O Desfecho




No dia seguinte,antes mesmo que o primeiro raio de sol surgisse no céu, Gina acordou com um barulho. Olhou para os lados,os outros continuavam dormindo profundamente. De ouvidos atentos,ficou à espreita,pra tentar escutar mais alguma coisa. De novo o barulho,agora cada vez mais forte,nítido,barulho de gente andando.
Os bombeiros,claro!,imaginou Gina. Eram eles à procura dela e de seus amigos,estavam ali para levá-los para casa,enfim. Numa alegria infinita,ela levantou silenciosamente pra não acordar os outros e foi procurar seus salvadores.

- Oiê! Seu bombeiro! Estamos aqui! Onde o senhor está? – ela gritou,tentando ouvir o barulho entre as arvores.

Nenhuma resposta. Gina resolveu se enfiar mais um pouco no matagal à procura do dono dos passos. Decidiu pegar uma rampinha de terra,mas perdeu o equilíbrio,escorregou e caiu de bunda na base da rampa. Ainda com o cóccix dolorido e limpando a terra molhada do traseiro,Gina ouviu outro barulho,uma palma.

- Arrã! Matei você,mosquito sem-vergonha!

A frase,dita por uma voz masculina,vinha ali de perto,ela tinha certeza. A felicidade tomou conta de todos os poros de Gina.

- Oiê! – Gina gritou para o nada.
- Oiê!
- Tudo bem aí?
- Tudo bem aí?
- Cadê você?
- Cadê você?
- Eu to aqui!
- Eu to aqui!
- Aqui onde?
- Aqui onde?
- Você ta zoando da minha cara? Eu to perdida!
- Você ta zoando da minha cara? Eu to achado!
- Sem graça!
- Mamãe não acha!
- Quem é que ta aí,hein? Mostra a sua cara! Eu to perdida no meio da floresta com fome e sede,saudade de casa,com três amigas e três amigos.

Resmungando, Gina tropeçou num menino de 16 anos,que usava um chapéu de palha e tava sentado olhando o horizonte.

- Não acredito! Uma pessoa!
- Sim,uma pessoa que se chama João. Prazer.
- Prazer. Virginia,mas pode me chamar de Gina.
- Oi Gina. Você que tava fazendo eco? – perguntou,cínico.

Gina espremeu os olhos e fez sua cara de irritadinha preferida.

- Olha,eu to tão feliz em te ver que nem vou responder à brincadeirinha.
- Feliz em me ver? Ih,olha a garota! Mal me conhece e já começa a dar em cima de mim...

Gina se enfureceu de verdade.

- Eu não to dando em cima de você,seu metido! É que eu e os meus amigos passamos a noite inteira na floresta,embaixo de uma pedra,perdidos do resto do grupo... Você mora aqui?
- Moro,no meio da floresta. Só eu e os bichos. Uma macaca me adotou quando eu era bebê e desde então a gente vive como uma família. Sou praticamente um menino macacdo!
- Dââ! – enfezou-se Gina. Aquilo era hora de piada?
- Na verdade,eu vou te contar um segredo...eu sou o filho do Tarzan.
- Ô garoto,você ta entendendo a gravidade da situação ou quer que eu repita? Eu to perdida. PER-DI-DA!
- Vem cá,como é que você ta perdida se ta a menos de 40m da Canto Amado? É só descer esse morrinho que você ta lá.
- Canto Amado?! Que é isso?
- A fazenda do meu pai.
- Fazenda? Não acredito que a gente tava perto de uma fazenda...
- Pois é,se tivessem batido lá,teriam dormido no quentinho,no conforto...
- Poxa vida,que azar! Também, não dava pra ver nada,tava o maior breu.
- Como é que você veio parar aqui?
- O pessoal da Vida d’Ouro resolveu fazer uma caminhada e...
- Caramba! A Vida d’Ouro é do outro lado da montanha. Vocês se perderam mesmo! Onde estão os seus amigos?
- Tão lá em cima,dormindo. Vou acordá-los e já volto. Você... Você pode me esperar?
- Posso,claro... – disse sedutor. – Pedindo assim,com tanto jeitinho,fico aqui o tempo que você quiser,ruivuda. (N/A: Não me perguntem de onde eu tirei essa palavra horrenda...Mas,se existe loiruda,deve existir ruivuda também...hauhauhauaaa...)

Ruivuda? Fala sério garoto!

- Ai,sem gracinhas,por favor,João! Eu to sem paciência.
- Xi... Faz o tipo difícil! Difícil e impaciente,minhas preferidas.
- Sinto decepcioná-lo,mas você não faz o meu tipo – disse Gina,empinada,e virou-se para fazer o caminho de volta à pedra que serviu de abrigo para seu grupo. – e eu não sou impaciente.
- Impaciente,difícil e nervosinha. Assim eu me apaixono!

Embora quisesse rebater com um enfezado “seu idiota”,Gina preferiu ficar quieta. Não podia contrariar o sem-graça que os tiraria dali. Engoliu a raiva.

- Já volto!
- Volta mesmo,ruivuda. Daqui a pouco o sol vai nascer e você vai ver o espetáculo mais lindo da Terra.

Ela não resistiu,parou,virou-se para ele e disse:

- Você acordou cedo,por livre e espontânea vontade,só pra ver o sol nascer daqui? Pra quê? – Gina perguntou indignada. – Você pode ver lá de baixo que é a mesma coisa,sabia? – atacou.
- Você que pensa. Daqui de cima o céu parece mais perto da gente,as cores da manhã ficam mais românticas...
- Olha aí! Você é que ta dando em cima de mim com essa conversinha! – enfureceu-se antes de se virar de vez para resgatar os amigos.

Apesar da implicância inicial,Gina se identificou com João. Ele tinha a fala mansa e uma calma no olhar que tirou todo o peso e medo de suas costas. Quando chegou à sua pedra-casa, acordou os outros e contou o que tinha acontecido. Em menos de 1min,todos estavam de pé,mochilas arrumadas nas costas e muita disposição pra sair logo dali. Guiados por Gina,que estava genuinamente orgulhosa por tirar os amigos da roubada em que se meteram,chegaram até João,que continuava sentado vendo a vida passar,calmamente,lá de cima. Sem olhar pra eles,ele falou:

- Repara só as cores do céu,Gina! Olha como tudo fica lindo daqui,olha como vale a pena acordar cedo para ver a natureza,que é a coisa mais bonita e sábia dessa vida.
- Arrã. – ignorou Gina. Vê se isso é hora de reparar em natureza... – João,esses são os meus amigos.

O garoto,que parecia realmente embevecido com aquele espetáculo diário, cumprimentou-os e convidou-os para assistir ao nascer do sol com ele. A verdade é que eles não estavam nem aí pra sol nenhum. Poxa vida,fala sério! Eles estavam famintos,cansados,queriam cama,banho,mãe,pai,comida,não necessariamente nessa ordem.

Mas,como seu salvador estava a fim de sol,que venha o sol. E logo! Ele veio vermelho e surgiu atrás de umas montanhas lá longe rasgando o céu quase sem nuvens,transformando em quadro a paisagem rural. Tão bonito,mas tão bonito,que deu vontade de aplaudir.

- Podemos ir agora? To morrendo de fome. – pediu Rony. – Tem comida na sua casa,né?! – completou ele,sem cerimônia.
- Claro que tem. Desculpa fazer vocês esperarem o sol nascer,nem me toquei que vocês devem estar morrendo de fome.
- Eu falei que tava com fome também! Foi a 1ª coisa que eu disse! – reclamou Gina,emburradérrima.

João deu uma olhada básica pra ruivinha,ignorando o volume de sua voz, e andou em silêncio rumo a uma pequena trilha ladeira abaixo,seguido de perto pelo grupo. Em poucos minutos,estavam na fazenda Canto Amado.

- Seus pais já estão acordados? – quis saber Gina.
- Claro! Vida de fazendeiro começa cedo ruivuda! Aqui todo mundo acorda com as galinhas e trabalha duro,ta pensando o quê? – rugiu.
- Ih,também não precisa ser grosso!
- Ih,também não precisa ser fresca! Não falei nada demais.
- Não sou fresca! E não me chama de ruivuda que eu não gosto,apelido horroroso!

Gina tava mais irritada ainda. Que menino mais inconveniente!, pensou enquanto caminhava pra casa principal da fazenda.
Andaram mais um pouco no terreno molhado de chuva e o mau humor de Gina só aumentou sua fome de leão. O cheiro de café que vinha da casa era simplesmente irresistível. Cavalheiro, João abriu a enorme porta de madeira e os novos amigos entraram,com água na boca ao se deparar com uma mesa farta de bolos,frutas,pães,chocolate quente,café e leite. O pai de João,Chuck,que sentava na cabeceira da mesa,tinha a pele bem morena,era grandão, e tinha um bigodinho cultivado por anos,que lhe rendeu o apelido de Bigode na região.

- O café da manhã é a refeição mais importante do dia,portanto crianças,comam à vontade.

João avisou ao pai o que tinha acontecido e ele,muito prestativo,resolveu ligar para a colônia e avisar que todos estavam bem. Enquanto isso,João puxou assunto com Gina.

- Você mora onde?
- Orange County.
- É longe,hein?
- Você é que mora longe,ou melhor,se esconde.
- Uma menina como você nunca se daria bem num lugar como esse,né?!
- O que você quis dizer com “uma menina como eu”?
- Uma menina rosinha. – gracejou.

Ela riu. A principio,achou que ficaria enfezada,mas riu. E instigou:

- Rosinha fresquinha,patricinha ou legalzinha?
- Hum...Rosinha legalzinha.
- Ah bem! Então,como uma menina rosinha legalzinha, eu digo que jamais me adaptaria à vida numa fazenda. Descobri,nesses dias na Vida d’Ouro,que eu gosto de fumaça,gás carbônico,poluição,tecnologia,Internet,televisão!
- Que pena! Eu adoraria que você morasse aqui perto. – olhou para o chão por um instante,antes de continuar. – Ia dar menos trabalho.
- Trabalho pra quê?
- Pra te namorar,ué!

Hãããã?!
Todos pararam de comer pra prestar atenção no casal rural.

- Como é que é? – se espantou Gina,com razão. Não previra aquela fala no dialogo. Afinal,até agora só levara patada do garoto.
- Eu acho que to implicando demais com você pra uma garota que eu acabei de conhecer.
- Implicando não,enchendo o meu saco mesmo!
- Pois é,acho que é porque eu quero te namorar. É muita cara-de-pau falar isso assim,na lata?
- Nossa,meu cunhado é direto mesmo! – Rony comentou com Draco,em tom nada alto.
- Peraí, eu ouvi a palavra cunhado? Gina,você tem irmão?
- Tem. Ronald Weasley,mas pode me chamar de Rony. Prazer cunhadinho!
- Prazer...

Gina ruborizou e percebeu que era o centro das atenções da mesa. A mãe de João,que também tomava café, até tentou tirar o foco dos dois,para deixá-los à vontade,mas não adiantou.

- Você...Você... Como assim? É muita cara-de-pau falar isso desse jeito! Você nem me conhece!
- É o que você pensa. Parece que eu te conheço há anos.
- Mas eu achei que você me odiasse com todas as suas forças. – disse Gina.
- É esquisitão,mas eu tenho a sensação,não sei porque,de que a gente ia se dar bem namorando. Mesmo sendo um o oposto do outro.

Gina não conseguiu dizer uma palavra,a não ser um embasbacado...

- Arrã...
- Mas se você não quiser namorar comigo ou tiver namorado... eu vou entender.

Uau! Uau! Mil vezes uau! Aquilo não tava no contexto! Depois de uma noite perdida na floresta,depois de se meter na pior enrascada de sua vida,ela simplesmente dera de cara com um garoto cara-de-pau e deliciosamente atrevido,que a pegara totalmente de surpresa. E,mais!, ela tava sem gloss,escova,suja,com terra molhada na bunda da calça,se sentindo fedida e maltrapilha e,mesmo assim,atraiu um olhar masculino. In-crí-vel! Pela 1ª vez,além de seus atributos físicos,seu jeito,seu humor,seu olhar e sua beleza interior estavam sendo vistos,notados por um menino. E melhor,ela tava sentindo uma coisa esquisitona também.
Era muito acontecimento para um dia só. Gina estava tão tímida e sem ação,que só conseguia olhar fixamente para seu Tarzan. Sem ar. Assim Gina estava. Não pra dizer que...

- Eu não tenho namorado.
- Então você vai...
- Pensar no assunto? – ela completou.
- É! – disse,sorrisinho de cawboy ocupando o rosto inteiro.
- Vou!
- Com carinho?

Ela fez um charminho,mexeu no cabelo, riu com os olhos baixos e disse,dengosa,depois de um longo suspiro.

- Com carinho!

O pai de João apareceu de novo na sala de jantar,quebrando o clima de romance:

- Acabei de telefonar pra Vida d’Ouro,eles ficaram preocupadíssimos,coitados! Prometi que levaria vocês agora. Vamos?

A tropa tratou de pegar pedaços de pão,bolo e afins pra ir comendo no caminho. Vida de aventureiro dá fome!

- Você vem junto João? – perguntou Gina.
- Claro que vou. – sussurrou,antes de dar sua mão à ruivinha.

O grupo foi até a garagem e logo entrou na enorme picape de Bigode. Estavam loucos pra ver os amigos,contar com detalhes o que aconteceu,acalmar monitores e coordenadores.
No carro,Gina e João foram timidamente de mãos dadas,de vez em quando,um deslizava os dedos lentamente pelo braço do outro. Gina ficou surpresa com as sensações que seu “salvador” lhe causava. Nem quando namorou Harry sentia aquilo. Ah,e não bastasse isso,ele era seu herói.
O trajeto até Vida d’Ouro não demorou 30min. Os enormes portões estavam abertos,o que lhes pareceu estranho. Ao entrarem nos domínios da colônia,depararam-se com uns trinta carros,caminhões e vans com logomarcas de emissoras. Tudo isso porque Draco era filho de Lucius e Narcisa Malfoy,os dois maiores jornalistas de Orange County e região,que convocaram a imprensa assim que souberam do desaparecimento do filho. Todos desceram do carro,abraçaram seus familiares e seguiram cada um para sua casa,para se arrumar,tomar um banho e voltar. Quando voltaram,foram bombardeados de perguntas por todos os jornalistas de diferentes revistas e jornais. Depois que deram as entrevistas,chegou a hora das fotos. Era foto de tudo quanto era jeito,sozinhos,com os pais,só os meninos,só as meninas,todo mundo junto,em casais (até João participou,na hora de tirar foto com Gina).
Em vez de voltarem pra O.C. de carro com os pais,preferiram voltar de buzão com a galera,pra aproveitar o restinho do ultimo dia da Vida d’Ouro. Foi preciso muita conversa,muitos beijos e abraços para convencê-los que tudo estava bem,que eles mereciam voltar com o pessoal da colônia fazendo zona no ônibus. Pro bem de todos e felicidade geral da nação,a vontade dos garotos prevaleceu.
Antes de voltar pra sua fazenda, João se aproximou de Gina:

- Me dá seu telefone?
- Dou... Mas antes...me dá um beijo?

Caraca! O fazendeirozinho ficou atônito,boquiaberto. Não disse uma palavra.

- Beleza! Eu roubo. Beijo roubado é muito melhor,mesmo.

Ui,ui,ui! Que atrevidinha a Gina! Que decidida a Gina! Ela não perdeu tempo e voou nos lábios ainda abertos se susto de João.
Beijo roubado,beijo demorado,beijo acabado,abraço apertado,suspiro longo dos dois.
Gina deu a ele seu telefone e mais um beijo. Este mais longo. Conexão to-tal!

- Posso te ligar?
- Deve! Você... Você acha que vai pra O.C. quando?
- No próximo final de semana,com certeza!
- Ta! – disse toda feliz.

Já no ônibus, Pansy e Harry,sentados lado a lado,namoravam e faziam planos para o futuro. É,parece que foram mesmo flechados pelo cupido.
Depois que o ônibus saiu,as meninas,Luna e Pansy,deixaram seus namorados conversando e foram se juntar a Hermione e Gina.
Elas comentaram cada detalhe que viveram na colônia. Os micos,a comida,o sono,as festas,a noite na floresta,as entrevistas e fotos,os beijos... Por falar em beijo...

- Gina,conta mais do João aí! – pediu Luna.
- Poxa,até que enfim,achei que não fossem perguntar. Eu beijei o João!
- Beijou? – espantou-se Hermione.
- É,roubei um beijo dele!
- Roubou? – disseram as três em coro.
- Ah,roubei mesmo,o que é que tem?
- Quando? – perguntou Luna.
- Pouco antes de entrar no ônibus.
- E aí? – quis saber Pansy.
- Lentinho ou liquidificador? Babadinho,sequinho ou perfeitinho? – indagou Luna.
- Simplesmente perfeitíssimo! Foi tããããão bom...

Assim seguiram viagem. Tagarelando,rindo,brincando sem parar um minuto...


(N/A: Capitulo fofíssimo! Um dos melhores até agora. Muito bom de adaptar. E,convenhamos,depois de sofrer pelo Harry,a Gina bem ki merecia encontrar um gatinho também!!! Bom,é isso aí...Em breve postando o capitulo 18.

Ah,esse capitulo foi adaptado do ultimo capitulo de Tudo Por Um Namorado,da Thalita Rebouças. A colônia de férias não estava prevista na idéia original da fic,mas uma amiga me emprestou o livro e eu achei que essa colônia de férias,mesmo que fora da época,seria o lugar perfeito para acontecer o 1º bj de Harry e Pansy e o (quase) barraco que foi o termino do namoro do Draco com a Kristin (sim,pq eu sou péssima pra escrever cenas de barraco. Desculpa se não ficou legal,ou se ficou chato demais. Na próxima fic,vou tentar melhorar...)
É isso aí meus amores,preciso que vocês comentem,me digam o que acharam dos capítulos,me dêem sugestões,criticas...que elas serão muito bem recebidas!

Bjuss

Tatah Granger Malfoy)

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