Lily Evans



It's my life



It's funny how I find myself
In love with you
If I could buy my reasoning
I'd pay to lose
One half won't do



E lá vinha você de novo. Com aquele olhar, com aqueles cabelos desalinhados, com aquela... arrogância. Um sorriso brincalhão estampava seu rosto. Oh, Merlin! Eu detestava todas as suas características. Detestava aquele time idiota ao qual você era o apanhador. Detestava a facilidade que você tinha pra me tirar do sério. Detestava seus convites e sua presença.
Detestaria uma pessoa que conseguisse juntar todas as coisas que eu mais repudiava. Mas não conseguia te detestar porque... bem, porque você era você.

I've asked myself how much do you
Commit yourself



- Olá Lily!
Suspirei. Era sempre assim. Você vinha sorrindo. Bagunçando aquele cabelo. E me cumprimentava. E eu, rápido demais (acho que levada pelo costume...) respondia de uma forma rude. Isso nunca mudava.
- Não me chame de Lily, Potter. Pra você é Evans. EVANS, entendeu?
Eu precisava salientar isso. Como sempre fazia.
- Se eu te chamar de Evans, Lily, você sai comigo no próximo passeio à Hogsmead?
Revirei os olhos nas órbitas. Por que ele não podia ser um pouco mais original?
- Mas é claro... - Um brilho de alegria passou pelo castanho dos olhos dele. - ... que NÃO!
Virei-me e saí. Sem olhar pra trás.

It's my life
Don't you forget
It's my life
It never ends



Naquele dia eu me peguei olhando pro nada. Acho que eu estava assustada. Tudo o que estava acontecendo fora dos terrenos de Hogwarts e eu só conseguia pensar em uma coisa: você. Talvez fosse uma praga... "Oras", pensei comigo mesma. "Será que alguém me jogou um novo tipo de azaração pra não conseguir mais te esquecer?". Mas algo me dizia que isso não era verdade.
Era como se minha vida acabasse de ser reduzida em apenas algumas letras. E indiscutivelmente essas letras eram as mesmas que formavam o seu nome.


Funny how I blind myself
I never knew
If I was sometimes played upon
Afraid to lose



Seus amigos riram. Outro fora.
- Não se engane, Lily querida! Você está cega de amor por mim...
- Eu diria que estou cega de ódio, Potter.
Mas eu sabia que não era verdade. Então, porque eu não admitia logo?
Talvez eu estivesse com medo. Medo de mim. Medo de você. Medo de nós dois juntos...
Ou talvez fosse simplesmente o hábito de dizer não pra você...

I would tell myself what good you do
Convince myself


Naquele dia não teve sorrisos, nem palavras de bom dia. Você passou por mim sem falar nada. Estava sério e discutia com o Black. Suas palavras eram proferidas em um tom baixo e apressado. Eu não conseguia entender absolutamente nada.
Então você olhou pra mim. Viu que eu estava concentrada demais na conversa de vocês dois. Revirou os olhos e puxou o Black pra longe.
Eu corei. Você nunca agia dessa forma comigo. Você nunca revirava os olhos pra mim. Nem passava sem me incomodar. Você sempe sorria quando eu estava perto... Você nunca tinha sido tão frio comigo!
Acho que meu desejo de que você mudasse havia se realizado. Mas eu não estava feliz como havia imaginado que ficaria. Não. Muito pelo contrário: eu estava me sentindo totalmente incompleta, fora do lugar.
Acho que foi nesse dia que eu parei de desejar mudanças...


It's my life
Don't you forget
It's my life
It never ends



A sala de poções estava muito quente naquela tarde. Mas ninguém reclamava. Estavam todos muito concentrados no dever. Todos menos eu.
Como eu poderia me concentrar com toda a indiferença que você deixava no ar ao passar por mim? Já faziam semanas que sua voz não falava meu nome. Nem ao menos uma palavra pra mim...
"Bom! Que seja! Assim eu descobri que estava certa e que você nunca gostou de mim!". Mas não era o que eu realmente sentia.
Eu queria que você voltasse a se comportar como sempre. Queria que você voltasse a ser o garoto imaturo que eu adorava criticar. Eu queria que você voltasse a se importar comigo...
Senti um aperto bem forte no peito.
- Professor! - O tom na minha voz assustou todo mundo. Slughorn se aproximou do meu caldeirão com um olhar preocupado.
- O que tem Srtª. Evans?
- Posso sair? Eu não estou me sentindo muito bem...
O professor consentiu com um aceno de cabeça.
- Vá para a enfermaria.
Saí correndo, trombando na porta. Corri. Mas não pra enfermaria. Fui para o banheiro.
Meu peito parecia explodir! Senti que ia morrer quando as lágrimas começaram a cair em enxurrada. Era como se meu corpo estivesse derretendo. Era um sofrimento agoniante, que se multiplicava a cada batida do meu coração. Era um sentimento avassalador, que desmanchava todas as barreiras que eu tinha erguido dentro de mim. E doía. Doía muito.
Mas eu não fui pra enfermaria. Lá não tinha nenhum remédio que pudesse amenizar a dor. O único remédio para o que eu sentia era você...

I would ask myself how much do you
Commit yourself



Meu rosto estava inchado. O reflexo no espelho não mentia. Eu não estava bem. E talvez jamais voltasse a me sentir bem novamente. Mas quem se importava? "Certamente você não!", pensei. E me odiei por estar me afundando em autopiedade. Mas era isso que tinha restado pra mim.
Desci para o Salão Comunal com um peso enorme sobre os ombros. Arrastei-me escada abaixo, sentindo que logo o chão iria me engolir. Queria me afundar em uma daquelas poltronas e esquecer que você existia.
Mas isso seria impossível. Porque você estava lá. Sentado. Com a cabeça pendendo pra trás. Eu não pude deixar de sentir um solavanco. Meu tormento estava prestes a começar.
Tentei sair sem ser notada. Mas não fui rápida o bastante.


It's my life
Don't you forget
Caught in the crowd
It never ends



- Perdeu o sono também, Evans?
Sua voz estava carregada com indiferença. Estava falando comigo como falava com qualquer outra pessoa. Fiz uma anotação mental da utilização do meu sobrenome e, com uma careta, me sentei numa poltrona na sua frente.
- É.
Não sabia o que dizer. Pela primeira vez na vida eu não sabia o que dizer para você. Não podia ser rude (se bem que era esse o meu desejo). Você tinha feito uma pergunta casual. Casual demais para ter sido feita por você...
- Acho que não tenho me sentido muito bem.
Desabafei. E me arrependi na mesma hora. Você movimentou a cabeça de modo a me encarar. Uma sobrancelha erguida.
- Eu também acho que você não anda bem. - Então você havia reparado? - Todos estão se perguntando o que teria acontecido pra você perder o controle daquela forma lá nas masmorras.
Ótimo. Todos estavam comentando, então. Realmente eu devaria estar sendo a piada da semana.
Engoli em seco. Você percebeu e se inclinou pra frente de modo a ficar mais perto de mim. Perto demais, eu diria.
- Talvez você devesse descançar. - Sua voz continuava casual, um tanto clínica.
- Você não sabe de nada, Potter.
Juro. Tentei não ser rude. Mas não consegui. E as porcarias das lágrimas estavam lutando para se libertarem.
- Ah, é, Evans? Eu não sei de nada? É isso que você relamente acha?


Convince myself


Não era o que achava. E você parecia saber disso.
Silêncio.
Você se endireitou na poltrona enquanto eu tremia. Eu acho que estava com febre. Ou talvez fosse a sua presença.
Quando recuperei o auto-controle, me dirigi à você com a voz carregada de falso desprezo.
- Bem, é isso o que eu acho.
Você me olhou. Pude me ver refletida em seus olhos. E não gostei do que vi.
- Não posso mudar sua opinião, Evans.
Assim mesmo. Com um tom de igual desprezo ao que eu havia lançado em você. Levantou-se e saiu, me deixando sozinha.

It's my life
Don't you forget
It's my life
Don't you forget



Não havia lugar pior do que Hogsmead. Não quando a única coisa que eu conseguia ver era seu rosto. Você estava rindo com seus amigos.
Mas eu fingia que não me importava. Estava usando toda a minha força para tentar manter uma máscara de superioridade. Fingia não me importar com os sorrisos que aquelas dementes afetadas lançavam na sua direção. Fingia não me importar quando você retribuia. E eu fingia estar feliz. Mas parecia não estar sendo muito eficiente...
O que estava acontecendo com a minha vida?


I've asked myself
How much do
you commit yourself?



Começou a sangrar. Os tentáculos da planta bateram em cheio no meu rosto e um filete de sangue escorreu do corte. Alice logo tomou conta daquele monstro horrível que nós estudávamos na aula de herbologia.
Com as costas da mão limpei o sangue. E meus olhos desviaram da mancha rubra, que agora pintava a minha mão, para os seus olhos. E eles pareciam ter se importado com o corte. Mas seu rosto não demonstrou nada. Aliás, seu rosto logo se virou, como se com isso quisesse dizer que isso não era problema seu.
Mas eu havia visto que, no fundo, eu não estava morta pra você...


It's my life
Don't you forget
Caught in the crowd



A grama verde fazia cócegas nas minhas costas. Era tão bom poder aproveitar os últimos dias do sexto ano descançando... O sol brilhava lá no alto, entre as folhas verdes do carvalho. E eu lia um livro qualquer. Sim, porque essa era a única forma de me distrair.
Mas quando você e seus amigos apareceram no pátio, eu desejei que o carvalho me engolisse. Desejei que as águas do lago se levantassem e te levassem pro fundo, pra bem longe de mim. Mas uma vozinha, que não era da razão, dizia que tudo isso era mentira. E ela estava certa.


It's my life
Don't you forget
Caught in the crowd



Fingi que lia quando você se aproximou e sentou do meu lado. Você estava sozinho e eu não pude deixar de adorar a sensação que seu corpo tão próximo do meu proporcionava.

Suspirei. Você também. Parecia que estava tentando tomar coragem para dizer algo. Eu me esforcei pra ficar quieta.

-Eu não agüento mais.

Sua voz era dolorida. Tão dolorida quanto o meu peito... Abaixei o livro.

- Sabe, Evans? Eu tentei. Juro que tentei. Mas não dá. Não dá mesmo. Agora tenho certeza que não existe solução pro meu problema.

Eu fiquei olhando pro horizonte enquanto você falava.

- Frieza, indiferença. Usei tudo o que estava ao meu alcance pra tentar deixar de gostar de você, Lily...

Fechei os olhos. Meu coração estava voltando a bater. Lily...

- Mas simplesmente não consigo ficar bancando uma coisa que não sou. Não consigo ser tão falso ao ponto de não ouvir o que meu coração diz.

Percebi que sua voz se alterava. Você parou de falar e arrumou os óculos. Pude sentir você se mexendo do meu lado.

- Olha, Lily. Eu quero que você saiba que faz diferença saber como você se sente. Faz diferença saber o que você pensa porque... bem, porque eu te amo Lily.

O silêncio só foi quebrado pelas batidas descompassadas de nossos corações.

- Se você nunca mais quiser olhar na mina cara, tudo bem. Mas eu precisava dizer o que realmente sinto.

Você ia se levantar. Mas eu impedi com um movimento do meu braço. Olhei pra você com carinho. Vi todas as cores do mundo refletidas em seus olhos. E me senti feliz com isso. Senti-me feliz com a sua felicidade. Senti-me feliz sabendo que você me amava...

- Fica, Tiago.

Você me olhou assustado. Nunca tinha te chamado pelo primeiro nome.

- Por favor... Fica comigo.

E você ficou. Sentou do meu lado. Pude sentir seu coração batendo. Pude ver ele balançando a camisa que você usava. E meus olhos se encheram de lágrimas de felicidade.

Virei-me pra você, passando meus braços pelos seus ombros, te trazendo pra mais perto. Você ficou só me olhando. Talvez achasse que eu estava brincando.

Cheguei com meus lábios muito próximos dos seus. Podia sentir seu hálito de canela... E foi embala pelos seus batimentos e pelo seu hálito que eu tomei coragem. A voz não foi mais alta que um sussurro. Mas você escutou.

- Fica Tiago, porque eu te amo.



~~oOo~~

N/A: UHUULL!
Meu primeiro romance precisava ser com o "casal 20".
hueahuehahueha
Perdoem-me pela ponta de drama que os pensamentos da Lily acabaram ganhando. Mas velhos hábitos nunca são deixados pra trás...
=P
Bom, existe um detalhe importante dessa song: apesar de utilizar a versão original do nome da Evans, eu preferi que o Potter se chamasse Tiago. Questões pessoais, se é que dá pra entender...
KKKKK
Pensei em passar pra James, mas iria descaracterizar muito (pelo menos pra mim...).
Espero que entendam meus argumentos e apreciem a song...

Obrigada.

Morgana Onirica.

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