Um dia agitado



N/A: Peeeessoal! XD Ah, como é bom poder postar mais um capitulozinho para vocês. Esperamos que gostem. Porque este aqui preencheu NOVE páginas do Word. Se comparado com os outros caps., é um recorde. XD Infelizmente, é só mais um daqueles maçantes capítulos de ligação. *suspiro resignado* Mas eu achei legal! Have fun! E não esqueçam das reviews! XD

Dark Mell Lestrange e Rosy SS: que bom que vocês gostaram, meninas! ^^ Sim, o amor é lindo, Mell. E para vocês duas e todos que pediram o capítulo seis, aqui está ele. Have fun!

Soph.
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Capítulo 6 - Um dia agitado para Minerva, Harry, Rony, Hermione e Severo

Sem deixar um minuto passar, Rony e Hermione enviaram corujas a todos os membros da Ordem convocando-os para uma reunião urgente. Se fosse necessário, iriam avisá-los pessoalmente. Não podemos negar que foram ótimos mensageiros, eficientes, rápidos e qualificados. O ruivo estava espantado com a inesperada determinação e energia da amiga, o que apenas fazia jus à Casa que ela pertencia. Rony precisava correr para seguir Hermione, já que não estava acostumado a essas missões. De qualquer maneira, no fim do dia, todos os membros da Ordem da Fênix estavam reunidos no Largo Grimmauld, 12, apenas aguardando os mensageiros começarem a contar as novidades.

A atmosfera da sala da sede da Ordem era de tensão. Todos estavam ansiosos para saber qual era a mensagem tão urgente que Rony e Hermione tinham para passar. Os dois observavam nervosa e atentamente cada bruxo ali presente esperando o momento ideal para falar. De repente, Hermione levantou-se, sendo seguida pelo amigo, e começou:

– A professora McGonagall nos pediu para convocá-los a uma reunião com urgência. O motivo é lhes informar o plano que temos em mente.

Ela estivera séria, mas não pôde continuar. Olhou nervosamente para os presentes e prosseguiu, como se desabafasse com alguém.

– Sei que alguns de vocês podem não concordar com a idéia, mas é a única maneira de vencermos esta guerra. Conto com a colaboração e compreensão de todos.

– Sintetiza, Hermione, sintetiza! - interrompeu Tonks, alarmada. Todos viraram-se para ela, inclusive os mensageiros, alguns repreendendo-a, outros inquirindo-a. - O quê? Estou ficando ansiosa e aposto que não sou a única.

Algumas cabeças balançaram afirmativamente. Granger deu uma última olhada pela sala, cutucou levemente o amigo e começou, de novo:

– Certo, então, vou resumir. Só peço que não julguem nada antes da hora.

“Tenho certeza de que vocês se lembram da fonte anônima que nos ajudou há algum tempo. Preciso confessar-lhes a identidade desse bruxo: Severo Snape. Apenas alguns de nós sabíamos disso e juramos segredo para tudo correr bem; e realmente correu, tivemos um avanço considerável. Mas acontecimentos recentes, como o rapto de Harry e a morte de Voldemort” - muitos soltaram exclamações de espanto -, fizeram com que pensássemos em algo definitivo, algo que terminasse com esta guerra. E Snape tinha um plano perfeito.”

– A história - continuou Rony - é a seguinte: Snape e os comensais atacariam Hogwarts, como se isso fosse uma ordem de Voldemort. Mas nós, aurores e outros bruxos, estaríamos prontos para nos defender. Na verdade, eles teriam de defender-se já que tudo não passa de uma armadilha. Contudo, precisamos de apoio de todos, sem exceção. Tudo tem que estar milimetricamente alinhado e perfeitamente organizado. E, obviamente, nenhuma informação deve vazar.

A pior coisa que alguém, falando para várias pessoas, pode receber depois da palestra é um silêncio total. E foi o que ocorreu. Ninguém ousou abrir a boca nem para respirar; era de se espantar que nenhum dos presentes houvesse desmaiado por falta de ar. Rony e Hermione permaneceram de pé, apenas observando a cena, torcendo para alguém falar qualquer coisa que fosse e acabar com aquele silêncio terrivelmente agonizante.

Em algumas histórias trouxas que Hermione lera, o silêncio extremo pode significar tanto uma boa quanto uma má notícia, mas principalmente esta última. Nem ela nem Rony estavam se sentindo confortáveis naquela situação, e sua ansiedade era tanta que logo ele começou a mascar uma goma imaginária e ela, a preparar-se para o início de uma revolta. A garota já podia até imaginar os membros da Ordem perseguindo os dois mensageiros com tochas crepitantes e lançando Petrificus Totalus, Estupefaça e Expelliarmus, como acontecia em certos livros trouxas (obviamente, sem os feitiços).

Foi tirada de seus devaneios por Rony. Ele estava tão nervoso que agora a cutucava involuntariamente. Hermione segurou o braço do amigo para acalmá-lo, mas ele virou a cabeça rapidamente, assustado. O ruivo também estivera “fantasiajando” e logo acalmou-se ao perceber que era apenas a amiga.

Sem aviso prévio, e fazendo com que Hermione esquecesse sua mão no braço de Rony, Alastor Moody levantou-se, determinado, de sua poltrona, deu um passo à frente, pigarreou para chamar a atenção de todos (N/A: não que ele fosse muito discreto com aquele olho...) e começou:

– Quero que fique esclarecido que não é minha intenção parecer um estraga prazeres, mas ONDE VOCÊS ESTÃO COM A CABEÇA?!

Todos olharam espantados para Moody. Alguns, como Estúrgio Podmore, concordaram. Os dois mensageiros engoliram em seco, era isso que mais temiam, porém procuraram parecer despreocupados.

– Eu sei que esta é nossa última chance - continuou ele, mais calmamente, olhando profundamente para Rony e Mione. - Mas devemos ter plena consciência dos riscos que corremos. Pensem: todos os comensais estarão livres, TODOS, sem exceção. Eles virão com força total e, mesmo sendo eficientes, não sabemos como atacarão. E não é preciso saber ler as folhas de chá para saber que desta vez não será fácil. Vocês com certeza se lembram de quão durões e mal-intencionados aqueles caras são. Por isso, peço-lhes que pensem muito bem sobre o assunto. É possível que haja outras saídas mais seguras e eficientes do que este plano louco, sem pé nem cabeça de um ex-comensal da morte, que provavelmente sente falta dos paparicos de seu mestre atualmente morto, e que quer ser tachado de herói.

– O quê? - exclamou Hermione. - Um plano o que dequem? Este, professor Moody, é o único plano realmente bom que temos. Se o senhor o acha inapropriado, crie o seu próprio e depois nos apresente. E não precisa falar mal do professor Snape, porque ele mudou e está nos ajudando. Dumbledore quis assim, e Severo obedece ao Alvo.

“Severo?” espantou-se Rony, em pensamento “São tão íntimos assim?”.

Todos se calaram. Se falar sobre o finado diretor de Hogwarts era difícil, simplesmente citar seu nome deixava todos cabisbaixos. Alastor mantinha seu olho saudável preso em Hermione. Para ele, aquelas palavras defensivas da garota foram fortes, fortes até demais. Apertou o olho e observou a mensageira, que arfava como se tivesse corrido quilômetros. Ela ficara tão irritada que usara toda sua energia para defender o professor e seu plano. Suspeito, muito suspeito. Contudo, a mão de Hermione, levemente pousada no braço forte do amigo, não estava contraída. A garota não esquecera completamente de sua mão, apenas sua consciência estava em outros assuntos.

– Ahn... - fez Remo Lupin, tentando quebrar lentamente o silêncio. - Acho que os dois lados têm razão. Esta - e virou-se para os mensageiros - é nossa última chance e precisamos aproveitá-la, mas - e voltou-se para Moody - devemos tomar cuidado, pois os riscos são grandes.

E finalizou:

– Teremos de estar preparados para qualquer surpresa, seja ela boa ou má.

A maioria dos bruxos ali presentes concordou. Claro que alguns amarraram a cara já que achavam aquilo tudo uma loucura só. Rony e Hermione sentiram-se aliviados pela intervenção de Remo; a atmosfera da sala estivera muito tensa. O ruivo se perguntava como Lupin sempre sabia o que e quando falar e, lançando um olhar agradecido ao amigo, disse:

– Basicamente era isso. Só que vamos precisar da colaboração de todos. Alguém ainda tem algo contra o nosso plano? - e passou os olhos pela sala procurando alguma indicação.

Ninguém se manifestou. Após mais alguns minutos de angustiante silêncio, Alastor Moody suspirou.

– Eu percebo uma derrota quando vejo uma. Certo. Eu aceito esse plano - sublinhou “esse plano” com desprezo -, mas depois não digam que não avisei.

– E - completou Podmore - se os dois pombinhos não estiverem satisfeitos, prometemos não mais falar mal do professor Snape.

A ênfase a “dois pombinhos” fez Hermione e Rony corarem, e só então a garota deu-se conta de que ainda segurava o braço do amigo e logo tratou de tirar sua mão dali. Era impressão de Lupin, ou o ruivo não gostou muito desse último gesto da amiga?

Por sorte, Quim Shacklebolt entrou na conversa e perguntou quais eram os próximos passos.

– Ahn... - fez Hermione, confusa. - Na verdade, não há muito que fazer sem instruções do Severo.

– Entendo - disse Quim. - Contudo não podemos ficar parados. O que podemos fazer enquanto esperamos?

– Saber mais ainda sobre cada comensal - sugeriu Molly Weasley. - Seria muito útil na batalha.

– E treinar nossos feitiços e novos ataques - falou Tonks, entusiasmada.

– Perfeito - disse Remo, alegre. - Rony, Hermione, assim que tiverem novas instruções do Severo, por favor, repassem para um de nós imediatamente.

– Pode deixar, professor! - concordaram os dois mensageiros.

– Desta vez, nós vamos vencer! - exclamou Tonks, arrancando aplausos de muitos.

– Isso aí! - incentivaram outros. - A Guerra está com seus dias contados!

A animação que reinava entre os membros da Ordem da Fênix era cativante. Todos sorriam e tentavam imaginar sua vitória. Quem olhasse bem, encontraria um leve sorriso até em Moody. Porém, já que tudo tem um porém, repito, uma surpresa não muito agradável faria com que os nossos heróis necessitassem cada vez mais desse entusiasmo e, quem sabe, da esperança.
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Hogwarts não estava literalmente calma, mas o corujal estava. Severo Snape acariciava automaticamente as penas macias e castanhas de uma jovem coruja. Sua mente não estava presente, estava viajando por outros assuntos mais urgentes no momento. Tentava lembrar-se da última vez que o Lord das Trevas convocara seus seguidores através de corujas; sem sucesso. Isso o preocupava bastante e o fazia recear a desconfiança dos outros comensais. Subitamente, afastou os temores e pensou: “Seja o que Merlin quiser”.

Olhou bem para a coruja a sua frente. Algo nela lhe era familiar e o fazia sentir... saudades. Não tinha certeza do que poderia ser, mas sabia que devia gostar disso.

Prendeu um maço de pergaminhos com um cordão preto e o pendurou no bico da ave, que alçou vôo graciosamente para cumprir sua missão. Agora, ele só precisava esperar a noite chegar e torcer para que confiassem nele.
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A sala da diretora estava estranhamente quieta quando o menino que sobreviveu adentrou nela. Os finos objetos de metal continuavam com sua melodia uníssona. Os retratos estavam silenciosos, exceto o de Finelius que roncava no terceiro sono.

Harry caminhou lentamente, seus passos ecoando pelo vazio da sala. Pousava o olhar em tudo ao redor e quando viu o poleiro de Fawkes lembrou-se do 2º ano, onde vira pela primeira vez uma fênix pegar fogo e renascer das cinzas. Engoliu em seco; aquilo lhe trazia muitas lembranças. Lançou um último olhar para os jardins que podiam ser vistos pelas janelas e chamou:

– Professora McGonagall?!

Tudo continuou como antes e Harry já cogitava a idéia de voltar mais tarde quando escutou um estrondo atrás de si e virou-se bruscamente.

– Oh, Potter! Já está aqui. Ótimo! Vamos, vamos. Não fique parado aí com essa cara de quem viu um trasgo... e você já viu um, pelo que me lembro.

Era Minerva. Ela chegara pela rede Flu e limpava suas vestes enquanto falava. Estava agitada, entusiasmada, como se a ansiedade pudesse ajudá-la a concluir gloriosamente a tarefa que tinham pela frente. De certo modo, pensou o garoto, ela lembrava um pouco o finado diretor. McGonagall parou de bater em sua capa para fitar Harry curiosamente.

– O que houve, Potter? Parece mesmo que você viu um trasgo.

– Eu... ahn... desculpe, professora. É que a senhora me assustou.

– Assustei? Oh, bem, então perdoe-me por isso. Não tive a intenção - falou ela encaminhando-se para a mesa e abanando afetadamente as mãos. - Potter, você sabe perfeitamente qual é nossa missão: convencer Scrimgeour a colaborar com o plano de Severo. Já posso até ver a cara do Rufo exclamando “O quê?! Será que um salgueiro-lutador caiu na cabeça de vocês antes de virem para cá?!” - ela soltou um risinho seco e prosseguiu. - E é aí que você entra, Potter. Rufo tem uma... admiração por você que se torna uma arma para nós. Tenho certeza de que você poderá convencê-lo de qualquer coisa.

Minerva baixou a cabeça para a escrivaninha e recolheu os papéis e as cartas que estavam largadas ali. Fez um montinho com eles e fitou novamente o garoto dos olhos verdes.

– E como vamos entrar no Ministério, professora?

– Via Flu.

– Via Flu? O que exatamente...

– Vamos sair diretamente na sala do Primeiro Ministro. Rufo já está informado da nossa visita, contudo falta avisá-lo de como chegaremos lá - segurou uma das cartas e sacudiu-a.

Quase que imediatamente, uma coruja saiu de algum canto escuro da sala e pousou delicadamente no braço estendido da diretora. Era uma bela ave, cinzenta, elegante e, por incrível que pareça, tinha olhos cor de mel.

– Potter, esta é Guísela.

– Guísela? - repetiu Harry, arqueando as sobrancelhas.

– Sim, Guísela. Ela vai entregar esta carta ao Rufo. Ele não poderá evitar coisa alguma se chegarmos logo depois dela.

McGonagall deu um leve empurrão na coruja, que levantou vôo e saiu por uma janela aberta magicamente.

Não se passou muito tempo até que os dois bruxos entrassem via lareira no escritório do Ministro da Magia. Scrimgeour ainda segurava a carta que McGonagall enviara anteriormente e tinha uma expressão grotesca no rosto, algo como surpresa, curiosidade, confusão e medo misturados. Harry teve de fazer um esforço razoável para não cair na gargalhada.

– Olá, Rufo - cumprimentou a diretora, sentando-se numa poltrona sem esperar um convite. - Como está? Vejo que já recebeu minha carta.

– O que significa tudo isto, Minerva? Você não me deu tempo de responder a este telegrama...

– Carta, Rufo, é uma carta. Urgente, aliás.

– Carta, que seja, que aquela coruja velha...

– Coruja velha, não, Rufo - exclamou McGonagall, franzindo ameaçadoramente o cenho. - Guísela é uma ave muito agradável e jovem, para o seu governo...

– Acalme-se, professora - interveio Harry a tempo de evitar uma discussão acalorada. -Não viemos aqui para falar sobre Guísela.

– Sim, você tem razão, Potter - respondeu imediatamente a diretora, sentando-se melhor na poltrona e indicando outra para o garoto. - Viemos aqui para tratar de um assunto mais importante e urgente. É sobre a Guerra, Rufo. Aliás, você já deveria saber disso, pois já lhe informamos a nossa visita.

Ninguém esperava pela reação do ministro. Ele levantou as sobrancelhas e olhou espantado e confuso para os dois sentados à sua frente.

– Informado? Quando? Não fui informado de coisa alguma!

– Co-como? - gaguejou a professora, espantada. Ela olhou desesperada para Harry e depois voltou a fitar ameaçadoramente Scrimgeour. - Rufo, se isto é uma brincadeira, fique sabendo que é de muito mau gosto! Eu lhe enviei uma carta avisando que viríamos tratar de assuntos da Guerra. E agora você me diz que não a recebeu?!

– E não recebi mesmo! Minerva, você acha que eu iria brincar com um assunto desses? Vamos, digam-me o que vieram dizer.

McGonagall respirou profundamente procurando acalmar-se. O sumiço da carta era uma história para ser revista depois. Abriu os olhos novamente e pôs-se a falar:

– Pois bem, Rufo. Estamos aqui para pedir sua colaboração num plano nosso para vencermos esta guerra. A idéia é de Severo Snape. Ele se mostrou muito prestativo e eficiente nesses tempos e concordamos com ele quanto a agir logo. Haverá um “ataque” a Hogwarts pelos Comensais. Eles serão vencidos por nós e mandaremos todos para Azkaban - fez um sinal passando a palavra ao Harry.

– Mas o Snape precisa de todos os comensais, até os que estão presos. Então ele quer que o senhor ceda-lhe alguns dementadores para quando forem soltar os colegas. O senhor entende, não? Snape está do nosso lado, e tem que fazer de tudo para os comensais acharem que está do lado deles.

Scrimgeour estava petrificado. Seu queixo estava caído. Mais um pouco e sua língua sairia da boca. Seria uma cena nojenta, que felizmente foi evitada por ele mesmo. Arregalou os olhos, franziu a testa e exclamou (exclamou não, gritou, porque foi muito alto):

– O QUÊ?! Será que um salgueiro-lutador caiu na cabeça de vocês antes de virem para cá?!

Minerva e Harry trocaram olhares significativos, antes de ele continuar.

– Realmente, não sei onde podem estar com a cabeça! Soltar os comensais?! Para vencer a Guerra?! Nem pensar!

– Rufo...

– Não! Não mesmo! Não vou concordar com isso!

– Rufo... - McGonagall já começava a ficar impaciente.

– É impossível, inconcebível!

– Rufo!

Scrimgeour parou com seu tique nervoso. A diretora estava de pé a sua frente, pronta para lançar um Silencio se necessário. Harry estava quieto, apenas observando a cena. No fundo, ele debatia-se, procurando um modo de convencer o cabeça-dura do Ministro da Magia. Só se precisava do consentimento de Scrimgeour para metade do trabalho estar pronto.

– Rufo - começou Minerva, sentando calmamente na poltrona e abaixando a varinha - por favor, entenda. É imprescindível que você colabore conosco. Esta é nossa última e única chance de terminar com esta guerra. Pense em todos os prejuízos que teremos se ela não for detida. Pense que você é o responsável pela paz, pense que você precisa fazer algo pelo povo bruxo. Imagine como ficarão felizes ao saberem que podem confiar em seu ministro!

Parte da tática de McGonagall funcionou. Quer dizer, a última frase funcionou. Mas não foi o suficiente. Scrimgeour cruzou os braços e olhou para o teto, como uma criança birrenta. Minerva revirou os olhos e suplicou para Harry tentar. O garoto hesitou um pouco e começou:

– Scrimgeour, acho que esquecemos de mencionar que os aurores e o Ministério receberão grande parte dos créditos deste plano. Todos ficarão sabendo quão importante e imenso foi o apoio e a ajuda do Ministério da Magia para vencermos a Guerra. Por favor, precisamos do senhor.

Passaram-se vários minutos de um silêncio ensurdecedor durante os quais Scrimgeour permaneceu de braços cruzados olhando o teto. McGonagall não agüentava mais aquilo e começava a dar sinais de impaciência. Harry remexia nervosamente as mãos. Era impressão dele ou Rufo estava procurando decidir-se? O menino que sobreviveu mordeu o lábio inferior quando a cadeira de Scrimgeour girou e voltou-se para eles.

– Bem - suspirou o ministro -, já me decidi.

Essa pausa intencionada só fez aumentar a ansiedade de todos.

– Pelo bem do Ministério e felicidade geral dos bruxos, diga ao Severo que consinto.

Um alívio percorreu a alma de Harry e ele pôde respirar novamente. Não conseguia acreditar que haviam convencido Scrimgeour a colaborar. Sorriu largamente e olhou para a diretora. Ela estava extasiada. Só faltava abraçar Rufo como agradecimento.

– Certo - concluiu o Primeiro Ministro, puxando uma folha de papel. - Este documento cederá três, não, cinco dementadores para o Mestre de Poções. Eles obedecerão apenas Snape. Depois de tudo resolvido, quero esses cinco de volta, hein?

Minerva recebeu o papel assinado como se fosse algo raro e de imenso valor. Passou os olhos por ele e esboçou um grande sorriso.

– Oh, obrigada, Rufo. Muito obrigada mesmo! Estamos lhe devendo uma.

– Não há de quê. E não me devem nada. Este é meu trabalho, não?

Os três bruxos apertaram as mãos e despediram-se, sob os insistentes agradecimentos de McGonagall. Professora e aluno entraram na lareira e em pouquíssimo tempo, estavam de volta a Hogwarts.
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Através da noite, do frio e da neve, um bruxo vestido de preto encaminhava-se para fora de Hogwarts. Estava determinado a fazer o que estava destinado a fazer. Não podia voltar no tempo e mudar o passado; teria de criar um futuro melhor. Quando atravessou os portões da Escola de Magia, Severo Snape inspirou fundo e aparatou.

Poucos segundos depois, desaparatou em um cemitério. Não era o local mais agradável do mundo, mas era o mais apropriado a uma reunião daquelas. Olhou em volta. A bruma densa da noite, a neve já marrom pelo barro, o vento cortante e frio, o uivo distante de lobos e a irritante falta de vida humana o deixavam mais desconfortável do que já estava com sua ansiedade. Nunca fora assim. Severo Snape sempre fora um bruxo seguro de si mesmo, determinado. Não que tivesse amolecido com o tempo, muito pelo contrário. Mas algo lhe parecia muito errado. Não acreditava em pressentimentos, contudo daquela noite em diante passou a vê-los com mais respeito.

Os minutos passavam, e o Mestre de Poções se impacientava cada vez mais. Se não chegassem logo, poderia achar que estavam desconfiados. Mas, para certo alívio de Severo, um pop! não muito distante o fez virar-se bruscamente.

– Severo. Que surpresa encontrá-lo aqui. O que foi? Assustei-lhe?

– Belatriz - respondeu Snape, num sussurro rouco quase inaudível. - E não, você não me assustou. Não precisa fingir estar preocupada comigo.

A bruxa tinha um sorriso malicioso e debochado no rosto magro. “Não mudou nada” pensou Snape. Os dois nunca se gostaram. Não iam começar a ter sentimentos um pelo outro agora. A comensal sempre fora sarcástica; não seria Azkaban quem tiraria isso dela.

– Oh, perdoe-me se o irritei - replicou ela, com falso arrependimento, e voltando ao deboche normal ordenou. - Agora, explique-me o que está acontecendo aqui.

– Vamos esperar os outros - respondeu Snape dando as costas à bruxa.

Não muito tempo depois, aproximadamente uns cinco minutos, quatro pops! seguidos foram ouvidos, e Draco Malfoy, Crabbe e Goyle pais e Pedro Pettigrew desaparataram.

– Explique-se, Snape - ordenou Draco, caminhando a passos largos até o professor.

– Era exatamente o que eu mandava até agora a pouco - resmungou Belatriz, fazendo uma careta de desprezo.

– O que está acontecendo? - perguntaram Crabbe e Goyle quase ao mesmo tempo.

– Onde está o Lord? - guinchou Pettigrew, trêmulo.

– Basta! - exclamou Snape olhando cada um atentamente. - Se fizerem silêncio, eu me explico. Agora calem a boca e deixem-me falar!

Parecia que o vento levara a discussão embora, pois um silêncio ainda mais desconfortável se abateu sobre todos. Obviamente, nenhum dos cinco “convidados” gostara da recepção, mas não tinham o que fazer a esse respeito.

– O Lord das Trevas tem um plano para exterminar de vez com Hogwarts, Potter e os amiguinhos dele.

Acenos de cabeça em concordância puderam ser vistos.

– O Lord me deixou encarregado de tudo. Dos preparativos para o ataque, dos alvos que atacaremos, dos comensais que iremos resgatar, das vidas que iremos destruir...

– Estou adorando isso tudo - interrompeu Belatriz, irônica - mas por que o próprio Lord não veio nos falar disto? Por que você nos enviou corujas, Severo?

– O Lord das Trevas está cuidando de assuntos pessoais, foi só o que ele me disse. E a resposta da segunda pergunta é óbvia, minha querida Bela: eu não sou o Lord das Trevas. Eu não tenho poderes para convocar vocês através da Marca Negra.

A bruxa revirou os olhos.

– Continuando - retrucou Snape, voltando à seriedade anterior - o plano é atacar Hogwarts no segundo sábado após o início das aulas, porque é nesse dia que os alunos farão um passeio a Hogsmead sozinhos. Quero dizer, acompanhados apenas pelos monitores. Os professores ficarão no castelo para finalizar os preparativos para uma tal Maratona Estudantil de Bruxaria, que, pelo que ouvi, vai durar uma semana e consiste na competição de estudos entre as Casas...

– E os alunos? - cortou Belatriz, desconfiada. - Por que não atacamos Hogsmead e os fedelhos primeiro? Eles estarão bem mais vulneráveis.

– Concordo nesse ponto, Bela - respondeu calmamente Snape. - Mas você esqueceu de um detalhe: Hogwarts é a fortaleza deles. Destrua o escudo e o guerreiro ficará mais indefeso ainda.

Crabbe, Goyle e Pettigrew balançaram a cabeça afirmativamente. Draco apenas escutava tudo em silêncio.

– Vamos arrombar a porta - prosseguiu Severo como se não tivesse havido interrupção. - Vamos avançar sobre aquele castelo como a bruma da noite avança ameaçadoramente sobre a luz do dia. Vamos engolir aquele castelo e tudo que estiver dentro como a névoa que nos engole sem piedade neste momento - os olhos de Snape brilhavam ao declamar aquelas palavras. Rabicho tremia só de ouvi-las. Crabbe, Goyle e Belatriz tinham os olhos pregados no Mestre de Poções, como se sua ansiedade aumentasse a cada palavra dele. E Draco Malfoy, mesmo disfarçando, sentia algo como receio invadir seu corpo. - Vamos seguir os passos do Lord das Trevas. Vamos acabar com o Potter e seus amigos insuportáveis e iniciar uma nova era! Uma era escura e fria; uma era de medo, poder e vingança! Tudo o que o nosso mestre sempre quis!

Severo Snape cortou bruscamente seu discurso. Ficou sério novamente e percebeu o quão espantados e ansiosos seus colegas estavam. Pigarreou e recomeçou:

– Porém, antes de tudo isso, precisaremos de ajuda. Ajuda especializada. Iremos até Azkaban e libertaremos os outros comensais. Todos nós precisamos nos divertir um pouco! Daqui uma semana aproximadamente, neste mesmo local e horário, partiremos para a fuga tão esperada. E o melhor: com alguns dementadores às nossas ordens!

Palmas e exclamações entusiasmadas por parte dos presentes puderam ser ouvidas. Belatriz, especialmente, estava admirada com Snape. Nunca o vira tão ansioso em cumprir uma missão do mestre. Mas, e o mestre? Ela ainda não entendera direito aquela história.

– Severo, o plano é ótimo. Só há um problema.

– Qual?

– Eu. Eu não permitirei que você prossiga com essa idéia antes de me esclarecer ONDE ESTÁ O LORD!

– Belatriz, Belatriz, Belatriz - falou Snape, balançando a cabeça pesarosamente. - Você é tão submissa ao nosso mestre que não consegue confiar nas informações que ele mandou-me repassar.

– Tanto faz! - retrucou a bruxa, irritada. - Quero saber onde está o Lord!

– Ele não detalhou nada quando falou comigo. Só disse que era um assunto pessoal e de extrema importância - subitamente teve uma idéia e concluiu. - Me parece que ele comentou algo sobre encontrar uma amiga que há tempos não vê.

– Oh, não - suspirou Draco, revirando os olhos. - Não vá dizer que ele quer reencontrar uma ex-namorada!

Todos os comensais, exceto Pettigrew, lançaram-lhe um olhar reprovador. Draco calou-se, emburrado.

– E aquelas suas pesquisas? - continuou Belatriz, desconfiada. - Aqueles seis meses durante os quais você interrogou bruxos e viajou de lá para cá sem parar? O que estava fazendo?!

Uma varinha acendeu-se na mente de Snape, e ele respondeu, tranqüilamente:

– Novamente é essa amiga do Lord. Como fazia tempos que ele não a via, pediu-me que buscasse informações sobre onde ela mora, com quem se relaciona, essas coisas. Infelizmente, não posso relatar minhas descobertas; jurei-lhe sigilo.

– Humm... - fez Belatriz, escrutando o rosto do Mestre de Poções. - Mesmo assim não acredito! É convincente, entretanto não creio em uma palavra que você disse sobre o assunto!

– Muito bem - retrucou Snape, dando de ombros. - Mais tarde é você quem vai se entender com o Lord. Não seguir as instruções dele e julgar mentirosas as suas ordens devem merecer rigorosos castigos. E pelo que sei, o Lord não está muito satisfeito com você, Bela, desde o ocorrido no Departamento de Mistérios.

As respirações ficaram suspensas no ar. As últimas palavras de Severo foram como inesperados “Estupefaça!” em Belatriz. Ela não soube como reagir e ficou lá, olhando furiosa para o comensal dos olhos e cabelos negros.

– Quem cala, consente - finalizou Snape.

– Consinto, sim - grunhiu, finalmente, a bruxa. - Mas saiba que é contra a minha vontade!

– Perfeito - falou Severo, com um sorrisinho irônico. - Reunião encerrada! Logo mandarei instruções.

E aparatou. Os outros cinco comensais não abriram a boca; apenas aparataram, também, dali.

Continua...
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N/A: Então? Que tal acharam? Eu adorei tudo! XDD A parte da conversa com a Ordem ficou meio, como posso dizer, desnutrida. Ainda acho que poderia ser melhor. Mas tuuuudo bem. A idéia do Rufo não ter recebido a carta da Minerva me veio ali na hora, e sinceramente acho que será útil. XD E Guísela é uma homenagem à personagem de um livro que minha maninha Violet Padfoot me emprestou. Só que a personagem é Gisela, mas lê-se Guísela. E aí está. A parte do salgueiro-lutador caiu como uma luva. XDD Já a conversa com os comensais, eu queria que tivesse ficado mais... mais... sombria. Se não consegui, espero que entendam. Tentei ao máximo. E a "antiga amiga que Voldie não vê há tempos", alguém descobriu quem ela é? Dou uma dica: ela narra a história do livro A Menina que Roubava Livros (The Book Thief) - livro este muito bom, recomendo.

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