquele caso da Mia...

- Não quero falar sobre isso! - Mia se desesperou.

- Tudo bem, nem sempre... Mas foi tão real... - completou Natalie, suspirando.

De repente a porta se abriu. Uma garota de cabelos loiros entrou, aparentemente sem notar as outras, se sentou em uma cadeira no canto da sala, lendo um livro.

- Você de novo? - gritou Alexy enfurecida. - Não sabe bater na porta?

- Me desculpe - falou Amanda fingindo inocência, erguendo os olhos para Alexy. - Se soubesse que ia encontrar você aqui, iria ler no banheiro da Murta-Que-Geme! - disse ela, encaminhando-se para a porta.

Alexy apontou a varinha para a porta, que seu fechou com um barulho. Amanda se virou violentamente, encarando-a.

- Quer arranjar problemas comigo? - Alexy apontava a varinha para ela agora. - Eu posso fazer você até ser expulsa daqui... Não seria a primeira...

- Não me interessa. Você foi a garota que desmaiou, não foi? - perguntou Amanda para Natalie, ignorando-a totalmente.

- Vai embora, não é da sua conta! - Alexy gritou, enraivecida. Vallery lançou-lhe um olhar de censura.

- Por mim... - Amanda deu de ombros, colocando o livro na mochila. - Foi você que não me deixou sair, certo?

- Ela daria uma ótima Venom - sussurrou Mia para Vallery. - Eu e essa Amanda poderíamos formar a instituição Doe-Um-Cérebro-Para-Alexy, o que acha? - Vallery riu.

- Tenho mais o que fazer - resmungou amanda.

- Foda-se. Quem você acha que é? - debochou Alexy, olhando-a de cima. - É a segunda vez que voicê me irrita em um dia!

- Tá nervosa? Vai pescar!

- Querem parar com esse filme de faroeste, vocês duas? - gritou Mia, começando a se chatear.

- Cala a boca, Maiara!

- Pára, Alexandra.

Alexy cruzou os braços e ficou quieta quase instantaneamente ao ouvir a voz de Vallery. Ficara óbvio quem era a líder delas.

- Pode ir, Amanda - sibilou Vallery, encarando os olhos azuis da garota. - Alexy anda meio... esquentadinha, mas ela vai parar de tratar as pessoas como cachorro, se ela não quiser que eu a transforme em um, ok?

- Eu não sou cachorro não... - cantou Mia, se divertindo. Alexy mordeu o lábio. Não ousava discutir com Vallery.

Amanda sorriu, virou-se e saiu. A porta se fechou com um clique.
Vallery demorou alguns segundos olhando para a porta. Depois, ela pensou. Ainda tenho muito tempo pra saber o que essa garota quer.


Amanda não perguntou como Vallery sabia o seu nome e preferiu se manter longe de Alexy, porque sabia que seu plano daria errado se ela interferisse.
Ela abriu devagar a porta do banheiro. Um sorriso presunçoso apareceu em seus lábios. Uma oportunidade de descontar a minha raiva, ela pensou, passando a língua nos dentes.
Amanda parou em frente a porta, jogando a mochila no chão. Hermione estava de frente ao espelho e se virou para ver quem chegara. Fitou os olhos azuis desafiadores da garota e voltou a atenção ao seu reflexo.

- Ora, ora, se não é a senhorita Cérebro! - Amanda disse debochadamente, se mirando no espelho ao lado dela.

Amanda parou em frente a porta, jogando a mochila no chão. Hermione estava de frente ao espelho e se virou para ver quem chegara. Fitou os olhos azuis desafiadores da garota e voltou a atenção ao seu reflexo.

- Ora, ora, se não é a senhorita Cérebro! - Amanda disse debochadamente, se mirando no espelho ao lado dela.

E chegou a senhorita Peituda, pensou Hermione com inveja.

- Difícil a aula de feitiços, não foi? - disse Hermione em voz alta.

- Não seja idiota - disse Amanda com um sorriso sarcástico. - Você poderia ensinar feitiços se quisesse.

- É, poderia mesmo - respondeu ela sem um pingo de modéstia. - Principalmente pra você, que não sabe fazer um feitiço de levitação sem explodir pelo menos metade da sala...

Amanda fechou a mão automaticamente na varinha. Seu sorriso desapareceu na hora.

- Você se acha muito espertinha, não é mesmo, Hermione? - ela falou em voz baixa. - Você pode enganar o Rony, mas não me engana com esse jeito de santinha...

- Do quê você tá falando?

- Ah, sim, em alguma coisa eu tinha que ser melhor do que a grande Hermione Granger... - Amanda lançou-lhe um olhar malicioso. - Sou mais bonita que você, mais divertida do que você, não sou uma sabe-tudo que esnoba os outros por ser mais inteligente... Vai ver é por isso que o Rony prefere ficar comigo do que com você!

- Você veio aqui para ficar tomando conta da minha vida e do Rony? - Perguntou Hermione que agora a encarava fixamente, sem desviar nem por um segundo o olhar dela. - Aonde você quer chegar?

- Eu quero acabar com a farsa que você é! - explodiu Amanda. - Deixa de ser cínica, garota! O jeito que você olha pra ele, o jeito que você sorri pra ele... Pensa que eu não percebi? - um sorriso maldoso brincava nos seus lábios. - Você gosta do Rony, mas ele não dá a mínima pra você!!!!

Hermione estremeceu ao sentir o impacto daquelas palavras.

- Cala a boca! - gritou Hermione, empurrando-a com força e indo para a saída. Amanda correu e se colocou na frente da porta, abrindo os braços para impedir que ela passasse, sua expressão implicante irritando Hermione.

- Então Mione... Como se sente? - o tom dela se tornou baixo e perigoso. - Você e Rony são apenas amigos, que pena... - e acrescentou, com um brilho no olhar:
- Como se sente perdendo pra mim o garoto que você ama?

- Estupefaça!

Um jorro de luz vermelha acertou Amanda bem no peito. Ela bateu na parede do corredor com um estalo. Hermione ainda apontava a varinha para ela, com uma expressão de intensa raiva no olhar.
Amanda se levantou cambaleando. Uma mancha escura de sangue surgiu onde o feitiço havia atingido.
Hermione não sabia o que a fez agir assim, mas não se arrependeu. Sentia-se estranhamente bem. ela pediu, pensou Hermione, e isso é só o começo.

Amanda avançou rapidamente, cega de raiva. Hermione recuou um passo, alarmada. Ela se esqueceu da varinha, agarrou Hermione pela frente das vestes e cravou as unhas no rosto dela; não sentia a dor no corte em seu peito, não ouvia os gritos de Hermione; sentia vontade de feri-la, matá-la do jeito mais doloroso possível...
Amanda soltou um grito de dor. Hermione agarrou em seus cabelos e a atirou no chão, imobilizando-a com a varinha apontada para o seu rosto.
Vallery passava pelo corredor no mesmo instante. Soltou uma exclamação de espanto ao ver Hermione mirando a varinha para o chão, onde estava Amanda com as vestes sujas de sangue.

- Você ficou maluca, Hermione? - gritou Vallery, prendendo seus braços e separando as duas. Amanda levantou-se lentamente, limpando o sangue que escorria da boca, respirando tão ofegante quanto Herimone.

- Eu te odeio - sibilou Amanda entre os dentes.

- Me solta, Vallery! - guinchou Hermione, tentando em vão se desprender. Vallery era mais forte.

- Pra quê, pra vocês duas se matarem? - ela gritou, jogando a varinha de Hermione no chão. - Vocês vão ter sorte se não serem expulsas!

- Foi ela que começou! - gritou Hermione, histérica. - Essa falsa fica inventando mentiras!

- Por Merlin, o que está acontecendo aqui?

O professor Snape saiu de uma sala próxima, com um embrulho nas mãos. Parou de repente ao ver Vallery imobilizando Hermione, que tinha no rosto vários arranhões e Amanda escorada na parede, as vestes manchadas de sangue. Alguns alunos do segundo ano espreitavam a cena petrificados.

- As três, na sala da professora McGonagall, agora! - sibilou Snape, rispidamente. Seus olhos brilhavam se satisfação.

- Mas eu não fiz nada! - protestou Vallery, rapidamente largando Hermione.

- Na sala da professora McGonagall, agora!

Vallery cruzou os braços e saiu contrariada e seus cabelos castanhos desapareceram na curva que levava a sala da professora, em seguida Hermione e Amanda por último, recusando qualquer tipo de ajuda.
Vallery foi a primeira a chegar. Bateu na porta, Hermione e Amanda se ignorando ás suas costas. Ninguém respondeu.
Vallery bateu pela segunda vez, e pela terceira, até que a professora as mandou entrar.

- Você parece estar com muita pressa, srta. Stevens!

- Como, professora McGonagall? - Vallery não entendeu o que ela quis dizer.

- Ou será que você costuma sempre bater logo três vezes na porta? - era uma censura.

- Ah, me desculpe. - disse ela, enrolando nos dedos uma mecha verde do cabelo.

- Stevens, Hartwell, Granger - disse Snape, entrando na sala com as duas garotas ao seu encalço. - Então, o que têm para nos dizer?

A professora McGonagall se levantou da cadeira subitamente, preocupada ao ver o estado das garotas.

- O que houve, Severo? - a professora conjurou duas cadeiras e elas se sentaram olhando para direções opostas. Hermione parecia a beira das lágrimas enquanto Amanda parecia nem sentir o corte profundo em seu peito. Vallery se recostou na escrivaninha, estalando os dedos.

- Eu não sei de nada - disse Vallery, agora olhando para fora da janela. - Elas estavam brigando, eu separei as duas. Não tenho nada a ver com isso.

- Estavam brigando como trouxas - Snape baixou a voz, depositando na mesa uma caixinha que exibia um brilho esverdeado. - Hartwell e Granger. Logo a srta. Granger... Não cabe a mim escolher um castigo para essas duas - ele ergueu os olhos para uma Mcgonagall preocupada. - Venha, srta. Stevens.

- Ah, não vai me dar uma detenção, né? - reclamou Vallery, com as mãos na cintura. - Eu tenho ajudar os outros e sempre acabo me fu...

- Venha, srta. Stevens! - ordenou Snape fingindo rispidez. - Você é a sonserina mais impertinente que existe!

Ela apenas sorriu e o acompanhou sem olhar para trás. Era a aluna preferida de Snape desde o primeiro ano, se dependesse dele não se prejudicaria nem um pouco.
A porta se fechou. A professora McGonagall fitou seriamente as garotas.

- Detenções duplas para as duas. Agora vão para a ala hospitalar, imediatamente. - ela suspirou tristemente. - Não esperava isso de vocês, as melhores alunas do sexto ano...

Hermione mordeu os lábios, olhando para as próprias mãos.

- Amanhã, nove da manhã, quero vocês duas aqui. Sem falta. - a professora fez sinal para elas se retirarem. - Podem ir.

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