Oh Star



Oh Star



Minha avó um dia me disse que quando as pessoas morrem, viram estrelas. E, desde então, mesmo parecendo bobagem, eu resolvi acreditar, porque talvez fosse a última esperança que eu tinha de que eles estariam ali pra sempre. Ao meu lado.

Teddy Lupin observava as estrelas através da janela de seu quarto, no segundo andar da casa onde morava com a avó, e ele notou uma coisa.

Elas pareciam brilhar mais fortes naquela noite. O céu estava limpo, o brilho das estrelas era convidativo para um pedido. Mas será que ele acreditava nisso? Não. Não valia a pena iludir-se. Eles não voltariam.

Apesar de que era o que ele mais desejava na vida, com todas suas forças.


Oh star, fall down on me.
Let me make a wish upon you.
Hold on, let me think.
Think of what I'm wishing for.



Levantando-se da poltrona onde estava, caminhou pelo quarto parando perto do criado-mudo, onde notava-se uma foto de um casal abraçado e feliz. Um homem de aparência cansada e vestes gastas, mas com um enorme sorriso e o mais verdadeiro possível, estava com o braço em volta da cintura de uma jovem de cabelos rosa berrante que fazia caretas conforme a imagem se movia. Eram seus pais. Eram felizes juntos. Mas por culpa do destino, se foram e o deixaram cedo demais.

Tão cedo que nem os conhecera direito. Seu pai, Remus, era um homem bom, amigo e amava todos aqueles que estavam a sua volta. E, segundo seu padrinho, Harry, ele dissera que seu filho (ele) entenderia o que ele fez, lutou por um mundo melhor para ele.

Então deve ser minha culpa que ele se foi!

O garoto pensou com raiva, sentindo os olhos queimarem e os primeiros vestígios de lágrimas da saudade que sentia caírem. Sua mãe era metamorfomaga, assim como ele, e naquele momento estava com os cabelos azuis. Tonks, como gostava de ser chamada, segundo sua avó, era totalmente desastrada. Um sorriso passou brevemente pelo rosto do garoto. Pelo que sabia, ela fora muito feliz ao lado de seu pai, a pessoa que mais amou, além dele.

Eles mereciam estar aqui! Deveriam ter sido felizes para sempre! Deveriam estar aqui comigo...

Sentiu as mãos tremerem e deixar cair o retrato que segurava nas mãos, vendo o vidro se espatifar e se espalhar pelo chão.

Passando a manga do moleton em seus olhos e fungando um pouco, observou sua imagem no espelho próximo dali. Seus cabelos antes azuis brilhantes, tornaram-se castanhos e opacos. Seus olhos antes castanhos, estavam agora cinzentos.

Assim como o céu, que agora estava cinzento. As estrelas pareciam querer sumir, o brilho estava se apagando lentamente.


Wait, don't go away.
Just not yet.



Voltando o olhar para sua imagem, esfregou os olhos. Só poderia ser um sonho, ou estava ficando louco. Eles não estavam ali, sorrindo para ele. Remus e Tonks. Eles não podiam estar. Esfregou os olhos novamente, sentindo a raiva o consumir por dentro. É, fora um engano.


Cause I thought
I had it
But I forget.



Eu pensei, por um breve momento, que eu tinha vocês aqui comigo. E vocês não estão. Mas é isso que eu desejo. Tê-los aqui. Pelo menos uma vez mais.

Fez o caminho de volta, deixando para trás o retrato que ainda se mexia no chão, em meio aos cacos de vidro. Sentou no lugar onde antes estava, debruçando-se no parapeito da janela, olhando o céu, esperando...

Ao longe, uma estrela brilhara em meio ao céu nebuloso, como se atendendo ao comando de Teddy.


And I won't let you fall away
From me.
You will never fade.
And I won't let you fall away
From me.
You will never fade away from me.



Sentia os olhos pesarem. Mesmo querendo continuar ali contemplando o céu da noite, o sono o vencera. Deixando que seu braço, que estava apoiado a beirada da janela, escorregasse e ele caísse adormecido.


And now I let my dreams consume me,
And tell me what to think.



Estava num lugar escuro, onde várias luzes de diversas cores cortavam o céu, que estava sem estrelas naquela noite. E ele constatou que aquelas luzes eram de feitiços. Uma batalha acontecia ali, naquele momento. Ele queria voltar, não queria continuar ali, mas a curiosidade falou mais alto e ele continuou a caminhar para mais perto das luzes, vermelhas, azuis, verdes...


But hold on,
Hold on.
What am I dreaming?



Muitas pessoas duelavam, e ele correu o mais rápido que pôde, alguns feitiços o atravessavam, mas ele não podia sentir, como se seu corpo fosse uma alma perdida. Parou cansado, respirando pesadamente, avistando um homem de cabelos grisalhos e vestes gastas.

- Vai desistir, Lupin? – perguntou o outro homem, o qual usava vestes negras, ao seu pai.

Só o que Teddy pôde ver pela última vez foi o rosto de seu pai, pois logo uma luz verde quase o cegou e ele não vira mais nada.

Ele queria gritar, correr até o pai para ajudá-lo. Dizer que ele não podia deixá-lo. Mas era como se sua voz fugisse e como se seus pés estivessem amarrados. Ele não podia fazer nada.


Wait, don't go away.
Just not yet.



A imagem se dissolveu e formou-se novamente, ele notou que estava no mesmo lugar, só que minutos depois. Reconhecera agora sua mãe, os cabelos castanhos sem vida e os olhos marejados. Teddy notou também com pavor o corpo de seu pai no chão. Tonks parecia desesperada, enquanto duelava com uma mulher de aspecto doentio e de cabelos compridos, mais negros que a noite.

Sua mãe parecia sem forças, além de físicas, também emocionais, a morte de Remus a devastara até mais do que qualquer feitiço de magia negra. Caíra no chão exausta, e mais uma vez uma luz verde o cegara, e ele não vira mais nada. Novamente queria gritar, mas sua voz morrera, seus pés não se moveram. Outra vez não pode evitar. Aquilo o irritou, se sentia impotente. E ele queria acordar. Queria acordar daquele pesadelo.

De repente, foi como se seu pedido tivesse sido atendido. Tudo mudou. O lugar era claro agora, tão claro quanto as nuvens que tinha ali. Não sabia dizer onde era aquele lugar, mas de alguma forma lhe transmitia uma imensa paz.

Não sabia se era realidade ou sonho... Mas, desta vez, podia ser melhor ficar ali. Esfregou os olhos com força e tornou a olhar para a imagem a sua frente.

Duas pessoas de mãos dadas estavam ali diante dele, a luz emanava deles e lhe invadia.

Ele queria ficar ali com eles. Aquele era seu lugar, não naquele mundo solitário que vivia sem eles.

- Você não pode ficar aqui. – Remus disse, como se lesse seus pensamentos.

- Você está bem onde está. – Teddy viu a mãe falar, com os cabelos rosa chiclete que conhecia pelas fotos.


Cause I thought
That I had it.
But I forget.



- Mas eu preciso de vocês. – Teddy discordou, sentindo seus olhos marejarem. – Me deixem ficar com vocês.

- Sinto muito, filho. – disse Tonks com uma lágrima caindo de seus olhos.

- Lembre-se. Nós te amamos. – disse Lupin. Teddy notou que o pai também chorava, assim como ele e a mãe.

- Eu também amo vocês. – ele disse gritando. – Não vão embora! Outra vez, não! Não se afastem mim.

Então o garoto começou a correr. Os cabelos escuros balançando ao vento. Corria o mais rápido que pôde. Mas sentia que era tarde. Outra vez.


And I won't let you fall away
From me.
You will never fade away.
I won't let you fall away.
You will never fade away.



Remus e Dora. Seus pais. Estavam indo embora. Como da última vez, mas desta parecia pior. Ele estava vendo-os ir e sem poder fazer nada.

Somente corria, o braço esticado como se pudesse segurá-los. Mas mesmo com todas suas forças, correndo o mais rápido que pôde, não conseguiu alcançá-los. Eles estavam sumindo...


And I won't let you fall away.
You will never fade away.
And I won't let you fall away from me.
You will never...



Mesmo que sua mão parecesse próxima a de Tonks que também estava esticada, era como se a luz os engolisse, como se fizesse questão de levá-los para longe de Teddy. Para sempre.
Estavam longe agora, ele já não os enxergava mais.

Com o pavor o consumindo e o suor por causa do sonho. Ele acordou.

Passou as mãos pelos cabelos molhados pelo suor. Observou o céu e a aquela mesma estrela de antes insistia em brilhar. O cansaço o invadia novamente, mais e mais. O sonho então não fora e nunca seria real, mesmo que se aquelas duas pessoas fossem estrelas, brilhariam pra sempre em sua vida e nunca iriam sumir.

E vendo as estrelas, outra vez, adormeceu. Para quem sabe um dia os encontrar de verdade, não em sonho. E talvez assim, eles pudessem viver felizes. Para sempre. Juntos.


Oh star, fall down on me.

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