Novas Aventuras



Oh, cama! Oh, cama! Cama deliciosa! Esse céu na terra para a cabeça cansada.

Thomas Hood
(1841)



Quando acordou no dia seguinte, Harry ficou olhando longamente para o teto revestido de madeira no quarto espaçoso e arejado na casa da tia.

- Ainda não consigo acreditar que fiz isso - disse em voz alta, embora não houvesse ninguém ali para ouvir.

Havia tomado Hermione Granger em seus braços. Beijara-a. No passado, ignorar as convenções fora como um estilo de vida para ele. Mas Hermione, cujo comportamento conservador era totalmente oposto ao seu, conseguira fazê-lo entender que ele não era imune à censura. Aquelas coisas que fizera poderiam causar efeitos profundos.

Que tola idéia havia se apoderado de si? Não era que lamentasse por tê-la beijado, simplesmente não tinha consciência para tanto. O que lamentava era a reação dela. Hermione ficara tão sobressaltada, mostrara-se tão vulnerável que sabia que ela corria o risco de deixar que o beijo lhe significasse demais.

Aquilo poderia ser sinal de desastre. Poderia mudar tudo entre ambos, justamente quando estavam começando a se entender melhor. Com Hermione, tinha um relacionamento que nunca julgara possível com uma mulher. Tinha uma amizade verdadeira. Havia confiança. Respeito mútuo. Prazer em interesses em comum.

Talvez ela até desistisse de fazer aqueles malditos relatórios a Arthur.

Mas ele provavelmente destruíra tudo entre ambos quando a beijara. Enquanto fossem amigos, não poderia magoá-la. Mas se ousasse invadir o coração dela, iria destruir-lhe todas as defesas, deixá-la vulnerável a uma dor que não merecia. Era uma mulher frágil demais para um conquistador feito ele.

Fechou os olhos com força, protegendo-os da forte claridade da manhã.

Havia garotas o bastante para beijar. Mas havia apenas uma Hermione.

Lembrou-se da postura rígida dela, de sua expressão chocada na noite anterior. Ficara completamente indignada. Pudera sentir-lhe o ultraje emanando de seu corpo.

Mas quando relaxara em seus braços, quando umedecera os lábios e o tocara timidamente, Harry se esquecera de quem ela era. Esquecera-se que nascera e fora criada na elite de Beacon Hill. Esquecera-se que ela e sua gente desprezavam os sulistas. Esquecera-se de que seu coração pertencia a Ronald Weasley, quer o esnobe ianque a merecesse ou não.

Entre todas as pessoas, Harry sabia o que era querer algo que não se pudesse ter. Querer do fundo do coração. Com uma paixão que fazia com que nada mais importasse. Deveria respeitar aquilo em Hermione.

Levantando-se, lavou o rosto com a água fria do conjunto de jarro e bacia em cima da cômoda, usando um sabonete de fragrância almiscarada. Para a limpeza dos dentes, usou um pó especifico que tinha o gosto de anis. Naquele meio tempo, pensou nas conversas longas e interessantes que ambos haviam partilhado. Nas provocações e gracejos. Nos momentos de quietude lendo livros. Na satisfação em fazer cálculos de navegação a bordo e descobrir que os números de ambos batiam. Aquela era a Hermione que queria de volta. Tinha que voltar ao ponto onde haviam estado antes de ele ter ultrapassado os limites, à amizade, à confiança, ao respeito.

Mas, mesmo enquanto refletia a respeito, sabia que continuaria provocando-a. Gostava de vê-la argumentando, de fazê-la rir e, com certeza, de enlouquecê-la.

Estava cansado de fingir que era um cavalheiro. Ela sabia a verdade, de qualquer modo. Sabia muito bem que ele tinha seus apetites masculinos. Nada mais de fingir, então. Nada mais de ficar de lado, enquanto Hermione sonhasse com Ron.

Harry estava decidido a ter seus bons momentos.


O pesadelo de Hermione começou quando ela acordou. Iniciou-se com uma criada que mal tinha um metro e meio de altura. Tagarelando feito um papagaio, adentrou no quarto e começou a lhe dar ordens com seu sotaque cadenciado:

- Meu nome é Angélica. Você pode tomar o seu café com leite enquanto eu arrumo seu cabelo. E para o passeio a cavalo de hoje, não deve usar aquele estranho vestido norte-americano. Eu lhe trouxe algo muito melhor.

- Que passeio? - Hermione conseguiu perguntar. - Eu não sei andar a cavalo.

- Não importa. Vai montar um burro manso, e ele sabe como agir. Tudo o que você tem que fazer é se sentar. Qualquer um sabe se sentar.

- Eu certamente não vou montar num burro. Ouça, eu não posso mesmo... - Hermione quase engasgou com seu café com leite. - O que, afinal, é isso?

Angélica riu, seu rosto era alegre e agradável, apesar do péssimo estado dos dentes.

- É o seu traje de montaria.

- Não vestirei uma coisa dessas. Nunca.

- Srta. Granger, não vai insultar a sua anfitriã com uma recusa, não é?

- Receio que terei que fazê-lo.

- Receio que não poderei deixá-la.

A argumentação prosseguiu, mas a criada baixinha mostrou ser a mais forte e, por volta das oito da manhã, Hermione achava-se no pátio da frente, olhando, incerta, para um burro de ar sonolento. Sentia-se extremamente ridícula. Angélica a fizera vestir o que parecia uma estranha saia-calça que mal lhe cobria os tornozelos.

- Chamam-se bombachas - explicara a criada, abotoando-lhe uma blusa branca e folgada nas costas. - É uma calça como as que os gaúchos usam no sul do país.

Ela sentia-se quase nua. Por outro lado, sem o espartilho e as anáguas compridas, deu-se conta de um conforto como nunca sentira. Bem, pensou. Se Rose insistira para que montasse um pouco naquela manhã, não custava atendê-la.

Mas não foi Rose que saiu ao pátio para cumprimentá-la. Foi Harry.

Depois de todos os dias partilhados a bordo, devia estar acostumada à extraordinária beleza dele, disse a si mesma, mas não estava. Usando calça de montaria escura, botas e uma camisa branca folgada, estava mais atraente do que nunca.

Ela não pôde evitar. Ficou pensando na noite anterior. Aquilo mudara tudo. Na noite anterior, Harry a beijara com intimidade demais para que seu gesto tivesse sido tomado simplesmente como de amizade, mas também com suavidade excessiva para ser considerado um beijo de verdadeira paixão.

O arrependimento dele fora quase instantâneo, lembrou-se Hermione. Apressara-se em voltar à casa e, pelo restante da noite, tivera o cuidado de evitá-la, enquanto contara à tia história sobre suas aventuras no mar.

De algum modo, ela conseguira suportar aqueles longos momentos, permanecendo quase imóvel na poltrona, as costas eretas, meneando a cabeça quando a palavra lhe fora dirigida e alegando cansaço bem mais cedo do que deveria, tendo-se recolhido ao quarto. Teria conseguido enfrentar normalmente aquele dia se não tivesse que ver Harry. Quanto mais tempo passasse longe dele, mais conseguiria convencer a si mesma de que o beijo fora um mero fruto de sua imaginação.

Agora, porém, tinha que fitá-lo nos olhos sob a luminosidade do dia. Todas as sensações que aquele homem lhe despertara: o ardor, o anseio, a frustração, mal haviam esfriado e, na verdade, reavivavam-se agora que tornava a vê-lo.

Ajeitou a aba de seu chapéu de palha de modo a encobrir os olhos.

- Isto foi idéia sua?

- Bom dia para você também - disse Harry alegremente.

Era evidente que a noite anterior não o afetara nem um pouco. Voltava a ser o Harry amistoso e nada convencional de antes.

- Não sei montar, para seu governo - avisou-o.

- Antes de ter subido a bordo do Cisne, você também não sabia navegar.

- Mas havia um propósito em navegar. Não faço idéia de qual seja o propósito montar em um burro.

- Ah, você verá. - Ele abriu-lhe um sorriso e adiantou-se até um dos animais. - Quer que eu a ajude a montar? Segurarei a cabeça dele, enquanto você sobe no dorso. - Quando apanhou as rédeas, o animal tentou mordê-lo, grandes dentes amarelados produzindo um ruído alto. Harry afastou a mão depressa. - Esta provavelmente deve ser uma fêmea.

- Você é muito engraçadinho.

Ele conseguiu segurar o animal, e Hermione surpreendeu a si mesma subindo facilmente na sela. O burro era pequeno e tinha pernas curtas, o que ajudara bastante, e, uma vez que montou de frente e não de lado como faziam as damas, ela compreendeu por que haviam-na feito usar a tal calça de gaúcho, ou “bombacha”, como Angélica mencionara.

Depois que ambos haviam montado, olhou para Harry e não pôde conter o riso.

- O que foi?

- A sua postura nobre. Que figura faz. Eu deveria chamá-lo de Don Quixote.

- Você é muito engraçadinha - retrucou ele, imitando-a. - Vamos, Sancho, fiel escudeiro, a nossa busca começa.

- Nossa busca pelo quê?

- Não seja curiosa. - Ele deu um tapinha no alforje e, então, bateu com os calcanhares nos flancos do burro. O animal começou a trotar, e a montaria de Hermione seguiu-o.

Ela apreciou imensamente o passeio. Adorou ver a paisagem do alto do dorso de um animal manso. Tudo passava à volta com agradável lentidão. Percorreram trilhas pelas colinas, descendo, enfim, em direção à cidade. O sol quente era agradável em contato com a pele. O chapéu de palha protegia-lhe o rosto, mas podia sentir o calor nos braços despidos.

Ambos conversaram pouco enquanto desciam a estrada íngreme em direção ao coração do Rio. Ela não conseguia parar de pensar na maneira como ele a tocara, segurando-a como se fosse algo frágil e precioso, algo que não pudera soltar.

Lembrou-se, então, que aquele era Harry Potter, que provavelmente devia ter aprendido aquele jeito sedutor de abraçar uma mulher com suas incontáveis amantes. Ele, na verdade, tinha acabado de sair dos braços de outra mulher, como se não lhe importasse a quem estivesse abraçando. Ela estava fantasiando demais sobre algo que provavelmente fora insignificante. Haviam estado juntos num jardim perfumado, tentando persuadir um animal exótico a se aproximar, e fora apenas aquilo.

- Está pensativa demais - comentou Harry. Ele fez um gesto amplo para abranger a vista da baía de Guanabara, as águas cintilantes e as montanhas distantes. - Eu a trouxe ao paraíso e você está franzindo o cenho. No que é que está pensando para ficar tão carrancuda?

Ela sentiu o rubor tingindo-lhe as faces.

- Em nada. Este é um meio diferente de locomoção para mim, ao qual não estou acostumada.

- Bem, tente apreciar a paisagem, e o meio de locomoção não importará tanto.

Era verdade, descobriu Hermione. O Rio de Janeiro possuía um fascínio inesgotável, desde a fonte das Lavadeiras, com criadas atarefadas que tagarelavam sem parar, até a elegante rua do Ouvidor, onde damas misteriosas e cobertas de jóias passeavam em liteiras encortinadas.

Ambos visitaram o navio e observaram o descarregamento da carga. A tarefa seguinte de Harry seria verificar a lista das mercadorias, comparando-a com a do consignatório e, então, chegar a um preço favorável.

- Voltaremos com mais dinheiro em espécie do que qualquer outro navio ao porto de Boston - declarou Harry, satisfeito. - Cem mil libras esterlinas.

Se o tivesse ouvido de qualquer outra pessoa, Hermione teria achado que o comentário não passava de exagero.

Ambos amarraram os burros perto do início do amplo e movimentado mercado. Vendedores ofereciam seus produtos, gritando animadamente debaixo das barracas coloridas. Alguns cantavam versos ou batiam palmas para chamar a atenção. Montes de frutas, flores, peixes, tecidos e todo o tipo de mercadoria apinhavam o mercado ao ar livre.

Quando Harry pegou sua mão, Hermione sentiu uma onda de contentamento, mas negou-a de imediato. Ele a segurara para que ambos não se separassem no meio da multidão. Nada mais.

- Vamos fazer umas compras.

- Comprar o quê? - Ela correu o olhar pelo verdadeiro banquete de cores e sons. As frutas, os vegetais, utensílios metálicos, carne salgada, sacas de feijão e arroz, gaiolas de bambu com pássaros exóticos.

- Tudo - respondeu Harry.

Ela não pôde se conter e soltou um riso deliciado. Não importando quanto pudesse ser exasperante, Harry tornava tudo divertido.

As horas se passaram agradavelmente enquanto caminharam pelo grande mercado. Comeram fatias de melão e abacaxi, doces como néctar. Enviaram uma saca de café para o Cisne para ser levado na viagem de volta como lembrança aos Granger e compraram um samovar de prata como presente de casamento para Susan. Escolheram brincos de prata para Lily e Rose, um pente de tartaruga para Fayette e uma caixa de charutos finos para Dino.

Harry comprou algo mais do joalheiro, mas guardou a pequena caixa no bolso antes que Hermione pudesse ver o que era. Sem dúvida, um agrado para uma de suas “amigas”, pensou ela com uma ponta de ciúme.

Que calamidade aquela, descobrir que estava com ciúme das prostitutas do cais do porto.

Tratou de afastar o desagradável pensamento. Não deixaria que nada estragasse seu dia. Se tivesse que depositar suas esperanças num homem, deveria estar pensando em Ron em vez de deixar que seus pensamentos fossem atraídos por um homem tão inadequado quanto Harry Potter. Mesmo sem saber, Ron cativara seu coração por tanto tempo. Não iria esquecê-lo por causa de um inconstante capitão do mar.

Sabia que não significava nada para Harry. Disse a si mesma para se concentrar em seu objetivo de se tornar útil para a Companhia de Comércio Marítimo dos Weasley. Era inteligente demais para ficar vulnerável a ponto de se deixar magoar por Harry.

Tendo deixado tudo aquilo bem claro em sua mente, adiantou-se até um teatro de marionetes de cores vibrantes. Riu das travessuras de um par de marionetes, traduzindo a ingênua história para Harry.

- Eles são um casal que briga como cão e gato - contou ela, apontando para os bonecos. - E ambos foram a um baile de máscaras, determinados a encontrar um amor mais digno. E cada um descobre um desconhecido exótico.

A multidão ria e aplaudia enquanto os bonecos dançavam.

- Deixe-me adivinhar - disse Harry. - Quando tiram as respectivas máscaras, ambos descobrem que tinham estado apaixonados um pelo outro o tempo todo.

- É claro.

- Exatamente como na vida real - concluiu ele, com um ligeiro riso.

Pousou a mão nas costas dela a fim de conduzi-la na direção das barracas dos vendedores. Examinaram montes de mangas e mamões. Hermione sentiu seu corpo reagindo àquele toque antes que sua mente pudesse ignorá-lo. Sentia o calor percorrendo suas veias e, quando se deu conta daquilo, já era tarde demais para se conter.

Harry parou também diante de uma barraca que vendia máscaras.

- Não - disse ela, adivinhando-lhe a intenção.

- Sim. - Ele comprou algumas máscaras enfeitadas e um colorido xale de franjas. - Para a dama - explicou.

- Não preciso disso.

- E é exatamente por essa razão que deve tê-lo. - Harry colocou-lhe o xale em torno dos ombros, ajeitando-o na frente e usando-o para puxá-la mais e mais para si. Ela achou que morreria de constrangimento.

Em vez daquilo, algo inesperado aconteceu. Começou a apreciar o momento. O vendedor e os companheiros riram e bateram palmas, divertidos. Hermione colocou as mãos acima da cabeça e imitou a pose de uma dançarina de flamenco. O chapéu caiu para trás, ficando preso pelas fitas. Harry apanhou o xale e segurou-o estendido, como se fosse um toureiro, e ela avançou para ele, apanhando-lhe o tecido da mão e provocando-o.

Quando a pantomina terminou, Harry fez uma acentuada mesura. Pegou a mão de Hermione e cumprimentou a multidão como um apresentador de um circo. Ela riu a valer, incapaz de acreditar que Hermione Granger, de Beacon Hill, estava agindo como artista de rua no meio de um mercado brasileiro.

Estavam deixando o mercado quando um belo tilburi parou na rua, perto dos burros. Um homem elegante, de meia idade, desceu do veículo.

- Capitão Potter?

- A seu dispor - respondeu Harry.

- O seu primeiro imediato me disse que eu o encontraria no mercado. Sou Maurício Ferreira.

Harry abriu um largo sorriso.

- Meu ilustre consignatário!

- Congratulações pela sua bem-sucedida viagem.

- Congratulações por ser o primeiro a abastecer os seus armazéns com gelo - disse Harry, piscando-lhe um olho com ar de cumplicidade. - Permita-me apresentar-lhe a srta. Granger.

- Encantado. - O brasileiro moreno, sorridente, pegou a mão dela e levou-a aos lábios com excessiva cortesia. - Eu gostaria de convidá-lo para se reunir a mim e a minha família para o jantar amanhã. Você e sua adorável dama.

Hermione ficou tão surpresa com o fato de o homem ter-se referido a ela daquela maneira que quase não ouviu Harry respondendo:

- Será um prazer.

Distraída, mal se deu conta de ser conduzida até um dos burros e ajudada a subir na sela. Seria aquela a razão para todos gostarem dela? Por que Harry demonstrava que era seu amigo?

Não soube o que a surpreendeu mais, que o Sr. Ferreira a achasse adorável, ou que tivesse presumido que era a dama de Harry. O restante do dia passou-se num delicioso turbilhão de atividades. Voltaram sem pressa em direção à vila, parando vez ou outra para contemplarem a beleza impressionante da exótica cidade. Para todos os lugares que olhava, ela via novas maravilhas, desde o exuberante desabrochar de flores em cada ruela e jardim até as montanhas distantes com suas fachadas de granito dando para a baía de Guanabara.

- Por que estamos parando aqui? - perguntou ela. Harry amarrou os burros a um coqueiro.

- Estamos em Ipanema - explicou. - Uma das praias mais famosas do mundo.

Realmente, era um lugar notável, desfrutado por banhistas de todos os tipos. Pais relaxavam em cadeiras de madeira protegidos por guarda-sóis gigantes, enquanto as crianças se divertiam, cavando na areia, ou borrifando água uma nas outras.

Enquanto caminhavam, ambos afundaram os pés na areia fina e branca. Harry parou junto a um banco e a convidou a sentar-se.

- Eu prefiro caminhar pela praia.

- E é o que faremos. Mas antes... - Sem pedir permissão ou se explicar, ele se ajoelhou diante dela, pegou-lhe o tornozelo esquerdo e tirou-lhe o sapato e a meia.

Hermione teria protestado com veemência, mas estava chocada demais para proferir sequer uma palavra. Quando, enfim, encontrou a fala, tinha ambos os pés descalços.

- Por que fez isso?

Calmamente, Harry retirou os próprios sapatos e meias.

- É difícil demais caminhar pela areia de sapatos.

- É uma indecência ficarmos descalços.

Ele colocou os calçados debaixo do banco de pedra.

- Não vai começar com isso outra vez. Não vou deixar. - Pegou-a pela mão e a fez levantar. - Vamos caminhar.

Ela deu três passos na areia quente e parou.

- Oh, céus.

- O que foi agora?

Hermione baixou o olhar para os pés despudoramente descalços que afundavam na areia fina.

- Esta é a sensação mais pecaminosa e deliciosa que já experimentei.

Ele riu.

- Oh, Hermione. Você tem vivido enclausurada.

Ambos continuaram a caminhada, passando pelo Pão de Açúcar. Para além do morro, encontraram um trecho deserto onde os penhascos se elevavam acima do mar e as ondas azuis cobriam boa parte da praia. Sem hesitar, Harry conduziu-a diretamente até a beirada da água.

- Não devemos... - protestou ela. - Isto é...

- Pare de colocar tantos obstáculos - interrompeu-a ele, com excessiva paciência. - É tão cansativo quando você faz isso.

As águas espumantes avançaram gentilmente pela praia, cobrindo-lhes os tornozelos.

- A água está quente! - exclamou Hermione. - E eu estava errada.

- Sobre o quê?

- Esta é a sensação mais pecaminosa e deliciosa que já experimentei.

- Não - discordou Harry, puxando-a para si, estreitando-a junto a seu corpo, de maneira que ela pôde-lhe sentir o contato das coxas fortes contra as suas, o peito sólido junto a seus seios. - Você é.



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