Único!



Cinco anos passaram desde a última guerra, e agora Gina tem apenas uma razão para continuar a viver. Mas poderá o amor ser mais forte do que ela imagina? Continuação de Só uma Memória.

(...)


Acordou sentindo um ligeiro movimento na sua cama, e logo em seguida um beijo lambuzado em seu rosto.
“-Bom dia mamãe.” – Murmurou uma voz ao ouvido dela, fazendo a ruiva abrir o olho esquerdo e encarar o pequeno loiro que se encontrava ao seu lado, deitado.
“-Bom dia meu príncipe.” – Disse ela passando com as mãos na franja loira dele, afastando-a dos olhos cinza do menino.
Ethan Weasley, era o seu tesouro. Um menino de 4 anos que era a sua razão de viver. Seu filho, e filho dele. De Draco. De seu marido. Fechou os olhos impedindo as memórias de aparecerem como sempre. Não iria chorar, não naquele dia.
“-Mamãe hoje a prima Rebeca faz aniversário. Nós vamos não vamos? O tio Ron convidou.”
“-Sim Ethan, nós vamos.”

O menino sorriu, como Draco sorria e em seguida levantou-se eufórico.
“-Vamos mamãe, vamos nos arrumar.” – Disse ele descobrindo a ruiva.
Gina sorriu olhando o pequeno menino que sorria feliz, antes o ver correr para fora do quarto.
Suspirou cansada. Não lhe apetecia nada ir a uma festa. Fazia 5 anos certos que Draco havia ido para a última guerra, fazia cincos anos desde a última vez que sentira os lábios finos e frios dele contra os seus.

Fazia cincos anos que seu sonho acabou.
Abanou a cabeça antes de se levantar e sair do quarto, vindo a encontrar o filho na cozinha, comendo das bolachas que ela tinha feito no dia anterior.
“-As bolachas estão boas filho?”
“-Ótimas mamãe.” – Respondeu ele com a boca cheia, fazendo a ruiva sorrir.

Passou com a mão no cabelo do filho despenteando-o, antes de sentar ao lado dele, e começar a comer também. Observava o filho silenciosamente, o que era realmente normal nela, era capaz de passar horas só a olhar para ele, assim como Ethan era capaz de passar imenso tempo a olhar para um local, sem piscar, nem se mover.
Era algo que fazia com que Gina se arrepiasse, pois Draco costumava agir muitas vezes da mesma maneira. Quantas vezes ele não ficara a olhar para ela sem piscar, como se decorasse cada movimento dela? Muitas, mas agora, agora isso nunca mais voltaria.
Afinal ele não se lembrava dela, não se lembrava de nada. E estava na França, há 5 anos que estava em França. Gina nem sabia o que ele fizera da vida, nem se ele estava bem, não sabia nada.

“-Mamãe.” – Chamou o pequeno Ethan abanando a mão em frente dos olhos da mãe.
“-Sim?”
“-Já comi, vou escovar os dentes, e depois nós vamos para a festa da prima, não é?”
“-Sim.” – Respondeu ela sorrindo, lembrando-se que Ron e Hermione lhe tinham dito que a festa seria numa casa própria para festas infantis no Beco Diagonal.
Ethan sorriu, antes de saltar para o chão e caminhar até o banheiro, sendo seguido pela mãe.

(...)


O ambiente era de festa, e Gina sorriu sentindo o filho soltar a sua mão e correr em seguida até à prima, entregando-lhe o presente em seguida.

“-Olá Gi.”
“-Olá Hermione. Tudo bem?” – perguntou olhando a morena, que sorria e tinha a mão na enorme barriga de 6 meses.
“-Tudo ótimo. Ainda bem que vieram, a Rebeca estava ansiosa para brincar com o Ethan.”
“-É. Eles se dão bem. Bem, também têm quase a mesma idade, o Ethan é apenas 3 meses mais velho que a prima.”
“-É verdade. E olha que ele está cada vez maior, e cada vez mais parecido com o pai.”
“-Pois está. Draco estaria imensamente orgulhoso se estivesse aqui. Ter um menino parecido, ou melhor, igual a ele era o que ele queria.”
“-Gina, já leu o jornal de hoje?” – perguntou a morena, ligeiramente preocupada.
“-Não, porquê? Algo interessante?” – perguntou a ruiva enquanto acenava ao seu irmão Fred.
“-Bem….há uma noticia….sobre….sobre o Draco.” – Respondeu ela incerta.

Virgínia piscou os olhos algumas vezes antes de conseguir processar o que a morena lhe havia dito. Uma noticia de Draco! Do seu Draco. Havia uma notícia dele.

“-Sério?”
“-Sim.” – Respondeu Hermione vendo os olhos da ruiva ficarem brilhantes.
Virgínia olhou para o filho e viu que ele se encontrava entretido com a prima, e em seguida olhou para a morena.
“-Deixa ler.”
“-Gi, eu acho que é melhor não.”
“-Hermione, ele é meu marido, e o pai do meu filho. Eu sei que ele não se lembra de mim nem nada, mas eu….eu o amo muito.”
“-Eu sei.” – Murmurou a morena derrotada antes de caminhar até uma mesa e pegar o jornal.

Virgínia encontrava-se atrás da cunhada, e antes da morena lhe entregar o jornal, ela ouviu Hermione dizer:
“-Terá que ser forte.”
O coração pulava no seu peito quando ela pegou no jornal, e foi então que sentiu as lágrimas escorrerem pela sua face sem ao menos desejar.
Seus olhos estavam pregados na manchete do jornal, e logo depois na foto.

Draco Malfoy voltou a Londres com a sua noiva Vivianne François, uma francesa rica e de puro-sangue. O casamento realiza-se amanhã. Logo em seguida voltarão para França.


Os olhos castanhos da ruiva pousaram na foto da mulher que acompanhava Draco. Cabelo loiro liso, olhos azuis esverdeados, curvas vincadas, um vestido justo, e um porte elegante. A mulher perfeita.
Sentou-se na cadeira e Hermione sentou-se à frente.
“-A entrevista diz que ele apenas veio a Londres para casar. Parece que a francesa quer casar aqui, e ele também. Eu lamento Gi, mas eu achei que devia saber, apesar de todos os seus irmãos terem sido contra. Tua mãe também achou que o melhor era saber.”
“-Obrigada.” – Sussurrou ela limpando a face. – “E então, lá se vão cinco anos. O que eu queria? Que ele acordasse um dia e que se lembrasse de algo relacionado comigo? Eu sei que isso é impossível. Ele…o feitiço não pode ser quebrado, apenas não pode.”
“-Gi.”
A ruiva abraçou a morena e chorou silenciosamente no ombro da amiga. Era algo que não fazia há muito tempo. Desde que descobrira que estava grávida que ela ganhou uma nova vontade de viver.
Era o filho que eles sempre quiseram. E a noticia veio um mês e meio depois de Draco ter ido para França, veio na altura que ela mais necessitava, na altura em que estava quase a desistir de viver.
Ethan era a sua única razão de viver. E iria ser sempre.

Afastou-se da morena e voltou a limpar o rosto, suspirando em seguida.
“-Eu ficarei bem.” – Disse ela percebendo a expressão preocupada da amiga. – “Vou sobreviver, como têm acontecido nestes cinco anos. O Ethan…” – e dizendo o nome do filho ela virou o olhar para onde o menino estava. “- Onde está o Ethan?”
Hermione levantou-se e olhou em redor da sala. Não havia sinais do Ethan nem da Rebeca.
“-Ronald Weasley, onde está a tua filha e o teu sobrinho?” – perguntou a morena chamando a atenção de todas as pessoas.

Rony e todos os outros Weasley olharam em volta da sala, dando pela falta dos dois pequenos. Virgínia suspirou antes de se levantar e de sair da sala, onde a festa ocorria.
Tinham desaparecido novamente. Ela pensava que esse hábito já tinha passado, afinal quando eles eram mais novos desapareciam muitas vezes quando viam que ninguém os observava. Mas Virgínia pensava mesmo que já se tinham deixado disso, pelo visto estava errada. E agora? Onde eles poderiam estar?
Na loja de Quadridol? Sim, era possível.
A ruiva acelerou o passo e caminhou até à loja de Quadridol, entrando em seguida e procurando uma cabeça loira e uma ruiva, mas não encontrou nem uma nem outra. Saiu da loja ainda mais nervosa e irritada do que estava.

A notícia sobre o casamento de Draco que ocorreria no dia seguinte não saia da sua mente. Mas tinha que encontrar seu filho e sua afilhada antes de mais nada.
E foi então que viu. A tableta a dizer: Travessa do Tranco
Poderia ser?
Era verdade que Ethan era um Malfoy perfeito pois tinha uma queda estranha por objetos ligeiramente obscuros. E depois Rebeca Granger Weasley tinha um espírito aventureiro e curioso. Tanto um como outro há muito tempo que queriam ir aquela rua, e Virgínia sabia disso.
Sim, eles estavam ali, ela tinha a certeza.

(...)


“-Ethan nós não devíamos de ter saído da festa. Vamos voltar.” – Disse a pequena ruiva agarrando o braço do primo.
“-Mas Rebeca, agora que agente conseguiu vir aqui.”
“-Sim, mas a minha mãe vai ficar zangada, e a sua também.”
O loirinho parou de andar e encarou os olhos da prima e em seguida encolheu os ombros.
“-Tem razão, vamos lá voltar então.” – Disse ele virando-se.
Assim que se viraram para irem embora dois homens apareceram atrás deles, e logo em seguida uma mulher.
“-Ora vejam só, duas pequenas crianças sozinhas. Suas mãezinhas nunca os ensinou a não andarem sozinhos?” – perguntou um dos homens.
“-Eu não tenho medo de vocês.” – Disse o Ethan escondendo a prima com o corpo.
“-Oh que medo. Um pivete de 3 anos quer medir forças comigo.”
“-Tenho 4 anos.” – Disse o loiro irritado.
Os vidros das lojas mais próximas explodiram, e desfizeram-se em mil pedaços, enquanto os olhos cinzentos da criança ficavam cor de chumbo.

(...)


Londres. Ele tinha saudades daquilo. Em especial daquela rua. Quando era pequeno adorava ir até ali, até à Travessa do Tanco. Mas agora só se encontrava ali porque queria passear, apanhar ar.

Casamento!
Havia algo de errado com aquela decisão, e ele sabia. Ou melhor ele não sabia nada, apenas sabia que sentia que iria fazer asneira. Pensando bem, ele achava isso desde o final da guerra.
Abanou a cabeça, novamente aqueles pensamentos. Aquele sentimento de que faltava algo, de que ele tinha algo importante, mas não se lembrava do que era.
Parou de andar olhando para o céu claro e em seguida abanou a cabeça. Aqueles pensamentos não eram próprios de um Malfoy. E afinal, se lhe faltasse algo importante ele não iria esquecer, certo?

Sem aviso o vidro da loja que estava ao seu lado explodiu. Draco olhou surpreso para os pequenos pedaços de vidros que se encontravam no chão e em seguida olhou em roda, e foi então que viu o causador daquilo. Dois homens e uma mulher encontravam-se a fazer um pequeno circulo, possivelmente, a uma criança que saíra de ao pé dos pais,
Sim, ele tinha a certeza disso. Havia-lhe acontecido o mesmo quando era criança, tinha afastado do seu pai. Caminhou até ao círculo, decidido a resmungar com a criança mal-educada que fizera aquilo.

“-Hei pivete, não sabe controlar os seus….”
Mas não acabou a frase, as palavras ficaram presas na sua garganta assim que viu a criança. Era igualzinho a si. Draco poderia dizer que era como ele fora quando tivera uns 4 ou 5 anos.
“-Anda primo, vamos embora.” – Disse a menina ao lado dela.
Draco olhou para a ruiva e seu coração pulou. Ruiva, olhos castanhos. Havia algo naquela menina que o fazia sentir um aperto estranho no coração.
“-Eu já não sei ir embora Rebeca.” – Disse o menino.
“-Onde estão suas mães?” – perguntou Draco sem ao menos dar por isso.
“-Na festa, na minha festa de aniversário.”

“-Ethan Weasley.” – Gritou uma voz aflita atrás dele.
“-Mamãe.” – Disse o menino loiro correndo até à pessoa que gritara.
Draco virou-se lentamente apenas vendo a eterna apaixonada do Potter. A Weasley. E foi então que sentiu seu coração apertar e doer como nunca tinha acontecido.

“-Quantas vezes eu já te disse, meu mocinho para não saír de perto de mim? E ainda por cima trouxe a sua prima. Estou claramente desapontada com ambos. E você menino, ficará de castigo.”
“-Mas mamãe…”
“-Não há mas nem meio mas. Já pensou no que poderia ter acontecido?”
“-Não aconteceria nada madrinha, este senhor ia agora nos levar até à festa.”

Virgínia olhou da afilhada para o homem que ela apontara e perdeu a respiração no mesmo instante. Draco Malfoy encontrava-se de pé a olhar para ela, com uma expressão de confusão.

Draco sentira o coração bater forte assim que sentiu o olhar dela sobre o seu. Havia algo naquele olhar que lhe era familiar, muito mesmo. Algo que ele havia procurado durante anos, e que agora encontrara.
Voltou a olhar o pequeno que se encontrava seguro pela mão da ruiva e depois olhou para a ruiva novamente.

Virgínia sentia seu coração bater forte. Tinha uma vontade enorme de chorar, de se agarrar a ele, de o sentir. Mas não podia. Seu coração parou assim que o olhar cinza dele caiu sobre Ethan e logo em seguida sobre si mesma novamente.
“-Então Weasley, filho do leiteiro?” – perguntou ele sorrindo de uma maneira irônica.
Não era capaz de suportar aquela dor no peito durante muito mais tempo. Olhar para aquela ruiva magoava-o, de uma maneira que ele não sabia explicar. E aquela criança, era tão parecida com ele mesmo, como era isso possível?
“-Não…ele é….ele….”

A ruiva tentava responder, mas havia algo que não estava bem, era como se ela tivesse prestes a chorar. Mas porquê? Ele não compreendia, porque é que ela estava quase a chorar?

Queria sair dali, e depressa. Ver Draco à sua frente sem o poder tocar era doloroso demais. E a pergunta que ele fizera. O que ela responderia? A verdade, sim a verdade.
“-Ele é filho do meu marido.” – E dizendo isto ela deu meia volta e saiu de perto dele.

Draco ficou parado no mesmo local observando a ruiva ir embora, e viu que o menino olhara para trás, encarando-o assim como ele o encarava também.
Aquela criança era igual a si, e ele iria descobrir o porquê, ou não se chamava Draco Malfoy.

“-Quem era aquele senhor mamãe?”
“-Ninguém. Agora vamos embora.”
“-Mas ele queria saber quem é o meu pai. Quem é o meu pai? O que aconteceu com ele?”
Virgínia parou de andar e em seguida olhou para o seu filho.

Ele nunca lhe tinha perguntado pelo seu pai, e ela sempre agradecera por isso, não sabia o que responder à criança, mas agora... agora ele olhava de uma maneira que ela sabia que ele queria a resposta. Mas ela não se encontrava pronta para dar.
“-Ah Ethan esquece isso agora, vamos voltar para a festa e já.”
Minutos depois a ruiva entrava na sala onde ainda decorria a festa. Hermione correu até à filha e abraçou-a, resmungando com ela em seguida, como ela havia feito com o seu filho minutos antes. Largou a mão do menino e caminhou até uma mesa, sentando-se sozinha.
Tinha que assimilar tudo aquilo. E tinha que se recompor.

Draco Malfoy! Depois de cinco anos ela voltara a vê-lo, e ele estava perfeito. O cabelo loiro caia-lhe para os olhos cinzentos, o terno negro deixava-o mais sexy. Suspirou. Ele era realmente perfeito, e fora perfeito dela, mas agora não era mais. No dia seguinte ele iria casar, com uma francesa qualquer.
Olhou para a aliança que tinha no seu dedo. Nunca a tirara, afinal para todos os efeitos eles estavam casados, e para ela estariam casados para sempre. Levou a mão a corrente que tinha ao pescoço, a corrente onde estava o pingente que ele lhe dera, a corrente onde estava a aliança dele que Rony tirara do dedo dele antes que ele fizesse perguntas.

“-O que se passa maninha? Está zangada por não ter tomado bem conta do Ethan? Eu peço desculpa, me distrai conversando com Jorge.”
“-Não é isso Ron.”
“-Não me diga…a Hermione…ela te mostrou?”
“-A notícia? Sim ela mostrou. Mas aconteceu algo pior. Eu vi-o.” – Murmurou ela encarando o irmão que a olhava preocupada.
“-Viu?”
“-Sim. Ele estava na minha frente, ele encontrou a Rebeca e o Ethan na Travessa do Tranco, ele estava com eles. Ele me viu e viu o nosso filho. Eu… ele estava na minha frente, tão perto, e ao mesmo tempo tão longe, tão imensamente longe. E ele vai casar, amanhã.”

Rony olhava para a irmã preocupado. Ele sabia que Virgínia só aguentava aquela situação toda pelo filho, sabia que se Ethan não existisse ela já tinha desistido de tudo. Mas naquele momento, ela parecia tão fraca, tão desgastada com tudo aquilo. Virgínia não merecia aquilo, na realidade ele sabia que nem Draco Malfoy merecia aquilo. Custava admitir, mas ele sabia que o Malfoy amava realmente a sua irmã, que ele a fizera feliz e que ele fora feliz, ele sabia isso. Ele sabia que o Malfoy tinha lutado valentemente na guerra por ela, para ficar com ela. Mas do que lhe serviu isso? Ele não se lembrava de nada.

“-Quer ir para casa maninha? A festa já terminou, todos já foram embora.”
“-Sim, eu vou indo. Vou a pé com o Ethan não é muito longe, e depois preciso de apanhar ar.”
“-Tudo bem. Por falar em Ethan, onde ele está?”
Gina olhou em volta reparando que mais uma vez seu filho tinha desaparecido.

Levantou-se e caminhou apressadamente até à porta e foi então que viu uma imagem que nunca imaginou ver.

(...)


Manteve-se no mesmo local durante alguns segundos, vendo a ruiva desaparecer com as duas crianças, antes de decidir ir atrás dela. Caminhou silenciosamente pelas ruas, vendo ela entrar numa casa que ele sabia ser própria para festa de aniversário.
Ficou parado, ele iria descobrir porque é que aquele menino era tão parecido consigo. Sim, ele não sairia dali enquanto não descobrisse. E foi com uma alegria, que ele desconhecia, que viu o menino caminhar sozinho para fora da casa, e sentar-se num banco perto dele.

Enfiou as mãos nos bolsos das calças e caminhou até ao pequeno loirinho que balançava as pernas enquanto olhava para os próprios pés.
“-Então pequeno, sozinho novamente?” – questionou Draco sentando-se ao lado da criança.
“-Não não quero estar mais na festa.” – Respondeu o pequeno olhando para ele.
Draco fitou aqueles olhos cinzas, tão iguais aos seus e abanou a cabeça levemente. O que era aquilo? Como é que aquela criança era tão parecida consigo? Porque é que ela parecia uma cópia dele mesmo?
“-E a festa era de quem? Da menina que estava você?”
“-Sim, da minha prima Rebeca. O meu tio Rony e a minha tia Hermione este ano decidiram fazer uma festa aqui. Eu queria vir, minha mãe não queria, mas eu a convenci. Mas agora não quero mais estar lá dentro.”
“-E porquê?”
“-Porque eu sou diferente. Eu não tenho um pai como todos os outros meninos. Minha prima tem uma mãe e um pai, e meus outros primos também, eu não, eu só tenho uma mãe. E minha mãe não me disse quem era o meu pai.”
“-Tua mãe me disse que você é filho do marido dela.”
“-Sim, mas eu não conheço esse homem.”
“-Não?” – perguntou Draco surpreso.
“-Não. Eu uma vez ouvi uma conversa da minha mãe com a minha vó, e minha mãe disse que não sabia como me iria contar que o meu pai não estava por aqui e que nunca estaria.”

“Teria eu um irmão gêmeo que engravidou a Weasley e morreu? Será isso? É a única lógica. Eu não dormi com ela, tenho a certeza, se tivesse dormido nunca teria esquecido, certo?” – pensava Draco enquanto observava o menino afastar uma madeixa loiras da frente dos olhos.

“-Eu gosto do senhor. E parecido comigo não é? Porquê?”
“-Isso eu não sei, também queria saber.”

“-O que está fazendo com o meu filho Malfoy?” – perguntou uma voz ligeiramente tremida.
Draco olhou para a frente e mais uma vez sentiu o coração apertar-se. Havia algo naquela ruiva que o fazia sentir coisas estranhas. E ter uma vontade de a tomar nos braços e a abraçar durante horas. Como se fosse algo normal!

(...)


Ethan estava sentado num banco perto da porta, mas o que era realmente chocante era o fato de Draco estar sentado ao lado dele. Pareciam conversar calmamente, e isso fazia com que Gina sentisse os olhos embaçados.
Abanou a cabeça e inspirou fundo antes de abrir a porta e caminhar até ao filho.

“- O que está fazendo com o meu filho Malfoy?” – perguntou ela vendo em seguida o olhar dele encontrar o seu.

Conseguia ver que ele estava confuso. Se havia alguém no Mundo que conhecia bem Draco Malfoy, esse alguém era ela.
“-Estava apenas conversando com ele.” – Respondeu sentindo o coração apertado no peito.
Gina engoliu em seco quando o viu levantar-se e em seguida os olhos dele ficaram fixos nos dela, como se ele quisesse descobrir algo.
Tremia como varas verdes. Aquele olhar enigmático sobre ela, como tantas vezes acontecera, estava a deixá-la completamente fora de si. Queria tanto passar os braços por trás do pescoço dele e beijá-lo, como fazia antigamente.
“-Mamãe, porque não deixa o senhor ir lá em casa?”
“-Porque…porque é que ele devia de ir lá em casa filho?”
“-Eu não sei, eu apenas gostaria que ele fosse lá.” – Respondeu o menino encolhendo os ombros.

Draco ouvia a conversas deles dois como se fosse música de fundo, não era capaz de desviar os olhos daquela ruiva, era como se ela tivesse um ímã, que o obrigava a encará-la. Aquilo não era normal!
“-Quer ir lá em casa?” – perguntou o pequeno puxando as calças dele.
Draco olhou o pequeno e por momentos quis mandar o pequeno parar com aquilo. Ele nem gostava de crianças, certo? Mas algo naquele menino era diferente, assim como naquela Weasley.
“-Sim, eu gostaria.”
Virgínia não sabia o que fazer. Seu filho queria levar seu próprio pai na casa que ele comprara anos atrás. E Draco queria ir. O que ela faria? O que era suposto ela fazer?
“-Quer ir a casa de uma Weasley? Pensei que odiava os Weasley!” – disse ela.
“-Eu também, mas algo me diz que tenho de lá ir. Não sei porquê.” – Disse ele abanando a cabeça ligeiramente confuso.
“-Certo. Vamos!”

Podia ouvir o riso do filho atrás de si, enquanto caminhava. Ethan e Draco continuavam a caminhar, tinham conversado o caminho todo, e parecia que se entendiam muito bem. Fechou os olhos com força não permitindo as lágrimas de caírem. Inspirou fundo antes de abrir a porta da casa.

“-Uau. É grande…e tem muita…”
“-Luz. Sim eu sei.” – Completou ela.
Draco olhou para ela cada vez mais confuso.
“-Como sabia que eu ia dizer isso?” – perguntou olhando atentamente a ruiva.
“-Supus.” – Respondeu ela desviando o olhar do dele e subindo as escadas em seguida.
“-Onde ela vai?” – perguntou Draco ao pequeno loiro que se encontrava ao seu lado.
“-Pro quarto. Quer ver a minha coleção de mini-vassouras? Está ali na sala.”

Draco não disse nada, apenas seguiu o menino até à sala, sem conseguir tirar a ruiva da cabeça. Sentou-se no sofá observando o menino abrir uma caixa cheia de vassourinhas.
“-Aqui está. Minha mãe me deu quase todas.”
“-Tem mais que eu.” – Comentou ele.
“-Quer vir ver o meu quarto?” – perguntou o menino entusiasmado.
“-Tudo bem.”

Mas porque raio ele estava a agir daquela maneira com uma criança? Pior, com o filho da Weasley? Ele não conseguia entender o que fazia ali naquela casa, e muito menos porque caminhava atrás de um pequeno de 4 anos pelo corredor da casa dele. Era tudo tão estranho, e ao mesmo tempo tudo tão familiar. Era como se ele já tivesse estado ali, mas como se fosse noutra altura, noutra vida.
Parou de andar ouvindo alguns soluços que vinham da porta fechada do meio do corredor.

“-Este quarto é da sua mãe?” – perguntou ele apontando a porta fechada ao pequeno que já se encontrava ligeiramente adiantado a si, e que não tinha ouvido a mãe a soluçar.
“-Sim é. E o da frente era o meu quarto quando bebê.”
Draco olhou a porta do seu lado direito e por alguma razão que ele não soube bem qual, abriu a porta e entrou.

Olhou em volta engolindo em seco. Ele conhecia aquele quarto, sabia que sim, mas não entendia como. Fechou os olhos e em seguida foi como se visse algo na sua mente, algo que estivera tapado por uma cortina escura e que agora se abrira.

-Hum, aqui este urso fica bem. – Disse o homem loiro ajeitando o urso na prateleira.
Afastou-se e olhou em volta vendo o quarto. Estava perfeito, era perfeito para o seu filho.


Abriu os olhos e agarrou-se ao berço em seguida. O que fora aquilo? Uma lembrança? Mas…era ele, naquele quarto. Era ele a fazer o quarto para o seu filho.
Filho?

O coração bateu mais forte no peito. Ele não entendia o que se passava ali, mas era algo realmente assustador. Olhou para trás vendo a porta do quarto da ruiva fechada, sem pensar duas vezes caminhou até lá apressadamente e entrou.

(...)


Virgínia entrou no quarto de casal, sentindo as lágrimas escorrerem pela sua face. Draco estava ali, na casa que eles haviam comprado. Estava tão perto, mas infinitamente longe.
E ele parecia tão confuso, como se sentisse algo estranho quando olhava para ela.
Podia ele lembrar-se de algo? Não, era impossível, ela sabia o feitiço não tinha volta, era forte e não havia maneira de o quebrar. Apenas não havia, não valia a pena pensar sequer na hipótese.
Sentou-se na cama e soluçou baixinho.

Durante minutos ficou naquela posição sentada na cama, só se moveu quando a porta do quarto se abriu de repente e ela olhou, vendo Draco Malfoy a olhar para ela.

(...)


A ruiva chorava sentada na cama, e ele sentia uma vontade enorme de ir abraçá-la. Era como se fosse isso que devia de fazer, como se fosse isso que ele fizera em tempos. Engoliu em seco, lutando para não se aproximar dela. Não sabia o que dizer, ele queria respostas para todas as sensações que aquela ruiva, aquele menino e aquela casa lhe despertavam, mas não era capaz de perguntar.
Olhou para as paredes do quarto. Verdes.
E mais uma vez ele sentiu algo invadir sua mente. Uma memória, uma lembrança, ou um sonho.

“-Certo, você é louco.”
“-E a minha loucura tem um nome.” – Murmurou ele ao ouvido dela. – “Virgínia Weasley, a futura Sra. Malfoy.”
“-Acho que depois disto, temos mesmo que ficar com esta casa, sempre que entrar aqui vou-me lembrar desta sua declaração.” – Disse ela rindo.


Abriu os olhos assustado e em seguida olhou para a ruiva.
“-Explica-me que raio se passa!” – pediu ele.
Viu a mulher levantar-se e em seguida sentiu o filho em suas pernas.
“-Filhote vai lá para baixo ver televisão, a mamã e o senhor Malfoy precisamos conversar.”
Ethan olhou da mãe para o homem e em seguida saiu do quarto. Draco estava impaciente, queria saber o que se passava, que lembranças eram aquelas. Com aquela casa, pior, com aquela mulher.

“-O que quer saber?”
“-Porque é que esta casa me é familiar? O que fizeste comigo? Que raio de feitiço é este? Um feitiço de confusão?”
“-Não! Eu não lancei feitiço algum.”
“-Então quem foi Weasley? Porque é que o seu filho é parecido comigo? Porquê?” – perguntou ele começando a ficar descontrolado.
“-Você não iria entender.”
“-Não? Experimenta.”

O olhar castanho dela caiu sobre o seu e Draco sentiu uma força estranha apoderar-se de si. Aproximou-se da mulher e enlaçou-a pela cintura, como se fosse algo normal. Viu que ela estava com os olhos brilhantes de mais.

“-Porque é que isto me parece tão certo?” – perguntou ele baixinho, quase sussurrando.
Ela não respondeu e Draco dirigiu seu olhar para o colo dela, e foi então que viu a fina corrente que ela tinha ao pescoço. Com a mão direita ele puxou a ruiva mais para si enquanto que a mão esquerda passou delicadamente pelo fio e o puxou, fazendo com que o loiro visse um pingente com dois corações e uma aliança.

“-O que é isto? Porque usa aqui a aliança? Porque é que isto é tudo tão familiar? Porquê?”
“-Eu não te posso dizer Draco….apenas não dá…você tem que descobrir.”
“-Eu…tive dois flashes de memória, ou lá o que é, o quarto do bebê aparecia num, e você noutro. Porquê?”
A ruiva afastou-se dele e deu alguns passos para trás.

“-Vai embora. Esquece tudo isto, amanhã vai se casar. Você não pode estar aqui, não pode fazer com que eu tenha esperança. Eu já me consolei, entenda isso, eu estou consolada. Casa com a francesa, e não volte a aparecer aqui.”
“-Eu quero saber.”
“-Não. Você não quer. Vai embora!” – gritou ela fazendo com que o homem a olhasse ainda mais confuso.

Sem pensar duas vezes ele caminhou até ela, e prensou-a na parede onde ela estava encostada. No segundo seguinte os lábios dele estavam colados nos dela. Era uma sensação boa aquela, como se fosse aquilo que ele desejava há cinco anos. O gosto dela era tão familiar, as mãos dela no seu pescoço era algo tão certo.
Virgínia sentia o coração cada vez mais rápido. Eles estavam beijando-se. Mas aquilo era errado, ele não se lembrava dela, não iria lembrar-se, ele estava apenas confuso.
Ele iria embora em seguida e nunca mais o veria.

Afastou o loiro de si e em seguida murmurou:
“-Adeus Malfoy.”

Ele olhou-a de uma maneira estranha, mas no instante seguinte ele tinha desaparecido.

Virgínia deixou-se escorregar pela parede e caiu de joelhos no chão, e mais uma vez chorou. Minutos depois sentiu o filho perto de si.
“-O que foi mamãe? Está zangada comigo por que ter fugido com a prima? Eu prometo, mamãe, que não volto a fazer, por favor não chore.”
Gina olhou para o filho e em seguida abraçou-o durante imenso tempo.
“-A mamãe vai dormir está bem príncipe. Quer dormir na minha cama hoje?”
“-Sim mamãe.” – Respondeu o menino sentando-se na cama da ruiva, vendo a mãe sentar-se ao seu lado.
Minutos depois ambos dormiam.

(...)


Draco aparatou no quarto da mansão Malfoy. Levou as mãos aos cabelos loiros e despenteou-se. Estava completamente confuso. Aquela ruiva, aquele menino, aquela casa, aquelas lembranças. O que era tudo aquilo?
E aquele beijo! Fora tão perfeito, era como se ele não quisesse beijar mais ninguém, só ela. Apenas ela.
Abanou a cabeça. Aquilo era confuso demais e ele não queria pensar naquilo.

“-Draco querido, onde esteve? Não te vi o dia todo, e já passa da hora de jantar.” – Disse a voz da sua noiva por trás de si.
“-Eu fui ver velhos conhecidos.” – Respondeu ele simplesmente.
Sentiu os braços da mulher no seu pescoço e em seguida ela encontrava-se à sua frente. Encarou os olhos azuis esverdeados da mulher mas não sentiu o mesmo que sentia quando encarava os castanhos da ruiva.
Tentou não ligar a isso assim que sentiu os lábios da loira sobre os seus beijando-o.

Ela era a mulher perfeita para um Malfoy não era? O que ele sempre quis? Então porque é que aquilo lhe parecia mais errado do que o normal? Porque é que ele queria que fosse Virgínia Weasley que estivesse ali? Porquê?
Sentiu as mãos da mulher tirarem o seu casaco, e por isso afastou-se dela.

“-O que foi?” – perguntou ela manhosa com o seu sotaque francês fortíssimo.
“-É que…nós casamos amanhã…e não me parece muito bom dormirmos juntos na véspera do casamento.”
“-O quê?”
“-Foi o que ouviu. Eu quero descansar. Compenso-te amanhã. Boa noite.” – Disse ele apontando a porta do quarto.
Vivianne saiu e bateu a força com mais força que o normal, mas Draco não se importou, apenas encolheu os ombros e se deitou na cama.

Porque fizera aquilo? Ele sabia que era mentira o que lhe tinha dito. Sabia que a razão porque não a levara para a cama era a imagem da ruiva na sua mente. Era a sensação de que aquilo era errado. Era a sensação do beijo da Weasley ter sido a única coisa boa que ele fizera naqueles cinco anos.
Era como se ele ansiasse por aquele beijo desde sempre.

Ele não conseguia entender, apenas não conseguia. Fechou os olhos e minutos depois adormeceu.

(...)


Acordou sentindo o filho acariciar seu cabelo. Ainda bem que ele ali estava, que ele existia, que ela tinha engrávidado. Assim sempre tinha uma prova de que os dois anos com Draco tinham sido reais, que eles se amavam mais que tudo.
“-Está melhor mamãe?”
“-Sim príncipe. Que tal irmos tomar café?”
“-Boa.” – Disse o menino dando um beijo na bochecha da ruiva e saindo do quarto da mãe em seguida.

Gina levantou-se e olhou para a janela. Aquela hora já Draco estava na igreja, já ele estava casado.

(...)


Encontrava-se em frente no enorme altar, e sentia seu coração mais apertado que o normal. Havia algo que estava errado, e o pior é que a ruiva não lhe saia da cabeça. E ele sentia como se já tivesse feito aquilo, há muito tempo ele estivera assim, à espera da noiva que ele queria.
A marcha nupcial tocou e Draco virou-se vendo a loira sorrir de uma maneira estranha. Não era um sorriso de felicidade, era mais um sorriso de “eu sou a melhor”, não era o sorriso que ele desejava ver.

Fechou os olhos e assim que os abriu viu-a.
Ruiva, com os olhos castanhos a fitarem-no, um sorriso singelo.

Linda! Perfeita!

“-Queridos irmãos.” – A voz do padre chamou-o à razão, fazendo com que ele acabasse com aquele devaneio.
Não era capaz. Não sabia porquê, mas não conseguia, não conseguia continuar ali, algo lhe dizia que não podia estar ali, nem mais um minuto.
Fechou os olhos mais uma vez.

“-Dorme Virgínia, amanhã é um novo dia.”
“-Fica comigo.” – Pediu ela fechando os olhos.
(...)

“-Bem, hoje faz três meses que estamos juntos.”
“-Eu sei. Hoje faz três meses que meu pai morreu.”
“-Hei Virgínia, não fique assim, seu pai não iria gostar de te ver triste.”
“-Eu sei. E tem razão, não vou ficar triste. Então diga-me onde vamos jantar?”
“-A minha casa.” – Respondeu ele.
“-Mas que criativo.”
(...)

“-Aceita casar comigo?”
A ruiva não disse nada, apenas piscou os olhos algumas vezes e então ele engoliu em seco e disse em seguida:
“-Eu sei que nós namoramos há 3 meses, mas eu não quero esperar mais, eu te amo….e sei que o certo é nós ficarmos juntos…para sempre…”
“-Sempre?”
“-Sim….mas eu entendo se não quiser.” – Completou ele desviando os olhos dos dela.
“-Não quiser?”
“-Sim…você pode não querer…você…”
“-Cala a boca Malfoy. Eu quero, eu quero Draco, eu quero casar com você, não há nada que eu mais queira.” – Disse ela, fazendo-o sorrir, antes de ele a beijar.
(...)

“-Iluminação?” – perguntou ela estupefata fazendo-o sorrir.
“-Sim Virgínia. Eu gosto das coisas bem iluminadas de dia e bem escuras de noite. Nunca se perguntou porque é que o nosso quarto na Mansão é o que recebe mais luz o dia todo? Nem porque é que eu de noite fecho as janelas e corro as cortinas escuras?”
“-Certo, você é louco.”
“-E a minha loucura tem um nome.” – Murmurou ela ao ouvido dele. – “Virgínia Weasley, a futura Sra. Malfoy.”
(...)

“-Eu te amo.” – Murmurou ela, acabando por o beijar.
“-E eu a ti….Sra. Malfoy.”
“-Uma foto?” – perguntou o homenzinho pequeno com uma máquina fotográfica á tira colo.
“-Claro.” – Respondeu o loiro passando com os braços pela cintura dela, abraçando-a
(...)

“-Um agradecimento, pelo melhor ano e meio da minha vida.”
Ela pegou na caixinha e assim que a abriu viu uma corrente de ouro com um pingente de dois corações.
“-É lindo. Mas não era necessário.”
“-Claro que era.” – Murmurou ele pegando na corrente e pondo-a no pescoço dela. – “Você me faz feliz Virgínia, muito feliz.”
(...)

“-Estava a ter um bom sonho? Sorria enquanto dormia.” – Disse ele acariciando a face dela.
“-Estava sim, a ter um belo sonho.” – Respondeu ela sorrindo para o marido e levantando-se, ficando sentada no sofá.
“-E sobre o que era?”
"-Sobre o quê? Como vou explicar?...Oh sim, já sei.” – ela em vez de dizer algo pegou na mão do loiro e pousou-a na barriga.
“-Não entendi.”
“-Nós vamos ter um bebê Draco. Eu estou grávida.”
Por momentos o loiro não reagiu, apenas piscou os olhos encarando a ruiva, mas segundos depois ela viu aparecer na face dele o sorriso mais belo que alguma vez tinha visto.
“-Grávida! Isso é fantástico.”
(...)

“-Sr. Malfoy, eu tenho más notícias.” – Disse uma voz serena atrás dele.
Virou-se apenas para ver o médico que acompanhava a gravidez da sua mulher.
“-Eu lamento, mas sua esposa sofreu um aborto natural, ela perdeu o bebé.”
Por segundos Draco sentiu-se dentro de um pesadelo, sentiu que a vida lhe fugia por entre os dedos. As lágrimas quiseram embaciar seus olhos, mas ele fechou-os com força, com muita força.
Seu filho! Não podia ser verdade, não podia. Perdera seu filho, o filho que ia ter com ela. Perdera-o.
(...)

“-Eu tenho que ir. Eu preciso, está na hora. É a guerra final Virgínia, esta guerra vai mudar as vidas de todos.”
“-Eu gosto da nossa vida Draco. Você não pode ir.”
“-Eu tenho. Meu pai…ele vai lá estar, e ele vai pagar por tudo, por tudo o que me fez sofrer, por tudo o que te fez sofrer. E depois tudo correrá bem meu amor, tudo.” As lágrimas escorriam pela face dela, o fez Draco passar com os polegares na face dela secando-a.
“-Promete! Promete que volta vivo…para mim.”
“-Eu prometo Virgínia, eu prometo. Nós seremos muito felizes, verá.”
(...)

“-Avada Kedrava.” – Murmurou ele vendo o feitiço apanhar seu pai.
“-Amore Finite.” – Disse o seu pai antes de morrer.
Sentiu o feitiço atingido em cheio no coração, e logo em seguida sentiu as lágrimas invadirem seus olhos, e no instante seguinte murmurou: “-Virgínia.” – E caiu no chão sem sentidos.


(...)


“-Draco Malfoy aceita Vivianne como sua esposa?”
“-Não. Eu não…eu…oh céus…Virgínia.” – Disse ele.

Todos olhavam para ele meio surpresos, mas ele não se importava, não mais, apenas se limitou a aparatar no minuto seguinte.

(...)


A ruiva olhava para o pequeno loiro que brincava no meio do chão da sala, e foi então que ouviu batidas fortes na porta. Levantou-se e abriu a porta vendo Draco parado á sua frente.

“-O que…”
“-Céus como pude te esquecer!” – Disse ele simplesmente antes de a beijar.

Os lábios dele moviam-se sobre os dela de uma maneira avassaladora, como se ele quisesse compensar os anos perdidos, como se quisesse ter a certeza de que ela estava ali, nos seus braços. Gina encontrava-se pendurada no pescoço dele, sentindo as mãos geladas dele na sua cintura, puxando-a para ele.
Era um beijo diferente, apaixonado, desejado, sofrido, quase violento. Mas ela não se importava, o que importava é que ele ali estava, com ela, e ela encontrava-se nos braços dele como nunca devia de ter deixado de ser.
Afastou-se dele e viu Draco sorrir como antigamente, enquanto ele passava com ambas as mãos na face dela, acariciando-a.

“-Você lembrou?” – perguntou ela puxando-o para dentro de casa e fechando a porta.
“-Sim. Eu lembro Virgínia, eu lembro de tudo. Da noite chuvosa em que te conheci, da primeira vez que fiz amor contigo, de termos dito á tua família que namorávamos, de te ter pedido em casamento, do nosso casamento, de você dizer que estavas grávida, do aborto, de te sentir culpada por ter perdido o bebê. Da última noite que fiz amor contigo. Céus, como eu pude esquecer. Como? Eu sabia…eu sabia que havia algo, e quando te vi ontem, sentia uma vontade enorme de te abraçar, de te beijar, de te amar.”

Ela sorriu, sentindo as lágrimas escorrerem pela sua. Draco passou com os polegares no rosto dela e secou-as, antes de a beijar novamente.
Os lábios moviam-se vagarosamente daquela vez, como se ambos quisessem que aquele beijo durasse para sempre.
“-Estou tão feliz.” – Disse ela abraçando-o em seguida, e olhando para trás dele vendo o Ethan a olhar confuso para eles. – “Sabe, na última noite, antes de ir para a guerra você me deu o melhor presente da minha vida.” – Sussurrou ela antes de olhar nos olhos dele.
“-O quê?” – questionou ele sorrindo.

Virgínia apontou com a cabeça para algo que estava atrás dele, o que fez Draco virar-se e ver o pequeno loiro a olhá-lo enquanto segurava duas vassourinhas nas mãos.
Olhou para a ruiva e ela sorriu encolhendo os ombros, e em seguida olhou novamente para o pequeno.

Suspirou fundo sentindo o coração acelerar enquanto caminhava até ele. Abaixou-se em frente ao Ethan e passou com a mão no cabelo dele, afastando-o dos olhos dele.

“-Você é o meu pai?” – perguntou ele.
Draco sorriu feliz, sentindo-se o homem mais feliz do Mundo.
“-Eu sou…filho.”

Ethan não disse nada, apenas largou as vassourinhas e passou com ambos os braços por trás do pescoço de Draco, apertando-o. O homem passou os braços em volta do corpo do menino e apertou-o contra o seu corpo, levantando-se com ele no colo.
Era o seu filho, o filho que sempre quis. Seu filho e filho da mulher que ele amava, da mulher que ele sempre amou.

Sentiu os lábios do pequeno darem um beijo estalado na sua face e em seguida o pequeno sorria para ele. Draco pousou-o no chão, e no instante seguinte ouviram um barulho de aparatação que vinha da sala.
Ethan correu até à sala e Draco puxou a ruiva para si.

“-Eu perdi tanto. Desculpa Virgínia, desculpa por te feito sofrer…eu…”
“-Shii.” – Murmurou ela pousando o dedo nos lábios dele. –“Você não teve culpa. Não teve. O feitiço era inquebrável, e mesmo assim você quebrou-o. Você quebrou o feitiço porque…”
“-Porque te amo mais que tudo.”
“-Eu também te amo Draco…muito.” – Disse ela antes de voltar a beijar os lábios dele.

“-Maninha eu e a Hermione viemos ver se estava bem pois o….” – Mas Rony não terminou de falar assim que viu sua irmã a beijar o Malfoy, bem no meio do corredor. – “Esquece isso.”
A ruiva soltou-se do loiro e olhou para o irmão.
“-Rony? O que faz aqui?” – perguntou ela surpresa enquanto sentia Draco abraçá-la.
“-Eu e a Hermione viemos ver como estava, mas parece que esta bem” – respondeu ele.

A morena apareceu ao pé dele, com Ethan e Rebeca. Gina viu ela ficar realmente surpresa ao ver Draco.
“-Eu também tenho um papai.” – Disse Ethan correndo até Draco, agarrando-se ás pernas dele.
“-Lembrou de tudo Malfoy?”
“-Sim Granger.”

Rony aproximou-se dele com uma expressão estranha no rosto, e olhou para o loiro que o encarou enquanto soltava a ruiva.
“-Ouve bem o que te vou dizer…”
“-Se me vai dizer que me mata se eu fizer a sua irmã chorar, pode ficar calado, mais nada vai me afastar dela, nada.”
“-Não ia dizer isso.” – Murmurou o ruivo. – “Eu ia dizer: Seja bem-vindo Malfoy.”
Draco ficou surpreso e ainda ficou mais quando viu a mão do ruivo esticada. Ele olhou para ele e sorriu, apertando-a em seguida.

“-Obrigado.” – Disse ele.
Gina sorriu e em seguida deu um beijo na bochecha do irmão e disse:
“-Eu te adoro Ronald Weasley.”
“-Eu também te adoro. E por isso é que eu estou feliz pelo Malfoy ter voltado, há muito tempo que não sorria assim, há muito mesmo.”
“-Bem, nós vamos embora….hum…querem que a gente leve o Ethan, ele pode ficar a tarde em casa, trazemos-o na hora de jantar. O que acham?”
“-Quer ir filho?”
“-Sim mamãe, eu vou. Até logo.”

Virgínia e Draco viram o filho dar a mão á morena e no instante seguinte eles encontravam-se sozinhos.
“-Enfim sós…” – murmurou ele virando a ruiva para si.

Draco olhou para o pescoço dela e em seguida puxou a corrente, visualizando a aliança. Tirou a corrente do pescoço da mulher e em seguida pegou na sua aliança, e Virgínia tirou-a das mãos dele.
“-Eu coloco.” – Murmurou ela.
Draco sorriu esticando a mão esquerda, o que fez com que a ruiva enfiasse a aliança no dedo anelar dele.
“-Agora sim, tudo certo.” – Disse ela sorrindo.
“-Oh nem tudo. Eu tenho saudades de fazer amor com a minha mulher, e te
garanto Virgínia, não vou esperar nem mais um minuto.”

Ela gargalhou antes de sentir as mãos do marido nas suas costas e os lábios dele sobre os seus.
Minutos depois ambos se encontravam deitados na cama, amando-se como há muito tempo ambos desejavam.

(Alguns meses depois.)


“-Ethan, onde está a sua mãe?” – perguntou Draco entrando em casa e vendo o filho de seis anos sentado no sofá.
“-Ela está no quarto papai.”
“-Certo. E como foi o teu dia?” – questionou ele caminhando até ao filho.
“-Oh foi bom, eu e a mamãe fomos ao médico.”
“-Ao médico? O que foram fazer no médico?” – indagou ele aflito.
“-Porque não pergunta à mamãe?” – sugeriu o menino sorrindo.

Draco olhou desconfiado para o filho, mas sabia bem que ele não diria nada, por isso saiu da sala e em seguida subiu as escadas, indo ao encontro da mulher que se encontrava no quarto a olhar a rua.

“-Sabe, eu fico feliz que Ethan não seja só igual a mim.” – Disse ele, fazendo a ruiva virar-se.
“-Mas, ele é igualzinho a ti. Fisicamente não tem nem um traço meu.”
“-Se olhar melhor Virgínia, verá que isso não é verdade.”
“-Ah não?” – perguntou ela divertida aproximando-se do marido e sentindo as mãos dele em seguida enlaçando-a pela cintura.
“-Não Virgínia, ele tem o seu sorriso.” – Murmurou Draco beijando os lábios dela em seguida.
“-Bem…então teremos que ter outro filho que tenha o seu sorriso.”
“-Ou melhor uma filha, igual a ti, linda como você, mas com o meu sorriso.”
“-Eu realmente acho uma boa ideia Draco.”
“-Certo, vamos lá fazer essa menina.” – Murmurou ele sedutoramente ao ouvido dela.
“-Oh não é necessário. Ela já vem a caminho. Daqui a 7 meses nós teremos nos braços uma menina.”
Draco suspirou e ai entendeu porque é que ela e o filho tinham ido ao médico.

“-Está contente com a notícia?”
“-Mais impossível Virgínia! Mais impossível.” – Disse ele antes de a beijar.
"- Draco, como iremos acabar?” – perguntou ela olhando o marido profundamente.
“-Como qualquer história de amor. Viveremos felizes para sempre.”


Fim





N/A: Fala se eles não são as coisiNhas mais fofas desse mundo ?!
Fofas, románticas, e MARAVILINDAS *-*

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.