Besame Mucho








Besame mucho



Aquela era a casa silenciosa, a casa onde os passos ecoavam, de tal forma, que eu conhecia cada morador por suas passadas. Andie era saltitante, Mamãe praticamente marchava, Cissy batia os calcanhares e Régulus arrastava os pés.
Mas quem vinha agora não era nenhuma dessas figuras impertinentes, os passos hesitantes, quase silenciosos pela magreza doentia, o vai e vem da dúvida. Era Bellatrix.
Abriu a porta tão lentamente que esta fez um barulho de ferrugem, entrou cabisbaixa. Mas ela não era de andar assim. Deslizou trazendo seu corpo esguio até a minha cama. Os cabelos negros desciam lisos até o seio farto. Seus olhos azul-meia-noite me encararam. Era óbvio que estivera chorando durante toda a tarde chuvosa.
Tive um pressentimento, ela seria obrigada a se casar. Era assim que iria ser. Na verdade, sabíamos desde o começo. Mas, como bons amantes, nos fizemos de otimistas.
Ela deslizou a mão direita pelo meu braço. Aquela mão suave, macia, onde o esmalte preto se chocava com a palidez da tez de forma sensual. Arfei.
Não podia explicar como dois Black’s, frios, metidos a perfeitos, com mania de achar que todos morreriam por nós, que todos nos desejavam, nós os Black’s. Desapegados. Sem amor. Não podíamos nos tocar sem que a pele ardesse como fogo.
“Shhh” Não deixei que ela falasse. Deslizei a mão hábil sob sua camisola, encontrei o tecido fino que cobria seu sexo. Ela fremiu. Jogou a cabeça para trás, deixando o decote à mostra.
Continuei acariciando, ela gemeu. Parei. Ela me olhou, os lábios rubros semi abertos. Peguei a varinha, acendi uma vela ao lado da cama, liguei o rádio e tranquei a porta.
Nesse ponto ela costumava me sorrir manhosa, marota, e aí começavam as provocações até que ela me levava à loucura e eu a pegava de jeito.
Mas não naquela noite.
O radio chiou por um momento, e logo começou a tocar uma música em espanhol. Talvez ela até tivesse chorado se tivesse entendido. Ou talvez, chorou mais tarde, ao escutar a essa mesma música em seu casamento, escolhida para ser a sua valsa, sua primeira valsa, a valsa dos noivos.

Besame, besame mucho
Como si fuera esta noche
La última vez


Ela despiu a camisola lentamente, ainda de pé, me olhando. Sustentei o olhar por um minuto, depois percorri seu corpo, abusando dela só com o olhar. Ela me olhava séria. Senti que a qualquer momento ela poderia começar a chorar, mas ela não chorou. Continuou ali, parada, me olhando nos olhos.
Sentei na cama, tirei a camiseta. Senti ela prender o ar por um segundo, e seu coração errar um batida. Esboçou um sorriso. Era sempre assim.
Me levantei, passei as mãos calmamente por sua cintura, deslizando pelas costas e pelas coxas, do jeito que sempre fazia ela fechar os olhos e gemer.
Foi o que ela fez.Mas fez quase com dor, com um soluço, um quê de despedida.
Tomei seus lábios com pressa, talvez mais brutalmente do que eu pretendia. A fiz deitar na cama. Ajoelhei aos seus pés.
Nunca tínhamos feito as coisas assim, com tanta calma, tanto fogo. Mas essa podia ser a última vez.

Besame, besame mucho
Que tengo miedo tienerte
Y perderte despues

Distribui beijos por toda sua perna, fazendo isso de forma mais provocante na virilha. Ela gemia, suspirava, dizia meu nome num sussurro quase inaudível.
Subi os beijos, por toda a sua barriga, e depois o pescoço, onde deu mais atenção. Num súbito de querê-la só para mim chupei com força. Vi uma marca escura, ela sorriu.
“Me faz sua... Ele não vai me querer...”.
A idéia provavelmente era péssima, mas parecia ser a única coisa a fazer. Marquei todo o trajeto. Lambi seus seios, ela gemia, eu queria mais. Mais não era mais naquela hora, era mais para sempre. Eu a queria mais tempo... Por toda a vida, pra ser sincero.

Quiero tenerte muy cerca
Mirarme en tus ojos
Verte junto a mi
Piensa que tal vez mañana
Yo ya estare lejos
Muy lejos de aquí

Então ela fez algo que me deixava louco, arranhou minha nuca, entrelaçou meu cabelo em suas mãos, e com uma gata manhosa me empurrou mais para baixo. Ahhh... Como ela gostava disso. Gemia, e dizia que me amava.
E ahhh... Como eu gostava! Gostava de sentir seu gosto, sua excitação, de ouvi-la gemendo e se declarando, se desmanchando em suspiros. E quando eu sentia que ela já não agüentava mais eu parava.
Ela protestava e pedia, mas eu beijava sua boca, e ela calava. E me envolvia nas pernas.

Besame, besame mucho
Como si fuera esta la noche
La última vez
Besame, besame mucho
que tengo miedo a perderte
perderte despues


Ela gemeu nos meus lábios quando me sentiu dentro dela. E então se movimentou. Ahhh... Como aquele vai e vem me enlouquecia...
Murmurou palavras desconectadas, uma confissão. Que eu tentei me lembrar mais tarde. Mas descobri que o que eu senti naquele momento foi tão arrebatador, que não escutei o que ela disse.
“Te amo...Nunca vou te esquecer...Te...Amo...Não importa o que pareça, se parecer o contrário...Saiba. Saiba que eu te amo”.

No dia seguinte saiu do quarto sem se despedir. Encontraram-se mais tarde, na Igreja.
Eu me lembro como ela me olhou, tudo passou como um flash na minha mente. E quando despertei do devaneio escutei sua voz hesitante dizendo sim. E vi o beijo que eles trocaram.
Sua face pálida estava fechada, vestida pela máscara permanente que ela usaria. Se ao menos eu tivesse escutado suas palavras...

Foram anos depois daquela manhã sombria, que ao voltar à mansão dos Black ela entrou no quarto de seu primo, aquele que matara há apenas algumas horas.
Em cima da escrivaninha uma folha empoeirada. Da caligrafia fina e desleixada do primo.

Soneto de um Casamento

Na sala de luz lívida, sorriam.
Sombras imóveis; e outras lacrimosas.
Perseguiam lembranças dolorosas
Na exaltação das flores que morriam.

Em vácuos de perfume, descaíam.
Diáfanos, de diáfanas mãos piedosas.
Fátuos sons de brilhantes que fremiam
Entre a crepitação lenta das rosas.

Nas taças cheias acendiam círios
Votivos, e entre as taças e os lírios.
Vozes veladas, nessa mesa posta.

Velavam... Enquanto plácida e perdida
Irreal e longínqua como a vida
Toda de branco perpassava a Morta.

Soltou a folha com pressa, como se pegasse fogo. Sempre soubera que morrera ali. E agora destruíra também sua parte viva. Aquela dentro de seu único amor.

Besame, besame mucho
que tengo miedo a perderte
perderte despues



*******************************************************
Olá pessoal!!!!!
Mary Gryffindor de volta a ativa!!!!!!!!!!!
Explicações para o sumiço?
Vocês já leram o Sétimo(me recuso a admitir a parte do "e último") Harry Potter?
Então...
Bloqueio!!!Não deu pra escrever mais nada...
Agora estou voltando a ativa...Só não sei se vou conseguir terminar Harry e Ginny...Mas vou fazer um esforço viuuu?
Galeraaaaaaaa
espero que tenham gostado da fic de re-estréia!
Beeeeeijosssssssssss
Marry G.


Malfeito feito
Noxx



Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.