Sem entender



Capítulo Um
Sem entender


Lupin se dirigia rapidamente até a cabine telefônica que levava ao Ministério da Magia. Digitou rapidamente o telefone e logo conversou com uma funcionária do Ministério.
-Remo Lupin e estou aqui pra dar o presente de Dia dos Namorados pra Ninfadora Tonks. É uma auror. –falou ele nervosamente.
-E quem é Ninfadora Tonks?
-É minha namorada! Trabalha no Quartel dos Aurores. –respondeu ele irritado.
-Entendi! Bem, seu crachá está aí e tenha um bom dia. O Ministério fecha as seis.
Remo não teve tempo de ouvir as últimas palavras da mulher, pois já havia se retirado da cabine e andava mais rápido que o normal. Não sabia onde estava com a cabeça quando aceitou a proposta de levar o presente de Dia dos Namorados no lugar onde ela trabalha. Seu trabalho era no bendito Ministério da Magia. Escolhera com cuidado um lindo colar para a moça e arrumava com carinho a caixa enquanto estava no elevador.
Quando chegou ao segundo andar, foi em direção ao Quartel e logo identificou Tonks: seus cabelos num tom de azul berrante declaravam a sua presença em seu cubículo.
-Jantar as sete então. –falava ela para um rapaz e permanecia de costas para Remo.
-Não se atrase! –falou ele saindo de lá.
Ele deu um breve beijo na mulher. Nessa hora Remo quase teve um ataque. Ela virou a cadeira para Remo e perguntou:
-O senhor está perdido?
-Hã? –perguntou ele ainda nervoso. Que tipo de brincadeira era aquela?
-Perguntei se o senhor está perdido. –repetiu ela mexendo nos cabelos.
-Esqueci de te dar suas luvas. –falou o rapaz que voltara para o lugar, segurando um par de luvas vermelhas.
-Não sei o que seria de mim sem você! –falou ela dando mais um beijo nele, só que dessa vez muito maior.
Remo não agüentou e saiu de lá. Saiu do Ministério e logo estava chegando ao Caldeirão Furado, sua atual moradia.
-Um whisky de fogo, Tom. –pediu ele se sentando no bar.
Tom não hesitou e logo estava servindo a bebida. Passado um tempo e vários copos de whisky, Tom perguntou:
-Você está bem? Parece meio abalado.
-Peguei minha namorada me traindo com um cara no trabalho dela! E fingiu que nem me conhecia! –respondeu ele jogando o presente em cima do balcão.
Tom tentou fazer uma cara de quem não sabe de nada, mas não conseguiu.
-O que foi? Sabia de algo? –perguntou Lupin encarando ele.
-Hoje de manhã quando você saiu pra comprar o presente chegou essa carta. –falou ele desanimado e lhe entregando um envelope branco com o símbolo do St. Mungus.
Ele rasgou o envelope e começou a ler a carta, que continha os dizeres:
‘’Caro senhor Remo John Lupin,
Que entre em seu conhecimento que no dia de hoje sua namorada Ninfadora Tonks veio ao nosso hospital para lhe apagar da memória.
Assim como o dito acima, ela lhe apagou da memória, portanto, não lhe procure e apenas esqueça-se dela.
Atenciosamente,
Enfermaria Lacuna LM
Quarto Andar
Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos. ’’
-Ela me apagou da memória? –perguntou ele ao Tom depois de ler a carta.
-Sinto muito.
-Amanhã eu vou lá. –falou ele decidido, se levantando do bar.
*********
Ele entrou no hospital e foi logo subindo para o quarto andar. Procurou o andar todo pela enfermaria Lacuna, e depois de vinte minutos achou ela.
Entrou em uma pequena sala de espera, em que algumas pessoas estavam sentadas com caixas ou grandes sacolas, e onde se encontrava uma secretária agitada que atendia as cartas falantes.
-Com licença, eu queria saber como marcar uma... conversa com o Curandeiro. –perguntou ele timidamente a mulher.
-Claro. Preencha a ficha. –falou ela lhe entregando uma prancheta.
-Mas eu só queria conversar, senhorita...?
-Sou Milla. E é obrigatório preencher a ficha.
Ele se sentou bufando e respondeu a ficha inteira. Entregou a Milla e esperou. Depois de vinte minutos, um senhor apareceu na porta e falou para uma mulher que acompanhava:
-E se quiser algo mais, volte aqui, por favor. –falou ele gentilmente indicando a saída.
A mulher agradeceu e antes de Milla anunciar o próximo a ser atendido, Remo se levantou e foi falar com o Curandeiro.
-Ei! Será que nós podíamos conversar?
-Senhor! Tem que esperar para ser atendido! –protestou Milla.
-Tudo bem Milla. Eu vou conversar rapidamente com ele. Vamos, por aqui. –falou ele fechando a porta e caminhando por um corredor. –E o senhor é?
-Remo Lupin. Recebi uma carta me dizendo que minha namorada me apagou da memória.
-Já trataremos disso. Queira entrar aqui, por favor.
Eles entraram numa sala e Remo se sentou em uma das cadeiras de frente para o Curandeiro.
-Sou Henry Mike. –explicou-se ele.
-Um prazer conhecê-lo. Será que podia me explicar essa história de apagar da memória?
-Claro. Quem lhe apagou?
-Minha namorada, Ninfadora Tonks.
O homem começou a revirar as gavetas e tirou de lá uma pasta.
-Ninfadora veio nos procurar anteontem para apagar Remo Lupin de sua memória. Ela estava definitivamente infeliz e concluiu que nos procurar seria a melhor escolha. –relatou Henry. –O senhor tem que entender que essa foi à única solução de fazê-la feliz. E ela tinha plena consciência de seus atos. Trouxe as coisas dela e fez todo o processo, senhor Lupin.
-Mas não se pode reverter? –perguntou ele esperançoso.
-Sem nenhuma chance. Sinto muito. Mas... –começou o Curandeiro.
-O que?
-O melhor a se fazer é apagá-la da memória também. –concluiu ele. –Assim, nem ela nem você vão se lembrar de ambos existiram na vida um do outro.
-Isso não é muito, digamos, radical? –perguntou ele absurdado.
-Não. Se Ninfadora fez, o que levaria o senhor a não fazer?
-Esse é o problema. Ela é impulsiva e doida. Absurdamente espontânea. E eu não. Sou o contrário dela.
-Bem, o processo custa um galeão e se quiser me acompanhar, posso lhe mostrar as instalações. –falou o curandeiro se levantando.
Remo não esperou e logo se viu seguindo o homem até outra sala. Chegando nesse outro cômodo, Henry começou a explicar a situação.
-Esta é a senhora Matilda. –ele apontou para uma mulher deitada em uma cama. –Ela está apagando o marido. Ele morreu fazem cerca de sete anos. Ela está poupando dor. O processo pode ser realizado na sua casa ou aqui no hospital se desejar.
-Eu não vou me lembrar nunca mais dela? –perguntou Remo tristemente.
-Nunca mais. –falou Henry subindo os cobertores de Matilda.
-Mas e as coisas dela que estão comigo?
-Tudo é trazido para cá antes do processo. –explicou Henry. –Para não haver pergunta sem resposta. Tem certeza de que não vai fazer?
-Se é a melhor solução, eu faço. –decidiu Lupin.
-Ótimo. Nós só precisamos das coisas dela que estão com você. O pagamento é antes do processo, obviamente. –falou Henry quando voltaram a sua sala. –Nesse caso te espero amanhã às duas da tarde para os exames. E depois, faremos a ‘’limpeza’’ na sua cabeça.
**********
Remo voltou até o Caldeirão Furado, subiu até seu quarto e começou a revirar suas coisas. Tudo ali lembrava ela. As fotos, os desenhos, algumas roupas. Presentes dados a ele. Bichinhos trouxas.
Pegou um saco plástico e começou a jogar tudo dentro dele. Em menos de cinco minutos o saco já estava cheio. Pegou outro, e enquanto colocava os últimos objetos, começou a se lembrar de como aquilo fora parar em suas mãos. Segurava firmemente uma caneca colorida, que tinha bigodinhos de gato.
*********************************FLASHBACK************************************
-E de Natal, eu to te mandando isso aqui! –riu Tonks entregando uma caixinha ao namorado. –Cuidado pra não puxar!
-Puxar o que? –perguntou ele abrindo o presente.
-Os bigodes. É mais pra enfeite. Gostou? –perguntou ela enquanto ele analisava a caneca.
-Me lembra você. –comentou.
-Lembra, é? Posso saber por quê?
-Por que você também é uma gata! –disse ele beijando ela.
****************************FIM DO FLASHBACK***********************
Jogou a caneca com força dentro do saco e acabou de guardar as coisas. Resolveu ir se deitar, apesar de serem ainda seis da tarde. Como ela pode fazer aquilo com ele? Era tão radical apagar alguém que você ama de sua memória só por um capricho.
Quando ele começava a pegar no sono, suas lembranças com ela vinham em sua mente e espantavam o sono, deixando ele estático na cama. Passava da uma da manhã quando o sono foi mais forte e ele finalmente adormeceu.
**************
Uma e meia ele saiu do bar para ir ao hospital. O que ele sentia não era bem uma dor. Estava mais para vingança. Não podia sofrer por ela enquanto ela ria por aí com outro cara. Ela feliz enquanto ele se martirizava com as lembranças dela. Tinha que fazer aquilo.
Duas e quarenta ele entrou no consultório. Fez exames estranhos e quatro horas voltou para a sala de Henry.
-Agora a minha parte por hoje está quase acabando. Eu vou fazer um questionário e depois uma análise com os objetos que você trouxe. Só basta você responder o que eu te perguntar que poderá ir para a casa e lá a ‘’limpeza’’ vai acontecer. –falou Henry se sentando em sua cadeira. Ele pegou a varinha e murmurou alguma coisa para o pergaminho. Pegou sua pena, escreveu algo e logo depois a deixou de lado. –Muito bem, pode começar agora.
-Começar falando o que? –perguntou Remo atordoado.
-Eu lhe pergunto e você me responde o que vier a sua mente. Tudo que vier a sua mente. –ele explicou. –Vamos começar.

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