A Verdadeira Mágica

Seria clichê dizer que o tempo passa e a gente não percebe. Mas é o que eu
estou vivendo nesse momento.
Parece que foi ontem que meu irmão, Rony, voltou do seu primeiro ano em Hogwarts, para onde eu sempre quis ir. Cheio de novidades, histórias fantásticas e dois melhores amigos intrigantes.

Um deles era Harry Potter, o menino-que-sobreviveu, sobre quem eu ouvi minha vida toda e que eu idolatrava como uma criança boba que era. A outra era Hermione Granger. Dizia ele, e não pude deixar de reparar, com os olhos brilhando, que era uma sabichona, meio mandona, que ele não suportou logo de cara, mas que depois deles salvarem sua vida viraram amigos.

Lembro de ter me sentido horrível. Louca pra ter a chance de estar em Hogwarts como meus seis irmãos estiveram e conhecer esse mundo totalmente novo.

E agora, cinco anos após me formar e seis anos depois da queda d'Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado, me vejo parada em meio a tendas, músicas e uma festa maravilhosa de casamento daquele mesmo irmão, Ronald Weasley.

Apesar das implicâncias mútuas e dos ciúmes com a irmãzinha mais nova, eu sempre fui muito ligada a ele. E a partir do meu quarto ano de Hogwarts nossas vidas se entrelaçaram mais do que nunca. Lutamos juntos contra vários comensais, participamos do mesmo time de Quadribol e eu me apaixonei de vez pelo melhor amigo dele. Hoje posso dizer que não tenho nenhum amigo mais importante no mundo do que ele, Ronald. O bobo, estabanado, ciumento, possessivo, engraçado, fiel, leal, protetor, divertido... E nas horas que eu mais sofri na vida era Rony quem estava do meu lado, me defendendo e impedindo que alguém me fizesse sofrer mais.

Sorri e olhei pra baixo. Apenas dois meses para eu finalmente ter meu tão esperado filho, o qual ele seria padrinho. Acariciando Tiago me veio em mente o momento no qual eu e Harry noticiamos para Rony e Hermione que eu estava grávida. Lembro exatamente da sua reação.

- Grávida! Hermione, você ouviu? Imagina quando for nossa vez. – dizia, sorrindo só de pensar na possibilidade de ser pai.

- Francamente Rony. Ainda falta muito pra isso. Quer dizer, nós não estamos nem casados ainda!

- Mas o casamento é daqui a sete meses – disse Harry. – Finalmente. Eu esperava isso desde os meus onze anos de idade quando vocês brigavam mais do que conversavam.

O que era verdade. Rony e Hermione era tão certo quanto eu e Harry, se não mais. Parece que tudo já estava escrito e que todos os momentos que passamos tenha sido só para fortalecer mais essas uniões.

Eu e Harry casamos três anos depois de Hogwarts e Rony e Hermione apenas agora, um pouco por culpa do Rony, que demorou pra tomar coragem e pedir ela em casamento e um pouco por culpa da Hermione, que vivia dizendo que precisaria primeiro se dedicar ao trabalho, para depois pensar em casar.

Mas chegou o dia que ela resolveu deixar o trabalho de lado e Rony tomou coragem. E aqui estão, casados, dançando juntos e muito felizes.

Paro pra observar aquela cena. Um no braço do outro, embalados em uma música que parece feita pra eles, nem um pouco preocupados com o fato de que todos da família estão em volta observando e comentando cada passo dos dois.
Ficaram nessa por um tempo, até que Hermione tropeçou no vestido quebrando um pouco a magia e enfim percebeu, meio sem graça, o quanto nesses minutos, esteve longe desse mundo, concentrada apenas naquele par de olhos azuis e provavelmente pensando o quanto a vida seria maravilhosa ao lado do homem com o qual tinha se casado. Rony que parecia estar totalmente maravilhado, também acordou da transe e abriu um sorriso que eu só vi dar poucas vezes, e todas essas vezes por causa dela.
Eram perfeitos um para o outro.

Achei que ninguém conseguiria entender o por que de que ao acompanhar essas cenas lágrimas rolavam soltas no meu rosto, mas ao virar para o lado e encontrar os olhos verdes que mais me tranqüilizavam no mundo, vi as mesmas lágrimas tolas insistindo em cair no dele. E como sempre fora desde o momento que tive coragem de cruzar os olhos com ele pela primeira vez, percebi que tinha uma compreensão única entre nós dois. Carinho, preocupação, conforto, força, segurança... Tudo que uma pessoa precisa para sobreviver eu achava ali, em apenas um olhar.

Afinal, eram Rony e Hermione. Nossos irmãos, amigos, confidentes, cúmplices. Em um momento que eu e Harry sabiamos quase quanto eles próprios o quanto era importante e aguardado.

Demos as mãos ao mesmo tempo que Rony e Hermione saiam da pista de dança, na nossa direção, com as deles entrelaçadas, sem desgrudar os olhos um do outro e com sorrisos bobos estampados no rosto. E eu pude sentir o quanto eles precisavam de cada troca de olhar e cada toque, assim como eu e Harry necessitávamos um do outro.

Quando enfim se aproximaram, paramos para nos olhar. Estávamos nós quatro, agora todos parte da mesma família.
Sorrindo, nos abraçamos em uma atitude um pouco infantil que deu para sentir o quanto estavamos unidos por uma força muito maior do que qualquer feitiço, algo além de uma proteção que um dia salvou Harry Potter do tão temido Lord das Trevas. Um sentimento que, como dizia Dumbledore, é a verdadeira mágica do mundo: O AMOR.

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