Na casa errada



Capítulo 3: Na casa errada

Os alunos foram entrando no salão principal, cujo céu estava brilhante das estrelas e da enorme lua cheia.

Esther e Jane entrariam com os alunos do primeiro ano, para serem seleccionadas para uma das casas.

Dumbledore ergue-se do seu lugar à mesa e começou a falar.

- Para além dos alunos novos do primeiro ano, temos o prazer de dar as boas vindas a duas novas alunas vindas de Itália.

Um burburinho geral encheu a sala, todos já tinham lido o Profeta Diário e sabiam da chegada das gémeas.

- As novas alunas serão seleccionadas antes dos alunos do primeiro ano e espero que os antigos alunos respeitem a tradição de Hogwarts e sejam simpáticos e hospitaleiros para com elas.

- Mais Malfoy para nos estragar o dia – resmungou Ron

- Ron! – repreendeu Hermione – não seja preconceituoso…

- Vai ver se não tenho razão! – desafiou-a Ron

- Ron tem razão… - concordou Harry com uma careta – os Malfoy são todos iguais, com os seus preconceitos de sangue…

As portas pesadas do grande salão abriram-se e na dianteira do grupo de novos alunos, caminhavam duas jovens lado a lado, mais altas que o resto dos alunos que seguiam atrás e exactamente iguais.

Ouviram-se várias piadas como “ estou a ver a dobrar”.

- Hei! – Exclamou Harry erguendo-se ligeiramente do seu lugar para ver melhor as gémeas – foi com uma delas que eu choquei na casa de banho!

- Qual delas? – perguntou Seamus Finnigan provocando o riso de todos

- Não faço ideia… mas ela não é nada simpática… - murmurou Harry

- Deixa estar, não mates a cabeça – comentou Ron ainda rindo – elas vão para os Slytherin e ficam lá ao pé do Malfoy

Mcgonagall, com o seu ar firme, segurava o chapéu seleccionador numa mão e uma enorme lista na outra.

- Quando eu chamar o vosso nome – declarou para os novos alunos – vocês vêem à frente, sentam-se no banco para que eu vos possa por o chapéu na cabeça.

Todos os alunos novos fizeram gestos afirmativos.

- Esther Malfoy

- Nem vai ser preciso tocar na cabeça – gozou Ron com desdém

De facto, Esther avançou devagar em direcção ao banco e sentou-se com um evidente sorriso presunçoso, a professora colocou-lhe o chapéu na cabeça e segundos depois ouviu-se:

- SLYTHERIN

A mesa das serpentes explodiu em aplausos.

Draco levantou-se para receber a prima com um enorme sorriso.

- Bem vinda a casa – declarou

Esther tinha um ar de graciosa superioridade quando se sentou ao lado dele.

Blaise, que se chegou para o lado para dar espaço à jovem, passou um braço pelos seus ombros e puxou-a para si.

Mcgonagall esperou que os alunos acalmassem para chamar o próximo nome.

- Jane Malfoy

A jovem avançou para o banco com o rosto inexpressivo, da mesa dos Slytherin começou-se a ouvir gritarem o seu nome.

- Jane! Jane! Jane!

Um pequeno sorriso formou-se no canto dos lábios dela, ao sentar-se no banco.

Sentiu o chapéu ser-lhe colocado na cabeça e esperou a sua sentença.

- Uumm… outra Malfoy… curioso…muito curioso – murmurava o chapéu na cabeça de Jane – em que casa te haverei de pôr?

Jane ficou indignada e na sua mente pensou “nos Slytherin, onde haveria de ser?”

- Nos Slytherin, hum… - voltou o chapéu a murmurar – não, acho que não, és diferente dos outros Malfoy

“Que história é essa?” pensou Jane já sentindo uma pontada de pânico “ de que estás à espera para me pores nos Slytherin?!”

O chapéu ignorou-a e perante o olhar expectante de todos gritou:

- GRYFFINDOR!

O silêncio que se instalou foi assustador, toda a gente olhava pasmada para Jane, até os professores se mostravam surpreendidos.

Jane achou que ia desmaiar ali mesmo, aquilo não podia estar a acontecer, simplesmente não podia, era apenas um sonho mau, um sonho MUITO mau!

- Não pode ser! – gritou Draco levantando-se – o chapéu enganou-se! Ela tem que vir para aqui!

- O chapéu foi enfeitiçado! É uma partida de mau gosto! – exclamou Esther com indignação – a minha irmã não vai para a casa dos traidores de sangue!

A mesa das serpentes explodiu em protestos ruidosos e nada amigáveis.

Jane estava parada, imóvel no banco, a sua respiração estava acelerada e o seu coração parecia querer sair-lhe pela boca.

Aquilo não lhe estava a acontecer…

- SILÊNCIO! – rugiu Dumbledore erguendo-se do seu lugar – se o chapéu seleccionador colocou Miss Malfoy nos Gryffindor é porque ela deve ir para lá

Novo silêncio instalou-se no salão.

Jane olhou para a mesa onde estava a irmã e Draco.

De lá olhavam-na com uma expressão de incrédula decepção.

- Não acredito… - murmurou Blaise – Dumbledore está a brincar…certo?

- Pois… quer dizer… ela não pode ir para os Gryffindor… ela é uma verdadeira Malfoy - afirmou Esther

Aquilo definitivamente era um pesadelo.

Mcgonagall retirou o chapéu da cabeça de Jane e incentivou-a a sentar-se na mesa da sua nova casa.

Jane olhou para a mesa dos leões, o seu rosto estava pálido e a sua expressão era de quem pedia socorro.

Hermione, sentada no seu lugar, olhou à sua volta e tomou uma decisão, levantou-se e aproximou-se da jovem petrificada com um sorriso caloroso.

- Bem vinda aos Gryffindor – declarou estendendo-lhe a mão

Todos os olhares estavam postos nelas.

Na mesa dos Slytherin:

- O que é que aquela sangue de lama pensa que está a fazer? – murmurou Esther em tom perigoso

Na mesa dos Gryffindor:

- A Hermione vai arrepender-se… - murmurou Harry entre dentes – os Malfoy são todos arrogantes…

Jane olhou para a rapariga que lhe estendia a mão com um sorriso e reconheceu-a, era Hermione Granger.

A sua mente gritava para que lhe lançasse um olhar de desprezo e ignorasse a mão estendida.

Mas algo no seu peito dizia que devia aceitar a oferta.

Passaria o resto do ano a conviver com gente daquela, se seguisse pela linha da sanidade viveria num inferno…

Mas e se deixasse a sanidade de lado? E se ignorasse a baixa condição deles?

Da outra vez Hermione mostrara-se ser uma pessoa simpática, muito melhor do que Pansy…

Jane ergueu as sobrancelhas sem acreditar no que estava prestes a fazer.

“Eu devo estar maluca…“ pensou

- Olá Granger… - respondeu com um sorriso segurando na mão que lhe era oferecida

Hermione mostrou-se um tanto surpreendida mas continuou a sorrir.

Naquele momento todos os alunos dos Gryffindor explodiram em aplausos e quando Hermione conduziu Jane para a mesa receberam-na com sorrisos sinceros e felicidade genuína.

- Bem vinda a bordo! – exclamou Ginny Weasley ainda sem acreditar

Hermione sentou Jane ao seu lado de frente para Harry e Ron, mas a novata não teve tempo para reparar neles, pois todos os Gryffindor pareciam querer cumprimenta-la ou falar com ela.

- Olá! Sou a Ginny Weasley

- O meu nome é Parvati Patil! – exclamou uma rapariga

- Eu sou o Seamus Finnigan

- Eu Lavender Brown

- Collin!

- Dean Thomas!

Entre muitos outros nomes. Eram tantas caras novas e sorridentes que Jane estava a ficar tonta.

- Parem de ser chatos! – ralhou Hermione – deixam-na respirar

Os alunos dos Gryffindor acabaram por se acalmar e deixar que a cerimonia continuasse, mas ainda havia quem olhasse para Jane com um sorriso e lhe acenasse, ou que simplesmente a olhasse com curiosidade.

- Obrigada… - murmurou Jane – já te devo duas

- Duas?

- Sim…daquela vez dos livros…

- Oh! Eras tu então…

- Sim… - concordou Jane olhando pela primeira vez para quem estava à sua frente e reparando no rapaz ruivo – olá Ron Weasley

- Olá Malfoy… - respondeu ele meio hesitante

Jane olhou para o lado e deu de caras com o rosto de Harry. A jovem arregalou os olhos.

- Tu?! – exclamou com desagrado

Harry ergueu as sobrancelhas com uma expressão aborrecida.

- O que foi?

- Foste tu que quase me mataste na casa de banho! – afirmou Jane olhando para Harry como ódio

- Não acredito! – exclamou Harry com um espanto desagradado – tinhas que ser logo tu?

Os dois jovens encararam-se com evidente desprezo.

Ron, Hermione e Ginny, que observavam a cena entreolharam-se admirados, Jane Malfoy afinal de contas e contra tudo o que era esperado, mostrara-se ser uma pessoa bastante simpática, não sabiam se era pelo facto de estar assustada por ter calhado noutra casa, ou por ser assim mesmo, mas de facto parecia ser uma boa pessoa… excepto para Harry Potter.

- Quem és tu afinal? – perguntou Jane com desprezo na voz

- Harry Potter – respondeu o outro com uma careta de desagrado

- Uumm… o Testa Rachada – comentou Jane com desdém

- O que é que me chamaste? – perguntou num tom baixo e perigoso

- Testa Rachada – provocou Jane

Harry ia responder, mas foi interrompido por Dumbledore que deu início ao banquete.

- E então Jane… como é que era lá em Itália? – Perguntou Ginny, Parvati e Lavender apertaram-se ao lado dela para ouvirem

- Bem… era diferente – explicou ela – não havia casas e a selecção dos alunos era muito rigorosa…

- Ou seja – interrompeu Harry com um sarcasmo cínico – só aceitavam sangues puros e alunos com capacidades monetárias

Fez-se silêncio na mesa, todos esperavam a resposta de Jane.

- Eu disse que era diferente! – declarou a rapariga olhando desafiadora para Harry

- Se era tão bom lá porque é que vieste para cá? – picou por sua vez Harry

- Tenho estado a fazer-me essa pergunta desde que cheguei… e sabes que mais? EU NEM DEVIA ESTAR NESTA MESA! – gritou Jane com os olhos a faiscarem

- Chega! – exclamou Hermione vendo o ar de desprezo trocado pelos dois colegas – Harry por amor de Merlin, o que se passa contigo?

Harry fez uma careta e concentrou a sua atenção no prato, pensando numa maneira terrível de provocar a nova colega.

Parecia que os genes dos Marauders estavam a vir ao de cima.

- Mas Malfoy… - começou Ron – estás muito chateada por estar aqui?

Jane olhou para a mesa dos Slytherin e com uma careta encarou Ron.

- Os meus pais vão matar-me, a minha irmã, Draco e os outros não me vão falar… embora eu passe bem sem ouvir a Pansy… - enumerou a jovem com os dedos

- Tu deves ser uma espécie de ovelha branca da família – comentou Neville provocando o riso de todos

Jane fez um sorriso torcido, sentia-se estranha ali.

Com a sua família, com todos os antigos colegas e com os alunos dos Slytherin, nunca mostrara aquilo que realmente era…

Mostrara sempre como queria que os outros a vissem.

Ali parecia que podia fazer o que bem entendesse, que ninguém a ia julgar.

Podia ser ela própria que a aceitariam como era.

Abanou a cabeça assustada com os seus pensamentos.

A sua sanidade devia ter tirado férias!

Ela devia era desprezar todos aqueles traidores da própria raça e sangues de lama.

Mas como poderia fazer isso se gostava muito mais de Hermione do que de Pansy?

- Hei! Malfoy – Chamou Parvati – gostas de cobras?

- Aamm… não, nem por isso

- E de leões? – perguntou Ginny por sua vez

- Só do outro lado das grades… mas gatos são giros – comentou com um sorriso de desdém

- O gato é primo do leão – afirmou Ron – quer dizer que gostas de leões…ou seja vais dar-te bem aqui

- Ou não… - murmurou Harry sombrio, apenas Jane ouviu as suas palavras e lançou-lhe um discreto olhar carregado de ódio

- A sério Ron?! – perguntou Hermione sarcástica – chegaste lá sozinho ou tiveste ajuda do esparguete?

- Eu estava a tentar fazer uma lógica! – declarou ofendido, fazendo todos rir

O jantar finalmente acabou, Hermione e Ron por serem monitores tiveram que se despedir e conduzir os alunos do primeiro ano à sala comum dos Gryffindor.

- Bem… já voltamos, o dever chama! – declarou Ron com ar dramático

- Pelo amor de Merlin… - suspirou Hermione com impaciência arrastando dali o amigo

- Eu também vou andando – informou Ginny levantando-se

Ginny beijou Harry e com a desculpa de ir ter com Luna desapareceu na multidão de alunos.

- Malfoy! Vem connosco – chamou Parvati

- Deves ficar no nosso dormitório – comentou Lavender – afinal temos uma cama vaga

Jane sorriu e deixou-se conduzir por elas. Harry seguia atrás com uma expressão carrancuda.

- Harry! – exclamou Lavender quando estavam a subir as escadas – já tinha ouvido dizer que namoravas a Ginny mas não sabia se era verdade… parece que é

- Pois… - respondeu Harry com um pequeno sorriso torcido

- Dizem-se tantas coisas sobre ti… - comentou Parvati – que mais vale só acreditar na fonte

- Nem sabes como eu te agradeço – afirmou Harry de olhos arregalados

Jane parou no cima da escadaria para observar a face de Harry, mas ao olhar lá para baixo deparou com o rosto de Draco, Esther e Pansy.

O primo lançou-se um olhar de decepção rancorosa e desviou-lhe a cara.

Esther ainda parou a olhar para a irmã, provavelmente fazia tenções de ir ter com ela, mas Draco agarrou-a por um braço e afastou-a pela multidão.

Pansy seguia atrás deles como um cãozinho.

Jane sentiu um aperto no peito, sabia que aquilo provavelmente iria acontecer… mas tinha uma esperança louca de que não acontecesse.

Suspirou, definitivamente a sua sanidade tinha tirado férias…

Parvati e Lavender não repararam na cena, tinham visto Neville a passar com o seu vaso de cactos e riam-se às gargalhadas.

Apenas Harry vira o que acorrera e reparou que a expressão no rosto de Jane se ensombrava.

Tocou-lhe ao de leve no braço e ofereceu-lhe um pequeno sorriso

- Não vale a pena… ignora

O rosto de Jane abriu-se num pequeno sorriso triste

- Neville! – exclamou Parvati – para que raio é o cacto?

A atenção de Harry e Jane foi chamada pelos colegas.

Neville sorriu, acabara de chegar ao pé dos amigos, carregando o seu precioso cacto amarelo.

- É uma nova experiência minha – declarou orgulhoso – estive a fazer umas misturas de vários tipos de plantas, cada uma com diferentes capacida…

- Neville… ninguém está interessado – cortou Lavender afastando-se o máximo possível da planta esquisita

- Espero que não estejas a pensar em levar isso para o dormitório – afirmou Harry com uma expressão de pânico

- E porque não? Até que é parecido contigo Potter – comentou Jane com sarcasmo, já recuperada, ou pelo menos era o que aparentava do que acontecera há pouco

Harry olhou para ela com uma expressão furiosa.

- Tinha que vir, não era Malfoy? – resmungou

Jane fez-lhe uma careta mostrando-lhe a língua de fora.

Parvati, Lavender e Neville riram.

Harry bufou de irritação, seguindo as colegas em direcção ao salão comunal.

Na mesa dos professores, ainda dentro do salão principal:

- Por Merlin Albus… achas que o chapéu não se enganou? – perguntou a professora Mcgonagall bastante preocupada

- Não Minerva… de facto penso que esta jovem pode vir a fazer a diferença – comentou Dumbledore com um pequeno sorriso no canto dos lábios

- Diferença? Que queres dizer com isso? – Mcgonagall mostrou-se confusa

- Não sei… é apenas um palpite…esperemos que seja mesmo verdade e que ela pertença mesmo aos Gryffinfor…

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