Licantropia



Capítulo 7 - Licantropia





"-Essas garotas são loucas, escute o que eu te digo... -concluiu finalmente Sirius, abraçando-se à lufana e dando às costas para onde nós estávamos. Disse aquilo como se tentasse se convencer também."

"Enquanto Catherine e eu dançávamos, pudemos perceber um certo clima entre um certo maroto e uma certa amiga...

Uma música mais lenta começou a tocar. Alice olhou tímida para Remus, que sorriu e ofereceu sua mão, para dançarem abraçados. Nessa hora o coração de minha amiga deu saltos como se estivesse fazendo um batuque dentro do peito. Os dois se aproximaram lentamente e Remus enlaçou-a pela cintura com carinho, enquanto Alice o abraçava pelos ombros. Ficaram dançando não sei por quanto tempo, mas garanto que foram momentos inesquecíveis para os nossos pombinhos.

-Você realmente não se parece nada com seus amigos... -comentou Alice baixinho.

-Sério? Por que? -perguntou Remus, fingindo não entender, com um sorriso maroto nos lábios.

-É gentil... É doce... Educado...

Remus apenas riu, conduzindo a menina devagar para o meio da pista.

-Então eu consegui te provar que não sou como eles. -concluiu Remus, de modo inteligente.

-Nem tanto! Você ainda continua sendo um maroto senhor Lupin! -brincou Alice, fazendo-o rir novamente. A música parou e eles se afastaram um pouco, embora Remus ainda segurasse na mão de Alice.

-Você dança muito bem! -elogiou ele, um sorriso encantador no rosto.

-Você é que sabe conduzir. -disse Alice de maneira gentil.

Os dois continuaram juntos até o final da festa. Se chegaram a se beijar, só ia saber quando nos reuníssemos no dormitório. Enquanto isso, Catherine e eu dançamos, rimos, e também fomos umas das últimas a sair. No outro dia, pela manhã -nem tão manhã assim, acordei e observei minha amiga com um sorriso bobo nos lábios, como se estivesse sonhando acordada.

-Huuum... Tô sentindo um cheirinho de amor no ar... -impliquei rindo, fazendo-a despertar de seu devaneio.

-Ora Líl! -reclamou ela, sem jeito. -Ele é fofo e daí? Ai amiga, a noite foi tudo... -seus olhos brilharam quando ela disse isso, abraçada ao travesseiro.

-Sim, eu notei... E vocês...?

-O que?

-Se beijaram?

-Não... Quer dizer, quase... Mas ele não forçou a barra sabe? Ai Líl ele é tão fofo...

-Mas que mel é esse logo de manhã Merlim do céu! -resmungou Catherine acordando. -Parece aquelas novelas de Regina Duarte, eu hein...

-Iiiihhh sai fora Cat! Cê tá precisando de um amor... -provocou Alice.

-Pra ficar abestada que nem você? Não, obrigada... -ela levantou-se e foi tomar seu banho.

O que ela não sabia, ou talvez soubesse mas fingia que não, é que eu e Lice já havíamos notado em como ela ficava quando Sirius estava por perto. Tornava-se quieta e com uma cara perturbada de quem viu assombração. Mas Cat era teimosa, e ia jurar de pé junto até o fim que não sentia nada por ele. Já eu, bem, as meninas pareceram esquecer um pouco de implicar comigo em relação ao Potter, já que estavam ocupadas com suas vidas românticas... Acho eu.

***


Foi no meio do nosso quarto ano que Catherine resolveu fazer o teste para entrar no time de quadribol. Ela costumava voar muito bem, e sempre havia negado a chance de jogar. Apesar de sermos amigas há quatro anos, ela sempre me surpreendia.

Ao final das aulas daquela quarta-feira, fomos correndo para o campo, esperar para ver o teste de Cat. Ela estava disputando uma vaga na artilharia -por um "acaso" a mesma posição de Sirius- e era o único teste daquela tarde, por isso seria rápido. Teve sorte pois era a única vaga existente no time, já que o antigo artilheiro havia se formado e saiu da escola. Ela parecia tranqüila e bastante confiante, montada em sua vassoura. Mais duas pessoas disputariam a vaga. Catherine foi a primeira a começar e em seus cinco arremessos concluiu todos. Surpresa nenhuma pra mim, ela sempre foi muito boa. Já a sextanista Hopkins, arrematou quatro e o quintanista Tracey errou seu último arremesso. Catherine sorriu levemente ao receber a notícia de que estava no time. Agradeceu, acenou de forma discreta para nós e seguiu para o vestiário.

-Muito bom Cat! -elogiou James entrando logo em seguida.

-Obrigada. -agradeceu simplesmente, abrindo o armário e pegando suas roupas. -Vou ali me trocar, nos vemos depois. -disse ela dando uma piscadela e seguindo para um dos banheiros.

-Okay. -concordou James, já saindo.

Cat percebeu que havia esquecido suas meias.

-Droga! -reclamou a menina, olhando para os lados para ver se havia alguém ali. O vestiário estava vazio. Ela arriscou, abrindo a porta do banheiro, e saiu andando rápido até seu armário. O que não percebeu, é que um certo maroto estava prestes a dar de cara com ela vestida apenas com suas roupas íntimas... Sirius entrou assobiando distraído, e quando Catherine virou em sua direção, soltou um grito e quase escorregou não fosse o maroto, atônito, segurá-la nos braços. Os dois se encararam por alguns instantes sem saber o que fazer. Sirius sentia a pele macia de Cat em suas mãos, não imaginava que a menina era tão bela assim...

-Ehr... Pode soltar agora Black... -disse a menina extremamente envergonhada.

-Soltar? Mas está tão bom assim... -respondeu ele maroto.

Catherine ficou vermelha e empurrou o garoto.

-Seu, seu... Pervertido!

-Ah e eu que sou o pervertido? Você desfila pelo vestiário de calcinha e sutiã e eu sou pervertido? Não mostre a um maroto uma menina semi-nua, qualquer idiota sabe disso!

Catherine soltou um grunhido estranho e engraçado e tacou uma blusa no rosto dele. Sirius riu com o gesto da garota, que voltou ao banheiro, e saiu dali, sorridente.

***


Depois do teste, voltamos pra sala comunal, pois o dia estava bastante convidativo para ficar em um lugar quente e aconchegante. Claro, Alice e Remus se 'atrasaram' um pouco, por isso voltei sozinha. Estava deitada de bruço, em frente à lareira, com várias anotações em volta, mas não eram anotações escolares. Há algum tempo que eu desconfiava de um certo maroto um tanto quanto... Licantropo. Loucura? Talvez... Quando me peguei pensando nele a princípio fiquei perturbada, mas depois percebi que os fatos realmente se ligavam: pelo menos uma semana por mês ele sumia, e a gente quase não via Sirius e Potter também. Ademais, quando ele voltava estava sempre com aquela feição doentia que eu vi no terceiro ano. E pra ser mais exata, a semana que ele costumava sumir era a semana de lua cheia. Por isso todas aquelas anotações sobre licantropia, lua cheia e características lupinas me cercavam: quem não desconfiaria, aliás, quem fosse observador como eu era?

-Lílian? -ouvi uma voz conhecida me chamar, interrompendo o fervor de meus pensamentos.

-Sim? -virei-me para ver quem era. -Ah, Potter.

-O que você tá fazendo? -perguntou curioso sentando-se ao meu lado.

-Estudando...

-Licantropia? Mas isso a gente já viu no ano passado... -comentou ele confuso, pegando um dos pergaminhos.

-Mas eu estou aprofundando... Aliás que que você tem com isso?

-Nada... Mas é estranho. -ele me encarou bastante desconfiado. 'Ela não pode saber' pensou consigo.

-Conhecimentos adicionais Potter. Ao contrário de você, eu uso meu tempo livre pra fazer alguma coisa útil.

-Mas eu faço alguma coisa útil...

-Ah é? Dar em cima da metade de Hogwarts é algo útil? Essa é novidade pra mim.

-Não sou eu que dou em cima. Elas que me procuram.

-Ah, é claro... -revirei os olhos.

-E eu sei que você também é louquinha por mim...

Soltei uma gargalhada.

-Vai nessa... -encarei-o com tédio.

-Pode apostar ruiva! -disse ele piscando e levantando-se em direção às escadas. Voltei minha atenção aos pergaminhos, um pouco mais irritada devido as bobeiras do Potter, mas ela logo foi desviada novamente. Desta vez Cat adentrava a sala. Sua expressão não era nada boa...

-O que foi? -arrisquei.

-Nada. -respondeu ela rapidamente se jogando no sofá.

-Hum, sei...

-Líli não enche!

-Tá booom...

Em seguida Sirius entrou também, segurando uma blusa que não me era estranha nas mãos.

-Acho que isso é seu... -disse sentindo o perfume da garota e jogando a blusa no colo de Cat, sorrindo.-Huuum, nada mal! -Ela ficou muito vermelha, mas não respondeu. Sirius deu uma piscadela e subiu para o dormitório.

-Será que alguém poderia me dizer o que significou essa cena? -comentei confusa.

-Ah Líl! Eu estava no vestiário e tive uma de minhas brilhantes idéias.

-O que houve?

-Eu estava trocando minha roupa e esqueci de pegar minhas meias. Então eu saí para pegá-las, só de roupa íntima e quando eu volto com quem eu dou de cara?

-Sorte sua, Catherine querida, que eu te segurei... -sussurrou Sirius em seu ouvido, aparecendo de repente. Ele abraçou a menina pelas costas e deslizou suas mãos até sua cintura. -Aliás, acho que fez de propósito.

-VAI SONHANDO BLACK! -gritou Catherine muito vermelha, desvencilhando-se do maroto. Eu me segurei pra não rir. Sirius apenas sorriu e saiu de novo. -ÓTIMO! AGORA ELE VAI SAIR ESPALHANDO PRA HOGWARTS INTEIRA E VÃO ACHAR QUE A GENTE TEM UM CASO! -bufou ela.

-Eu não teria tanta ceteza amiga... -respondi séria, apontando para fora da saída, onde via-se claramente o moreno abraçado a uma corvina, no maior dos beijos. Catherine encarou por uns instantes em transe, e depois voltou a sentar. Eu apenas fiquei a observando.

-Tem que tomar mais cuidado Cat.

-Nem me fale... -suspirou aborrecida. -Eu nunca mais vou ter uma dessas minhas idéias idiotas...

-Huuum. Acho que esse processo vai levar um tempo. -provoquei, enquanto ela riu e jogou uma almofada em cima de mim.

-O que você estava fazendo? -perguntou curiosa, sentando no lugar onde instantes atrás Potter estava.

-Estudando...

-Licantropia? É o que? Está apaixonada por um lobo? -debochou ela.

-Aham. -respondi sarcástica. -Fala sério né! Eu tava só aprofundando estudos...

-Ahn sei... Pelo que eu te conheço deve é estar tramando alguma... A Alice não faz bem pra você, você está ficando igualzinha ela... -eu ri do comentário.

-Claro que não! Não tem nada demais estudar essas coisas...

-Ter não tem... Mas que você deve estar suspeitando que alguém tem esse problema, ah, eu apostaria três galeões! -eu ri de novo.

-Cat, como você é chata! -joguei de volta a almofada nela. Foi o motivo pra começarmos uma pequena guerrinha. Só paramos quando Lice chegou com Remus... De mãos dadas.

-Ehr... Oi. -cumprimentei sem jeito.

-É por isso que eu amo vocês! Tão carinhosas! -disse Alice irônica, divertindo-se com as penas que caíam pela sala. Cat sorriu falsamente ao comentário da amiga.

-E o que está havendo aqui? -perguntou Cat, fingindo-se de séria, encarando ambos de braços cruzados. Remus corou. Eu comecei a rir.

-Não seja tão má! -censurei. Cat riu junto comigo. -Lupin, isto significa uma oficialização de compromisso?

-Como? -perguntou ele confuso.

-Vocês estão namorando? -traduziu Cat impaciente, revirando os olhos.

Os dois se entreolharam.

-Ãhn... Bem, o que você acha Lice? -disse Lupin encarando a garota. Sim, eu percebi que ele usou o apelido dela.

-Ah Remie... -que história de apelidos é essa? -O que você achar melhor...

-Como assim o que ele achar melhor Alice Hoss?! Ou vocês estão namorando ou não! -disse Cat séria. -Trata-se de um maroto lembra? -ela fez sinal de 'sacou' -Apesar de ser o melhor deles continua sendo um maroto...

-Tá, tá, nós estamos e pronto! Será que dava pra vocês duas pararem de bancar minhas mães?! -reclamou Lice.

-Mas é que você vai ser sempre a nossa garotinha!!! -implicou Cat,apertando as bochechas dela, que tentava desvencilhar.

-Falou e disse! Nossa menininhaaaa!!! -baguncei seus cabelos e comecei a fazer cócegas nela. Lupin divertia-se com a cena e enquanto Cat continuava a encher Lice, me afastei um pouco pra falar com ele.

-E é melhor você tratá-la muito bem ouviu? Senão vai se ver com a gente... -ameacei em tom de brincadeira.

-Ah claro! Eu é que não sou doido de não fazer isso... -provocou. -AI! -riu do tapa que eu dei em seu ombro. Logo após a nossa "cerimônia de aprovação", eu e Cat subimos para deixar os pombinhos a sós.

-Meninas doidas! -reclamou ela.

-São suas amigas... E se preocupam contigo... -comentou Lupin paciente.

"Você é tão importante para todos,
Você finge ser tudo o que quer ser,
Mas eu, eu sei quem você realmente é,
Você é aquele que chora quando está sozinho"


-E que mal VOCÊ poderia me fazer? -disse a loira sorrindo marota e abraçando-o pelo pescoço. O garoto segurou sua cintura e a pergunta lhe pesou um pouco, Lice pareceu perceber. -O que foi? Pareceu perturbado...

-Não é nada... -disse ele acordando de seu transe. -Eu nunca faria mal algum à você... -terminou, olhando-a nos olhos. Lice sorriu e os dois beijaram-se apaixonadamente. O que eles não perceberam era que eu e Cat estávamos na escada, agachadas e observando tudo num absoluto silêncio.

"Mas Para onde você vai?
Sem ninguém para te salvar de você mesmo,
Você não pode escapar,
Você não pode escapar..."


***


A cena do dia anterior me deixou bastante pensativa. Será que Lupin ficou perturbado pelo fato de representar algum perigo? Quer dizer, será que o fato dele ser lobisomen poderia interferir em seu relacionamento? Ele seria capaz de machucar Alice? Levando em conta o lado lógico, óbvio que seria, pois quando se transforma, um lobisomem não se lembra de quem é, perde totalmente a consciência. Mataria seu melhor amigo sem hesitar...

"Mas Para onde você vai?
Sem ninguém para te salvar de você mesmo,
Você não pode escapar,
Você não pode escapar da verdade,
Eu percebi que você está com medo,
Mas você não pode abandonar todo mundo,
Você não pode escapar,
Você não quer escapar..."


-Hein Lily? Lílian!!! Terra para Líliaaaaan!!!

-Ãhn? O que? Ah, use o vermelho, combina mais com você... -respondi sem fazer idéia do que ela estava falando.

-Líl eu já escolhi o meu vestido há quarenta minutos! Estava te perguntando da lição de Herbologia! O que é que você tem, que está no mundo da lua? -irritou-se Cat.

-Não é nada Cat, tá bom? -saí mal-humorada do quarto, atravessando a saída da sala comunal em direção aos jardins. Aquelas evidências estavam me perturbando demais! Minha curiosidade aumentava cada dia... Eu precisava ver aquilo... Eu precisava ter certeza! Talvez por isso o chapéu seletor tenha me colocado na Grifinória e não na Corvinal... Por causa dessas minhas idéias insanas... Porque apesar de tudo eu me arriscava...

Então, na semana de lua cheia -eu havia marcado no calendário -planejei sair para constatar minhas suspeitas. Ninguém sabia de nada, lógico, fazia tudo sozinha e em horas propícias, que não tivessem muitas pessoas em volta. Logo no primeiro dia, saí do dormitório e fui e direção aos jardins. Estava andando pelos corredores no mais absoluto silêncio e nem eu acreditava que estava fazendo aquilo. Por um acaso, errei o caminho e fui parar perto da Ala Hospitalar. 'ÓTIMO!' pensei mau humorada, já indo tomar o caminho correto, quando escutei uma voz conhecida vinda de dentro da Ala. Literalmente gelei ao reconhecer a voz de Lupin!

-Obrigado Madame Pomfrey! -escutei-o dizer enquanto seguiam para fora. Pulei rápido pra uma parede próxima, escondida. Observei-os passar sem respirar, o coração quase saltando pela minha boca. Então era verdade! Era mesmo verdade!

-Garoto, acho que deveria tomar mais cuidado... Muita gente pode descobrir o que você anda fazendo sabe...

"Eu estou tão cansado de falar palavras que ninguém entende!
É claro o bastante que você não pode viver sua vida inteira sozinho?
Eu posso ouvir você num sussurro, mas você não consegue me ouvir nem gritando..."


-Acho que não Madame Pomfrey... As pessoas estão ocupadas demais com seus problemas, nem devem reparar. -a bruxa o encarou hesitante e os dois seguiram para os jardins, eu é claro, no encalço. Observei-os pararem perto do Salgueiro Lutador. "Que diabos estavam fazendo?" pensava comigo mesma, abaixada em um arbusto. De repente Madame Pomfrey pegou um galho longo e apertou um dos nós da árvore, que paralizou. Arregalei os olhos, percebendo que havia um pequeno túnel, no qual Lupin entrou. Quando a enfermeira pareceu se convencer de que Lupin estava seguro, deu as costas e andou em direção ao castelo novamente. Não demorou muito para a lua iluminar os arredores e eu escutar gritos. Gritos horríveis, como se alguém estivesse sendo torturado, seguidos de um uivo. Um uivo triste e de congelar o sangue. Não dava pra acreditar que aquele garoto tão gentil e educado estivesse sofrendo tanto... Chegava a ser injusto...

"E para onde você vai?
Sem ninguém para te salvar de você mesmo,
Você não pode escapar da verdade!
Eu percebi que você está com medo...
Mas você não pode rejeitar o mundo inteiro!
Você não pode escapar!
Você não vai escapar!
Você não pode escapar!
Você não quer escapar!"


Sem pensar direito, eu levantei e fui até o Salgueiro, que movimentava seus galhos ameaçadoramente. Peguei o galho que Madame Pomfrey havia achado e cutuquei o nó. A árvore ficou imobilizada. Me aproximei do túnel, o coração saindo pela boca. Mas onde ele estava? O lugar parecia muito mal cuidado, sujo e úmido, quase não dava pra enxergar nada por causa da escuridão. Pulei de susto ao ver a sombra de uma figura horrenda que me encarava, os olhos brilhando de um modo assassino. O sangue sumiu de minha face, enquanto o lobo se aproximava mais, e mais, e mais... Eu estava paralizada, ele estava prestes a me dilacerar... Eu ia morrer...

"Você acha que eu não consigo ver através de seus olhos,
Assustado até a morte de enfrentar a realidade,
Ninguém parece ouvir seu choro secreto,
Você foi deixado sozinho para enfrentar a si mesmo..."


-O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO AQUI SUA LOUCA? -uma voz gritou enfurecida, pegou-me pelos braços e me empurrou para o lado, caindo junto comigo. Demorou um pouco até eu perceber que era James Potter. Ele estava me protegendo do lobo que tentava atingí-lo com suas garras afiadas, estava tentando tomar tempo até a árvore se mexer novamente. E conseguiu. Graças à Merlin, e com o perdão da palavra, uma puta sorte nós escapamos... Por pouco. Eu ainda estava ofegante, me recuperando do susto. -Lílian Evans. Agora você vai me explicar o que é que você estava fazendo! Eu sabia... Sabia que aquelas anotações tinham algum propósito...

-Me solta Potter! -desvencilhei dele irritada. -Eu, eu... Eu não lhe devo explicações!

-Ah não?! -ele me encarou surpreso -É, realmente não deve, mas se não fosse por mim à essas horas você estaria morta! Mas não precisa falar nada Evans... Eu já entendi tudo... Desde quando você sabe?

-Desde... Que comecei a perceber os constantes sumiços na lua cheia... -respondi em tom choroso.

-Óbvio. Era de se esperar que uma garota como você notasse... -concluiu ele sério. Se aproximou de novo, me abraçando com ternura. -Você está bem?

-Aham... -respondi com a voz tremida, algumas lágrimas escapando de meus olhos.

-Líly calma... Não fica assim... Vai passar... -ele fazia carinho nos meus cabelos, como um pai consolando a filha assustada. Nunca pensei que Potter pudesse ser assim...

-Mas, mas... É horrível... Quer dizer, ele é um garoto tão legal...

-Todos nós sabemos disso... Mas não podemos ser perfeitos não é? -"O QUE? O POTTER DIZENDO AQUILO?!" -Anda, vamos entrar antes que nos peguem aqui...

-Tá... -ele me abraçava pelo ombro, quase me carregando. Eu ainda estava bastante assustada e chegamos na sala comunal sem muitos problemas, apesar de ter ouvido Filch resmungar em um corredor próximo.

-Devia era deixar vocês dois pra fora! O que pensam que estão fazendo perambulando à noite pelo castelo?

-Ah eu mereço, levar sermão de um quadro -resmungou Potter. -Não importa! Hipogrifo Saltitante!

-Acham que devemos estar acordados toda a hora e ter a boa vontade de recebê-los e...

-Já chega! -sibilou James irritado. -Hipogrifo Saltitante!

A contragosto a mulher gorda abriu a passagem e nós sentamos no sofá da sala comunal. Potter me ajeitou em seu colo e continuou a fazer carinho em meus cabelos.

-Como se sente?

-Bem melhor obrigada... -eu estava adormecendo no colo dele, apavorada. Não tinha nem notado a dimensão da cena em que me encontrava..."

"Eu te escuto num sussurro, mas você não consegue me ouvir nem gritando..."

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