Uma Noite para Recordar - Pt 1

-Capítulo Três-


Uma Noite pra Recordar

Parte I – Brigas e Lembranças



N/A: Como essa terceira e última versão é um tanto ‘estendida’, eu resolvi dividi-la em partes, espero que gostem. Enjoy!

* * *

Rony vislumbrava as paredes da antiga sede da Ordem da Fênix. Seus olhos corriam displicentes pelas molduras empoeiradas, mas sua mente estava longe...

-Espero que tenhamos uma noite tranqüila – Hermione vinha pelo corredor falando com Harry.

‘Sempre com Harry’ pensou Ron. ‘Onde o Harry vai lá está ela. Será que ela não me nota? Não percebe os meus olhares? Ela me ignora de propósito?’

Observou atentamente ela se ajoelhar ao chão para arrumar suas provisórias camas. Seus olhos se perderam nas delicadas mãos de Hermione que passeavam sobre os lençóis, esticando-os com firmeza. Seus cachos castanhos dançavam com cada movimento, sua pele irradiava um brilho...

-Ron!Ron!Ron! – O que a princípio parecia um chamado distante mostrou-se ser Harry o gritando, e ele teve de despertar de seus devaneios mais uma vez.

-Oi, o que foi? – Disse com a voz ainda meio aérea

-Terra chamando, cara! – Harry ria – Vai dormir no meio ou de que lado?

-Ahm... – Ele pensou ‘Do lado da Hermione’, mas é claro que não o disse. – Tanto faz.

-Ótimo. Eu vou ficar nesse canto mesmo. É o mais perto da porta, e eu tenho sono leve.

E Harry se deitou puxando as cobertas apressadamente, como se dormir fosse aliviar suas tensões, como se dormir fosse aliviar suas tensões, como se fosse curá-lo de todo medo do que estava por vir. Ele largou seus óculos de qualquer jeito e não demorou nada a dormir no seu barulhento ‘Sono leve’.

Rony passou por entre as camas reparando que a sua e de Harry pareciam mais equipadas que a de Hermione. A dela tinha dois lençóis claros e uma pequena almofada, enquanto a sua e a de Harry tinham um cobertor e duas almofadas cada.

-Hei, porque você não tem cobertor?

-Am? Ah, eu só trouxe dois, e além do mais, numa noite quente como essa... Não preciso de um cobertor.

-Então pegue – Disse Ron com o cobertor em uma das mãos – Você só tem uma.

-Não, Ron, falo sério, estou com calor – Nesse momento ela se levantou e ergueu o suéter. Ron prendeu a respiração enquanto Hermione despia-se da peça, mostrando uma blusa de alças, deixando parte de seu colo e seus ombros à mostra.

‘O que ela pensa que está fazendo?’ Ron corou violentamente. ‘Como ela faz isso na minha frente? Como? Sentiu algo enrijecer em suas calças e engasgou, disfarçando com um pigarrear rouco. Ela agia como se a presença de Ron não existisse ali. Depois de despir a peça, soltou os volumosos cabelos ajeitando-os com as mãos.

-B...Bem – Gaguejou – e as almofadas, você não quer?

-Não seja bobo, Ron. Eu as coloquei pra vocês.

-É, mas eu não quero... Me dão dor nas costas – Ron fez uma careta com a mãos na lombar – Fique com elas, sim?

Hermione o mirou com uma cara de espanto; - Você está falando sério?

-Tome – Ron colocou as almofadas na cama dela – Fique com elas, por favor.

O espanto não havia deixado o rosto de Hermione, ela engoliu seco e deu um risinho; - Ronald Weasley, está sendo gentil comigo ou é só impressão minha? – Ela apertou os olhos focando o ruivo, que ficou totalmente escarlate e sem jeito, e que começou a tossir tentando disfarçar o embaraço..

-Já falei que tenho dores nas costas – Ron falou entre seu ‘acesso’ de tosse, e virou-se tentando esconder o rosto vermelho ao se jogar em uma poltrona velha.

Hermione olhou para o amigo praticamente morto em sua cama enquanto tirava seus sapatos e mirou Rony.

-E você? Não vai dormir? – Ela perguntou.

Ron hesitou por um instante antes de respondê-la, pois ela perguntou olhando diretamente em seus olhos, e isso o desconcertou completamente. Como ela podia ser assim? Capaz de inquietá-lo com um simples contato visual?

-Ah, sim. Já vou. – Balbuciou olhando para o chão.

-Pois eu vou me deitar já, e você deveria fazer o mesmo Ronald. Francamente, teremos um dia cheio amanhã!

-HEI, EU NÃO ESTOU COM SONO, OK? – Ron levantou a voz sem uma razão explícita. Geralmente era assim, ele gritava com ela sempre que ficava sem palavras, e a vontade que ele tinha de dizer-lhe coisas doces e carinhosas se transformava em grosserias que ele berrava a plenos pulmões. Como ela podia ser assim? Como ela sempre o tirava do sério?

-NÃO GRITE COMIGO, RONALD! – Hermione também se exasperou.

Ele se levantou agitado; -COMO...COMO VOCÊ CONSEGUE SER TÃO CHATA?

-CHATA, RONALD? – Hermione sentiu o sangue subir-lhe à cabeça enquanto milhares de desaforos lhe ocorriam para dizer a Ron, mas ao invés disso ela respirou bem fundo, sentindo uma tristeza aparentemente infundada apertar sua garganta. Baixou a cabeça tentando esconder os olhos já marejados e saiu em direção ao estreito corredor – Quer saber? Boa noite. – Sua voz estava alterada, um tanto rouca, ela falou apressadamente, já deixando-o pra trás .

-Boa noite, então – Ron foi sarcástico jogando-se de volta na poltrona, seu coração batia descompassado enquanto via Hermione entrar no banheiro e fechar bruscamente a porta atrás de si.

Como ela podia ser assim? Fazê-lo agir como idiota quando tudo que ele queria ela tê-la em seus braços? Ele sentiu um aperto na garganta e bufou olhando pro teto, do qual pendiam grossas teias de aranha, e ele imediatamente desviou o olhar, receoso de achar alguma.

A vontade que tinha era de ir até ela, desculpar-se por ser um imbecil, acolhê-la, abraçá-la... Mas do jeito que ele agia quando estava com Hermione, o jeito com que perdia o controle facilmente, não duvidou nada de que a situação só piorasse se ele o fizesse.

Ele se levantou, foi até sua cama, reparando como estava bem arrumada. Suas roupas dobradas cuidadosamente numa cama ao lado.

Ron sentiu uma pontada em seu peito, era o remorso. ‘Porquê eu tinha que gritar com ela?’. Desligou o velho abajur e abriu um pouco as grossas cortinas, deixando a sala numa leve penumbra. Angustiado com a demora de Hermione, sentou-se novamente, cerrando os dentes enquanto colocava as mãos unidas sobre seu colo, mexendo seus polegares nervosamente.

No banheiro, Hermione sentava-se com os cotovelos apoiados nos joelhos, suas mãos cobriam o rosto úmido e vermelho. Sentia uma agonia, um misto de raiva e mágoa em seu coração, que agora parecia tão pesado...

‘Porquê ele tem que ser assim comigo, sempre? Será que ele não tem a mínima preocupação? Não percebe que eu só quero seu bem? Estúpido...’

Uma lágrima escorreu de seu queixo dando de encontro ao assoalho coberto de uma espessa camada de poeira. Ela levantou o rosto, inspirando profundamente o ar, tentando afastar a dor que sentia. Mas nesse momento, como que se aproveitando de sua fraqueza, outras lembranças a tomaram de assalto.


-FLASHBACK-


Um bonito pôr-do-sol se estendia no céu alaranjado por trás das torres do imponente castelo de Hogwarts , mas não era um cenário tranqüilo, não mesmo. Uma pequena multidão gritava ensandecida depois de uma defesa espetacular que o novo goleiro da Grifinória havia acabado de fazer. Poucos minutos depois, a algazarra foi total. As arquibancadas tremeram e a voz de Lino Jordan gritando ‘É CAMPEÃÃÃÕ’ ecoou pelo estádio, a torcida da Grifinória parecia estar em chamas com suas cores de fogo que pulsavam.

Hermione suspirou. Uma lágrima de felicidade brotara em seu rosto sorridente antes de ouvir gritinhos agudos atrás de si e alguém esbarrar bruscamente em seu ombro.

Era Lilá Brown, que vinha com Parvati descendo apressada pelas arquibancadas, ambas rindo alto e cochichando.

Hermione esperava ouvir ao menos um ‘desculpe’ de Lilá, mas esta apenas lhe dirigiu um sorriso insosso e um claro olhar de desdém antes de continuar a seguir seu caminho, assim como Parvati que lançou um olhar cheio de significados por cima dos ombros, mas resolveu não dar atenção. Não iria ligar pras implicâncias daquelas duas tapadas, não hoje, num dia tão especial para a Grifinória, e principalmente para Ron.

Não via a hora de parabenizá-lo, ela sabia o quão importante seria para ele, depois da humilhação do último jogo, depois de todo seu esforço e perseverança. Era estranho o jeito com que ficava feliz com as vitórias de Ron, mais feliz até do que com as suas próprias. Ver Ron feliz para ela era melhor do que tirar ‘A’ em Aritmancia.

Olhou para o campo e viu os jogadores levantarem Ron no alto e o carregarem ao som de ‘Weasley é nosso Rei’. Ao seu lado nas arquibancadas, o olhar da pfª Mc’Gonnagal era de orgulho e emoção.

Ela não iria esperar mais, descia agora mesmo para falar com Ron e... Harry. ‘HARRY!’ lembrou-se Hermione. Ela praticamente havia esquecido da existência do amigo. Durante a partida, seus olhos não desgrudaram do goleiro do time. O apanhador, os batedores, artilheiros... Tudo era apenas pano de fundo para seu astro sardento.

Olhou para o lindo pôr-do-sol acima de sua cabeça. ‘Perfeito’ pensou. E parecia mesmo tudo perfeito para que ela finalmente colocasse o seu ‘plano’ em prática. Há semanas que pensava sobre isso, e há pouco tempo atrás havia se decidido definitivamente; Iria SIM ter coragem e dizer a Ron tudo que sempre sentira por ele.

Estava farta de esperar Ron tomar a iniciativa, muitas vezes ficaram sozinhos, muitas vezes ficaram sozinhos, muitas vezes trocaram olhares, muitas vezes estiveram prestes a se declarar, mas nenhuma palavra foi dita. Não suportava mais olhá-lo e não tocá-lo. Senti-lo tão perto e mesmo assim tão longe. Não queria mais ter Ron só em seus sonhos e fantasias. Queria poder abraçá-lo, sentir o cheiro de seus cabelos, o gosto de sua pele, telo para si, e para sempre.

-Hermione! Ganhamos, ganhamos! – Harry vinha correndo eufórico em sua direção, os cabelos mais bagunçados do que nunca, e um largo sorriso ocupando seu rosto, um sorriso que Hermione nunca mais vira Harry usar.

-Parabéns, Harry! Vocês foram ótimos!

Ele a abraçou erguendo-a, e ela sorriu contente. Logo que Harry a pôs de volta no chão, os olhos castanhos correram avidamente pelo local à procura de um certo ruivo.

-É, eu sei. Por um momento pensei que não íamos conseguir, mas... – Harry estava visivelmente animado e Hermione o cortou como se não tivesse ouvido uma palavra sequer do que ele havia dito.

-Você viu o Ron?

-Am? Ron? Ah, ele foi por ali – e apontou uma pequena passagem entre duas gárgulas – Mas é melhor você não... – Tarde demais. Hermione o deixara falando sozinho e seguia em direção à passagem.

Ela sentia-se extremamente feliz e nervosa ao mesmo tempo. Suas mãos escorregadias de suor tremiam, seu rosto corava e esquentava, seu coração acelerava mais e mais a cada passo adiante, e então ela finalmente passou pelas assustadoras gárgulas de pedra polida.

A sensação era de que o mundo inteiro acabava de ruir sob seus pés, ou de que mil facas penetravam seu coração, todas bem fundo e ao mesmo tempo. Tirando sua respiração, gelando o ar em seus pulmões, seus lábios ainda se entreabriam numa exclamação mórbida.

Ron pressionava seus lábios e seu corpo contra o de Lilá Brown. Praticamente espremendo-a contra a parede, ele mantinha suas mãos na cintura da garota, segurando-a de maneira um tanto bruta.

Lavender abriu os olhos e, vendo Hermione chegar, sorriu e puxou Ron com tudo para si, aprofundando o beijo numa intensidade que fez Hermione querer vomitar.

Ela soube naquele mesmo instante; Aquele era o pior dia de sua vida. Sentiu o choro apertar forte em sua garganta, e enquanto fez menção de se retirar, Ron subitamente abriu os olhos.

Ao ver Hermione, tentou livrar-se dos braços de Lilá instantaneamente, esta, que por sua vez abraçou-o abruptamente quando sentiu ele querer se afastar, puxando-o para dar continuidade ao beijo.

-HERMIONE, ESPERE! – Gritou Ron sendo quase sufocado pelos lábios de Lilá. Mas era tarde, o estrago já tinha sido feito. Hermione correu para longe, lançando-lhe um olhar de desprezo e mágoa por cima dos ombros. Um olhar que ficaria na memória de Ron para sempre.


-FIM DO FLASHBACK


Hermione caiu de joelhos no chão, agora chorava compulsivamente, as lágrimas rolando sem controle sobre o seu rosto. ‘Porquê o destino a teria feito se apaixonar por alguém que a decepcionava tanto, que lhe causava tanta dor?’ perguntava-se constantemente.

Havia momentos em que ele demonstrava tanto carinho por ela, como naquela mesma noite quando ela assistiu pasma à Ron tirá-la para dançar, ou mesmo quando ele ofereceu suas almfadas alegando dores que nunva teve... Pra depois tratá-la daquele jeito? Gritando e chamando-a de chata?

‘Estúpido, Imbecil, Legume sem sentimentos’ Ela poderia passar toda a noite ali enumerando os defeitos de Ron, mas por mais que tentasse, não conseguiria nunca esconder de si mesma o sentimento que queimava e ardia em seu peito. O amor incontestável que sentia por Ron.

Levantou-se, olhou-se no espelho. Os olhos inchados, as bochechas vermelhas e úmidas, seus cabelos um tanto bagunçados. Abriu a torneira, levou a água gelada até o rosto, respirou fundo e abriu a porta.



CONTINUA...


* * *


Genteeeeeeeee! Muito obrigada pelos coments! Por favor continuem comentando, ou se não a fic para por aqui mesmo hein! ( ameaçador, não? :D) Reclamem do que não gostaram tb, críticas são mto importantes!

Bjusss para tds, o cap 4 sai qdo houverem + coments, OK?



Obrigada!: leleu_mione, Akasha, eduarda pirini pedro, deya-amy_loka, Sarah Purpura e Mione Malfoy, continuem comentando hein!!!!! bjks!

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