Conclusões Precipitadas



N/A: Capitulo dedicado a Karine e a Hellen... que durante todo o segundo semestre do ano letivo ficaram cantando "Just Lose It", do Eminem.







Mordeu o lábio inferior em forma de segurar seu medo entalado na garganta. Não poderia sair nada de errado, ou pior, ser descoberta. Faltava muito pouco para descobrir algo que Voldemort sabia que seria muito importante para seu império se ganhasse algo que ela ainda, precisava saber.




Seu coração batia de forma acelerada, onde parecia que ia sair pela sua garganta.




Rompeu a madeira no chão, começando a revistar por inúmeros papéis velhos e empoeirados. Ela sabia que estava ali, ela ouvira isso.




Sentiu o suor frio escorrer de sua testa e parar na curva alta do pescoço, enquanto seus olhos concentravam-se pacientes em diversos papéis, enquanto suas mãos se mantinham ágeis para revistar.




_Merda, merda, merda. –murmurou meio impaciente, molhando os lábios com a pontinha da língua. Ergueu a varinha até o papel. _Lumus. –murmurou.




Engoliu em seco uma ou duas vezes. Lugar errado.




_Droga! –exclamou de uma forma baixa, abrindo a outra tábua. Havia uma corrente prata, reluzente com uma caveira central aonde nela escapava uma cobra, pela boca. Observou bem, até encontrar um envelope azul marinho onde as letras brilhavam em prata.




Murmurou um feitiço para se certificar que não estava enfeitiçado. Depois, segurou-o com cuidado, abrindo-o.




Caíram dois pedaços de pergaminhos na mão, dois, ambos pequenos.




_...Uma forma de aniquilar trouxas é misturar seu mundo não somente com o dos bruxos, deixando-os de forma apavorada. Precisaria misturar o mundo dos vivos com o dos mortos. –Seus olhos se arregalaram. –Meu Deus!




Olhou ao redor. O lugar continuava vazio, por enquanto.




Pegou o outro pedaço de pergaminho, aonde nele só continha a palavra: ”Surpresa”.




_Surpresa? –indagou baixinho e a si mesma. –Mas que...?




Ela soltou um grito de susto e dor ao sentir alguém cravar a mão em seu coro e em seus cabelos e puxa-los com força para trás, de forma que doesse e seu corpo se prendesse contra o de Bellatrix Lestrange.




A luz se acendeu e ela pode ver diversos comensais com certas risadinhas debochadas, entre eles, Cho Chang e Draco Malfoy.




“Ah... Merda.”, pensou, com uma onda de desespero batendo dentro de si. “Vamos, acalme-se, acalme-se”.




_Ora, que surpresinha tínhamos a você, Virginia Weasley. –murmurou aquele dono da voz de que todos temiam; Voldemort também estava ali.




Ok. Estava morta. E pior... Descobriram seu nome. –Achou que mudando sua aparência nós não iríamos sentir seu cheiro nojento? –ela soltou um leve sorriso debochado.




_Bom, parece que funcionou. –argumentou, arqueando uma sobrancelha de forma desafiadora. Podia até morrer, mas não ia dar ao gosto de ser humilhada.




As mãos, presas pelas mãos de Bellatrix, fizeram-na chegar mais fácil ao canivete preso no cós. Segurou-o por um tempo de forma segura na mão fechada, enquanto fingia-se tentar livrar das mãos pegajosas da comensal sem sucesso.




Voldemort a encarou com nojo, vendo-a sorrir daquela forma mesmo que presa. Viu-a molhar os lábios com a pontinha da língua, balançando a cabeça, de forma que as mechas ruivas caíssem sobre a tatuagem de uma caveira, onde dela saia uma cobra pela boca.




_Matem-na. –Voldemort soou displicente, abanando uma mão com desprezo.




Era agora. Gina se remexeu de uma forma muito brusca, metendo uma cotovelada no nariz de Bellatrix, enquanto rodava com o canivete entre as mãos, cravando-o contra a garganta da comensal. Ela arregalou os olhos de dor, mas não emitiu algum som. Gina já puxou a varinha com a outra mão, enquanto rodava o canivete no pescoço até a curva alta do pescoço de Bellatrix.




Cho a encarava estupefata, enquanto a observava meter um chute no estomago da comensal, que caia morta no chão enquanto Gina já proferia um feitiço na qual ela não conhecia, onde em poucos minutos, Bellatrix parecia que morrera a mais de dois meses. Cho soltou um ganido enjoado, enquanto Gina desarmava Lucio Malfoy e passava uma rasteira.




Fechou os olhos com nojo daquela cena, quando viu a cabeça de Malfoy ficar quase decapitada como daquele fantasma da Grifinória, Nick-quase-sem-cabeça.




Abriu, quando ouviu Gina soltar um uivo de dor e cair de joelhos no chão úmido e podre de madeira, se contorcendo. Olhou ao redor, e viu Voldemort com a varinha apontada para ela, de forma desgostosa.




Gina parou no chão de se contorcer, fraca e tremia um pouco. Sorriu maldosa. Aquela já estava morta.




Observou ela soltar um tossido, aonde escapou sangue para o chão, onde o sorriso de Cho se alargou e observou Voldemort com os olhos da idolatria.
Voldemort virou as costas a ruiva, arrumando a bainha das vestes.




_Divirtam-se, e depois, afoguem-na.




Gina revirou-se, ficando de estomago para cima, enquanto via que não conseguia mais se mexer, e quando notou bem, viu a cara chata de Draco sorrir-lhe com repugnância e desejo, enquanto outro he arrancava a jeans.









_NÃO! – gritou, enquanto sentia seu rosto bater contra o chão juntamente com seu corpo.




Olhou ao redor e soltou um suspiro, ao ver onde estava. No quarto, graças a Deus. Era um sonho.




Ergueu-se, enquanto brigava com o lençol e soltava-se dele, largando-o no chão, deixando o corpo cair na cama, sentada.




Passou uma mão no rosto, tentando acordar e se livrar daqueles pensamentos. Deus, aquilo não fora um pensamento. Era sua lembrança.




Seu coração, ainda descompassado, foi acalmando os poucos, enquanto ela pausava entre profundos suspiros.




Passou a mão pelos cabelos embaraçados. Deus, ela devia ter se mexido a noite inteira. Escorregou a mão até a curva do pescoço, podendo senti-lo todo úmido.




Levantou-se, arrumando a comprida camisa xadrez, que lhe caia até metade da coxa, enquanto olhava ao redor a procura de uma escova.




Balançou a cabeça, arrancando o elástico do pulso e prendendo o cabelo do jeito que estava. Estava com preguiça de ficar procurando a escova no quarto.




Abriu a porta, vendo-a deserta, mas podia ouvir claramente o som de água batendo contra o chão e uma voz masculina cantar algo que lembrava uma musica trouxa.




Olhou para o relógio no pulso. 02h30min da manhã. Ela arregalou os olhos.




O que aquele... Desorientado estava fazendo tomando banho àquela hora da madrugada?




_ Alright now lose it - ela abafou uma alta gargalhada quando ouviu ele soltar um “ah, ah, ah, ah”. Deus, ele parecia uma adolescente alegre... E idiota.




Caminhou até o meio do corredor, notando que a porta estava entreaberta, deixando mais claro o som da água bater o chão.




Mordeu o lábio ao imaginar aquele corpo úmido sob a água quente.




Mas seria muito melhor se ela estivesse junto com ele e ambos estariam...




“Virginia Molly Weasley!”, ela chacoalhou a cabeça, entrando no banheiro.




_Harry. –disse sonolenta. –Você tem uma... -




Ela ouviu um baque forte e surdo, como de alguém caindo no chão, seguido por um muxoxo de pura dor.




Resistiu à tentação de abrir a cortina do boxe, deixando apenas a pergunta:




_Harry? Harry! Você tá legal?




_Minha costela. –murmurou, gemendo. – O que você está fazendo acordada essa hora?




_O que eu estou fazendo acordada essa hora? –ela soltou um risinho debochada. –Estava procurando uma galocha para jogar num gato que não para de cantar. –desdenhou divertida, cruzando os braços na altura do peito, enquanto ouvia o registro do chuveiro ligar de novo, e, somente a cabeça de um moreno sair.




_Hum... Então você decidiu vir até o banheiro ver se o gato calava a boca? –ela notou; Aquele brilho malicioso nos seus olhos não negava no que estava pensando.




_Exatamente. –disse sem se comover, ainda com as costas na parede e os braços cruzados.




_Eu sabia. –murmurou, soltando um sorriso triunfante.




_Sabia o que? –revirou os olhos, entediada com inúmeras caras que ele fazia. Mas ela sabia que por dentro, seu corpo queimava em excitação só de observar aquela fisionomia de traços firmes e os cabelos negros completamente molhados, caindo grudados pela face, dando um destaque enorme aqueles olhos verdes que a faziam cair em profundezas, onde brilhavam em malicia.




_Que você não consegue ficar longe de mim, por mais que tente.




Oh sim, era verdade. Seu cheiro a atraia, seu olhar era profundo... Seu mais simples toque a fazia delirar num sentido que...




_Claro. Você me atraiu com toda essa barulheira. –desdenhou, dando as costas para ele e começando a procurar num armário ao lado. –Você tem uma escova?




Seu olhar desceu ao corpo da ruiva. A camisa xadrez que ela usava, deixava o corpo muito bem coberto... Até as pernas, que ficavam expostas.




Gina podia ser a melhor auror em qualquer lugar, mas, com certeza não sabia o quanto que aquela roupa mexia com a imaginação dos homens.




_Devo ter uma aí.




_Potter? –aquilo o trouxe para a realidade, ao notá-la escovar os cabelos com uma escova meio velha.




_Sim?




_Já olhou o bastante para as minhas pernas? –ironizou com olhos fixos nos dele pelo espelho.




Oh Deus. Ela notava nos mínimos detalhes.




Pensou por um momento. Observou-a se virar, fazendo-o fitar aqueles olhos amêndoas, que brilhavam em deboche.




Não iria ficar tão longe assim de provocações.




_Já, e sabe de uma coisa?




_O que?




_Acho que elas ficariam muito melhores se você as molhasse aqui dentro. –um sorriso maroto se espalhou pelo semblante, fazendo os olhos verdes brilharem de tal forma que se ela não se controlasse, a faria entrar ali sem pensar duas vezes.




Fitou-o por um tempo, soltando um sorriso de amparo.




_Não, Potter. Você pode ser o mais cobiçado em qualquer lugar com esse –“Corpo, com certeza...” – Olhos verdes. – contestou. – Mas não vai conseguir fazer com que eu me molhe de uma forma indesejada.




Ele fez um bico, fingindo chateado, enquanto tirava a cabeça para fora da cortina, voltando ao banho. Ela suspirou, olhando-se no espelho.




Tinha que realmente admitir. Ela não gostava muito de espelhos desde que saíra de Londres, mas definitivamente ela não era mais o trasgo na versão nerd. Completamente.




_Hei, Gina.




_O que é agora?




Ele não respondeu, mas agiu.




Gina sentiu sua camisa grudar na pele, enquanto os cabelos encharcados completamente molhados permitiam algumas mechas grudarem na face.




Podia sentir a água quente da mangueira do chuveiro escorrer da camisa para as pernas.




_Harry... James... Potter. –murmurou incrédula.




Deus, ele estava pior que um adolescente. Primeiro, cantar no banheiro. Depois, jogar água nela.




_Agora você não tem desculpa. –Ele podia ver o desenho dos seios graças ao tecido grudado ao corpo, como na vez que a havia achado na roda d’água; não somente nos seios, mas grudava na cintura –que era muito bem definida. – e parava na coxa, onde agora estavam completamente molhadas, assim como sua dona.




_Desculpas? –indagou, arqueando uma sobrancelha e aquele semblante incrédulo. – Você... Você...




_Te molhei.




_Eu disse que eu não queria! –exclamou, torcendo a ponta da camisa molhada, deixando-a amarrotada. –Droga... Agora eu vou ter que tomar um banho para não ficar resfriada!




_Por isso mesmo. Você pode aproveitar e -.




_Negativo. –cortou, caminhando até onde ele estava, enquanto ele continuava pendurado na cortina da banheira e só deixava a cabeça de fora. - Potter, olha o que você fez comigo! –ela ergueu os dois braços, mostrando o tecido molhado mais a mostra.




_Gina.




_Que é?! –soou mal-humorada.




_Chega mais perto.




Seu coração saiu da linha de batimentos perfeitos, dando lugar a um batimento acelerado, descompassado.




Deu um passo involuntário à frente, encarando agora a face dele não muito longe. Parecia que aquela água toda havia fervido deixando seu corpo queimar.




Sentiu a respiração pesada dele bater levemente contra a sua face, fazendo-a esconder uma mão nas costas para poder fecha-la e esconder a vontade.




_Estou decepcionada com você, Senhor Harry Potter. –murmurou, deixando-o enlouquecer ao ouvir uma ponta de malicia naquela voz doce.




_Ah é? –ele a ouviu suspirar mais pesado ao dizer naquela voz rouca.




_É. - murmurou, notando tarde demais ao ver que os rostos estavam muito próximos.




_Então vou pedir desculpas. –sussurrou, passando os lábios levemente contra a bochecha dela, fazendo-a soltar um leve sorriso.




_Só isso não vai adiantar, você me conhece.




_Até onde eu sei... –ele murmurou perigoso, perto da orelha dela, aonde a fez estremecer levemente. –Aquela Virginia antiga desapareceu em todos os sentidos. –sussurrou, passando os lábios na curva do pescoço.




_Ah é... –suspirou. Estava saindo de controle. Deus, ela precisava se afastar, mesmo que tudo aquilo estivesse muito bom em si.




_Ainda não quer entrar? –ele parou, olhando-a nos olhos. Estavam incrivelmente mais claros e brilhantes, fazendo-a se perder no meio como num oceano. Brilhavam em pura malicia... Desejo.




Ela se aproximou, enquanto deixava a cabeça cair para o lado ao sentir os lábios dele pousarem no pescoço. Gemeu baixinho.




Ele foi subindo em beijos que iam delirando-a a cada minuto, até chegar ao canto do lábio dela.




Ali parou, como se quisesse provocá-la.




Ambos estavam sedentos de desejo, mesmo que internamente, os dois se xingavam por isso, de alguma forma teimosa.




“Por Deus. Isso é atração física!”




“O que está acontecendo comigo?”




“Lembre-se do que houve entre vocês!”




“Ela traiu você! Ela traiu você!”




“Eu quero mais!”




“Eu preciso disso!”

_Acho que a gente está saindo de controle não? –disse, deixando escapar um sorriso torto nos lábios, sentindo a respiração dela continuar pesada.




_Eu acho que sim. –murmurou, já com a consciência de que estava completamente embriagada com aquele seu cheiro.




_Então eu...




_Harry? Você tá aí?!




Ambos se separam bruscamente, enquanto a via arregalar os olhos e olha-lo confuso.




_Quem tá aí? –arqueou uma das sobrancelhas, enquanto parte de si parecia satisfeitíssima que essa interrupção aconteceu; Apenas parte de si.




_Eu não sei. –coçou a nuca. –Gina, me passa a toalha aí do seu lado.




Ela pegou sem jeito, jogando para ele de uma forma que acertasse sua cabeça.




_Vamos, cubra-se e veja quem está aí! –disse num murmuro nervoso. –Deus, eu estou sem a minha varinha!




_Gina, não é pra tanto. A voz me parece familiar... E não chegou fazendo nenhum barulho esqueceu? Chegou ainda perguntando se eu estava aqui.




_Harry, como você é ingênuo. –revirou os olhos, com uma ponta de impaciência.




_E você é pessimista demais. –retrucou, passando a toalha em volta da cintura e saindo da banheira, abrindo a cortina de tal. Sorriu internamente ao vê-la discretamente observa-lo de cima em baixo, parando involuntariamente no tórax. -Certo. Eu vou ver quem é.




Ela deu um passo para trás, sentindo o corpo molhado grudar contra a parede fria, fazendo um arrepio ainda maior percorrer pela sua espinha.




_Oh Deus. –murmurou. – Eu só queria minha escova de cabelo, é pedir demais? –lamentou-se, vendo-o abrir a porta do banheiro.




Aqueles dois segundos de silencio pareceram durar uma eternidade, ao vê-lo parado e pendurado na porta, sem ao menos se mover.




Seu coração acelerou, enquanto passava a mão nervosamente pelos cabelos molhados.




“Vamos lá. Uma distração sempre é bom em momentos como esse.” , pensou, olhando em todos os cantos do banheiro, até parar novamente no moreno. Xingou-se por pensar em algo inconveniente. “Mas é claro que eu não vou ficar olhando a bunda dele!”




_Rony? –o ouviu indagar meio incrédulo, mas numa nota fingida alegre.




Agora sim. Seu coração havia parado de vez.




_Harry! O que você está fazendo tomando banho em plena duas da madrugada? –ouviu o irmão dizer alegremente.




_O que você faz invadindo a casa dos outros em plena duas da madrugada? –ouviu o moreno ironizar, deixando escapar um sorriso nos lábios.




_Você esqueceu sua varinha em casa, hoje à noite. – Ela sorriu, relembrando os momentos em que foram jantar na casa do irmão e da noiva, mas xingava-se por metade de si estar irritada por ele ter visto isso justo naquela hora.




_Ah sim. –Harry suspirou, fechando a porta mais contra si, de forma que Gina não aparecesse na vista do irmão. –E o que estava fazendo acordado uma hora dessas? –indagou; Gina entendera o que ele quis dizer com aquilo. Tanto ela como o irmão, que soltou uma risada.




_Certas coisas que você não pode nem saber, Sr. Potter. –riu. – E onde é que está a minha irmã?




Ela ouviu Harry pigarrear nervoso, enquanto empurrava ainda mais a porta contra si.




_Dormindo é claro.




_Harry?




_Que?




_O que está escondendo de mim?




_EU? –Gina deu um leve tapa na testa quando ouviu ele quase gritar para dizer isso. Estava acabado, iria mostrar ao irmão o que ele estava escondendo. – Não estou escondendo... Nada.




Ele sentiu duas mãos delicadamente pousarem sobre os ombros úmidos e nus, fazendo a ruiva se apoiar e aparecer ao irmão, que imediatamente arregalou os olhos e olhou incrédulo aos dois.




Ela deu um leve sorriso.




_Oi, Rony.




_Gina?! –exclamou, vendo-a soltar um sorriso amarelo.




***




Esticou as pernas na cama, soltando um gemido dolorido, enquanto levava a ponta dos dedos delicadamente até um pouco acima da sobrancelha, onde aquele corte começava a incomodar profundamente, assim como a facada no estomago.




Encostou a cabeça no travesseiro, deixando a luz acesa, apenas deixando os ouvidos atentos somente ao barulho dos pingos caírem contra a janela.




Virou com cuidado para não se machucar mais ainda, encarando o teto. Ela sabia que alguma coisa estava acontecendo de errado com o irmão, mesmo que ele negasse.




Quer dizer, ambos sempre se odiaram por nunca se aceitarem.




Cecília era fruto de uma gravidez indesejada, aonde deixara Ivon com ódio de ter um bebê na família enquanto ele tinha quase dezesseis anos.




Mas era algo diferente por sua vez. O francês estava mais frio, mais distante e mais nervoso.




Sacudiu a cabeça, vendo que não conseguia dormir, decidindo então levantar e caminhar até o banheiro, para ver o quão grande estava sendo aquele estrago feito.




Olhou a imagem pálida no espelho, observando com desprezo.




_Como uma oriental estúpida pode ter feito um estrago desses? –indagou enjoada, pegando um frasquinho contendo um liquido rosa choque e bebendo de uma vez. Instantaneamente a dor no estomago cessara, fazendo-a soltar um longo suspiro.




Maldito corte que não sumia de uma vez.




Massageou uma das têmporas, enquanto arrumava a camisola preta que caia até a canela.




Saiu do banheiro, caminhando de cabeça baixa até a cozinha, pegando uma latinha de refrigerante de lá.




Deu um gole, sentindo um gosto amargo descer pela garganta. Observou irritada a latinha.




_Merda. Cerveja. –resmungou, colocando a latinha em cima da pia, olhando o relógio. Duas e meia da manhã.




O irmão ainda não chegara; coisa que começava a deixar nervosa.




_Retardado. –murmurou, estalando os dedos das mãos.




Caminhou até a sala de estar, ouvindo o clique da porta, e nela aparecer um francês com seus trinta e seis anos, alguns cabelos grisalhos no meio de um castanho escuro curto, com os olhos negros e inacreditavelmente frios.




Ela arrumou o robe, olhando-o de forma séria.




_Você sabe por acaso que horas são Lowdarsky?




Aquela sua raiva já começava a transbordar quando o irmão fingiu que ela não estava ali e caminhara silenciosamente e de cabeça baixa para a cozinha.




Pisando com força no chão, marchou até a cozinha, encarando-o suar frio e pegar uma garrafinha de água gelada da geladeira.




_Ivon, eu estou falando com você!




O francês parou de beber a água, lançando um olhar quase que mortal a morena, que sustentou num crispar de lábios.




_O que você quer?




_Eu tive que esperar você chegar, você é estúpido ou o que?!




_Você vai voltar pra França. Sozinha.




Ela parou de chofre. O que aquele retardado estava falando?




_Ivon... Sobre o que você está -.




_Você ouviu bem, não é surda até onde eu sei. Você vai voltar pra França, sozinha. –replicou de um modo que a espinha da morena congelou. Eles discutiam sim, e feio, mas, nunca chegara a tal ponto.




Ela cruzou os braços, observando-o guardar a garrafa de água e fechar a geladeira.




_Pra que você vai ficar?




_Não te interessa. –Passou entre ela, suando frio, enquanto esbarrava em seu ombro.




_Claro que me interessa! Você tem uma academia de aurores para comandar, até onde eu sei. E outra você não comanda Londres, e sim Duarte! –apressou o passo, agarrando-o pelo pulso.




_Fica longe de mim, Cecília.




_Não até você me dizer o que está acontecendo que você não quer voltar!




Ela sentiu algo prensar seu pescoço, fazendo-a perder o ar aos poucos. As mãos de Ivon estavam presas contra seu pescoço, e um rosto diabólico na face. Um psicopata.




Ele soltou um riso fraco, enquanto o suor descia pela sua testa enrugada.




Aos poucos, os olhos ficaram olhando para os lados e ela sentiu as mãos tremerem sobre si.




_Ivon... Me solta. –sua voz saiu afogada, sentindo as cordas fazerem pressão para poder respirar e ao mesmo tempo, falar. –Ivon, você está me sufocando. Me solta.




Ele a largou instantaneamente quando a viu fuzila-lo com um olhar, enquanto levava as mãos ao próprio pescoço como se verificasse algum corte nele.




_Você por acaso é louco, ou o que?




_Você não manda na minha vida, sua pirralha nojenta! –a voz alta dele a fez soltar um leve sobressalto, fechando um dos punhos.




_Ora por Deus Ivon Lowdarsky, você chega como se fosse um idiota, tenta me enforcar, diz que eu vou voltar para França sozinha e - seu olhar desceu para a manga do sobretudo, brutalmente rasgada. Ela fingiu não notar. – acha que eu não devo me intrometer?




_Eu sou o mais velho, portanto eu mando.




_Porém eu não tenho mais que ficar sobre sua responsabilidade medíocre!




_Pare de se fazer de garotinha indefesa, Cecília. –resmungou nervoso.




_Então pare de me tratar como tal! –gritou furiosa, batendo o punho fechado com força contra a mesa de madeira rústica. Ela girou nos calcanhares, dirigindo-se para o quarto. – Eu não me importo o que está fazendo, Ivon, juro que não! Mas você não vai mandar em mim, que já sou maior de idade e principalmente, tentar me matar. Não enquanto eu souber me defender, e não me faça te machucar!




Ele ouviu-a bater a porta, logo em seguida com um som oco na qual lembrava um soco. A irmã era durona, admitiu. Mas ela não iria se meter na sua vida.




Suspirou cansado, colocando a mão no braço, onde ainda podia sentir o sangue ferver no local.




_Ela não vai interferir em nada... –resmungou furioso, indo para o quarto e imitando a irmã, batendo a porta num estrondo.




***




_Acha que seu irmão tá meio bravo com a gente? –ele tirou a atenção da louça, olhando a ruiva sentada numa das cadeiras do balcão, passando o dedo pela tábua branca distraidamente.




_Não sei, mas posso ter certeza que a cara dele não foi uma das melhores quando foi embora. –suspirou, olhando finalmente para ele. – Que vergonha você me fez passar, seu cabeçudo.




Ele arregalou os olhos, observando-a ficar meio corada.




_Eu fiz você passar? Ninguém mandou você ir ao banheiro em plenas duas da madrugada!




_Se você ao menos não estivesse cantando de uma forma que me fizesse acordar...




_Vamos Virginia. Eu não caio nessa.




_Tá certo. Tá certo! –ela bateu a mão na mesa, chacoalhando a cabeça impacientemente. –Eu tive um pesadelo, satisfeito?




Ele arqueou uma sobrancelha, fingindo desapontamento.




_Sério? Ah, que pena. Pensei que era outra coisa.




A não. Logo cedo ele já ia começar.




_Não começa, Potter.




Ela ergueu uma das mãos, como se estivesse em duvida.




_Não começar com o que?




_Eu sei a sua atuaçãozinha. Se você se pusesse a falar, seria a terceira vez que ia dizer a mesma frase debochada. –resmungou cruzando os braços sobre a mesa.




Ela virou o rosto, voltando a lavar a louça, escondendo um sorriso maroto.




_E qual frase? –fingiu inocência.




_Você nem imagina? –replicou irônica.




_Não, nem imagino.




_Então vai continuar nem imaginando. –deu os ombros.




_Mas isso seria injustiça.




_Por quê? –sua voz saiu ligeiramente incrédula.




_Você deixaria uma pessoa com essa curiosidade na cabeça pela vida toda?




_Sim, eu deixaria. Aliás, não deixaria não, por que você sabe e está se passando por inocente.




_Você acha que eu mentiria para você, Gi? –ele parou de lavar a louça, com as mãos cheias de sabão, apoiando-se no balcão e não ligando para a camisa vermelha que começava a molhar.




Ela soltou uma risada sarcástica, deixando-o a ver navios a observar aquela pele alva e macia se contorcer numa careta que ele achou que ela havia ficado mais linda que o normal.




_Eu tenho que realmente responder isso?




Ele fingiu-se pensativo, enquanto levantava e passava a mão ensaboada na camisa, não notando o estrago que estava fazendo.




_Sinceramente, depois dessa sua ironia, prefiro ficar imaginando o que você acha que eu iria falar.




_Ótimo. –sorriu por fim, se levantando. – que horas são?




_Oito horas.




_Acordamos cedo.




_Gina.




_Que é?




_A gente tá acordado desde as duas da manhã.




_Você está acordado essa hora. Depois daquilo tudo eu resolvi dormir. –replicou, indo para a sala, pegando o controle remoto. – Potter, você gosta do avanço trouxa eim?




_Você não está muito atrás. Até onde eu sei bruxos não usam revolveres.




Ela se pendurou na porta da cozinha, olhando-o.




_Acontece que aquilo não é somente um revolver. Aquilo é uma Magnum 44 automática. –ele a encarou. Seus olhos brilhavam em puro orgulho. – Você nem imagina o que aquela belezinha é capaz de fazer. Além de que os aurores franceses optaram pelo uso de armamento trouxa.




Ele passou a mão molhada pela testa, olhando para ela.




_Grande coisa. Acho armamento trouxa muito estúpido.




_Você pode achar que não, mas muitas vezes ele é mais rápido do que retirar a varinha e proferir um feitiço.




_Não acho.




_Isso já salvou a minha vida.




Ele a observou. Ela parecia convincente até demais no que havia dito.




_Como?




_Enquanto o comensal ia proferir ele já estava caindo morto no chão. – ele viu seus olhos fixarem em um único ponto, como se estivesse lembrando. Dava para notar; ela parecia traumatizada. – É horrível você ter que matar uma pessoa.




Ele suspirou, tentando achar algo que aliviasse o calor que aquele dia estava fazendo.




_Eu sei como é. É traumatizante.




Ela apenas afirmou com a cabeça.




_Eu tive que matar duas pessoas naquela noite em Hotterfield. Eu sei que isso é autodefesa... Mas eu não tenho o poder de decidir até onde à vida de uma pessoa vai.




Ele observou-a deixar o corpo encostar contra a parede, cruzando os braços.




A saia negra que ia até a coxa e a leve blusinha verde escura a deixou com um ar misterioso, mas o fez ficar incrivelmente desconcertado. Havia algo nela que o fazia se sentir não tão cara de pau, e tudo era motivo para querer falar com ela.




_Ninguém tem o poder disso... Somente Deus. Mas Gi, isso é passado, e autodefesa não é crime. Você apenas se defendeu.




_Vamos mudar de assunto. –pediu, ficando ereta e arrumando a saia. – Está
um fim de semana lindo e ensolarado, pra que ficar falando disso.




Ele deu os ombros, retirando a camisa vermelha e indo até a lavanderia, jogou-a sem algum cuidado. Ele não notou, mas o olhar de Gina parecia satisfeitíssimo ao vê-lo somente com um bermudão velho azul marinho.




_Tem alguma idéia?




_Sobre?




_Algo que a gente possa fazer.




_Tenho. Vamos subir?




Ela apenas o observou, onde somente depois de muito tempo fez uma careta.




_Eu disse algo que nós dois queremos fazer.




_Isso nós dois queremos.




_Diga por você.




_E ao seu olhar?




Ela arqueou uma sobrancelha. Oh Deus.




_Você precisa aumentar o grau dos seus óculos, Potter. –disse exasperada.




_A Gininha, você tenta, mas não consegue esconder.




Ela olhou para o teto, em busca de um calmante divino.




_Por Favor, Deus, mostre que você existe e que ele não diga o que eu estou pensando. – sussurrou.




_Você tenta fingir que não quer, mas todos nós sabemos que você ainda é louca por mim.




Ela olhou para ele entediada, dando um tapa na própria testa.




_Certo. E você por mim.




Fora a vez dele de parecer incrédulo.




_Por que eu estaria louco por você?




_Por que você sempre quer o que não pode ter. Triste sina.




Ela o viu soltar um sorriso, mas a mente dela ainda estava prestando atenção no que ela mesma dissera.




“Você sempre quer o que não pode ter”. Será que ele realmente não poderia te-la?




Era algo que confundia seus sentimentos e seu coração. Ela sabia que o certo era, perdoa-lo por tudo que acontecera no passado e tornarem-se bons amigos, somente isso. Mas seu coração mostrava teimosamente que em todo aquele contexto, poderia se haver uma pitada de esperança.




Mas isso era errado! Ela não podia sentir esperança, por que primeiro de tudo, ela não queria novamente se ajuntar a ele... Eram completamente diferentes um do outro. Opostos em muitos sentidos.




_É bom que saiba Virginia Weasley - ela acordou daquele estado de transe, vendo-o abrir um sorriso desafiador. – Que eu sou teimoso até conseguir o que eu quero.




_Então vai sofrer a primeira desilusão na sua vida cheia de rosas, Harry. –ironizou com um sorriso no canto do lábio, largando-se no sofá azul, enquanto ele fazia o mesmo.




_Isso só o tempo pode dizer.




_Desde quando você é filósofo? –disse com a voz de quem estava segurando o riso.




_Não estou filosofando. Isso é ser realista.




”Realista? Eu sei ver o mundo como ele é, não ficar sonhando, seu palerma.”




_Realista? Na verdade eu estou achando você muito do convencido, isso sim.




Ele cruzou os braços, fingindo-se ofendido.




Ficaram em silencio, ambos presos em seus pensamentos. Gina olhava para a janela aberta, enquanto o ar quente de verão entrava deixando o ambiente mais abafado, soltando pesados suspiros uma vez e outra. Harry ficava tamborilando os dedos no braço do sofá, como se estivesse com uma musica na cabeça que não conseguia esquecer.




Ela se levantou, indo até a janela.




Apoiou-se contra o parapeito de tal, observando a rua. Havia duas crianças pequenas correndo atrás de uma bola vermelha, gritando e rindo.




Olhou para a calçada e viu um casal jovem caminhando na rua, abraçados e com enormes sorrisos no rosto. Bufou quando eles pararam inesperadamente e começaram a trocar um longo beijo.




Passou a mão pelos cabelos ruivos, encostando-se na parede. Seu olhar correu por dentro da casa até parar num moreno ainda sentado no sofá, que balançava a cabeça num ritmo de musica inexistente. Balançou a cabeça negativamente, murmurando:




_Depois ele é realista.




_touch my body.




_O que disse?




Ele virou-se para a ruiva, com a sobrancelha erguida.




_O que?




_O que você disse agora?




_Eu? Nada.




_Disse sim.




_Eu tava cantando, Gina. –disse exasperado.




Ela soltou um sorriso maroto nos lábios cereja, prendendo o cabelo num rabo
de cabelo malfeito, onde uma grossa mecha caiu na face.




_Você parece que tem uma mania de sair cantando não?




_Claro. Cantar anima a vida.




Touch my body. Oh sim, ela queria tocar naquele corpo perfeito, ficar com o seu sobre o dele. Poder dizer que...




“Já chega!”




_Vamos sair?




_Aonde?




_Ah, sei lá. –ela deu os ombros. – Mas sair. Fazer alguma coisa. É
entediante ficar aqui sem fazer nada.




_Bom, eu tinha dado a minha sugestão. Mas você não quis. –soou
inocentemente.




_E ainda não quero. –replicou de uma forma de quem não queria mais tocar no assunto.




_Azar o seu. –deu os ombros, deixando-a irritada.




_Quer saber? Se você não quer sair o problema é seu. Eu vou sair e aproveitar meu fim de semana, por que é raro eu ter um fim de semana onde eu possa descansar, e quando eu finalmente ganho eu não vou ficar aqui mofando dentro dessa casa e -.




_Tá bom Gina. Já disse. –soou impaciente. Se ele permitisse, ela iria começar um sermão.




Ela o observou por um tempo. Ele era incrivelmente irritante e exasperante quando queria, mas ultimamente parecia ser o tempo todo.




_Ótimo!




_Ótimo. –deu os ombros, fazendo-a soltar algo que mostrava que estava
nervosa.




_ÓTIMO!




Bufou, marchando em direção as escadas e subindo-as, desapareceu de vista.
Ele suspirou, deitando no sofá. Sentiu a brisa quente bater contra seu peito, fazendo-o fechar os olhos.




Sair era bom, mas nada melhor do que ficar em silencio pensando na vida num dia de calor como aquele. Deitado no sofá, como Gina diria “mofando”.




Seus pensamentos voltaram a duas e meia da manhã, quando uma ruiva molhada havia se aproximado dele, e todos aqueles murmúrios, vozes e provocações pareceram voltar em mente e pele, que parecia queimar.




Suspirou. Quis matar Rony quando o ruivo entrara em casa. Por que diabos tinha que ter esquecido a droga da varinha na casa do amigo?




Ouviu passos de quem descia as escadas apressada e ergueu a cabeça, observando a ruiva.




_Aonde vai com tanta pressa?




_Acabei de combinar de sair com Nick.




_Nick? Quem diabos é Nick?




_Eu o conheci na festa da Mione e do Rony. –Ela poderia simplesmente ter dito um “não te interessa, seu grande idiota que prefere ficar mofando em casa.”, mas achou bem mais divertido ao ver a cara dele fechar. – E ele me fez um convite para almoçar e passar à tarde. Qual o problema?




_Nenhum. –era mentira. Ela podia ver naquela cara resmungona que ele estava.




_Que foi Potter? Está com ciúmes?




Como a vingança era boa. Um prato doce e maravilhoso. Era a vez de ela
ficar irritando-o nesse setor.




Ele cruzou os braços, olhando-a sério.




_Por que eu estaria?




_Por que sua cara enciumada não me engana.




_Enciumada? –ele alterou a voz, saindo incrédula. – Não estou com cara nenhuma enciumada... Apenas estou preocupado com o que possa acontecer com você já que... –ele parou. Ela iria se irritar muito mesmo se ele dissesse isso, mesmo sendo mentira.




_Termine.




_Já que... Você está nessa roupa extravagante.




_Extravagante? –gritou, olhando para a própria roupa. Uma frente única preta com um detalhe amarelo pequeno e uma saia leve. –Isso aqui não está extravagante, Potter!




_Você não sabe como um homem pode olhar e imaginar coisas nessa roupa aí.




_Ah é? –soou indignada. Aquilo não podia estar acontecendo.




_É.




Ela caminhou até ele, de modo que os corpos ficassem próximos. Ele julgaria um ato quente e sensual para ambos, se ela não estivesse com os olhos brilhando em chamas.




_Certo. Então já que você é o “Senhor-Eu-Sei-Tudo-Sobre-Como-Os-Homens-Pensam”, diga-me no que eles imaginam a me ver com essa roupa.




Ele arregalou os olhos. Ela era de surpreender. Realmente.




_Gi... Eu não vou dizer tal coisa. –seu tom saiu cuidadoso, por que o olhar daquela ruiva sobre si era como de uma cobra prestes a atacar sua presa e faze-la picadinho.




Ela bufou, fazendo uma careta.




_Claro que não vai! Por que não tem no que ficarem imaginando coisas nessa roupa, seu grande idiota! –bateu uma mão com força na própria perna, livrando-se de perto dele. – Agora se me dá licença, eu tenho mais o que fazer!- girou nos calcanhares, indo à direção a porta.




Ela colocou a mão na maçaneta quando o escutou gritar:




_Pô, Gininha, você vai mesmo ver esse cara e deixar seu velho amigo aqui?




Ela olhou. Seriam palavras fortes, mas ele talvez fosse entender o significado delas.




_Vou Potter. Pelos menos andar com um desconhecido do que estar ao lado de alguém que me julga mentirosa. –enfatizou, aparatando em seguida.




Ele ficou no mesmo lugar, parado, ainda observando a porta entreaberta.




Demorou um bom tempo até que ele desse um tapa na cabeça e fosse fechar a porta. Havia com certeza entendido o que ela havia dito. Voltara há oito anos atrás.




_Seu tapado!- murmurou, fechando a porta.




***




_Nunca pensei que alguém viesse visitar presos. –disse a mulher incrédula a jovem de olhos verdes, que mostravam nada além de um fundo acinzentado e sem vida.




_Existem visitas caso o Ministério da Magia exija que tenha como interrogatório. Algo que até então, a Senhora não precisa se preocupar. –deu os ombros, colocando as mãos no bolso do, sobretudo.




Era incrível que em todo lugar que fazia um calor dos infernos, ali tinha que ser o único lugar frio quase beirando a neve, por causa dos seres nojentos e sem vida que eram os dementadores.




_E você por acaso é do ministério da Magia?




A morena soltou um suspiro pesado, jogando algo na mesa da encarregada da entrada algo que lembrava uma identificação.




_Cecília Renard – ela não iria dizer o nome completo. Nunca gostara do ultimo sobrenome mesmo. – Formação na Academia de Auror Francês. Mais alguma coisa que a Senhora gostaria de ver? Varinha? Arma?




Ela se sentiu incrivelmente bem ao ver que a mulher tinha entendido aquela ironia, correspondendo com uma careta ofendida.




_É preciso que você deixe tudo que você usa como armamento, para depois eu acompanhar-lhe até a cela desejada.




_Pensei que dementadores fizessem isso. – Por que, aliás, você está tão acabada que parece um. Por acaso te confundiram com um?




Segurou um sorriso ao pensar nisso.




_Dementadores agora só ficam em vigia das celas e ao redor da fortaleza. –disse a mulher encarando friamente aquela morena impertinente. Parecia que queria se achar superior a qualquer um.




Cecília deu os ombros, abrindo o sobretudo e retirando duas armas parecidas, de forma prateada e reluzente, uma varinha de cor clara como marfim, e do tornozelo esquerdo um revolver pequeno.




_É tudo o que eu tenho. Agora por gentileza a Senhora poderia se mostrar útil e me levar até a cela 324?




Aquilo tudo estava a exasperando mais que o normal. Nunca fora tão chato assim ter que passar e deixar seus pertences. Até dementadores eram mais suportáveis que isso.




A mulher se levantou a contragosto caminhando pelo corredor embolorado e abrindo uma porta castigada pelos cupins.




_Você já deve saber onde fica a cela 324.




_Pode ter certeza disso. –replicou séria, escondendo uma nota de preocupação na voz.




Subiu as escadas, com a cabeça baixa, encarando cada degrau que subia.




Fazia dois anos que não ia para Azkaban. Ele teria endoidado? Ou pior... Teria esquecido dela?




Colocou uma mecha ondulada atrás da orelha, olhando para o relógio.




Quatro da Tarde. Suspirou. O Horário não fazia diferença. Ele sempre estaria ali.




Suspirou de forma pesarosa, chegando finalmente em frente a cela.




Ali estava.




Os cabelos negros bagunçados de tal forma que fazia a franja negra esconder o rosto que tantas vezes a fizera sorrir, as costas encostadas na parede fria e podre do local e os braços cruzados, olhando pela pequena janela de fora, onde mostrava um triste cair da tarde, graças às mudanças de temperatura que os dementadores causavam.




Agradecia a todos os Céus pelos dementadores que não costumavam viver dia e noite ali. Pelo menos era assim que ele não perdia a lucidez, e ela ajudava-o nisso, sempre que podendo, visitando-o.




Ficou frente á frente com a cela fria, segurando uma das barras com a mão delicada. Sentiu os olhos embargarem. Ele não deveria estar ali. Era injusto.




_Lucas?




Ele não virou imediatamente. Oh Deus. Ele devia estar furioso com ela.




Sentiu uma lágrima escorrer pelo rosto jovem, deixando o corpo ficar agachado, ainda com a mão na barra.




_Lucas? –repetiu, agora com a voz em um murmúrio.




Ele virou-se, fazendo-a soltar um tímido soluço. Aproximou-se dela, olhando-a nos olhos. Aqueles olhos negros que tanto a enfeitiçavam, parecia ser uma das coisas que nele nunca mudaria.




_Por que você não veio mais me ver? –perguntou docemente, fazendo-a se sentir o ser mais insensível na face da Terra. –Estive esperando você. Sempre estive.




Ela passou uma mão pelo rosto, limpando as vistas. Ele sempre era seu amado Lucas, a quem preferiu ser preso de forma injusta a ver a mulher de sua vida ser morta de forma cruel.




_Me perdoa. –murmurou, abaixando o rosto. –Não teve como eu vir. Esses tempos estão perigosos. Mais do que o normal. E tudo esteve...




_Shh. –ela sentiu o dedo dele pousar em seu lábio, numa tentativa de fazê-la calar-se. Ela o encarou. Estava concentrado nela, ora preocupado, ora emocionado. Passou a mão pelo rosto alvo da mulher. –Por que você está com essa voz assustada? O que aconteceu nesse tempo todo que você se ausentou aqui?




Ela apenas encarou aquela face por um tempo. Como era bom sentir o toque dele, ver que ele ainda estava lúcido naquele lugar horrível. Que ainda a reconhecia, sabia que tentava se mostrar forte, mas por dentro era alguém tão indefeso que numa simples palavra poderia acabar com sua alma.




Suspirou.




_Tanta coisa aconteceu... Que às vezes à noite eu me pergunto se ainda mereço estar viva.




_Lia. Não quero que repita uma coisa dessas, entendeu? –ele segurou o rosto da mulher delicadamente pela pontinha do queixo, fazendo-a encará-lo. –Isso seria um desrespeito a tudo que passamos principalmente a isso.




Ele observou-a limpar mais uma lágrima que descia pelo seu rosto. Ele sabia que era o único que a via assim: Fraca e inocente. A irônica e cabeça dura Cecília Renard Lowdarsky desaparecia dando um lugar para uma moça confusa e muitas vezes... Solitária.




_Cada noite, cada minuto fica mais difícil encarar tudo assim sozinha. Parece que os problemas querem vir justamente para mim. E o pior é de noite. Que eu nunca vejo você ali ao meu lado.




_Vamos Lia, pare com isso. Nós dois sabemos que você é tão forte quando a muralha da China. –ela soltou um sorriso fraco, fazendo-o se sentir bem melhor com aquele desfecho de humor. – Agora me diga o que está acontecendo. Parece que não esteve muito bem essa semana.




_Estou assustada. –murmurou. – Não. Acho que essa não é a palavra certa. Estou é... Desconfiada e preocupada, acho eu.




Ela sentou-se no chão, encarando-o por trás das grades. Aquele semblante tranqüilo sempre a acalmava em momentos como aquele. Em que ela precisava de ajuda.




_Sobre o que?




_Ivon.




Ela não entendeu por que ele se remexeu no chão, mas ela entendeu que ele não havia ficado muito feliz com a menção do nome do irmão, o que a deixou mais confusa. Eles foram melhores amigos nos tempos de escola, mesmo Lucas sendo quase da idade de Cecília.




_Aquele maria-vai-com-as-outras. –resmungou, colocando as duas mãos nas barras de ferro, olhando-a. – O que tem ele?




_Ele tentou me enforcar ontem.




A reação de Lucas não fora uma das melhores. Não para quem entendesse e o conhecesse há muito tempo. A resposta fora o silêncio, junto com a cara que ele fizera.




_Mas... Não têm com o que se preocupar, eu juro. –acrescentou rapidamente, abandando uma das mãos.




_Como não? –disse incrédulo. – Ora, por Deus Cecília. Seu irmão é um louco psicótico. É que você e ele nunca foram muito nesse relacionamento familiar, mas ele me contava tudo. Ele pensa feito um assassino.




_Ele não é psicótico. Se fosse eu já o teria mandado para uma clinica, ou St. Mungus. Acho que o que ele tem é outra coisa.




_O que?




_Lucas. Você era comensal... Ou pelo menos, fingia ser. Você tinha medo do Voldemort?




Ele a observou por um tempo. É ele tinha percebido que aquela morena havia mudado, mas nunca imaginou que fosse até o ponto de dizer o nome do Lorde das Trevas sem medo algum.




_Não chegava a ter. Eu era um dos únicos que enfrentava e, só não tomava umas e boas na cara por que eu era precioso pra eles. –deu os ombros. – Ou pelo menos, achavam que eu era. –ele soltou um sorriso. – Afinal, nunca pensaram que eu seria um auror infiltrado.




Ela sorriu. Ele lembrou o caso que Gina havia feito que só foi descoberto quatro dias depois. Ambos infiltrados como comensais.




_Por que eu acho que...




Ela ficou em silêncio. Estava pensativa demais e ele sabia que àquela hora, a mente da morena estava à milhão. Os olhos corriam rapidamente entre as outras celas, ao chão, até chegar finalmente nele e finalmente, repetir tudo novamente.




_Está pensando no que, Lia?




_Eu posso. Eu só preciso de provas. Se eu conseguir isso, posso provar que você não fez nada e...




_Cecília! –ela deu um sobressalto, olhando o moreno que a observava confuso até demais. – Dá para pelo amor de Deus me explicar isso?




_Se eu tiver provas suficientes, Lucas, eu posso tirar você daqui.




_Mas que Diabos -.




_Pensa Lucas Preston. –ele arregalou os olhos. Ela estava até impaciente.




Definitivamente, mulher que pensava demais era sinônimo de perigo. Principalmente se ela era uma cabeça dura e orgulhosa chamada Cecília Renard.




“Se eu estiver certa, vai ser fácil eu conseguir provas. Por que deve ser por isso que ele não quer sair da Inglaterra. Ele precisa ajudar o Lorde com certos problemas que eu tenho certeza que é para vingar os traidores. E se eu descobrir a verdade, e se ela bater com que eu estou pensando Lucas, eu te tiro daqui.”




_Lia, eu sei que você está absorta em pensamentos, mas até agora eu não entendi nada. Dá para me explicar?




Ela suspirou fundo. Suas mãos tremiam. Se aquilo tudo fosse certo. Oh Deus, ela tiraria Lucas dali.




_Lucas. –ela mordeu o lábio inferior. – Acho que...




_ “Acho que”?




_Ivon está envolvido com os comensais. Sem o ministério saber.




***




_Está pensativa.




Ela deu um leve sobressalto, olhando para Nick com um sorriso envergonhado.




_Desculpe. É que eu gosto de parques, e bem, este é tão calmo e traz tanta paz que eu fico a pensar.




Ele sabia que era mentira, que algo prendia seus pensamentos, mas tratou de dar um belo sorriso de cumplicidade, revelando dentes brancos. Tinha que admitir que aquele auror, além de gentil, era lindo.




_Mas, diga-me. Como é Paris?




Ela sentou-se no banco braço, enquanto ele imitava seu gesto e fazia o mesmo. Ele notou um belo sorriso preso aos lábios cereja da moça.




_É quase que sem comparação. Eu desfrutei pouco, mas o pouco que desfrutei deu para notar como é lá. E uma palavra seria a definição: Perfeito.




Ele sorriu. Aquela ruiva olhava distraidamente as árvores, que balançavam no ritmo conforme a brisa ordenhava. Era como se ela visse em sua mente todas as lembranças boas enquanto esteve em Paris.




_Por que disse que não aproveitou muito Paris?




_Bom. –ela soltou um leve sorriso. – Não aproveitei meus quatro primeiros anos ali. Pensava nos estudos da academia direto. Não me sossegava até ver que tinha a nota máxima. – “Que fazia de tudo para esquece-lo”. - E depois que terminei, me dediquei ao máximo no trabalho. Aproveitei somente quando Cecília me obrigava a largar a mesa de trabalho e sair para se divertir um pouco.




Ele soltou um leve risinho, encostando as costas no banco.




_É por isso que hoje é considerada uma das melhores aurores. Batalhou tanto que hoje conseguiu.




_Bom. É como diz um ditado. É plantando que se colhe. –ela deu os ombros, dando um pequeno sorriso.




_É verdade. –ele suspirou. – Mas então, não descobriu nenhum amor arrasador lá em Paris?




“Não. Ele estava aqui em Londres.”




_Não. Na verdade não. Eu acho que me fechei para relacionamentos por um tempo. Um bom tempo.




_Ora. Mas você é uma moça belíssima. Além de muito talentosa. Por que se fechou dessa forma?




_Digamos que uns problemas do passado. –abanou uma mão com impaciência como se quisesse livrar esse assunto.




Ela observou o lago em frente aos dois. Uma imagem de um casal de estudantes numa noite ao luar em frente ao lago a pegou desprevenida, fazendo-a soltar um sorriso doce. Bons tempos.




_Você é simplesmente imprevisível. –ele estava admirado, não somente com aquelas palavras, que saiam incrivelmente doces, mas com tamanha beleza daquela ruiva. Nunca vira tanta beleza numa única pessoa só, onde tudo parecia entrar em sincronia com aquela personalidade adorada.




_Nem tanto. – ela soltou um sorriso um pouco encabulado, fingindo não estar ligando para o braço dele que parecia enroscar contra seu ombro. Instantaneamente a imagem de um moreno com os braços cruzados e uma cara nada alegre fez seu estomago dar um leve solavanco. Merda, o que era tudo aquilo? Estava voltando a virar uma adolescente idiota? Por Deus, não. Nem adolescente ela era mais e estava ciente de que havia passado dessa fase há um bom tempo.




_Acredite. Nunca me impressionei tanto como agora.




Ela riu.




_Eu diria que você é exagerado.




Então ela viu. Aqueles olhos azuis vindo em sua direção. A respiração calma e seu corpo se aproximando do dela. O semblante calmo, cada vez mais perto. Ele não estaria por céus fazendo que ela estava pensando, estava?




Seu corpo estava gritando para se afastar, onde ela não entendia o porquê, enquanto sua mente estava sem reação alguma e, foi somente quando ouviu alguém pigarrear que a permitiu se afastar assustada e encontrar aquela pessoa cujo mesmo semblante ela praticamente adivinhara que iria fazer se visse aquilo. Os braços cruzados e uma expressão nada feliz.




Mas nem Nick parecia estar feliz com aquela interrupção.




Os lábios de Harry - ela podia jurar. Estavam comprimidos, como se controlasse para não dizer alguma coisa. – mexeram-se, mas não emitiu algum som, mas não precisava ser uma pessoa especificada em leitura de lábios para entender o que ele queria dizer.




_Potter. –soou Nick num tom desgostoso.




_Anderson. –ele olhou para Gina, sentindo o sangue ferver ainda mais. Por aquilo que quase acontecera, e por ele, que mesmo se acontecesse, nada tinha a ver com a história, o estava deixando realmente revoltado? –
Desculpe-me a interrupção, mas o Ministério está clamando pela Srta. Weasley.




Nick deu os ombros, afastando-se da ruiva enquanto levantava e caminhava até Harry.




Ele aproximou-se do moreno, murmurando algo inaudível para Gina, mas ela entendeu que não fora um comentário nada alegre ao ver Harry murmurar algo como um palavrão quando Nick deu as costas e foi se despedir de Gina.




_Sinto muito por esse pequeno... problema de hoje. –ela soltou um leve sorriso, sem graça. – Podemos marcar um outro dia?




_Claro. –disse depressa, mesmo sabendo que não iria fazer isso tão cedo.




O homem deu um sorriso, arrumando o sobretudo e aparatando em seguida.




Harry bufou, colocando as duas mãos no bolso da calça, carrancudo.




_O que ele disse?




_O que é? –disse irritado, começando a andar. Gina acelerou o passo, para acompanhá-lo.




_Eu perguntei o que ele murmurou para você.




_Não te interessa. –resmungou, não reparando no incrível bico que ela armara. Na verdade, não estava reparando em nada. Só estava pensando em espumar de raiva pelo que Anderson havia dito. “Será que é o ministério que está clamando ou é você que não consegue viver sem ela por perto? Seria Ciúmes, Potter?”




Cacete. Por que aquilo estava lhe incomodando muito? Ele não estava voltando a sentir algo por ela, estava?




“Claro que não! Isso tudo deve ser ciúmes, ou um desejo muito grande de tocar nela, mas... voltar a sentir algo? Não, difícil. Até demais. Ou se não for desejo... É por que isso estranhamente me fez lembrar oito anos atrás.”




Oito anos atrás. Mais uma coisa que lhe deixara mais nervoso do que antes. Queria bater naquela ruiva, tanto que evitou olhar para o lado, tentando também ignorar os murmúrios nervosos dela.




A quem estava enganando? Ainda sentia muita raiva dela. Ela praticamente o fizera de patinho, onde ele caiu feito um.




_Harry?Harry!




Ele parou inesperadamente, fazendo-a tomar sua frente e ficar encarando aqueles olhos verdes. Eles não estavam brilhando em malícia - como parecia ser um costume. – Nem de outra forma. Estavam até de uma forma mais clara, como se estivesse muito nervoso com algo que não queria comentar.




_O que foi?




_Nada, Virginia.




Certo. Agora ela tinha certeza que ele estava nervoso. Respirou fundo, ainda mantendo contato visual.




_Então por que está me tratando desse jeito? –indagou sem alguma emoção na voz. Mas ela sabia que aquilo era artificial, por que internamente estava se xingando por sentir dor no tom de sua voz que ele estava usando com ela.




Ele abriu a boca uma ou duas vezes para responder, mas não emitiu som algum. Passou a mão num gesto nervoso pelos cabelos negros e rebeldes, olhando para os lados, enquanto soltava o ar pela boca.




Ficaram um ótimo tempo ali em silencio. O céu estava pintado ligeiramente de laranja, onde o Sol começava a se colocar em descanso. Se reparasse bem, dava-se para notar uma ou duas estrelas, enquanto o lago do parque ainda tinha alguns brilhos graça aos últimos momentos do sol.




_Você quer ir ao ministério ou não? –indagou por fim, num tom de voz de quem não queria perguntas. Mas ele sabia o quão teimosa ela era e, mesmo se não começasse agora, logo ela ia começar.




_Pensei que era mentira.




_E pra que eu iria vir aqui e estragar seu lindo dia? –ironizou, não sabendo o buraco que aquilo fizera no peito da ruiva, que sustentou um olhar inexpressivo.




_Bom, não sei. Você é sempre tão misterioso. –arqueou a sobrancelha, enquanto seu tom de voz saia sarcástico.




_Tem razão. Sou muito pouco para você, não é?




Aquilo não era para ter saído. Não era mesmo.




Foi como se o seu “eu” para a noção do que falava tivesse evaporado naquele momento, voltando somente depois que o estrago estava feito.




Gina o encarou por um momento, onde somente franzia o cenho ou estalava os lábios.




Fechou os olhos, respirando fundo. Após, mordeu o lábio, abaixando a cabeça.




Girou nos calcanhares, voltando a caminhar para fora do parque.




_Vai continuar feito uma estátua aí? –elevou a voz quando notou que estava longe dele, que ainda estava parado observando-a.




Ele balançou a cabeça, começando a caminhar, mesmo que, bem longe dela que apressava o passo cada vez mais.




Saíram pelo portão do parque, enquanto ela puxava a varinha presa à saia.




Olhou apenas de lance para Harry, antes de aparatar, escondendo uma pequena lágrima que havia rolado em sua face contraída de raiva.




***




O grande idiota. Quem ele pensava que era para dizer algo assim? Algo como se ela fosse uma grande galinha que escolhia somente seus melhores para ser sua próxima presa?!




Soltou e prendeu os cabelos umas três vezes, numa tentativa de se distrair, enquanto arrumava a saia, que dava a parecer que estava pouco amassada, o que não animou muito seu humor.




Ela sentiu o olhar de Harry sobre si, mas isso apenas a irritou mais ainda, olhando para o chefe Inglês de uma forma revoltada.




_Estamos aqui para ficarmos por acaso em silêncio? – ela não estava preocupada com o tom de voz meio alto e indiferente.




_Ainda estamos esperando Cecília e Ronald. –Duarte não parecia ter se abalado com a raiva da ruiva. Apenas continuou olhando os papeies, e, algumas vezes, dirigindo um olhar reprovador a Harry.




_Não pode dizer a mim e ao Potter o que temos que fazer logo e depois dizer a mesma coisa aos dois atrasados, se não se incomoda? – ela respirou fundo, jogando a franja ruiva para longe da visão que começava a lhe incomodar. Na verdade, tudo parecia lhe incomodar.




_Não. –disse calmamente. – Por que repetir duas vezes uma coisa que eu posso repetir uma?




Ela cerrou o cenho, pronta para levanta-se e dizer umas poucas e boas para aquele folgado, quando a porta escancarou-se e dela saiu um ruivo com um semblante sonolento e uma morena com as mãos no bolso, uma expressão que pela primeira vez, Gina não entendia na melhor amiga. Era algo como... Tristeza? Parecia mas... Ainda notava que havia muito mais sentimentos escondidos ali.




_Bom. – Rony pegou uma cadeira, largando-se do lado da irmã. – O que queria chefe?




_Muito bem. –pigarreou. – Preciso que vocês dois – se referiu a Harry e Gina. Ela olhou bem para a sala. Havia quatro ali. Isso é se tirasse o grande idiota seria três, mas, Duarte não tiraria o seu queridinho à toa. – vão a uma inauguração. Traje social.




_Inauguração do que? –indagou Cecília.




_Você não vai, Lowdarsky. –Cecília arregalou os olhos, parecendo ainda mais desanimada. Gina sabia o quanto ela adorava uma... Bagunça. – Preciso de um serviço seu enquanto eles estão em festa. Mas você também vai aos Estados Unidos.




_Estados Unidos? –repetiram Harry e Gina em uníssono, onde se entreolharam de relance e viraram os rostos, parecendo muito aborrecidos.




_Exatamente. –continuou Duarte. – Vocês dois vão à inauguração da nova sede do Ministério da Magia dos Estados Unidos, enquanto vocês dois - olhou para Cecília e Rony. – vão buscar mais fatos sobre o que Cecília conseguiu em Azkaban com Chang.




Gina lançou um olhar de esguelha a morena, como de quem ordenasse explicações mais tarde, mas ia se levantar quando ouviu Duarte continuar:




_E a propósito... Vocês vão de transporte trouxa. Avião.




Continua...







Notas da autora: Well...finalmente, o tão esperado quarto capitulo \0/


Well... fiquei incrivelmente surpresa por ver tantos coments assim na minha fic, sério mesmo. Fiquei abobalhada, ria feito idiota... (detalhe: MAIS idiota.) olhos cheios d'água... Céus, como eu so dramatica xD


Nha... eu tava pensando em comentar os comentários... mas a preguiça é tanta que senhor xDD


Quem sabe um dia eu decida fazer isso...quem sabe?!


Queru agradecer todos os comentários de coração mesmo, por que não sabe como isso me alegra e me deixa mais emotivada de escrever... as pressões de "Posta logo" de todos *-* isso me da orgulho nessa ficzinha ^^


Bjus mi loves, e continuem comentando para a felicidade geral da nação xD


Tammy ^.~


e antes que eu me esqueça... acho que o cap 5 só sai em fevereiro... por que...bem.... eu vou viajar agora no Natal e só volto dia 30 de janeiro.


Mas se der pra postar antes eu posto.


E... espero que DIA 26 DE DEZEMBRO se lembrem de me ligar e cantar: Parabéns, pra vc... nessa data querida... mtas felicidades... mtos anos de vida xDDD~~~ (0xx11 - 71020067)

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