Epílogo



Três anos depois

Os flocos de neve caiam do lado de fora, como em todo ano naquela época de Natal. Todo o jardim da casa da família Weasley estava pintado de branco. As arvores faziam um efeito lindo com a cor branca da neve e o verde dela própria.
Dentro da casa, o fogo da lareira dançava e aquecia toda a família ali presente, que havia aumentado. Todos estavam sentados à mesa, fartando-se com a comida maravilhosa que Molly Weasley os prestigiava por mais um ano.
Todos os Weasley estavam reunidos em uma mesa comprida, e neste ano dois convidados haviam se juntado. Cecília exibia a barriga de quatro meses com um sorriso orgulhoso, com as maças do rosto levemente rosadas por causa do frio, dando um ar inocente e de menina. Lucas paparicava a esposa a todo o momento, perguntando se ela queria comer isso ou aquilo. Às vezes parava de conversar com Rony ou Jorge sobre quadribol para perguntar se ela não precisava de algo.
Hermione deliciava-se com a atitude dele enquanto a francesa balançava a cabeça, desolada.
- Meu amor, eu estou bem. Quer fazer o favor de ficar me perguntando a mesma coisa a cada seis minutos? Eu consigo ainda me levantar e me servir sozinha.
Ele pareceu ofendido.
- Só estou cuidando da minha mulher e do meu filho. – replicou com o pouco de dignidade que lhe restava. – Quero que ele fique forte e saudável quando nascer.
- Você quer que eu e ele fiquemos obesos, isso é o que parece. – ela afirmou o que dizia balançando a cabeça. Depois começou a rir. – Estou bem, Lucas, pare de se preocupar, sim?
Contrariado, ele voltou a conversar com Rony. Molly Weasley entrou na sala com um peru que cheirava maravilhosamente. Cecília inalou aquele cheiro com vontade, depois soltou um muxoxo.
- Ah meu Deus. Essa criança vai me deixar obesa.
Molly riu.
- Isto é muito bom, saber que ele está abrindo o seu apetite. Gina contou-me que você não come quase nada.
- Ela que é exagerada. – defendeu-se enquanto colocava um pedaço de peru na boca. – Falando em Gina, não estamos sendo descortês em não espera-la para a ceia?
- Gina já nos avisou que não viria no horário e que comêssemos sem esperá-la e a Harry. – Molly disse com os olhos brilhantes. – Estou tão feliz em vê-los juntos!
Hermione pegou a mamadeira e começou a alimentar a pega Allison em seus braços. O filho mais velho dela e de Rony, Matt, dormia no sofá dos avós, porque Jorge lhe contara que se ele dormisse, Papai Noel viria com muitos presentes. Rony ficou aborrecido com Jorge por causa daquela historia.
- Sinceramente, nunca pensei que chegaria a vê-los juntos novamente. – Hermione comentou alegremente. – Quer dizer, os dois sempre foram muito cabeça duras... Sempre brigaram pouco, mas quando brigam eles fazem o apocalipse. É muito bom saber como eles estão ótimos juntos. Nunca vi Harry sorrir tanto.
Rony concordou.
- Ele deve estar vivendo tudo o que sonhou, não é? Ainda mais agora, depois que derrotou o Lorde das Trevas no ano anterior.
- Eles merecem toda essa felicidade que estão vivendo. – Lucas assentiu enquanto falava. – Depois de tudo que ele passou... E que a própria Gina sofreu também. Quer dizer, ela conseguiu superar tudo o que passou, não é mesmo?
- Gina sempre teve mais fibra do que pensa ter. – Arthur Weasley comentou com orgulho da filha. – Ela e Harry praticamente se completam.
- Falando em cabeça dura... – Fred finalmente desviou a atenção das traquinagens do filho de dois anos, no colo da esposa e encarou para Hermione. – Quando Harry vai pedir a minha irmã em casamento? Quer dizer... Eles praticamente moram juntos.
- Eles não moram juntos. – protestou Hermione. – Gina tem seu próprio apartamento.
- Ah, por favor. Ela passa quase a semana inteira na casa dele. – Jorge resmungou. – E vice-e-versa. E quando viajam, viajam juntos.
- Até aí... – Cecília murmurou. – Eles viajam juntos porque são parceiros de trabalho.
- Que seja. – replicou Jorge girando os olhos.
Gui começou a rir.
- Deixe de ser ciumento, Jorge. – ele se virou para Hermione e Cecília. – Mas é verdade. Eles já estão assim há três anos. E então?
- Harry queria que Gina se recuperasse primeiro de tudo que ela passou. – Hermione disse enquanto batia nas costas do bebê, agora já alimentado, para que ele arrotasse. – Mas depois eles tiveram que ficar um ano separado por causa da Guerra... Acho que agora eles vão poder resolver com calma tudo o que precisam resolver.
- Na verdade. – Arthur os interrompeu com um sorriso no rosto. – Acho que Harry pretende fazer isso hoje. É por isso que eles não chegaram à ceia em tempo.
Molly riu com os olhos cintilantes. A mesa explodiu em perguntas.
- Como assim? Ele não podia fazer isso aqui?
- Ele é meu melhor amigo e meu cunhado! Por que não me contou? – exclamou Rony incrédulo.
- Ele não precisa contar tudo o que faz da vida dele, sua cabeça de repolho. – retrucou Fred.
- Acalmem-se! – exclamou a Senhora Weasley. – Vocês vão acordar meu neto! – disse brava, apontando para o sofá onde Matt ainda dormia. – Sabemos disso porque Harry veio hoje cedo pedir a mão dela ao Arthur, logo depois que ele e Gina chegaram de viagem da missão em Amsterdã. Disse que era por isso que atrasariam, porque queria fazer algo especial para ela, mas disse que logo após isso eles viram para cá.
- E onde Gina estava nessa historia toda? – perguntou Fred.
- No apartamento dela, eu acho. – Arthur disse. – Ela não sabe de nada, obviamente.
- O que será que ele preparou para ela? – perguntou Hermione com ar sonhador.
- Ah, isso eu sei! – Cecília comentou sorridente. – Sabem aquela peça de teatro que Gina estava louca para assistir? Harry usou a influencia que ele tem – vocês sabem, o Menino que Sobreviveu – com o diretor para que fizesse uma pequena diferença já que hoje é Natal. – ela abriu um largo sorriso. Hermione não entendeu.
- Lia, juro que não entendi.
- Sabem aqueles ‘especiais de Natal’? Harry disse para o diretor fazer isso, mas no fim das contas vai ser completamente diferente da peça original. Gina não sabe, é claro. Na peça, vai retratar ele pensando em como pedir a Gina em casamento. E então vocês já podem imaginar o resto. A Gina não é burra... Mas ela nem imagina que ele vai subir ao palco e pedi-la em casamento.
Fred e Jorge explodiram em gargalhadas.
- Ah, eu queria ver a cara da minha irmã! Por que ele nos privou desse momento maravilhoso?!
- Harry odeia chamar a atenção, esqueceu? Imaginem a cara dele também em cima do palco? Vai estar mais branco que um defunto.
Hermione tinha os olhos brilhantes.
- Que bonitinho!
- E se a Gina recusar?
- Deixa de ser retardado, Rony, até parece a Gina vai recusar! – Carlinhos girou os olhos ao retrucar o comentário do irmão. – Bem original a idéia do Harry. Insana e louca também, mas bem original.
Molly deu um gritinho ao olhar pela janela.
- Eles chegaram! Eles chegaram! Oh, que gracinha, olhe os dois abraçados e rindo como crianças!
Ela se apressou a porta e a abriu antes mesmo que eles chegassem nela.
- Entrem! Entrem! Saiam desse frio imediatamente!
- Molly, você está deixando o frio entrar! – reclamou Arthur do lado de dentro da casa.
Gina via sua mãe acenando de longe para eles. Ela olhou para Harry e bagunçou os cabelos dele, jogando neve para todos os lados.
- Você contou a eles o que ia fazer hoje comigo? – perguntou risonha. Ele encolheu os ombros.
- Achei que Cecília faria isso por mim. Ela ficou bem língua solta depois que engravidou.
Ela começou a rir e entrelaçou sua mão com a dele.
- Ela está feliz, agora que está casada e que Lucas tem o nome limpo e virou chefe da seção de Aurores.
- Sim eu sei. Eles dois merecem isso.
Gina virou-se para ele e sorriu marota. Harry se viu perdido com aquele sorriso nos lábios vermelhos da ruiva.
- Aquele ator não tinha nada a ver com você.
- Claro que tinha. – defendeu-se. - De longe, todo mundo com cabelo bagunçado e preto é igual a mim.
- Ele era mais bonito. – Harry parou de andar e arregalou os olhos. Gina começou a rir.
- Eu não acredito! Paguei o cara para me contracenar e ele chama a atenção da minha noiva!
Gina gargalhava. Ela se aproximou dele e lhe deu um beijo estalado nos lábios. Ele se pegou admirando a beleza da ruiva. As maças do rosto estavam rosadas do frio e havia neve em seus cabelos e no cachecol rosa. As mãos da ruiva estavam espalmadas em seu peito e a aliança delicada brilhava em sua mão direita. Ele sorriu. Não poderia ser nada melhor em sua vida.
Ela se aproximou dele e o segurou pela jaqueta. Seus rostos estavam separados por milímetros.
- Você me fez uma grande surpresa hoje, não fez meu amor?
Ele sorriu e a enlaçou ela cintura.
- Eu quem pergunto. Fiz? – ela assentiu.
- Ah, fez. Estou encabulada até agora. – Ambos riram. – Eu adorei. Principalmente quando você subiu no palco.
- Ah, Gina. Você vai me lembrar disso eternamente, não é?
- Vou. Você parecia prestes a desmaiar. – ela comentou com doçura. Ele balançou a cabeça.
- É o nervosismo.
Ela o beijou mais uma vez e ele disse que a amava muito. De mãos dadas, caminharam até a Toca.
Todos os irmãos de Gina foram até ele e o cumprimentaram, dizendo que ninguém melhor do que ele para ficar com a querida irmã, mas que isso não mudava o fato de que iriam quebrar sua cara se ele alguma vez a magoasse. Claro que tudo na risada... Mas não que amenizasse a ameaça.
Quando estava perto da meia-noite, toda a família Weasley mais Lucas e Cecília estavam sentados perto da lareira, agradecendo aquele dia. Ambos cantando musicas que tocavam no radio e relembrando tempos passados, e tempos que estariam por vir, agora com a vinda dos netos. Molly brincou com Gina, dizendo que ela deveria lhe dar tantos netos quanto ela lhe dera irmãos, fazendo a mulher arregalar os olhos. Harry riu gostosamente com aquele comentário, e acrescentou que na verdade, queria um time de quadribol em sua casa.
Quando Harry estava afastado com os gêmeos, Rony, Lucas e Carlinhos conversando sobre alguma coisa banal, Cecília e Hermione sentaram-se ao lado de Gina e exigiram-lhe todos os detalhes do criativo pedido de casamento. Quando Gina terminou, as três riam de Harry.
- Foi uma surpresa em tanto. – ela disse com os olhos cintilantes. – Eu não posso dizer que não gostei. Foi muito lindo.
Cecília sorriu. Segurava um enorme pedaço de panetone.
- Hei, ele comentou que quer um time de quadribol, não foi? – seus olhos brilharam de maldade. – Você já contou a ele a sua supresinha? – Hermione gargalhou quando entendeu a insinuação da amiga.
As três ficaram bem ligadas nesses três anos, e contavam tudo uma a outra. Cecília constantemente ia para a Inglaterra, e agora que estava grávida pediu a Lucas que tivesse o bebe perto de quem ela considerava sua verdadeira família. O moreno era obrigado então a aparatar todo dia para França, a pedido da esposa, que tirara licença bem antes do que deveria realmente tirar. Mas, ser esposa do diretor tinha suas regalias.
Hermione piscou para a ruiva e recomeçou a rir.
- E então, Gina? Já contou a ele que o primeiro do time está para vir?
Ela balançou a cabeça.
- Não, ainda não contei. Acho que já foi um dia de bastantes surpresas por hoje, e ele ainda está meio pálido do pedido de casamento. Deixe-o curtir o dia. Amanhã eu conto a ele.
Ela olhou em direção a Harry e percebeu que ele a encarava. Ele abriu um largo sorriso e piscou para ela. Aquele sorriso maroto e aquela franja insistente que caia em seus olhos, que ela tanto amava.
Gina sorriu em direção a ele e mandou um beijinho no ar, fazendo-o sorrir mais uma vez, antes de voltar à atenção para o que Rony estava dizendo, em meio à gargalhadas. Mas Gina não desviou sua atenção dele, mesmo quando Cecília começou a discutir com Hermione sobre quais nomes deveria colocar na criança que estava por vir.
Ela podia dizer que era uma mulher de sorte, pensou. Harry colocou as mãos no bolso do jeans e encolhia os ombros, enquanto Rony lhe dava um leve soco no ombro. Ele riu, sem jeito e ela sorriu junto, imaginando a reação dele quando ela amanhã lhe dissesse sua surpresa para ele.
Gina abriu um largo sorriso, feliz que tudo aquilo estivesse acontecendo. Era como se nenhuma desgraça tivesse acontecido com ela ou com Harry.
Ela sempre viveu num mundo de pura magia, mas para ela aquilo não era nada comparado com o mundo mágico que estava vivendo. E agradecia a Deus que era com Harry quem ela iria dividir - e já dividia! - aquela alegria todas as manhãs.


FIM

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